A seletividade penal é um fenômeno que ocorre quando o sistema de justiça criminal seleciona determinados grupos sociais para serem criminalizados e punidos de forma desproporcional em relação a outros grupos. Essa seleção é feita com base em estereótipos e preconceitos presentes na sociedade, que acabam influenciando a atuação dos operadores do sistema de justiça criminal. De acordo com Vera Andrade, a seletividade penal é orientada pela seleção desigual de pessoas, de acordo com uma fortíssima visão estereotipada presente no senso comum e nos operadores do controle penal, e não pela incriminação igualitária de condutas, como programa o discurso jurídico penal. Isso significa que a seletividade penal não é resultado de uma aplicação imparcial da lei, mas sim de uma série de fatores sociais, culturais e econômicos que influenciam a atuação do sistema de justiça criminal. Entre esses fatores, destacam-se os privilégios de raça e classe presentes em nossa sociedade. Estudos mostram que pessoas negras e pobres são mais suscetíveis a serem criminalizadas e punidas de forma desproporcional em relação a pessoas brancas e ricas. Isso ocorre porque a seletividade penal está diretamente relacionada com a desigualdade social e econômica, que afeta de forma mais intensa as pessoas negras e pobres. Portanto, a seletividade penal é um fenômeno que reflete as desigualdades presentes em nossa sociedade, especialmente em relação aos privilégios de raça e classe. É necessário que o sistema de justiça criminal seja mais sensível a essas questões e busque formas de garantir uma aplicação mais justa e igualitária da lei.
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