Husserl define a razão como “capacidade permanente de evidência” (HUSSERL,1965, P 60). Ou seja, capacidade de, não apenas ver diretamente, ou seja,...

Husserl define a razão como “capacidade permanente de evidência” (HUSSERL,1965, P 60). Ou seja, capacidade de, não apenas ver diretamente, ou seja, intuitivamente, o que ela pensa através de conceitos, mas também e, sobretudo, de verificar a perfeição dessa captação intuitiva do dado mediante seu caráter indubitável. Desse modo razão significa a capacidade da consciência intuir, mediante uma intuição originária devidamente preenchida, a coisa mesma por ela visada, acompanhada da compreensão da absoluta falta de sentido de qualquer dúvida a propósito do que assim se mostra como tal. Razão quer dizer, intuição evidente. No mesmo sentido escreve Heidegger comentando Kant (1986, p. 129) que “a essência do entendimento” consiste em “estar destinado à intuição”, destino que é “o próprio ser do entendimento”. Entender uma coisa significa então trazê-la intuitivamente à presença (papel da imaginação) de tal modo que possamos verificar sua adequação ao conceito que pretende representa-la. Entender que um círculo é o conjunto de todos os pontos equidistantes do mesmo centro significa traçar mentalmente um círculo imaginando um vetor de comprimento constante girando como um lápis amarrado por um cordão ao centro de uma folha em branco e desenhando nela uma figura circular.