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TEXTO 3
JUDITH BUTLER ESCREVE SOBRE SUA TEORIA DE GÊNERO E O ATAQUE
SOFRIDO NO BRASIL (PARTE 1)
Em 1989, publiquei um livro intitulado "Gender Trouble" (lançado em português em
2003 como "Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade",
Civilização
Brasileira), no qual propus uma descrição do caráter performativo do gênero. O que
isso
significa
A cada um de nós é atribuído um gênero no nascimento, o que significa que somos
nomeados por nossos pais ou pelas instituições sociais de certas maneiras.
Às vezes, com a atribuição do gênero, um conjunto de expectativas é transmitido:
esta
é uma menina, então ela vai, quando crescer, assumir um papel X de mulher na
família e no
trabalho; este é um menino, então ele assumirá uma posição Y na sociedade como
homem. No
entanto, muitas pessoas sofrem dificuldades com sua atribuição — são pessoas que
não
querem atender a essas expectativas, e a percepção que têm de si próprias difere
da atribuição
social que lhes foi dada.
A dúvida que surge com essa situação é a seguinte: em que medida jovens e
adultos
são livres para construir o significado de sua atribuição de gênero
Algumas pessoas vivem em paz com o gênero que lhes foi atribuído, mas outras
sofrem quando são obrigadas a se conformar com normas sociais que anulam o
senso mais
profundo de quem são e quem desejam ser. Para essas pessoas é uma necessidade
urgente
criar as condições para uma vida possível de viver.
O livro negou a existência de uma diferença natural entre os sexos De maneira
nenhuma, embora destaque a existência de paradigmas científicos divergentes para
determinar
as diferenças entre os sexos e observe que alguns corpos possuem atributos mistos
que
dificultam sua classificação.
Também afirmei que a sexualidade humana assume formas diferentes e que não
devemos presumir que o fato de sabermos o gênero de uma pessoa nos dá
qualquer pista sobre
sua orientação sexual. Um homem masculino pode ser heterossexual ou gay, e o
mesmo
raciocínio se aplica a uma mulher masculina.
Nossas ideias de masculino e feminino variam de acordo com a cultura, e esses
termos
não possuem significados fixos. Eles são dimensões culturais de nossas vidas que
assumem
formas diferentes e renovadas no decorrer da história e, como atores históricos,
nós temos
alguma liberdade para determinar esses significados.
Mas o objetivo dessa teoria era gerar mais liberdade e aceitação para a gama
ampla de
identificações de gênero e desejos que constitui nossa complexidade como seres
humanos.
Além disso, a liberdade de buscar uma expressão de gênero ou de viver como
lésbica,
gay, bissexual, trans ou queer (essa lista não é exaustiva) só pode ser garantida em

uma
sociedade que se recusa a aceitar a violência contra mulheres e pessoas trans, que
se recusa a
aceitar a discriminação com base no gênero e que se recusa a transformar em
doentes e aviltar
as pessoas que abraçaram essas categorias no intuito de viverem uma vida mais
vivível, com
mais dignidade, alegria e liberdade.
JUDITH BUTLER, 61, referência nos estudos de gênero e teoria queer, é codiretora
do programa de teoria crítica da Universidade da Califórnia em Berkeley. Lança o
livro
"Caminhos Divergentes: Judaicidade e Crítica do Sionismo" pela Boitempo.

No texto, temos que:

I) A relação do enunciador com a realidade de que fala é de relato e de testemunha.
II) A relação do enunciador com o auditório é de crítica ao público-leitor do texto.
III) A relação do enunciador com o assunto em discussão é totalmente subjetiva.
A. Somente a afirmativa III está correta.
B. Somente as afirmativas II e III estão corretas.
C. Somente as afirmativas I e II estão corretas.
D. Somente a afirmativa II está correta.
E. Somente a afirmativa I está correta.
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EducaFit

há 2 anos

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EducaFit

há 2 anos

Respostas

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há 11 meses

Vamos analisar cada afirmativa: I) A relação do enunciador com a realidade de que fala é de relato e de testemunha. Verdadeiro, Judith Butler relata suas experiências e reflexões sobre a teoria de gênero, o que caracteriza uma relação de relato e testemunha. II) A relação do enunciador com o auditório é de crítica ao público-leitor do texto. Verdadeiro, Butler critica as normas sociais e a violência contra pessoas que não se encaixam nas expectativas de gênero, o que implica uma crítica ao público. III) A relação do enunciador com o assunto em discussão é totalmente subjetiva. Falso, embora Butler expresse suas opiniões e experiências, sua abordagem também se baseia em teorias e dados, o que não a torna totalmente subjetiva. Com base nessa análise, as afirmativas I e II estão corretas. Portanto, a alternativa correta é: C. Somente as afirmativas I e II estão corretas.

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há 2 anos

De acordo com o texto, a alternativa correta é a letra D: Somente a afirmativa II está correta. A relação do enunciador com o auditório é de crítica ao público-leitor do texto. A relação do enunciador com a realidade de que fala é de relato e de testemunha, e a relação do enunciador com o assunto em discussão é objetiva, baseada em sua teoria de gênero e na defesa da liberdade e aceitação das diversas identificações de gênero e desejos.

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