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Portanto, tal comando normativo relativiza os efeitos temporais da declaração de inconstitucionalidade da lei, tornando possível que os efeitos oco...

Portanto, tal comando normativo relativiza os efeitos temporais da declaração de inconstitucionalidade da lei, tornando possível que os efeitos ocorram das seguintes formas:
I. ex nunc – os efeitos serão produzidos a partir da declaração de inconstitucionalidade;
II. pro futuro – o plenário do STF irá definir o momento em que a decisão surtirá efeitos;
III. não definir efeitos – caberá ao Poder Legislativo definir a produção dos efeitos.

Portanto, é permitido ao STF equilibrar os efeitos da nulidade com a estabilidade do sistema como um todo. Nesse sentido, destacamos o entendimento de Pandolfo (2012, p. 210):
No caso do controle de constitucionalidade, a expulsão da norma questionada, do sistema prescritivo válido, corresponde ao efeito depurador do sistema (remédio). Ocorre que a aplicação do remédio não pode causar maiores prejuízos ao sistema do que a própria doença por ele extirpada, sob pena de transformá-lo em veneno. Nasce daí a necessidade de um instrumento calibrador (modulação), responsável pela mitigação dos efeitos colaterais nocivos causados ao ordenamento jurídico, que podem decorrer da declaração de inconstitucionalidade. Assim, a modulação é o instrumento que impede que, em determinados contextos, o remédio (declaração de inconstitucionalidade) se transforme em veneno.

No campo da tributação, a modulação encontra, muitas vezes, amparo em justificativas econômicas, em especial no prejuízo ao erário e, consequentemente, na violação ao interesse público.

Via de regra, quando a cobrança de um determinado tributo é tida como inconstitucional, a declaração de inconstitucionalidade teria o condão de anular todos os efeitos produzidos pelo ato. Por consequência, a Fazenda deveria restituir todo o valor auferido com a cobrança irregular devidamente corrigido. Isso porque o contribuinte teve sua capacidade contributiva alterada sem respaldo legal. Tanto é assim que a lei assegura ao contribuinte o direito de restituir qualquer valor pago irregularmente – a ação de repetição do indébito vista anteriormente.

Ou seja, como já exposto, o contribuinte tem o direito fundamental de ter restituído qualquer pagamento ilegal. No entanto, a restituição de um valor pago irregularmente ao fisco não se opera automaticamente; há a necessidade de solicitação administrativa ou judicial.

É nesse ponto que a modulação fará a maior diferença, afetando diretamente o direito do contribuinte à repetição do indébito. O STF pode optar por manter os efeitos da lei tributária inconstitucional, permitindo a cobrança do tributo por um tempo. Em algumas ocasiões, o Supremo ainda pode determinar que só aqueles contribuintes que entraram com ações judiciais poderão usufruir do direito à repetição.

Logo, no ordenamento jurídico brasileiro, apesar de existir mecanismos para controle de constitucionalidade e o contribuinte ter direito à repetição de indébito em caso de cobrança irregular, é permitido ao STF modular os efeitos e permitir cobranças irregulares por um determinado período ou assegurar o direito de repetição apenas para quem ingressou em juízo.

Essa pergunta também está no material:

Noções_de_Direito_Tributário_e_Código_de_Processo_Tributário
159 pág.

Respostas

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Esse trecho trata da modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade de uma lei pelo STF. A modulação permite que os efeitos ocorram de diferentes formas, como: I. ex nunc – os efeitos serão produzidos a partir da declaração de inconstitucionalidade; II. pro futuro – o plenário do STF irá definir o momento em que a decisão surtirá efeitos; III. não definir efeitos – caberá ao Poder Legislativo definir a produção dos efeitos. Além disso, a modulação é um instrumento que equilibra os efeitos da nulidade com a estabilidade do sistema jurídico, evitando prejuízos maiores. No campo da tributação, a modulação muitas vezes se baseia em justificativas econômicas, como o prejuízo ao erário e a violação ao interesse público. O STF pode, por exemplo, permitir a cobrança de um tributo inconstitucional por um tempo determinado ou restringir o direito à repetição do indébito apenas para quem ingressou em juízo.

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