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Em meados de 1980, seguindo a linha construtivista, surgem os estudos e pesquisas de Ferreiro e Teberosky (1985) acerca da psicogênese da língua es...

Em meados de 1980, seguindo a linha construtivista, surgem os estudos e pesquisas de Ferreiro e Teberosky (1985) acerca da psicogênese da língua escrita. Esses estudos reforçam que a escrita alfabética não é um código no qual se aprende a partir de métodos e atividades de memorização. Pelo contrário: a criança elabora e formula diferentes hipóteses sobre a escrita, sendo este um processo gradativo que acontece em momentos diferenciados do seu desenvolvimento. Além disso, outra questão levantada é que os processos de aprendizagem acontecem antes mesmo do ingresso da criança na escola. Isso se dá por meio da sua inserção em ambientes letrados e da sua participação em vivências e práticas sociais de leitura e escrita, de forma que o aluno interage com diferentes tipos de textos nas mais variadas atividades desenvolvidas. Diante dessas questões, é fundamental refletir, não existem métodos perfeitos, tampouco teorias milagrosas que farão a criança aprender de forma plena. Cada indivíduo concebe o conhecimento ao seu tempo e da sua maneira. O importante é que sejam desenvolvidas metodologias de ensino auxiliando a criança a refletir sobre a escrita alfabética, tornando-a pensante, crítica, reflexiva e questionadora. Frade (2005, p. 15) destaca “Muitas vezes, à própria menção da palavra método, temos um comportamento intolerante, porque pensamos que essa palavra se refere a apenas um caminho para alfabetizar ou a uma fórmula inflexível”. Para que não haja retrocessos, é preciso combater aquele ensino a partir de métodos rígidos em que os professores ficam presos à mesma forma de ensinar e às mesmas práticas pedagógicas. Nesse sentido, Ferreiro e Teberosky (1985, p. 29) destaca: “O método (enquanto ação específica do meio) pode ajudar ou frear, facilitar ou dificultar [...] A obtenção do conhecimento é um resultado da própria atividade do sujeito”. Assim, é importante a escola pensar em intervenções ajudando a criança a aprender de forma conjunta, tornando-a um sujeito capaz de formular hipóteses, discutir e ser “intelectualmente ativo” É necessário, portanto, relacionar o momento atual da educação às discussões de problemática social que permeiam o cenário educacional. Isso principalmente no que diz respeito ao fato de não existir uma ideia definitiva ou limitada acerca das metodologias, apenas a busca por caminhos que levem a criança a se alfabetizar a partir de conteúdos mais complexos e significativos. ABC, a unidade partia do ensino, da decoração e da memorização oral das letras do alfabeto. Primeiro, as letras eram apresentadas na ordem alfabética, depois no sentido inverso e, futuramente, havia o reconhecimento das letras isoladas. A etapa seguinte era apresentar a forma gráfica das letras. Conforme fosse aumentando o conhecimento da criança, as sequências iam atingindo graus maiores de dificuldade. Partia-se então para o estudo e a formação das sílabas que eram soletradas e decoradas pelos alunos para fazer as combinações silábicas. Nessa também a estratégia de que as letras e sílabas fossem cantadas e memorizadas. Assim, o processo se tornava lento e pouco representativo para a criança. Carvalho (2005, p. 22) ainda complementa que o método alfabético “[...] baseia-se na associação de estímulos visuais e auditivos, valendo-se da memorização como estímulo didático, o nome da letra é associado à forma visual, as sílabas são aprendidas de cor e com elas se formam palavras isoladas”. Nesse sentido, você pode considerar que as palavras eram apresentadas e trabalhadas fora do contexto, sem haver relação entre elas. De acordo com os estudos de Frade (2007), até os dias de hoje, regiões como o Nordeste, por exemplo, utilizam esse método para alfabetizar. Seja na alfabetização doméstica, realizada pelos familiares, seja na educação levada a cabo por professores leigos e com pouca formação, ainda há o emprego e os estudos repetitivos partindo das cartas de ABC e que possuem como fundamento o ensino partindo das letras. Método fônico No método fônico, a unidade de ensino parte dos sons e tem como principal objetivo estabelecer a relação entre a letra e o som que ela representa. A união da consoante com a vogal auxilia a criança a trabalhar a pronúncia das sílabas que estão sendo formadas, relacionando a palavra falada à escrita. Em um primeiro momento, por possuírem nomes e sons iguais, eram trabalhadas as vogais, depois palavras formadas apenas por elas. No segundo momento, eram apresentadas as consoantes e as formas mais complexas dos seus sons dentro da palavra. Para Frade (2007, p. 23), o objetivo do método fônico é fazer a relação de que: “Cada letra (grafema) é aprendida como um fonema (som), que, junto a outro fonema, pode formar sílabas e palavras”. A partir da formação das palavras, surgem as frases e os textos. Esse método é muito utilizado e possui suas vantagens e desvantagens. Entre as vantagens está o fato de, se o aluno compreender a relação entre as letras e os fonemas, haverá uma correspondência direta que será decifrada mais rapidamente, sem oferecer maiores dificuldades. Isso se dá principalmente quando é preciso escrever palavras com P, B, T, D e V, por exemplo, nas quais os fonemas representam a escrita das letras. Em contrapartida, algumas consoantes, para terem seus sons identificados, precisam do apoio de uma vogal, mesmo que ela fique oculta na hora da pronúncia. Um exemplo é o fonema /m/, ele necessita de um mê para ser referenciado. Entre as desvantagens está o fato das letras, podem apresentar diferentes sons e fonemas conforme a posição que ocupam na palavra. Assim, esse processo de transição até que a criança chegue ao nível ortográfico se torna mais lento. Outra questão são as variações quanto à pronúncia das palavras, trazendo confusões na hora da escrita, pois uma mesma palavra é falada de uma forma e escrita de outra. Como você sabe, o sotaque e as variações da língua conforme cada região do país influenciam essas inconstâncias. O método fônico, nesse sentido, tem o objetivo de fazer com que a criança demonstre compreensão dos padrões regulares de correspondência entre o som e a soletração, entre os fonemas e os grafemas. A ideia é que, a partir desse domínio, possa identificar os sons e realizar a leitura de palavras. Método silábico O método silábico ou de silabação, segundo Frade (2005), tinha como ponto de partida a união entre a consoante e a vogal para formar as sílabas. No entanto, como em métodos anteriores, as unidades eram apresentadas à criança das mais fáceis para as mais difíceis. Iniciava-se pelo ensino das vogais e encontros vocálicos, e os professores faziam as relações entre a letra e as palavras começadas com ela a partir de ilustrações. Por exemplo, “A de árvore”, “E de escada”. Posteriormente, eram sistematizadas as sílabas simples, também utilizando o mesmo enfoque, porém agora no destaque das sílabas iniciais dentro da palavra, como “PA de panela”, “MA de maçã”. A partir dessa introdução, eram trabalhadas as famílias silábicas da sílaba que estava em realce na palavra, ou seja, se a sílaba que estava sendo aprendida era PA de panela, partia-se para o estudo da família pa/pe/pi/po/pu e para a formação de novas palavras. O ensino das famílias silábicas compostas por essas letras era apresentado à criança de forma que a sílaba era indicada e estudada sistematicamente. A partir do estudo das famílias, partia-se para a formação de palavras, frases e textos que continham as sílabas já trabalhadas anteriormente. Hoje, o método silábico é utilizado, por exemplo, nos silabários simples, que servem para a fixação das famílias silábicas pelas crianças. Os apoiadores do método silábico acreditavam que o processo acontecia de forma mais concreta e rápida, pois se estabelecia a relação entre os segmentos da fala e da escrita. As cartilhas com o método silábico tinham como conteúdo palavras que partiam da sílaba trabalhada. Dentro dessa letra, eram apresentadas então várias palavras, frases e textos no qual a sílaba ensinada ganhava destaque. Essas palavras, na maioria das vezes, não tinham sentido dentro do texto, pois a preocupação maior era que as famílias silábicas fossem fixadas. Considerando os métodos de alfabetização apresentados, analise as afirmativas a seguir: I- O método alfabético baseia-se na associação de estímulos visuais e auditivos, valendo-se da memorização como estímulo didático. II- O método fônico tem como principal objetivo estabelecer a relação entre a letra e o som que ela representa, partindo dos sons para a escrita. III- O método silábico parte da união entre a consoante e a vogal para formar as sílabas, priorizando a fixação das famílias silábicas. Agora, assinale a alternativa CORRETA:
I- O método alfabético baseia-se na associação de estímulos visuais e auditivos, valendo-se da memorização como estímulo didático.
II- O método fônico tem como principal objetivo estabelecer a relação entre a letra e o som que ela representa, partindo dos sons para a escrita.
III- O método silábico parte da união entre a consoante e a vogal para formar as sílabas, priorizando a fixação das famílias silábicas.
a) Apenas a afirmativa I está correta.
b) Apenas a afirmativa II está correta.
c) Apenas a afirmativa III está correta.
d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
e) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.

Essa pergunta também está no material:

ALFABETIZAÇÃO-E-LETRAMENTO
69 pág.

Introdução Aos Estudos Literários Centro Universitário UNIFAVENICentro Universitário UNIFAVENI

💡 1 Resposta

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Analisando as afirmativas apresentadas: I- O método alfabético baseia-se na associação de estímulos visuais e auditivos, valendo-se da memorização como estímulo didático. (CORRETA) II- O método fônico tem como principal objetivo estabelecer a relação entre a letra e o som que ela representa, partindo dos sons para a escrita. (CORRETA) III- O método silábico parte da união entre a consoante e a vogal para formar as sílabas, priorizando a fixação das famílias silábicas. (CORRETA) Portanto, a alternativa correta é: d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

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