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Um afetou de muitas maneiras dife­rentes os cuidados de segurança. Alguns Estados se sentiram mais visados ou mais vulneráveis e prócuraram ampliar...

Um afetou de muitas maneiras dife­rentes os cuidados de segurança. Alguns Estados se sentiram mais visados ou mais vulneráveis e prócuraram ampliar consideravelmente seu mar ter­ritorial para se protegerem melhor. Outros, num extremo oposto, ou não sentiram um crescimento das ameaças ou se reconheceram incapazes de uma defesa muito eficiente em face dos modernos meios de agressão, e não julga­ram necessário alterar a extensão de seu mar territorial por motivos de segurança. Entre esses dois extremos encontra-se uma gama variada de preo­cupações e de possibilidades, ligadas à questão da segurança, determinando a maior ou menor ampliação do mar territorial. Outro fator que vem exercendo considerável influência para que haja uma grande variedade de critérios, quanto à largura da faixa de mar terri­torial, é a multiplicação vertiginosa das possibilidades de aproveitamento das riquezas do mar. Vale dizer, os Estados costeiros, de maneira geral, passa­ram a se preocupar com a largura do mar territorial por motivos econômicos. E neste caso os choques de interesses contribuem para tornar ainda mais hete­rogêneos os pontos de vista. Em primeiro lugar, é preciso ter em conta que os recursos econômicos não são sempre os mesmos, bastando lembrar a dife­rença entre a exploração de reservas petrolíferas submarinas e as múltiplas atividades ligadas à pesca. Além disso, verifica-se que mesmo estas últimas atividades implicam em uma série de variações, segundo o lugar, a época do ano e o tipo de pescado. A par de todos esses fatores, já por si suficientes para impedir um tratamento uniforme de todos os mares, existe a oposição de interesses entre o Estado costeiro, em cujas vizinhanças se acham as rique­zas, e os demais Estados que desejam explorá-las e estão muito mais apare­lhados para fazê-lo. E' compreensível que os primeiros desejem ampliar ao máximo o seu mar territorial, enconu-ando a oposição dos outros que de­sejam vê-lo reduzido ao mínimo. Daí uma série de conflitos e de posições intermediárias. Ao lado disso tudo existem outras preocupações, como o controle adua­neiro, os cuidados saniuirios, os interesses científicos, cada uma dessas ati­vidades exigindo o controle sobre uma extensão diferente. E para tornar ainda mais evidente a impossibilidade de uma extensão uniforme, válida para o Mundo todo, há o problema dos estreitos, vários deles de importân­cia fundamental para a navegação e, em alguns casos, para o intercâmbio de riquezas de alguns Estados. Essa diversidade de interesses, de necessidades e de objetivos já deter­minou, na realidade, o aparecimento de inúmeros critérios na fixação do mar territorial. O último desses critérios foi precisamente a extensão de 200 mi­lhas. Examinando o problema com grande acuidade c procurando chegar a uma síntese das posições fundamentais, Marotta Rangel observa que 'a análise das conferências de Genebra nos leva a asseverar que o principio dominante na matéria é o de que nenhum mar territorial pode ter largura inferior a três nem superior a 12 milhas'. Para Kaplan e Katzenbach é possível uma conclusão ainda mais precisa, parecendo-lhes fora de dúvida que a tendência predominante é no sentido de se fixar em 12 milhas a ex­tensão do mar territorial, aumentando constantemente o número de Estados favoráveis e esse limite. O que fica muito evidente é que não existe uma orientação uniforme e que a diversidade não é determinada por meras preferências, mas, em lugar disso, decorre da grande variedade de situações e de objetivos. Reconhecen­do a impossibilidade de uma solução única, válida para todo o Mundo, Franco Florio propõe a adoção de larguras diversas, oferecendo um certo número de opções. Dando ênfase ainda maior à necessidade de se admitir um critério fle­xível para a fixação do mar territorial, José Luiz de Ascárraga procurou ela­borar uma fórmula, comportando diversas variáveis que lhe pareceram fun­damentais. Essa fórmula matemática estabeleceria uma relação entre o mar territorial (M), a densidade da população mundial (Dm), a densidade da população do Estado em questão (Dp), a área da plataforma continental desse mesmo Estado (Ap) e, finalmente, a extensão da linha de sua costa (C). Com esses dados seria composta a seguinte equação: Dp Dl\1 Ap X --M C - Não há dúvida de que essa fórmula oferece um critério flexível, deter­minando uma grande variação do mar territorial dos Estados. Nota-se, entretanto, que ela atribui importância uniforme a fatores que, na realidade, influem de maneira diversa, razão pela qual adquire um caráter formalista e artificial, podendo levar a soluções inadequadas. De qualquer forma, entretanto, não deixa de ser uma importante contribuição, demonstrando a possibilidade e a conveniência de se raciocinar a partir da aceitação do mar territorial de extensões variáveis de lugar para lugar. Maior disciplina jurídica. O terceiro dado de grande importância, no debate que se trava atual­mente a respeito do mar territorial, é a consciência generalizada de que a matéria deve ser resolvida em termos de direito, não se recorrendo a solu­ções estritamente políticas, sempre favoráveis aos Estados mais poderosos. Um exame atento do relacionamento entre os Estados no mundo con­temporâneo revela que o poderio militar já não é suficiente para assegurar o predomínio da vontade dos mais fortes. Inúmeros acontecimentos, alguns de grande repercussão como a guerra do Vietnã, demonstram que também os pequenos Estados podem encontrar meios para opor sérios obstáculos às tentativas de solução pela força. Algumas vezes o Estado fraco e sem recursos bélicos obtém o auxílio de uma grande potência, mas em outros casos impro­visa soluções, contando com seus próprios recursos e suportando grandes sa­crifícios, para comprovar sua capacidade de se manter independente e de promover a defesa eficiente de seus interesses. No tocante ao mar territorial tem-se verificado exatamente esta última hipótese, ou seja, Estados consi­derados pobres e militarmente fracos adotam atitudes intransigentes e agres­sivas, na defesa de posições que afirmam serem correspondentes a direitos seus. As grandes potências, por seu lado, embora manifestando uma intran­sigente recusa de aceitação daquelas posições, procuram a negociação e o entendimento, valendo-se, sobretudo, de argumentos jurídicos e propondo soluções através de fórmulas jurídicas. Exemplo significativo desta última atitude é o comportamento norte­americano, em face das restrições impostas aos seus pesqueiros pelos Estados latino-americanos, inclusive o Brasil. Externando, iniqalmente, a recusa pura e simples de admitir um mar territorial superior a três milhas, os nor­te-americanos evoluíram para uma nova posição, admitindo restrições às atividades de natureza econômica, em extensão que pode ser até muito am­pla, acenando com a aceitação da ampliação do mar territorial até 12 milhas náuticas. O plano dos Estados Unidos, que, segundo fontes bem informadas e insuspeitas, deverá ser proposto à conferência mundial de 1974, pode ser assim resumindo, quanto aos seus pontos principais: a) será reconhecido a todos os Estados o direito de fixar a extensão de seu respectivo mar territorial, até o limite de 12 milhas; b) cada Estado terá o controle das riquezas do leito oceânico adjacente, até o limite de 12 milhas marítimas ou até onde as águas não tiverem profundidade superior a 650 pés, prevalecendo entre essas duas medidas a que for mais distante da costa; c) no espaço além do limite dos direitos sobre o leito oceânico e sobre a plataforma continental, o governo local agirá como um administrador, autorizando e tributando operações submarinas, tais como mineração e per­furação. Uma certa quota dessas contribuições, talvez 50%, seria distribuída entre os países subdesenvolvidos; d) seria constituído um Tribunal Internacional para cuidar da aplica­ção dos direitos especiais da pesca. E' evidente que tal plano pode ser combatido e rejeitado sob muitos aspectos. Assim, por exemplo, a distribuição de quotas a países subdesenvol­vidos é absurdo in

Essa pergunta também está no material:

o MAR TERRITORIAL DO ESTADO BRASILEIRO
34 pág.

Física I Instituto Federal de Santa CatarinaInstituto Federal de Santa Catarina

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