Em face desses fatores, é preciso refletir sobre o que enfatiza Dall’Agnol (2012), que destaca os impactos como via de mão dupla, exigindo dos gestores desde o planejamento à abordagem de ações propositivas e que gerem impactos positivos, sejam no âmbito da economia, da cultura ou da socialização entre os envolvidos. No contexto de impactos da realização dos eventos, Serreira (2014, p.29) destaca que: É sabido que os eventos acarretam benefícios para os destinos turísticos e tornam-se um fator importante na diferenciação dos mesmos. Geram postos de trabalho, podem ser usados como promotores de um destino ou de um produto/serviço, como forma de combater a sazonalidade de uma determinada região, entre outros. Nota-se que os impactos econômicos e o combate à sazonalidade são duas contribuições vistas como primordiais para promoção de eventos em regiões turísticas. Para Getz (2005), os principais potenciais benefícios dos eventos no contexto do turismo são: a) Atrair publicidade para o destino; b) Atrair visitantes que não pensariam em visitar o destino; c) Promover cultura, patrimônio e lazer; d) Combater a sazonalidade; e) Criar uma imagem favorável ao destino. Percebe-se, a partir da concepção de efeitos dos eventos de Serreira (2014) e Getz (2005), que, apesar dos impactos sociais serem citados, os econômicos e vinculados à sazonalidade são os mais percebidos, principalmente derivados da visitação e turismo na localidade, motivados à participação nessas atividades. No entanto, as perspectivas dos efeitos socioculturais devem ganhar maior visibilidade, pois envolvem diretamente os moradores do lugar, pelo fato desses eventos atraírem pessoas de diversas localidades e os autóctones mantêm contato com os visitantes e consequentemente com diversas outras culturas, com isso sendo influenciados socialmente e podendo haver modificações na cultura do local (SMITH, 1989). Nesse cenário, compreendem-se os efeitos de eventos para localidade em diferentes dimensões: sociais, econômicas, ambientai e culturais, os quais devem fazer parte do planejamento, organização e gestão dos atores responsáveis pela realização de eventos. Sendo assim, é necessário compreender que a partir do momento em que se têm os eventos como atividades capazes de promover o desenvolvimento do turismo em determinadas localidades, sendo esses os responsáveis por aumento de fluxo e visitação, é preciso que seus efeitos sejam discutidos e inseridos nas políticas públicas que potencializem os benefícios e minimizem os malefícios que os eventos podem trazer para as cidades. Quanto à percepção dos impactos, Getz (1991, p. 75) enfatiza que qualquer consideração dos benefícios econômicos proporcionados à comunidade local deve ter o contraponto da avaliação dos custos, não apenas organizativos, de capital e operativos, mas também dos subsídios e valores dos serviços investidos no evento. Compreende-se que tal objetividade deve estar inserida no planejamento prévio das ações de turismo, possibilitando o que o Getz (2005) ressalta ao identificar alguns dos principais benefícios da realização de eventos: fator essencial do marketing e promoção dos destinos; criador de imagem do destino; atração turística; estratégia estrutural da política de animação do destino; catalisador e estimulador de desenvolvimento comercial, turístico e econômico. Para Serreira (2014, p. 30): A realização de eventos em qualquer destino turístico acarreta quer aspectos positivos quer negativos para esse mesmo local. Contudo, nem todo o tipo de eventos tem o mesmo impacto. Este surge de consequência que depende bastante das características do evento, da sua natureza, objetivos, entre outros aspectos. Ao discorrer o olhar sobre o que pensa a autora supracitada, é importante ressaltar que no caso do município de Santa Cruz/RN o Turismo Religioso vem ganhando cada vez mais evidência e representatividade, considerando que a cada ano os eventos relacionados às festividades religiosas da padroeira Santa Rita de Cássia possibilitam o incremento de atividades, valores e experiências significativas na comunidade e região. Dessa forma, ao analisar as perspectivas propositivas quanto aos impactos do Turismo de Eventos no Polo Agreste-Trairi, é pertinente ressaltar que a promoção desse tipo de atividade deve ser uma praxe de toda e qualquer gestão pública, focada na garantia da qualidade de vida de um povo, assim como no intercâmbio cultural e histórico, viabilizados a partir do turismo ao contar com a intervenção de outras ações econômicas e culturais, possibilitando a interação de diferentes povos a partir de eventos em que o fator econômico se torna uma realidade para potencializar o desenvolvimento de uma região. Sendo assim, é importante compreender o cenário de políticas públicas e a organização de instâncias de governança regional, a fim de buscar identificar os atores que estão envolvidos com o planejamento e execução dos principais eventos do Polo Agreste-Trairi, já que estes são responsáveis pela demanda considerável de visitantes na região, e consequentemente, refletem no desenvolvimento do turismo. Resultados e Discussão A concepção dos resultados e discussões do presente trabalho norteia-se a partir da delimitação de seus objetivos estabelecidos inicialmente, em que, de uma maneira geral, buscou-se analisar a percepção da gestão pública do turismo no Polo Agreste-Trairi quanto aos impactos da realização de eventos para os municípios. Para isso, inicialmente, precisa-se elencar quem são os atores que estão envolvidos com a organização de eventos no âmbito público da instância de governança regional do turismo. Nesse contexto, destaca-se que o entrevistado A1 enfatiza que sempre estão envolvidos alguns servidores públicos voluntariamente, além de voluntários da sociedade civil, que unidos programam as festividades e as transformam em ações culturais. Ressalta-se ainda que os custos financeiros desses eventos ficam por conta do próprio município. Corroborando, o entrevistado A2 afirma que os principais responsáveis são a prefeitura e as secretarias municipais mais diversas, envolvendo a de Turismo, Obras e Cultura, dentre outras. Outro entrevistado, o A4, relata que a grande maioria se constitui pela equipe da prefeitura e das secretarias. Já o entrevistado A6 enfatiza que são essencialmente a prefeitura e as igrejas do município. Diante disso, pode-se perceber que os principais atores envolvidos na realização de eventos públicos da região Agreste-Trairi são as diferentes secretarias interessadas nos efeitos que os eventos e o turismo trazem para os municípios, o que demonstra ainda a abordagem intersetorial relacionada às atividades multidisciplinares. Além disso, em outros casos, são citados ainda voluntários da sociedade civil e da igreja como atores envolvidos nesse processo, porém a maior concentração encontra-se atrelada às prefeituras e secretarias, até mesmo pelo fato de os principais eventos serem considerados municipais e vinculados a festas com características sociais e religiosas de cada localidade. Apresentam-se nesse tópico também as diferentes percepções dos responsáveis pela pasta do turismo que comportam o Polo Agreste-Trairi, possibilitando um olhar global sobre a situação local, mas também no tocante ao referido polo. Destaca-se que foram levantados questionamentos relacionados aos diferentes impactos do Turismo de Eventos, de acordo com Smith (1989), em três principais dimensões: sociocultural, ambiental e econômica. Em um primeiro momento, destaca-se a dim