Buscar

Planejamento e desenvolvimento do turismo nas regiões do seridó e trairi_cultura, lazer e eventos

Prévia do material em texto

PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO 
DO TURISMO NAS REGIÕES 
DO SERIDÓ E DO AGRESTE TRAIRI
Carolina Todesco 
Paula Rejane Fernandes 
Organizadoras
CULTURA, LAZER E EVENTOS
15 anos do Curso de Turismo UFRN/Campus Currais Novos
PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO 
DO TURISMO NAS REGIÕES 
DO SERIDÓ E DO AGRESTE TRAIRI
CULTURA, LAZER E EVENTOS
15 anos do Curso de Turismo UFRN/Campus Currais Novos
Reitor
José Daniel Diniz Melo
Vice-Reitor
Henio Ferreira de Miranda
Diretoria Administrativa da EDUFRN
Maria da Penha Casado Alves (Diretora)
Helton Rubiano de Macedo (Diretor Adjunto)
Bruno Francisco Xavier (Secretário)
Conselho Editorial
Secretária de Educação a Distância
Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo
Secretária Adjunta de Educação a Distância
Ione Rodrigues Diniz Morais
Coordenadora de Produção de Materiais Didáticos
Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo
Coordenadora de Revisão
Aline Pinho Dias
Coordenador Editorial
Kaline Sampaio
Gestão do Fluxo de Revisão
Edineide Marques
Gestão do Fluxo de Editoração
Rosilene Paiva
Conselho Técnico-Cientí�co – SEDIS
Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo – SEDIS (Presidente)
Aline de Pinho Dias – SEDIS
André Morais Gurgel – CCSA
Antônio de Pádua dos Santos – CS
Célia Maria de Araújo – SEDIS
Eugênia Maria Dantas – CCHLA
Ione Rodrigues Diniz Morais – SEDIS
Isabel Dillmann Nunes – IMD
Ivan Max Freire de Lacerda – EAJ
Je�erson Fernandes Alves – SEDIS
José Querginaldo Bezerra – CCET
Lilian Giotto Zaros – CB
Marcos Aurélio Felipe – SEDIS
Maria Cristina Leandro de Paiva – CE
Maria da Penha Casado Alves – SEDIS
Nedja Suely Fernandes – CCET
Ricardo Alexsandro de Medeiros Valentim – SEDIS
Sulemi Fabiano Campos – CCHLA
Wicli�e de Andrade Costa – CCHLA
Revisão de Língua Portuguesa
Anchella Monte Fernandes Ribeiro Dantas
Revisão de ABNT
Verônica Maria Souza Campos
Revisão Tipográ�ca
Ilana Lamas
Capa
Fotos: Carolina Todesco
Diagramação
Nathália Nóbrega
Anderson Gomes do Nascimento
Maria da Penha Casado Alves (Presidente)
Judithe da Costa Leite Albuquerque (Secretária)
Adriana Rosa Carvalho
Alexandro Teixeira Gomes
Elaine Cristina Gavioli
Everton Rodrigues Barbosa
Fabrício Germano Alves
Francisco Wildson Confessor
Gilberto Corso
Gleydson Pinheiro Albano
Gustavo Zampier dos Santos Lima
Izabel Souza do Nascimento
Josenildo Soares Bezerra
Ligia Rejane Siqueira Garcia
Lucélio Dantas de Aquino
Marcelo de Sousa da Silva
Márcia Maria de Cruz Castro
Márcio Dias Pereira
Martin Pablo Cammarota
Nereida Soares Martins
Roberval Edson Pinheiro de Lima
Tatyana Mabel Nobre Barbosa
Tercia Maria Souza de Moura Marques
Miolo_Sarada_A.indd 2 06/12/2021 10:15
Carolina Todesco
Paula Rejane Fernandes
 Organizadoras
Natal, 2022
PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO 
DO TURISMO NAS REGIÕES 
DO SERIDÓ E DO AGRESTE TRAIRI
CULTURA, LAZER E EVENTOS
15 anos do Curso de Turismo UFRN/Campus Currais Novos
Todos os direitos desta edição reservados à EDUFRN – Editora da UFRN
Av. Senador Salgado Filho, 3000 | Campus Universitário
Lagoa Nova | 59.078-970 | Natal/RN | Brasil
e-mail: contato@editora.ufrn.br | www.editora.ufrn.br
Telefone: 84 3342 2221
Catalogação da publicação na fonte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Secretaria de Educação a Distância
Elaborada por Edineide da Silva Marques CRB-15/488.
Fundada em 1962, a EDUFRN permanece dedicada à 
sua principal missão: produzir livros com qualidade 
editorial, a fim de promover o conhecimento gerado na 
Universidade, além de divulgar expressões culturais do 
Rio Grande do Norte.
Publicação digital financiada com recursos do Fundo de Pós-graduação (PPg-UFRN). 
A seleção da obra foi realizada pela Comissão de Pós-graduação, com decisão homologada 
pelo Conselho Editorial da EDUFRN, conforme Edital nº 2/2019-PPG/EDUFRN/SEDIS, 
para a linha editorial Técnico-científica.
Sumário
APRESENTAÇÃO
PREFÁCIO 
PARTE I – GESTÃO DE TURISMO 
E POLÍTICAS PÚBLICAS
Criação e Reconfiguração 
do polo de turismo do Seridó
Josefa Lidiane dos Santos Ferreira - Carolina Todesco
Patrimônio material do município de Acari: 
uma perspectiva para o incremento do 
turismo cultural
Girlene Edson de Oliveira Amaro - Edneide Maria Pinheiro Galvão
Turismo e patrimônio material: prédios 
tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico 
e Artístico Nacional no município de Acari
Tamara Emília da Silva Medeiros - Paula Rejane Fernandes
Propostas de roteiros turísticos culturais 
para o município de Caicó
Mônica Azevedo de Medeiros - Carolina Todesco
10
15
18
19
44
72
107
As possibilidades e entraves do turismo 
arqueológico: um estudo de caso no Sítio Olho 
d’Água, município de Cruzeta
Francineide Araújo - Wilker Ricardo de Mendonça Nóbrega
Os usos do patrimônio cultural material 
arquitetônico de Currais Novos como 
atrativo turístico
Júlio César da Silva Dantas Araújo - Lourival Andrade Júnior
Aula de campo como método de valorização 
patrimonial: um estudo de caso
Diana Rayssa dos Santos - Mabel Simone Guardia
O turismo pedagógico como instrumento do 
processo de ensino-aprendizagem: o caso da 
Escola Estadual Tristão de Barros
Danielson da Silva Oliveira - Carolina Todesco
Uma análise comparativa do turismo 
pedagógico em escolas públicas e privadas do 
município de Currais Novos
Juliana Gomes de Oliveira - Carolina Todesco
Turismo pedagógico no Geoparque Seridó: 
contribuições e desafios
Arthur Moser Silva Santos - Carolina Todesco
A percepção dos alunos de ensino médio em 
relação ao curso de Turismo da UFRN – 
campus Currais Novos
Judson Daniel Januário da Silva - Josemery Araújo Alves
144
179
197
222
257
288
329
Lazer e terceira idade: estudo sobre a atuação 
dos grupos de convívio no Seridó
Luana Dayse de Oliveira Ferreira - Marcelo Chiarelli Milito
Lazer e terceira idade: um estudo acerca dos 
espaços e equipamentos públicos de lazer do 
município de Parelhas
Itamara Lúcia da Fonseca - Wilker Ricardo de Mendonça Nóbrega
Apropriação e uso dos espaços públicos para o 
lazer da população curraisnovense
Renata Laís Ferreira de Santana - Josemery Araújo Alves
A percepção do público da terceira idade quanto 
aos equipamentos e atividades de lazer em 
Currais Novos
Rusimara Dayane da Silva - Fernanda Raphaela Alves Dantas
Lazer na brinquedoteca hospitalar: um estudo 
acerca da contribuição das atividades lúdicas na 
recuperação da criança
Wilma Kalliane Soares de Medeiros - Josemery Araújo Alves
Os impactos dos eventos no Polo Agreste Trairi: 
a percepção dos gestores públicos
Bruna Emanuelly Pinheiro e Silva - Fernanda Raphaela Alves Dantas
PARTE II – LAZER E EVENTOS 354
355
384
409
438
470
500
Turismo de eventos: uma análise do 
planejamento do evento Forronovos na cidade 
de Currais Novos
Juliana Guedes da Silva - Josemery Araújo Alves
Qualidade dos serviços turísticos em evento: 
um estudo da influência dos serviços prestados 
durante o Cactus Moto Fest na cidade de 
Currais Novos
Antônio de Pádua Pereira Alves - Josemery Araújo Alves
533
558
APRESENTAÇÃO
Carolina Todesco1
Paula Rejane Fernandes2
O Curso de Bacharelado em Turismo da Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte (UFRN), Campus Currais Novos, completa 15 
anos em 2021. O Curso foi aprovado na 7ª Sessão Extraordinária 
do Conselho de Pesquisa, Ensino e Extensão da UFRN, em 30 
de maio de 2006, e iniciou suas atividades em janeiro de 2007.
À época de sua criação, o Plano Nacional de Turismo do 
Governo Federal visava, dentre outros objetivos, estruturar os 
destinos, diversificar a oferta turística e qualificar o produto 
turístico nacional. A formação de profissionais na área do turismo 
era considerada uma estratégia de suma importância para o êxito 
desses objetivos, devida à necessidade de elevar a qualidade de 
serviços e empreendimentos de apoio à atividade, de fortalecer 
o planejamento e a gestão pública do turismo no Brasil, como 
também de produzir conhecimento crítico e abrangentesobre o 
fenômeno do turismo e suas implicações socioespaciais.
Nesse contexto, o Curso de Bacharelado em Turismo 
corrobora com os objetivos de uma política nacional de turismo, 
com um desempenho guiado pelos compromissos éticos e 
1 Professora da Faculdade de Engenharia, Letras e Ciências Sociais do Seridó – 
FELCS/UFRN, Coordenadora do Curso de Turismo CERES/UFRN de 2015 a 2019.
2 Professora do Centro de Ensino Superior do Seridó – CERES/UFRN, Vice-
Coordenadora do Curso de Turismo CERES/UFRN de 2015 a 2019.
11
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Apresentação
sociais definidos em seu Projeto Pedagógico (2015), dentre os 
quais podemos destacar: 
[1] Promover uma formação humanística, crítica e 
criativa do discente, para que o mesmo seja capaz de 
se inserir no mercado de trabalho e ter um desempenho 
diferenciado, com responsabilidade social e ambiental. 
[2] Contribuir para a produção do conhecimento na 
área do turismo, por meio de uma reflexão crítica 
e permanente sobre a prática social e a atividade 
econômica do turismo, considerando seus aspectos 
sociais, culturais, políticos, econômicos e ambientais. 
[3] Promover pesquisas de interesse do estado do Rio 
Grande do Norte, especialmente da região do Seridó 
e do Agreste Trairi, em prol de um desenvolvimento 
turístico socialmente mais justo, economicamente 
viável e ambientalmente sustentável. [4] Garantir 
a acessibilidade social do conhecimento produzido 
pelas pesquisas e produção acadêmica dos docentes 
e discentes do curso. [5] Fortalecer a relação entre a 
comunidade acadêmica e a sociedade, por meio de ações 
de caráter científico, cultural, educativo e artístico, que 
intervenham na realidade social das comunidades, em 
atendimento aos seus anseios, ao mesmo tempo em que 
possibilitam e nutrem o intercâmbio de ideias, saberes 
e conhecimento (UFRN, 2015, p. 16)3.
O Curso de Bacharelado em Turismo, no campus de 
Currais Novos da UFRN, cumpre, portanto, um papel relevante 
na formação de profissionais para atuarem no setor, no desen-
volvimento de pesquisas em turismo e no fortalecimento do 
turismo no interior do estado do Rio Grande do Norte.
3 Universidade federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do 
Seridó. Projeto Pedagógico do Curso de Turismo. Currais Novos: UFRN, 
2015.
12
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Apresentação
Nesses quinze anos de atuação, o Curso formou cerca de 
200 bacharéis em Turismo. Além disso, produziu e executou uma 
série de projetos de ensino, pesquisa e extensão que tiveram 
como alvo, sobretudo, os municípios do interior do estado do 
Rio Grande do Norte que compõem as regiões do Seridó Potiguar 
e do Agreste Trairi.
A ideia de organizar o presente livro surgiu em 2017, em 
reunião do colegiado do Curso, com os seguintes objetivos: dar 
visibilidade, promover, valorizar e garantir a socialização da 
produção acadêmica resultante das pesquisas do corpo discente 
e docente; reunir o acúmulo de conhecimento produzido sobre 
turismo nas regiões do Seridó e Agreste Trairi ao longo dos 
anos; e prestigiar os egressos do Curso e os professores que 
fizeram e fazem parte da história do Curso de Turismo UFRN, 
Campus Currais Novos.
Dessa maneira, selecionamos os trabalhos de conclusão 
de curso (TCC) que obtiveram média final elevada. Os egressos, 
autores dos TCCs selecionados, e os professores orientadores, 
foram convidados a encaminhar um artigo síntese da pesquisa, 
o que resultou num total de 42 artigos. 
Cabe ressaltar que alguns deles já foram publicados em 
outros meios de comunicação. Sendo assim, a obra se constitui 
numa coletânea de artigos originais e de outros já publicados, 
frutos dos TCCs defendidos com expressivo êxito. Aqueles que 
tiverem interesse em acessar os trabalhos completos, estão 
disponíveis na Biblioteca Setorial de Currais Novos e na página da 
Biblioteca Digital de Monografias da UFRN(monografias.ufrn.br).
Para a organização do livro, por uma questão de coerência, 
os artigos foram agrupados em quatro grandes temas: 1. Gestão 
do Turismo e Políticas Públicas; 2. Turismo e Meio Ambiente; 3. 
Turismo e Cultura; 4. Lazer e Eventos. Dessa forma, a obra foi 
13
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Apresentação
dividida em dois títulos: 1. Planejamento e desenvolvimento do 
turismo nas regiões do Seridó e do Agreste Trairi: política e meio 
ambiente; 2. Planejamento e desenvolvimento do turismo nas 
regiões do Seridó e do Agreste Trairi: cultura, lazer e eventos.
A primeira parte deste livro, Turismo e Cultura, traz ao 
total 11 artigos que abordam sobre turismo cultural, patrimônio 
histórico-cultural, propostas de roteiros turísticos culturais, 
turismo arqueológico e turismo pedagógico. Os temas foram 
tratados com estudos de caso nos municípios de Florânia, Acari, 
Caicó, Cruzeta e Currais Novos.
A segunda parte, Lazer e Eventos, é composta por 8 
artigos, sendo que 5 tratam sobre a importância do lazer, 
lazer na terceira idade, espaços e equipamentos públicos de 
lazer. Os artigos sobre lazer se debruçam sobre o Polo Seridó 
e os municípios de Parelhas e Currais Novos. Os 3 artigos 
finais trazem estudos sobre os impactos dos eventos no Polo 
Agreste Trairi, e sobre os eventos Forronovos e Cacto Moto 
Fest, realizados em Currais Novos.
Acreditamos que o conjunto da obra demonstra a rele-
vância do Curso de Turismo da UFRN, Campus Currais Novos, 
para o planejamento e o desenvolvimento do turismo nas 
regiões do Seridó e do Agreste Trairi. Por conseguinte, esta 
obra se destina aos gestores públicos municipais e estaduais 
do turismo, aos empreendedores e profissionais do setor e aos 
estudantes da área.
Para nós, esta publicação também vem num momento 
oportuno, pois em tempos em que o obscurantismo, a negação 
da Ciência e o ataque às universidades públicas estão em voga, 
é preciso empreender esforços para que o conhecimento acadê-
mico produzido intramuros, na universidade, seja divulgado, 
compartilhado e acessado pela sociedade em geral.
14
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Apresentação
Por fim, gostaríamos de agradecer de forma muito 
especial a todos os egressos e autores dos trabalhos aqui apre-
sentados e aos professores que contribuíram e viabilizaram a 
produção deste livro! Muito obrigada!
Parabéns aos 15 anos do Curso de Turismo da UFRN, 
Campus Currais Novos!! 
PREFÁCIO
Kerlei Eniele Sonaglio1
Estudos sobre o turismo relacionados com a gestão, o ambiente 
e as políticas públicas são, frequentemente, encontrados em 
diversas publicações da área. Entretanto, constata-se que as 
pesquisas relacionadas aos fatores influenciadores na qualidade 
do turismo regional, sobretudo do interior do Brasil, raramente 
espelham as “realidades” contadas por protagonistas locais.
A tônica desta obra, que reúne textos sobre o interior 
potiguar, é descrita por estudantes moradores da região e que 
concluíram o curso de graduação em Turismo na Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, Campus Currais Novos, com 
êxito e louvor. 
Eu tive a honra e a oportunidade de lecionar para esses 
pesquisadores sagazes e dedicados, que nos brindam com as 
dissensões e similitudes do turismo regional tratadas na obra 
e convidam o leitor a refletir acerca dos efeitos do fenômeno 
do turismo sobre os seres humanos e as estruturas locais, 
bem como as suas implicações no ambiente, na economia e na 
qualidade de vida de residentes e turistas. 
O enfoque do conjunto da obra nos conduz à percepção 
sutil e distinta das consequências da repercussão de um turismo 
à revelia de planejamento e gestão, principalmente em espaços 
1 Professora do Curso de Bacharelado em Turismo da Universidade de 
Brasília e da Pós-Graduação em Turismo da UniversidadeFederal do Rio 
Grande do Norte
16
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Prefácio
tão singulares e carentes de estruturação e empenho público, 
com vistas ao desenvolvimento turístico local. 
Os estudos sobre a oferta e demanda turística, inven-
tariação, roteirização, sinalização, gestão pública do turismo, 
promoção de destino, impactos ambientais, gestão e educação 
ambiental estão presentes nesta publicação. A eficiente análise 
e as reflexões oferecidas pelos autores foram realizadas e esque-
matizadas metodologicamente, na intenção de nos permitir a 
visualização dos fatores que influenciam o advento do turismo 
no Seridó e Agreste potiguar.
No Brasil, poucos são os profissionais que mergulham 
no estudo cuidadoso, sistêmico e interdisciplinar de temáticas 
subjetivas relacionadas ao turismo em ambientes do semiárido 
brasileiro. Tais estudos, por sua natureza peculiar, revelam a 
necessidade de se desenvolver “pesquisas em campo” sob o 
olhar habilidoso e crítico do pesquisador-observador imerso na 
realidade a qual investiga. Os artigos que compõem os volumes 
deste trabalho expressam a desenvoltura pela qual seus autores 
percorreram os caminhos e descaminhos da esplêndida 
caatinga para desvelar suas nuances e particularidades que, 
por certo, exigirá resiliência para o desenvolvimento de um 
turismo sustentável.
E o turismo, em tempos de crises, exige resiliência! 
Conhecer as pressões ambientais, políticas e sociais pode 
permitir que a engrenagem turística no interior potiguar se 
organize de maneira que enfrente, responda, adapte-se e supere 
as adversidades locais. Por isso, esta obra representa um impor-
tante diagnóstico regional que pode auxiliar na identificação de 
potencialidades e também na percepção das dificuldades que 
podem comprometer ou amplificar a saúde do turismo local.
17
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Prefácio
Certamente, penetrar na crítica a respeito da miríade de 
aspectos que influenciam o movimento turístico no interior 
do Brasil revela-se premente e oportuno, visto que as soluções 
amparadas em pavimentos científicos geralmente sinalizam 
desdobramentos mais seguros.
Em tempos nos quais parte da humanidade ainda nega a 
ciência, direcionar o olhar ao domínio e competência do setor 
acadêmico do turismo nos faz compreender as engenhosas 
relações que conformam o turismo frente aos desafios impostos 
pela escala local e planetária. 
O conhecimento científico proporciona o uso apropriado 
de métodos e técnicas de pesquisa que podem resultar no 
apontamento de sólidas respostas às impactações e abalos no 
sistema turístico! Eis a essência do que esta obra nos sensibiliza 
a perceber e nos convida a refletir sobre o turismo no interior 
do Rio Grande do Norte!
PARTE I 
TURISMO E CULTURA
DE FLORES E DE PEDRA: IDENTIFICAÇÃO 
E POSSIBILIDADE DO USO TURÍSTICO 
DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO 
DA CIDADE DE FLORÂNIA
Wellington Alysson de Araújo
Jeferson Cândido Alves
Florânia está localizada na região do Seridó, no estado do 
Rio Grande do Norte, a palavra “flores” está ligada à história da 
cidade, pois indica o antigo nome que foi dado às terras que hoje 
pertencem à Florânia, pelo fato de ser encontrada, na época, 
considerável quantidade de flores de bugi. Já a palavra “pedras” 
representa a parte concreta/material, que seriam, no caso, as 
edificações e o centro urbano.
Para o entendimento do universo do estudo, recorreu-se 
às pesquisas realizadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico 
e Artístico Nacional (IPHAN), em que foi possível identificar 
que o patrimônio histórico é dividido entre os bens de natu-
reza imaterial e material, sendo este último tomado como foco. 
Uma das principais pretensões foi fazer um levantamento e 
análise das casas, prédios e monumentos históricos, a fim de 
classificá-los como possíveis candidatos à utilização como 
recurso turístico.
Para nortear o desenvolvimento do trabalho, foram 
delimitados os seguintes objetivos específicos: a) identificar o 
patrimônio histórico material da cidade de Florânia, realizando 
um levantamento por meio de inventariação; b) averiguar o 
estado de conservação das casas, dos prédios, das igrejas, 
20
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
das capelas e dos monumentos, pois torna-se relevante que 
esses bens possam estar em adequado grau de conservação 
para que a memória da localidade seja mantida; c) sugerir a 
possibilidade de incremento do patrimônio material da cidade 
de Florânia na prática turística local.
Diante da identificação das pretensões que norteiam este 
estudo, surge a seguinte problemática: a cidade de Florânia/
RN dispõe de patrimônio histórico material que tenha a 
potencialidade para ser incluído na atividade turística local? 
Para responder este questionamento, surgiram duas hipóteses: 
1ª) Sim, a cidade dispõe de estimado patrimônio histórico mate-
rial; 2ª) Não, a localidade não possui edificações e conjuntos 
urbanos de valor histórico suficiente para servirem como 
atrativos turísticos.
Metodologia
Para ser possível buscar as respostas que atendessem, 
ou não, às hipóteses levantadas nesse estudo, realizou-se, 
como procedimento metodológico inicial, uma investigação 
de caráter bibliográfico, objetivando um maior entendimento 
da temática proposta, bem como a compreensão referente às 
correntes teóricas da área turística, em especial acerca do 
patrimônio histórico. Dessa forma, 
a pesquisa bibliográfica é feita com base em docu-
mentos já elaborados, tais como livros, dicionários, 
enciclopédias, periódicos, como jornais e revistas, além 
de publicações, como comunicação e artigos científicos, 
resenhas e ensaios críticos (SANTOS, 2012, p. 191)
21
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
Esse tipo de pesquisa é importante para se ter um 
adequado embasamento teórico capaz de dialogar com os 
resultados encontrados.
Além da investigação bibliográfica, utilizou-se o site de 
busca Google para a realização de pesquisas, a fim de realizar 
consultas sobre o número de habitantes do município de Florânia 
(conforme dados do IBGE, 2010) e de estudos acerca de patrimônio 
histórico (IPHAN, 2014). Conforme Andrade (2001, p. 45),
um site de busca equivale, no mundo real, a um fichário 
ou catálogo no qual se encontra a localização da infor-
mação buscada, mas o buscador em si não contém 
nenhuma informação além dos endereços. 
Esse tipo de recurso é importante pelo fato de otimizar 
o tempo de pesquisa e ser possível ter um amplo acesso às 
fontes desejadas.
O método de pesquisa adotado é o exploratório, tendo
como principal finalidade desenvolver, esclarecer 
e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a 
formulação de problemas mais precisos ou hipóteses 
pesquisáveis para estudos posteriores (GIL, 2008, p. 27). 
Com isso, torna-se possível chegar às respostas que 
embasam as indagações deste estudo, pois o contexto do patri-
mônio histórico material de Florânia foi explorado.
A partir da necessidade da interpretação da realidade 
do objeto de estudo, este trabalho é classificado como uma 
pesquisa de caráter qualitativo, em que 
22
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alvesconcebem-se análises mais aprofundadas em relação 
ao fenômeno que está sendo estudado. A abordagem 
qualitativa visa destacar características não observadas 
por meio de um estudo quantitativo, haja vista a super-
ficialidade deste último (BEUREN; RAUPP, 2003, p. 92). 
A abordagem busca qualificar o objeto de estudo, de 
forma que as informações coletadas possam ser interpretadas, 
tirando as devidas conclusões pertinentes.
Também esta pesquisa tem uma finalidade quantitativa, 
uma vez que “a abordagem quantitativa se caracteriza pelo 
emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta quanto 
tratamento dos dados [...]” (BEUREN; RAUPP, 2003, p. 92). Essa 
natureza de pesquisa aplica-se para identificar de quantos bens 
materiais históricos Florânia dispõe, além de apresentar como 
porcentagem o número de edificações classificadas como estado 
de conservação ótimo ou regular.
Realizou-se uma pesquisa de campo, sendo aplicada 
a técnica de entrevista oral com historiadores de Florânia, 
proprietários dos imóveis e residentes que pudessem contribuir 
com o estudo. Mediante isso, elaborou-se um modelo de ficha 
de inventariação do patrimônio histórico material de Florânia.
Conforme as finalidades traçadas e a metodologia 
empregada, a realização deste trabalho torna-se relevante 
pela existência de poucos estudos que abordam o patrimônio 
histórico material da cidade de Florânia. Além disso, em 2013, 
Florânia/RN foi incluída no Roteiro Seridó, o que aumenta a 
importância da realização de estudos que possam contribuir 
para o entendimento da realidade turística do destino.
23
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
As Flores do Sertão
A cidade de Florânia surge, como a maioria das cidades 
existentes no Seridó norte-rio-grandense, a partir da comple-
xificação da vida nas tímidas manchas urbanas que brotavam 
entre os currais de gado e as fazendas produtoras das plumas do 
algodão. Com 8.959 habitantes (IBGE, 2010), Florânia mostra-se 
como uma cidade de considerável valor histórico, cujos fatos 
que marcaram a vivência dos habitantes ainda podem ser 
identificados nos dias atuais.
Antes do decreto provincial de 20 de outubro de 1890, 
o território 4, que hoje pertence à Florânia, fazia parte de Acari, 
porém houve o desmembramento. A toponímia da cidade passou 
por diversas modificações ao longo dos anos, pode-se identificar 
que até o ano de 1943, Florânia era denominada “Flores”, nome 
este inspirado pela expressiva quantidade de flores chamadas 
“Rainha do Prado” (Aristida Pallens), espécie de bugi que havia 
na região (GONÇALVES, 2006, p. 01). Tal informação, em relação 
às flores, também pode ser coletada nos livros de Câmara 
Cascudo (1968) e Manoel Dantas (1941). Porém o nome “Flores” 
teve que ser modificado para a atual nomenclatura devido à 
existência de outra cidade, no estado de Pernambuco, com a 
mesma denominação, algo que não era permitido na época. 
A pecuária constituiu o mote para o povoamento - pela 
empresa portuguesa, na colonização - do espaço hoje ocupado 
pela cidade, não sendo estranho que o primeiro povoador branco 
fosse um português, do Porto, chamado Cosme de Abreu Maciel, 
o qual requereu e explorou as terras que foram consideradas as 
primeiras sesmarias da região (GONÇALVES, 2006, p. 2).
Com o decorrer do tempo, Athanasio Fernandes – filho 
primogênito de Cosme de Abreu Maciel – gerou uma volumosa 
24
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
família, que ficou conhecida como os “Tripeiros” (a origem 
da alcunha de tripeiros surgiu na cidade do Porto, Portugal, 
por volta do século XIII - informação coletada por meio de 
entrevista realizada com Galdino Júnior em 2014). Além dos 
descendentes de Cosme de Abreu Maciel, outros indivíduos 
contribuíram de forma relevante para a construção da história 
de Florânia. Um deles foi o Cônego Estanislau Piechel, nascido 
em 16 de fevereiro de 1909, na Polônia. Em outubro de 1938 veio 
para o Brasil, inicialmente morando em Natal e em seguida 
tornando-se sacerdote, servindo à diocese de Caicó, e Florânia 
estava entre as cidades em que exerceu as suas atividades 
paroquiais (TAVARES, 2005, p. 16).
Considerado também como uma das pessoas mais 
relevantes para a construção histórica de Florânia, Padre 
José Dantas Cortês (1934 - 2001), que foi Deputado Estadual, 
tornou-se uma figura marcante na defesa dos interesses 
religiosos do município, principalmente pela batalha em prol 
da valorização do Monte das Graças (GONÇALVES, 2006, p. 4). 
Padre Cortês realizou diversas obras, entre elas estão a cons-
trução do Centro de Estudo Reflexão, o calçamento da estrada 
do Santuário das Graças e a Igreja do Santíssimo Sacramento 
(CORTÊZ, 2005, p. 19).
Outro indivíduo de acentuado renome no município foi 
o Padre Sinval Laurentino. Nascido em Florânia no dia 21 de 
abril de 1922, tornou-se padre em 29 de junho de 1946. Suas 
atividades religiosas foram praticadas em sua terra natal, sendo 
sacerdote de paróquias no Rio Grande do Norte e na Bahia 
(GONÇALVES, 2006, p. 4).
No que diz respeito aos aspectos culturais, é notório que 
eles são de considerável relevância como uma forma de revita-
lizar fatos históricos e os costumes, que são passados de geração 
25
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
em geração. A cultura tem esse papel de lapidar as expressões 
populares adquiridas pelas experiências no passado, fazendo-as 
aflorar de tal forma que possam ser interpretadas, visibilizadas, 
significadas, analisadas e sentidas através das relações sociais 
que se dão no cotidiano.
Conforme Matta (2012, p. 3), “no sentido antropológico, 
portanto, a cultura é um conjunto de regras que nos diz como o 
mundo pode e deve ser classificado”. Pode-se afirmar que cada 
localidade pode ter uma maneira diferenciada de estabelecer 
normas que regem o padrão social e instituem as formas pelas 
quais a sociedade constrói seu imaginário.
Ora, em Florânia, como espaço onde o homem criou os 
seus signos, podem ser colhidos os marcadores culturais que 
identificam se o sujeito está naquela cidade ou em outra. Essas 
marcas podem, sim, ser visualizadas no patrimônio material 
das casas e dos monumentos, mas também nos aspectos intocá-
veis, como as práticas que não encontram outro motivo que não 
seja a cultura para continuarem existindo, como as vaquejadas, 
as crenças religiosas e as feiras livres. Por exemplo, sobre a feira 
livre, a autora Guimarães (2010, p. 5) advoga que, 
embora seja um evento de caráter comercial, a feira 
livre de hortifrutigranjeiros possui características 
revitalizadoras e reforçadoras da cultura popular. 
Ainda assim, ela enfrenta diversos riscos na contem-
poraneidade [...]. 
Esses riscos são apresentados na forma da competição 
mediante os supermercados e o próprio abandono da vida 
mercantil dos sujeitos que antes tiravam seu sustento da feira. 
26
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
Entretanto, essas questões não minoram a importância socio-
cultural que a feira detém nas trocas cotidianas.
A feira, como componente de cultura, podeser utilizada 
pela demanda turística, em que o visitante terá a oportunidade 
de conhecer as manifestações e os traços predominantes da 
cultura floraniense apresentada nos transeuntes que vivem e 
praticam a feira (MEDEIROS, 2014). 
Além disso, Florânia dispõe de eventos locais que atraem 
turistas das cidades circunvizinhas, de forma a contribuir 
para a renda e para o fortalecimento da identidade local. 
Os eventos são: Festa de São Sebastião (em janeiro), carnaval 
(em fevereiro), vaquejada do Parque Inácio Azevedo (em abril), Rosa 
de Maio, Luar de Agosto, vaquejada do Parque Venâncio Toscano 
(em setembro), festa de emancipação política (em outubro) e 
festa de Nossa Senhora das Graças (em novembro).
Vale mencionar, de forma breve, duas histórias que 
marcaram o imaginário popular. A primeira consiste no caso da 
“Santa Menina”, cuja devoção se instaura no ano de 1947, quando 
é encontrado o corpo de uma menina, iniciando aí um culto 
popular (MEDEIROS FILHO, 2002, p. 18). A criança, entre seis e 
sete anos de idade, foi encontrada vestida com blusa azul e saia 
rosa, próxima a um tronco de uma umburana, em cima de um 
“serrote” (SOUZA, 1999, p. 53). Desse modo, a partir do ocorrido, 
iniciou-se a construção de um santuário para os votos de fé.
A segunda história a ser mencionada é a que ocorreu em 
meio aos campos floridos quando estes foram manchados de 
sangue, tendo como personagem principal um homem chamado 
Zé Leão. A memória coletiva guarda que ele foi um rico fazen-
deiro local que viveu no século XIX, sendo um jovem caridoso 
e que possuía muitas terras. Assim, a sanha de outras pessoas 
poderosas da cidade foi despertada. O intuito era comprar as 
27
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
propriedades de Zé Leão, porém ele não queria vendê-las e 
acabou sendo perseguido por bandidos, morto e queimado em 
uma fogueira, no ano de 1887 (SOUZA, 1999, p. 22).
Resultados e Discussão
Como resultado a ser apresentado, está a identificação 
do patrimônio histórico material da cidade de Florânia. 
Para a realização desta pesquisa, considera-se como patrimônio 
histórico “de cal e pedra” todo bem material imóvel que possui 
relevância histórica e cultural.
O patrimônio material imóvel apresenta-se como bens 
estáticos, como, por exemplo, prédios, casas e monumentos 
(IPHAN, 2014). Por isso, em algumas ocasiões neste trabalho, 
emprega-se o termo “de cal e pedra” para designar as cons-
truções feitas pelo homem com materiais tais como cimento, 
areia, cal e pedra.
Procurou-se inventariar as principais edificações da 
cidade por meio da aplicação de ficha de inventariação, sendo 
identificada uma significativa quantidade de imóveis que 
possuem valor histórico-cultural e que podem ser utilizados 
na prática turística. Optou-se em apresentar apenas alguns 
imóveis registrados e apreciados no inventário. As edificações 
são descritas e é realizada uma análise geral, separadamente, 
objetivando fazer um balanço das características arquitetônicas 
observadas durante o inventário desta pesquisa.
O primeiro imóvel identificado foi construído aproxima-
damente no final do século XIX (segundo relatos de moradores 
locais), situando-se na Rua Alberto Gomes, número 222. O antigo 
proprietário do prédio era o senhor Joaquim e atualmente 
28
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
pertence a Gesia Maria da Silva, filha do antigo proprietário, 
servindo-lhe como moradia.
Figura 1 – Imóvel I 
Fonte: Wellington Alysson de Araújo (2014).
O imóvel (Figura 1) tinha a antiga função de casa de 
divertimentos noturnos, cujo dono era o senhor João Silva, e 
também foi uma mercearia. Atualmente, encontra-se em estado 
de conservação regular, com problemas superficiais de pintura 
e na estrutura original. O prédio dispõe de um pavimento 
térreo, cujas paredes são construídas de tijolos com reboco; o 
piso é feito de cimento e tijolo.
A estrutura original do imóvel foi alterada, e os lugares 
das portas foram modificados. Além disso, a cobertura do 
telhado (duas águas), feita de madeira e telhas, foi transformada 
devido à retirada do sótão. Também se destaca que, de acordo 
com moradores da cidade de Florânia, a construção possui 
influência de holandeses.
29
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
Um segundo imóvel inventariado (Figura 2) localiza-se na 
Rua Coronel Silvino Bezerra, número 122, centro. Sua construção 
é atribuída a João Redondo, filho de João Toscano de Medeiros 
(Joca Toscano). O local serviu como residência de prefeitos, 
secretaria de educação, casa de café e casa de jogo. A estrutura 
foi construída no final do século XIX e início do século XX.
Figura 2 – Imóvel II
Fonte: Wellington Alysson de Araújo (2014).
No período no qual as primeiras casas foram construídas 
em Florânia, a elite, que tinha um poder aquisitivo maior, procu-
rava possuir imóveis no centro da cidade como um marcador 
social, por ser mais valorizada a localização. Na atualidade, 
o prédio pertence ao Governo do Estado e encontra-se em 
ótimo estado de conservação. No entanto, vale ressaltar que a 
estrutura original foi alterada.
O pavimento do imóvel é térreo, tendo paredes feitas 
de tijolos com revestimento de reboco (na parte principal da 
estrutura física) e azulejo (na parte do auditório); e, além do 
mais, o piso foi construído com ladrilho. Assim igualmente à 
30
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
grande maioria das casas antigas que persistem na cidade de 
Florânia, o teto é coberto com madeira e telha, cuja divisão da 
cobertura se define por duas águas.
Em relação à função antiga do imóvel, segundo relato 
dos moradores de Florânia, no espaço funcionou a Prefeitura 
Municipal e na atualidade funciona a Casa de Cultura Popular 
Cônego Estanislau Piechel, inaugurada em junho do ano de 2006 
pelo então prefeito Flávio José de Oliveira Silva. 
Na Casa da Cultura podem ser encontrados objetos que 
representam parte da história de Florânia, como, por exemplo, 
os utensílios e as ferramentas agrícolas (ver Figuras 3 e 4) que 
marcaram a época em que o campo tinha maior expressividade, 
tanto em número proporcional de habitantes – em comparação 
à zona urbana – quanto em termos de produção de culturas 
como o milho e o algodão (ARAÚJO, 2003).
Figura 3 – Ferramentas agrícolas
Fonte: Wellington Alysson de Araújo (2014).
31
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
Figura 4 – Utensílios agrícolas
Fonte: Wellington Alysson de Araújo (2014).
É importante ressaltar que a Casa da Cultura tem, 
praticamente, o papel de um museu, pois busca manter viva 
a lembrança dos tempos da produção agrícola para que as 
gerações futuras possam entender como se deu a vivência do 
homem do campo. Mesmo o referido imóvel não sendo classifi-
cado como museu, logo vem a ideia de conservação da história 
local representadapor meio dos objetos e utensílios que são 
guardados até a atualidade. Segundo Amaral (2006, p. 56):
[...] o museu torna-se um espaço dedicado à cidadania. 
Perceber que as diferentes histórias coletivas criam 
uma teia de significados no diálogo com o tempo, que 
criam e recriam o mundo, que oferecem projeções de 
32
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
futuro e sentidos àquela comunidade é uma das razões 
do sucesso do museu como instituição: no reforço do 
diálogo crítico e reflexivo com a sociedade ou com a 
comunidade que o cerca e o inclui.
De acordo com a abordagem do autor, a história coletiva 
proporciona às pessoas que vivem num lugar uma determinada 
realidade, opções para compreenderem os fatos que marcaram o 
passado de uma comunidade, projetando expectativas de futuro 
dotadas de significados. Partindo dessa premissa, o museu e/
ou casa de cultura fortalece(m) a valorização do diálogo com o 
tempo expresso na sociedade.
A terceira edificação a ser apresentada localiza-se na Rua 
Teônia Amaral, número 290, cuja construção é datada do ano 
de 1927. Na época, o imóvel foi construído na administração do 
então prefeito Inácio Toscano (GONÇALVES, 2006, p. 8).
O imóvel já serviu como escola e hoje é a sede da 
Prefeitura de Florânia (Figura 5). No final de setembro de 
2014, a parte externa foi submetida a um procedimento de 
pintura, buscando trazer as características originais de 
quando havia sido construída.
Figura 5 – Prefeitura de Florânia
Fonte: Wellington Alysson de Araújo (2014).
33
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
O prédio encontra-se em ótimo estado de conservação, 
considerando que o interior da estrutura também se apresenta 
em condições satisfatórias de manutenção. A parte física 
pouco foi alterada, o pavimento ainda permanece térreo. 
As paredes são de tijolos com revestimento de reboco; parte do 
piso compõe-se de madeira e a cobertura é dividida em quatro 
águas formada por madeira e telhas.
No que diz respeito às edificações religiosas de valor 
histórico em Florânia, apresenta-se o Santuário do Monte 
de Nossa Senhora das Graças (ver Figura 6), localizado no 
Monte das Graças, fora do perímetro urbano. Embora o 
Santuário não esteja localizado na cidade, julgou-se oportuno 
incluí-lo no inventário pela sua relevância histórico-cultural e 
social, revelando um acentuado potencial para o turismo.
Figura 6 – Santuário. 
Fonte: Wellington Alysson de Araújo (2014).
A história do Santuário começa a partir do momento 
em que é encontrado o corpo de uma menina “santa” em 
cima do Monte. Posteriormente ao acorrido, foi sugerido por 
34
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
frades pregadores, que realizaram uma procissão até o alto do 
Monte, em 1947, a construção de uma capela. Devido à sugestão, 
a capela começou a ser erguida no ano de 1948, e a primeira 
missa foi celebrada pelo então pároco Cônego Ambrósio Silva 
(MEDEIROS FILHO, 2002, p. 20).
Para se transformar em Santuário, a estrutura teve 
que ser submetida a alterações e adaptações na construção. 
Encontra-se em ótimo estado de conservação e a divisória 
das águas se classifica em duas, cuja cobertura é forrada com 
madeira. As paredes são compostas por tijolos com revesti-
mento de reboco.
Nos meses de novembro é realizada a festa de Nossa 
Senhora das Graças, assumindo não apenas uma importância 
religiosa, mas também turística, pois em dias de evento é possível 
observar o fluxo de turistas que vêm prestigiar os festejos.
Além de casas e edificações religiosas, apresenta-se o monu-
mento inventariado (Figura 7), localizado na Praça da Bandeira, em 
frente à Prefeitura Municipal. O monumento foi construído com 
rocha e encontra-se em ótimo estado de conservação.
Figura 7 – Monumento Inventariado I. 
Fonte: Wellington Alysson de Araújo (2014).
35
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
O município de Florânia não é conhecido apenas pelas 
histórias religiosas e pelas influências nos traços arquitetônicos 
das casas e dos prédios, pois dos campos de flores surge um 
fato na década de 1940, que toma proporções internacionais, 
cujos moradores foram os maiores protagonistas. Nessa mesma 
década, ocorria um dos mais acentuados episódios históricos 
que a humanidade já presenciou: a Segunda Guerra Mundial. 
Em meio ao clima de combate sangrento entre as nações, em 
que todos os dias milhares de soldados morriam em batalha, 
Florânia foi a cidade do Seridó Norte-rio-grandense que 
mais enviou combatentes, em números proporcionais, para a 
Segunda Guerra Mundial.
O que chama mais atenção é que todos os floranienses 
que foram convocados para os campos de batalhas (em especial 
na Itália) retornaram com vida, um feito marcante para uma 
cidade de tão poucos habitantes. Segundo Cotrim (2008, p. 446), 
a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) envolveu povos 
de 58 países das várias regiões do mundo, embora os 
principais choques armados tenham sido travados na 
Europa, no norte da África e no extremo oriente.
Na Segunda Guerra Mundial foram convocados brasi-
leiros que entraram em combate na Itália, estando entre eles os 
floranienses. Assim, no ano de 1986, um ex-prefeito de Florânia, 
chamado Paulo Furtado, pediu ao então prefeito da época, o 
senhor Nicomar Ramos de Oliveira, que governou a cidade de 
janeiro de 1983 a dezembro de 1988, para que fosse promovida 
uma festa em homenagem aos combatentes que foram para a 
Guerra, criando assim um monumento no qual os nomes dos 
soldados estão gravados. 
36
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
Vale destacar que, por meio da inventariação do 
patrimônio histórico material da cidade de Florânia, foram 
identificados 34 (trinta e quatro) casas e prédios, 01 (um) centro 
urbano, 03 (três) edificações de arquitetura histórico-religiosa e 
03 (três) monumentos. No entanto, durante o período da reali-
zação da pesquisa, não foi possível inventariar 18 (dezoito) casas 
e prédios, isso porque os imóveis encontravam-se fechados e 
sem utilização, ou então os proprietários residiam em outras 
cidades e não estavam presentes no decorrer do estudo. 
Assim, por meio da aplicação da ficha de inventário, 
buscou-se averiguar o nível de conservação dos bens inventa-
riados como uma forma de traçar um panorama da situação 
real das edificações. Da totalidade dos bens inventariados, 61% 
(36 bens de 59 imóveis registrados, incluindo os não inven-
tariados) encontram-se em ótimo estado de conservação, 
porcentagem essa relevante para a possibilidade de incremento 
do patrimônio histórico material na atividade turística, até 
porque a apresentação estética das construções influenciam 
na decisão a ser tomada por turistas ao visitar Florânia.
Entretanto, existe uma parcela considerável de edifica-
ções que se classificam em estado de conservação regular (39%,ou 23 imóveis), sendo observado como problema principal o 
desgaste na pintura das fachadas. Nesse cenário, o ideal seria 
que todas as construções históricas da cidade de Florânia esti-
vessem em apropriado grau de conservação, pois os aspectos 
visuais são formadores de opinião e fortalecem o modo como o 
turista vê a localidade. Isso porque:
O olhar do turismo é direcionado para aspectos da 
paisagem da cidade [...], considerados como algo que se 
situa fora daquilo que nos é habitual. O direcionamento 
37
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
do olhar do turista implica frequentemente diferentes 
formas de padrões sociais, com sensibilidade voltada 
para os elementos visuais [...] (URRY, 2001, p. 18).
Mediante isso, os aspectos visuais das edificações de 
Florânia possuem um relevante papel no direcionamento do 
olhar do turista, pois se as estruturas se encontrarem conser-
vadas de forma satisfatória para o uso turístico, será criado 
um padrão visual que remete aos valores históricos e sociais 
da localidade.
O turismo por ser definido como 
as atividades realizadas pelas pessoas durante suas 
viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno 
habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, 
por lazer, negócios ou outros (OMT, 2001, p. 3).
E pode contribuir de maneira decisiva para o surgimento 
de possibilidades sustentáveis para se tornar ainda mais viável 
a vida dos moradores locais nas suas respectivas cidades. 
Até mesmo no conceito de turismo pode-se entender que as 
pessoas necessitam se deslocar para outros lugares, sendo que 
nesse contexto a relação do turismo com o patrimônio histórico 
torna-se mais evidente. Dessa forma, os recursos patrimoniais 
tornam-se mais valorizados comercialmente, pois:
O patrimônio tornou-se uma componente essencial 
da indústria turística com implicações econômicas e 
sociais evidentes. A exploração turística dos recursos 
patrimoniais permite inverter a forte tendência de 
concentração da oferta turística junto ao litoral, 
dispensando o turismo para interior, para as pequenas 
38
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
cidades, com uma distribuição mais equitativa dos seus 
benefícios, funcionando assim como fator de criação de 
emprego e de revitalização das economias locais (SILVA, 
2014, p. 220).
Isso faz refletir que os fatores econômicos e os sociais 
estão relacionados com o patrimônio no contexto turístico pelo 
fato da história e da cultura serem elementos fundamentais 
na geração de fluxos de turistas, voltando os olhares para 
pequenas cidades.
No caso da realidade da cidade de Florânia, as discus-
sões aqui apresentadas fazem refletir acerca da importância 
de o patrimônio histórico material ser incluído como opção 
na prática turística, como uma alternativa a gerar benefícios 
para a população local. Entretanto, como é possível utilizar, no 
cenário turístico, os imóveis e os monumentos inventariados 
de Florânia de tal forma que haja certa colaboração sustentável 
para se viver na cidade? A questão não é tão simples e muito 
menos fácil de ser definida uma maneira eficaz para se conse-
guir evitar a geração de impactos negativos.
Sobre esse questionamento, uma das possíveis respostas 
seria a contemplação do patrimônio histórico material inventa-
riado na atividade turística por meio de um itinerário voltado 
para a valorização patrimonial da localidade, resultando em 
consistentes impactos positivos. Mas para que esse cenário, 
entre os impactos em geral, possa tender para o lado benéfico do 
turismo, as políticas públicas resultantes de um planejamento 
adequado assumem um relevante papel na minimização dos 
efeitos danosos. Vale salientar que tanto o itinerário quanto as 
políticas públicas não serão abordados neste trabalho pelo fato 
de exigir discussões mais extensas.
39
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
Considerações Finais
Uma das principais atratividades geradoras de fluxo 
turístico é o patrimônio histórico material representado pelas 
edificações (casas, prédios, monumentos) e conjuntos urbanos 
(centros urbanos). Para a realização da referida segmentação, 
torna-se imprescindível que as cidades possam dispor de bens 
materiais em perfeito estado de conservação e intensificar a 
realização de estudos voltados para essa temática.
Em especial na cidade de Florânia/RN, surge a necessidade 
da efetivação de pesquisas para identificar se existe patrimônio 
histórico material com potencialidade para a utilização turís-
tica. Este estudo pode responder ao questionamento quanto a 
saber se a cidade de Florânia/RN dispõe de patrimônio histórico 
material que tenha potencial para ser incluído na atividade 
turística local. A partir da aplicação de fichas de inventário, 
foram inventariados 34 (trinta e quatro) casas e prédios histó-
ricos, 01 (um) centro urbano e 03 (três) monumentos, além 
de 18 (dezoito) casas e prédios não inventariados, somando 
um total de 59 (cinquenta e nove) bens catalogados. Dessa 
forma, a primeira hipótese levantada pode ser confirmada: 
sim, a cidade de Florânia/RN dispõe de estimado patrimônio 
histórico material com potencial turístico. 
Ressalta-se que a finalidade deste estudo, de veri-
ficar o potencial do patrimônio histórico da cidade de 
Florânia/RN sob a perspectiva de incremento na prática 
turística local, foi cumprida, tornando-se possível alcançar as 
pretensões traçadas.
Foi visto que a cidade de Florânia dispõe de um acentuado 
patrimônio histórico material capaz de gerar fluxo turístico, 
sendo necessária a intensificação de ações do poder público 
40
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
municipal, voltadas para a proteção dos bens materiais, pois 
é possível identificar edifícios sendo descaracterizados para 
a construção de lojas, por exemplo. Também se constatou que 
as principais influências artísticas e históricas encontradas 
nas mais antigas casas e prédios de Florânia foram oriundas 
dos portugueses e italianos, por volta do final do século XIX e 
início do século XX.
A realização deste trabalho tornou-se importante pelo 
fato da existência de poucos estudos voltados para o patrimônio 
de cal e pedra de Florânia, além de ser relevante academica-
mente por ficar disposto na Biblioteca Setorial de Currais Novos 
para devidas consultas por discentes e/ou docentes, além de 
outros pesquisadores.
Uma dificuldade identificada no momento da pesquisa 
de campo foi durante o registro fotográfico das casas e prédios, 
encontrando-se árvores que obstruíam a visão da frente, 
tornando a posição da imagem relativamente descentralizada. 
Também uma dificuldade enfrentada foi pesquisar a data das 
construções, porque a maior parte dos residentes não soube 
informar, utilizando, assim, um período aproximado.
E, como sugestão para a realização de estudos futuros, 
acredita-se ser importante efetivar pesquisas acerca da 
percepção da população de Florânia/RN em relação à impor-
tância da proteção do patrimônio histórico material da cidade, 
pois é oportuno ouvir a opinião dos residentes parasaber o grau 
de sensibilização quanto aos aspectos culturais da localidade. 
Ainda outras pesquisas podem ser desenvolvidas tomando 
como base o patrimônio cultural como a identificação dos bens 
imateriais de Florânia.
41
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
Referências
AMARAL, E. L. G. Museu, memória e turismo: por uma relação 
de liberdade. In: MARTINS, C. (Org.). Patrimônio cultural: da 
memória ao sentido do lugar. São Paulo: Roca, 2006, p. 51-63.
ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do 
trabalho científico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
ARAÚJO, D. A morte do sertão antigo no Seridó: o 
desmoronamento das fazendas agropecuaristas em 
Caicó e Florânia. (1970-90). Tese (Doutorado em História) 
- Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2003.
BEUREN, I. M; RAUPP, F. M. Metodologia da pesquisa 
aplicável às ciências sociais. In: BEUREN, I. M (Org.). Como 
elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: 
teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2003.
CASCUDO, C. Nomes da Terra. Natal: Fundação José Augusto, 1968.
CORTEZ, M. Benfeitores da Paróquia: Padre José 
Dantas Cortes (1934 - 2001). 100 anos de Fé. Florânia, RN: 
Paróquia de São Sebastião. Ano I, n.1, p.19, jan. 2005.
COTRIM, G. História global: Brasil e geral. 
8. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
GALDINO JÚNIOR. Giffoni: os italianos das nossas coisas 
em Florânia | coisas de Florânia. 2011. Disponível em: 
<http://coisasdeflorania.wordpress.com/2011/08/14/
giffoni-%E2%80%93-os-italianos-das-nossas-coisas-
em-florania/> Acesso em: 12 set. 2014.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa 
social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
42
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
GONÇALVES, G. História & aspectos gerais de 
Florânia. 2006. Disponível em: <http://i.1asphost.com/
ofdd/historia.htm>. Acesso em: 05 out. 2006.
GUIMARÃES, C. A. A feira livre na celebração da cultura popular. 
Trabalho de Conclusão de Curso (Gestão Cultural e Organização 
de Eventos) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
IBGE. População de Florânia (RN). 2010. Disponível em: 
<http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/webservice/
frm_urb_rur.php?codigo=240380> Acesso em: 04 ago. 2014.
IPHAN. Patrimônio cultural. 2014. Disponível em: 
<http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.
do?id=20&sigla=PatrimonioCultural&retorno=paginaIphan> 
Acesso em: 27 ago. 2014.
IPHAN. Projeto: inventário de conhecimento do 
patrimônio rural do Seridó (2ª etapa). Natal/RN, 2008.
MATTA, R. da. Você tem cultura? 2002. Disponível 
em: <http://navi.ufsc.br/files/2010/09/DAMATTA_
voce_tem_cultura.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2012.
MEDEIROS FILHO, J. O Monte de Florânia: Santuário 
de Nossa Senhora das Graças. Natal, RN: Fundação José 
Augusto; Rio de Janeiro, RJ: Letra Capital, 2002.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO. 
Introdução ao turismo. São Paulo, 2001.
SANTOS, I. E. dos. Manual de métodos e técnicas de 
pesquisa científica. 7. ed. Niterói, RJ: Impetus, 2012.
SILVA, Elsa Peralta da. Património e identidade: os desafios do 
turismo cultural. 2000. Disponível em: <http://revistas.rcaap.pt/
antropologicas/article/viewFile/932/734> Acesso em: 30 out. 2014.
43
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
De flores e de pedra: identificação e possibilidade do uso turístico do 
patrimônio histórico da cidade de Florânia
Wellington Alysson de Araújo - Jeferson Cândido Alves
SOUZA, A. M. de A. Flores da minha infância. 
Natal: EDUFRN – Editora da UFRN, 1999.
TAVARES, J. Benfeitores da Paróquia. 100 anos de Fé. Florânia, 
RN: Paróquia de São Sebastião. Ano I, n.1, p.16-18, jan. 2005.
URRY, J. O olhar do turista: lazer e viagens nas sociedades 
contemporâneas. 3. ed. São Paulo: Studio Nobel – SESC, 2001.
PATRIMÔNIO MATERIAL DO MUNICÍPIO 
DE ACARI: UMA PERSPECTIVA PARA O 
INCREMENTO DO TURISMO CULTURAL
Girlene Edson de Oliveira Amaro
Edneide Maria Pinheiro Galvão
A atividade turística, além de servir para gerar emprego 
e renda, serve também para reforçar a identidade local, 
permitindo que os receptores produzam artigos repre-
sentativos característicos de pertencimento ao lugar e 
salvaguardem o seu patrimônio. 
Com o advento dessa atividade, muitos segmentos foram 
surgindo, como o turismo de aventura, o pedagógico, de lazer, 
de intercâmbio, de esporte etc. E, dependendo da motivação e do 
interesse dos turistas, vão aparecendo outros segmentos. Com 
essa variedade de áreas, surge o turismo cultural, tornando 
como atrativos os bens móveis e imóveis, o fazer e o saber fazer, 
o patrimônio material e imaterial de um determinado povo. 
Sendo assim, vários países optaram por desenvolver 
o turismo cultural, e vender, como produto turístico, um 
conjunto de bens palpáveis ou não que está contido na abstração 
da memória e nas ruínas de monumentos e, aquilo que tem de 
melhor, sua autenticidade e identidade, ou seja, sua cultura. 
Conforme Martins (2006, p. 49-40),
Esse conjunto de valores representado pelos signifi-
cados e símbolos projeta-se no espaço geográfico e, ao 
mesmo tempo em que dele vai apropriando-se, imprime 
marcas como que dizendo isto sou eu e, em comunhão 
45
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Patrimônio material do município de Acari: uma perspectiva para o incremento do turismo cultural
Girlene Edson de Oliveira Amaro - Edneide Maria Pinheiro Galvão
com o grupo social, isto somos nós. Na realidade, 
o que torna o lugar atraente é a cultura de sua gente, 
o jeito que esse povo encontrou de estar e ser em sua 
existência, em seu espaço, vivendo sua realidade.
Com pouco mais de 500 anos, o Brasil guarda em seu 
patrimônio cultural material um conjunto de monumentos 
arquitetônicos representativos da memória e da história do país.
Nesse contexto, inclui-se o Seridó, com seus núcleos 
urbanos do início do século XVIII, resguardando em seu 
patrimônio cultural muitos dos bens deixados pelos colo-
nizadores dessa região. Dentre esses núcleos surgidos no 
século XVIII, encontra-se o município de Acari/RN, com data 
de fundação em 1737.
Por ser um dos locais de início do povoamento da região, 
a cidade guarda um acervo patrimonial de natureza pré-histó-
rica, histórica e cultural relevante, como sítios arqueológicos, 
monumentos arquitetônicos, formações geológicas, casas de 
fazendas do período colonial, além das tradições e saberes 
encravados na memória do seu povo.
Desse modo, o município de Acari conserva em seu acervo 
patrimonial a história e a cultura do seu povo. A esse respeito, 
Silva (2006, p. 32) afirma que:
Os atrativos histórico-culturais contidos nesses espaços 
revelam parte do passado, do cotidiano e do processo 
sociocultural que a cidade vivenciou, ou seja, é a 
história materializada que se apresenta como atrativo 
aos moradores e visitantes da cidade.
O município deve considerar seu patrimônio como 
um eixo de ampliação, não elegendo apenas um tipo de eixo 
46
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Patrimônio material do município de Acari: uma perspectiva para o incremento do turismo cultural
Girlene Edson de Oliveira Amaro - Edneide Maria Pinheiro Galvão
temático, mas identificando outros e criando políticas públicas 
que favoreçam a variedade. Silva (2006, p. 33) enfatiza que 
“o patrimônio histórico é um dos elementos motivadores do 
fluxo de visitantes de um destino turístico urbano”. Esse patri-
mônio históricomaterial torna-se atrativo para os turistas que 
buscam conhecer a história da localidade, seus costumes e o que 
eles têm que comprovem e testemunhem o seu legado cultural.
Em Acari, evidencia-se pela existência de bens patrimo-
niais edificados, como a Capela de Nossa Senhora do Rosário, o 
Casario Urbano, a Casa de Câmara e Cadeia (Museu Histórico de 
Acari) e a Matriz de Nossa Senhora da Guia. Por esse conjunto 
de bens culturais e turísticos é que se optou por essa temática 
de patrimônio material de Acari, uma perspectiva para o incre-
mento do turismo cultural.
Nessa perspectiva, reconhecendo o potencial que a cidade 
possui para a exploração do turismo cultural, questiona-se por 
que o município não tem políticas públicas específicas para 
esse segmento, visto que abriga patrimônio material de grande 
relevância para a história do município, da região e do estado.
Portanto, o objetivo principal deste trabalho é diag-
nosticar o potencial do município de Acari para a exploração 
do turismo histórico-cultural, visando dar suporte para o 
incremento da atividade cultural. E os objetivos específicos são: 
identificar como a atividade turística é estimulada no muni-
cípio como estratégia de preservação do patrimônio cultural; 
inventariar os monumentos utilizando os formulários do 
Ministério do Turismo e propor um plano de políticas públicas 
para o incremento do turismo local.
47
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Patrimônio material do município de Acari: uma perspectiva para o incremento do turismo cultural
Girlene Edson de Oliveira Amaro - Edneide Maria Pinheiro Galvão
Metodologia
Para realização desta pesquisa, foi necessária a utilização 
de método, de técnica e de instrumentos que favoreceram a 
análise dos dados colhidos. Assim, o método utilizado para o 
exame dos dados foi o indutivo, a técnica de pesquisa a explo-
ratória e os instrumentos foram a entrevista e o formulário. 
O método científico é a maneira mais objetiva para se 
responder a uma pergunta bem formulada. E a pesquisa cien-
tífica é essencial para a produção do conhecimento que deverá 
ser “objetivo, reproduzível e sistemático” (SCHLÜTER, 2005 
p. 24). Desse modo, Dencker (1998, p. 25) enfatiza que:
A ciência moderna nasceu nos séculos XVI e XVII, com 
a aplicação do método empírico. Galileu estabeleceu 
as bases do método que perdura até nossos dias e que 
consiste em formular hipóteses e submetê-las à prova 
experimental. Nessa concepção, uma teoria é científica 
sempre que pode ser comprovada por métodos empí-
ricos. A teoria tem validade enquanto for possível sua 
confirmação mediante observação. No momento em 
que uma teoria deixa de ser suficiente para explicar 
a realidade, é substituída por outra. Para Galileu, o 
método tem dois momentos, a indução e a dedução.
Sendo assim, neste trabalho utilizou-se o método indu-
tivo partindo da observação, tentando explicar cientificamente, 
passando pelos princípios iniciais para depois testar o conhe-
cimento adquirido. Gil (2009, p.10) afirma que:
O método indutivo procede inversamente ao dedutivo: 
parte do particular e coloca a generalização como 
um produto posterior do trabalho de coleta de dados 
48
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Patrimônio material do município de Acari: uma perspectiva para o incremento do turismo cultural
Girlene Edson de Oliveira Amaro - Edneide Maria Pinheiro Galvão
particulares. De acordo com o raciocínio indutivo, 
a generalização não deve ser buscada aprioristica-
mente, mas constatada a partir da observação de casos 
concretos suficientemente confirmadores dessa reali-
dade. Nesse método, parte-se da observação de fatos ou 
fenômenos cujas causas se deseja conhecer. A seguir, 
procura-se compará-los com a finalidade de descobrir 
as relações entre eles.
Neste estudo, adotou-se o método indutivo partindo-se 
da observação da realidade e do particular, da análise de lite-
ratura, da coleta de dados até chegar ao produto.
Com relação à técnica, utilizou-se a exploratória. 
A pesquisa exploratória é aquela que permite leituras biblio-
gráficas, entrevista e fontes secundárias. Nessa direção, 
Dencker (1998, p. 124) salienta 
pesquisa exploratória procura aprimorar ideias ou 
descobrir intuições. Caracteriza-se por possuir um 
planejamento flexível envolvendo em geral levan-
tamento bibliográfico, entrevistas com pessoas 
experientes e análise de exemplos similares.
Na perspectiva de analisar o patrimônio material do 
município de Acari como incremento para o turismo cultural, 
teve-se como fundamentação teórica autores (Roberto da Matta, 
Raymond Williams e Roger Chartier) que fizeram pesquisas 
dentro da temática de turismo cultural. Também foram utili-
zadas fontes secundárias como livros, periódicos, relatórios de 
pesquisa, artigos científicos, o Google Maps e o Google Earth. 
49
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Patrimônio material do município de Acari: uma perspectiva para o incremento do turismo cultural
Girlene Edson de Oliveira Amaro - Edneide Maria Pinheiro Galvão
Sobre a pesquisa exploratória, Gil (2009, p. 27) ressalta que:
As pesquisas exploratórias têm como principal fina-
lidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos 
e ideias, tendo em vista a formulação de problemas 
mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos 
posteriores. De todos os tipos de pesquisa, estas são 
as que apresentam menor rigidez no planejamento. 
Habitualmente envolvem levantamento bibliográfico e 
documental, entrevistas não padronizadas e estudos de 
caso. Procedimentos de amostragem e técnicas quan-
titativas de coleta de dados não são costumeiramente 
aplicados nestas pesquisas.
A partir desse entendimento, a pesquisa exploratória, 
além de aprimorar ideias, permite esclarecer informações e 
modificação de conceitos pré-estabelecidos, utilizando-se de 
técnicas qualitativas e quantitativas. 
A técnica quantitativa é utilizada para quantificar os 
dados colhidos e apresentar resultados por meio de tabelas e 
gráficos. Já a qualitativa procura expor a percepção das pessoas 
sobre determinado tema. Esta pesquisa se utilizou das duas 
técnicas para sua execução.
Em relação aos instrumentos de pesquisa, foram utili-
zados dois tipos: a entrevista e o questionário. Assim, Dencker 
(1998, p. 136) relata que “a entrevista é uma comunicação verbal 
entre duas ou mais pessoas, com um grau de estruturação 
previamente definido, cuja finalidade é a obtenção de infor-
mações de pesquisa”.
Desse modo, a entrevista é um instrumento para 
obtenção de informações que necessita de uma interação 
entre o entrevistador e o entrevistado, no qual ambos devem 
manter uma relação de confiança. Isso posto, para essa pesquisa 
50
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Patrimônio material do município de Acari: uma perspectiva para o incremento do turismo cultural
Girlene Edson de Oliveira Amaro - Edneide Maria Pinheiro Galvão
foi entrevistado o Secretário Municipal de Desenvolvimento 
Econômico, Turismo, Desporto e Lazer.
Outro instrumento utilizado para esta pesquisa foi o 
formulário do inventário da oferta turística do Ministério 
do Turismo, categoria C2 – atrativos culturais. Com relação a 
inventários, Dencker (1998, p. 215) afirma que 
o objetivo do inventário é levantar, mediante pesquisa, 
a oferta turística de um determinado município, região 
ou área, com a finalidade de efetuar diagnóstico e 
elaborar prognósticos. O inventário serve de base para 
o planejamento turístico. 
A partir dessa ideia, observou-se a necessidade de inventa-
riar os atrativos culturais do município de Acari. O fundamental, 
pois, nessa inventariação, é que há um planejamento mais 
efetivo para a localidade.
Os formulários foram aplicadosaos atores sociais envol-
vidos de forma direta e indireta na área do turismo cultural 
no município, ou seja, guias de turismo locais, historiadores e 
os responsáveis pela administração do Museu. Ao Secretário 
Municipal de Turismo foi aplicada a entrevista.
Dessa maneira, a coleta de dados foi realizada através 
de formulários com perguntas abertas e fechadas, visando à 
obtenção de respostas claras e completas sobre o desenvolvi-
mento do turismo cultural no município de Acari. 
Para o desenvolvimento da pesquisa, inicialmente foram 
levantadas as referências de possíveis bibliografias que pode-
riam auxiliar no estudo.
Dessa forma, a pesquisa bibliográfica foi relevante, 
dando suporte para a base do estudo. O acervo utilizado foi 
51
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Patrimônio material do município de Acari: uma perspectiva para o incremento do turismo cultural
Girlene Edson de Oliveira Amaro - Edneide Maria Pinheiro Galvão
composto pelos seguintes livros: Patrimônio cultural e identi-
dade: significado e sentido do lugar turístico (MARTINS, 2006); 
História e Memória (LE GOFF, 2000); Cultura brasileira: o que é, 
como se faz (VANNUCCHI, 1999); História & Turismo Cultural 
(MENESES, 2004). Dencker (1998, p. 125), referenciando a 
pesquisa bibliográfica, afirma que a mesma é 
Desenvolvida a partir de material já elaborado: livros 
e artigos científicos. Embora existam pesquisas 
apenas bibliográficas, toda pesquisa requer uma fase 
preliminar de levantamento e revisão da literatura 
existente para elaboração conceitual e definição dos 
marcos teóricos.
Após esse levantamento e leitura dos referencias biblio-
gráficos, deu-se início à pesquisa de campo. O levantamento de 
dados aconteceu com visitas prévias feitas a representante do 
setor público, sede do Museu Histórico e a historiadores, além 
de guia de turismo. O levantamento é uma forma de contrapor 
a teoria com os dados obtidos. Para Gil (2009, p. 55),
As pesquisas deste tipo se caracterizam pela interro-
gação direta das pessoas cujo comportamento se deseja 
conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de 
informações a um grupo significativo de pessoas acerca 
do problema estudado para, em seguida, mediante 
análise quantitativa, obter as conclusões correspon-
dentes dos dados coletados.
As informações coletadas por meio da pesquisa de campo 
direcionaram-se ao representante do poder público local e a 
alguns membros da sociedade que têm relação com o turismo 
cultural. Também o registro fotográfico foi necessário para 
52
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Patrimônio material do município de Acari: uma perspectiva para o incremento do turismo cultural
Girlene Edson de Oliveira Amaro - Edneide Maria Pinheiro Galvão
complementar as informações e ampliar o senso crítico por 
meio da visualização dos monumentos em estudo.
O tipo de amostragem utilizada na pesquisa foi a não 
probabilística por conveniência, pois é uma espécie de julga-
mento no qual o pesquisador é quem escolhe sua amostra 
por considerar mais racional. Gil (2009, p. 94) expõe que esse 
tipo de amostragem:
Constitui o menos rigoroso de todos os tipos de amos-
tragem. Por isso mesmo é destituída de qualquer rigor 
estatístico. O pesquisador seleciona os elementos a que 
tem acesso, admitindo que estes possam, de alguma 
forma, representar o universo. Aplica-se este tipo de 
amostragem em estudos exploratórios ou qualitativos, 
onde não é requerido elevado nível de precisão.
Essa amostragem por acessibilidade ou por conveni-
ência é uma das mais utilizadas para pesquisas exploratórias, 
dando-se início com a seleção da amostra pelo pesquisador. 
O universo desta pesquisa foi composto por moradores, 
pessoas ligadas ao patrimônio cultural evidenciado no 
estudo e representante do poder público. Dessa forma, após 
a fase da coleta de dados, aconteceu a tabulação dos mesmos, 
e, posteriormente, foram sistematizados e analisados a partir 
das técnicas qualitativas e quantitativas e de textos. 
O Turismo Cultural no Brasil 
O ano de 1808 tornou-se um marco para a história polí-
tica, econômica, social e cultural do Brasil com a vinda da Corte 
portuguesa para o Rio de Janeiro. Muitas mudanças ocorreram, 
53
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Patrimônio material do município de Acari: uma perspectiva para o incremento do turismo cultural
Girlene Edson de Oliveira Amaro - Edneide Maria Pinheiro Galvão
porém não havia qualquer noção de patrimônio ou de bens 
patrimoniais no Brasil do século XIX, tendo isso emergido na 
terceira década do século XX (CAMARGO, 2005).
A valorização do Patrimônio Cultural deu-se com a 
Semana da Arte Moderna, em 1922, quando os modernistas 
nacionalistas pretendiam encontrar as raízes do povo brasi-
leiro, tentando afirmar sua identidade, e isso só seria possível 
com a recuperação da memória dos seus antepassados.
Nesse contexto histórico, a capital de Minas Gerais, 
Ouro Preto, foi utilizada pelos modernistas como fonte de estudo 
para encontrar as raízes do povo brasileiro. Por ser uma cidade 
histórica, salvaguardava muitos monumentos arquitetônicos do 
estilo barroco. Esse estilo surgiu na Europa e foi trazido para o 
Brasil pelos colonizadores portugueses. Ouro Preto foi o grande 
ancoradouro dos modernistas. 
O ano de 1937 tem sua relevância para a proteção do patri-
mônio cultural quando o presidente da república Getúlio Vargas 
sanciona o projeto de lei que institui um órgão específico para 
catalogar, especificar, tombar e gerenciar o patrimônio cultural 
do país. Assim surge o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico 
Nacional (SPHAN), órgão oficial do Governo Federal responsável 
para designar o que compunha o patrimônio nacional.
O projeto de lei para criação de um órgão encarregado 
da preservação do patrimônio cultural, elaborado por Rodrigo 
Melo Franco de Andrade, resultou na expedição do Decreto-Lei 
nº 25/37, de 30 de novembro de 1937, que criou o SPHAN e regula-
mentou o tombamento como forma de proteção do patrimônio 
histórico e artístico nacional sendo definido como um conjunto 
de bens móveis, cuja conservação fosse de interesse público, 
quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico 
(RODRIGUES, 2006; CASTILHO JUNIOR, 2008).
54
Planejamento e desenvolvimento do turismo nas Regiões do
Seridó e do Agreste trairi: cultura, lazer e eventos
Patrimônio material do município de Acari: uma perspectiva para o incremento do turismo cultural
Girlene Edson de Oliveira Amaro - Edneide Maria Pinheiro Galvão
O Decreto-Lei nº 25/37 não abordava a questão do patri-
mônio imaterial nem o arqueológico, sendo estes evidenciados 
na Constituição de 1988. Atualmente, o órgão responsável 
por salvaguardar o patrimônio cultural do país é o IPHAN 
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), 
o antigo SPHAN; utiliza-se do tombamento como forma de 
assegurar a proteção do bem por meio da intervenção do 
poder público sobre a propriedade. 
A década de 1960 foi enfática para o estudo do turismo 
cultural no país, quando antropólogos perceberam que a ativi-
dade turística poderia prejudicar o patrimônio cultural, com 
excesso de visitações e modificação intensa na cultura local. 
Porém, despertou o interesse para serem desenvolvidas políticas 
públicas de conservação do patrimônio, visto que este resguarda 
a memória de uma sociedade e de um povo. Martins (2006, p. 20), 
ao relacionar memória com patrimônio, afirma que
a memória está diretamente ligada ao patrimônio de 
um povo, pois gera, a partir da cultura, tomada em 
suas manifestações naturais, materiais e imateriais, 
um ponto de referência de sua identidade e as fontes 
de sua inspiração.
O turismo como atividade econômica é causador de impactos 
tanto positivos quanto negativos, podendo, dessa maneira,

Continue navegando