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Será que corremos o riso de uma pandemia de solidão? Solidão como doença? Patologização da solidão? Mas será que a solidão é tão ruim assim? Nietzs...

Será que corremos o riso de uma pandemia de solidão? Solidão como doença? Patologização da solidão? Mas será que a solidão é tão ruim assim? Nietzsche e Schopenhauer diriam que não! Para esses dois filósofos do século XVIII e XIX, a solidão é algo precioso! Arthur Schopenhauer (1788- 1860), adotou a solidão como estilo de vida. Para este filósofo a solidão é uma oportunidade de nos encontrarmos com nós mesmos: “Pois, na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o grande espírito, toda a sua grandeza; numa palavra: cada um sente o que é.”; e de empreitarmos o autocuidado; “Quando mais jovem, dizia, “minha tendência era ser sociável, mas depois, aos poucos, adquiri um gosto pela solidão, fui ficando pouco sociável e resolvi me dedicar inteiramente a mim pelo resto dessa vida fugaz”. Ainda segundo este filósofo, a solidão é o meio pelo qual encontramos a nossa liberdade: “Quem, portanto, não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se estará livre.” Seguindo esta mesma linha de pensamento, Nietzsche (1844-1900), encontra na solidão a fuga de uma existência inautêntica: “Estando entre muitos, vivo como muitos e não penso como eu; após algum tempo, é como se me quisessem banir de mim mesmo e roubar-me a alma — e aborreço-me com todos e receio a todos. Então o deserto me é necessário, para ficar novamente bom”; e que nos proporciona ressignificar nossas relações: “Mas sozinho pareço ver os amigos de modo mais nítido e belo do que quando estou com eles; e quando amei e senti mais a música, vivia longe dela. Parece que necessito de perspectivas distantes para pensar bem das coisas.”; colocando a solidão como algo inerente a vida, mas para a qual não estamos preparados: “ninguém aprende, ninguém aspira, ninguém ensina — a suportar a solidão”. O ator Paulo Autran (1922- 2007), sabiamente em uma entrevista declarou: “Eu acho que todos nós somos sozinhos, até as pessoas mais acompanhadas são sozinhas, solidão é uma condição da vida, nós todos somos sozinhos dentro da nossa pele, dentro da nossa cabeça. Então nós temos momentos de fusão, temos momentos de bom relacionamento, temos momentos do amor que é uma coisa maravilhosa, que a gente sai da gente, né? Mas, normalmente todos nós somos sozinhos então a solidão é inevitável.” Cabe aqui, uma breve reflexão sobre a diferença entre solidão e solitude expressa por Paul Tillich (1886- 1965): “A linguagem criou a palavra solidão para expressar a dor de estar sozinho. E criou a palavra solitude para expressar a glória de estar sozinho”. A solidão pode ser entendida como uma condição existencial, inevitável e desagradável, ainda que isso dependa de uma interpretação pessoal, ou seja, a solidão pode ser agradável ou não. A solitude é entendido como um movimento voluntário, quando nos ausentamos do mundo para um momento de autoconhecimento. Podemos concluir que a solidão nos proporciona um reencontro com nós mesmos, com nossos pensamentos, desejos, medos, lembranças. A rejeição que a sociedade moderna sustenta contra a solidão deve-se pelo medo do quê ou de quem vamos encontrar: defeitos que não queremos assumir, lembranças que não queremos recordar, quando, na verdade, a solidão deveria ser encarada como um presente que nos é dado para termos contato com nossa própria essência, é a oportunidade de desenvolvimento e crescimento pessoal, como um resgate daquele que um dia fomos, daquele que deixamos para trás em meio a toda pressa e exigência do cotidiano corrido. É como se pudéssemos reencontrar um velho amigo e poder abraçá-lo e entendê-lo melhor trazendo-o para mais próximo de nós. Assumir a condição de ser sozinho não significa nos isolar do mundo ou das pessoas, significar que passamos a gostar mais da nossa própria companhia.

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A solidão pode ser vista de diferentes maneiras, dependendo da perspectiva de cada pessoa. Para alguns filósofos, como Nietzsche e Schopenhauer, a solidão é vista como algo precioso, que nos permite nos encontrar conosco mesmos, empreender o autocuidado e encontrar a nossa liberdade. No entanto, a sociedade moderna muitas vezes rejeita a solidão, por medo do que ou de quem podemos encontrar. A solidão pode ser entendida como uma condição existencial inevitável e desagradável, mas também pode ser vista como um movimento voluntário, quando nos ausentamos do mundo para um momento de autoconhecimento, chamado de solitude. Assumir a condição de ser sozinho não significa nos isolar do mundo ou das pessoas, mas sim passar a gostar mais da nossa própria companhia.

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