Nesta parte do relato, meu paciente já não escondia as lágrimas que lhe escorriam à face. O medo do abandono parecia tão real que sua fisionomia ap...
Nesta parte do relato, meu paciente já não escondia as lágrimas que lhe escorriam à face. O medo do abandono parecia tão real que sua fisionomia apresentava sinais do menor definitivamente abandonado. Passou a chorar copiosamente e finalizou o relato do sonho dizendo que acordou porque não aguentava mais esperar pelo pai que não veio lhe buscar. Fica evidente que a pandemia do coronavírus potencializa as fragilidades do humano, num contexto gerador de insegurança e, com isso, vêm à tona conteúdos até então mantidos sob recalque, num esforço de buscar alianças com nossa cultura cinematográfica e literária, onde os contos e filmes se incumbem de montar nossas cenas inconscientes, numa tentativa de ressignificação e contenção das pulsões de morte.
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