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Bom dia amores! Alguem teria algum artigo sobre Jurisdição Voluntaria no NOVO Codigo de Processo Civil

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Lilly Quintal

Jurisdição voluntária ou integrativa, segundo Fredie Didier  “é uma atividade estatal de integração e fiscalização”, ou seja, “busca-se do Poder Judiciário a integração da vontade, para torna-la apta a produzir determinada situação jurídica”(p. 186).

Ou seja, ocorre quando o Estado-juiz apenas fiscaliza se os requisitos legais para a obtenção do resultado almejado foram atendidos. Por exemplo, quando alguém busca uma autorização ou aprovação, necessitando de uma intervenção judicial, como nos casos de homologação de divórcio consensual sem filhos menores, a guarda compartilhada dos filhos do casal, abertura e cumprimento de testamento e arrecadação de herança jacente, bens de ausentes ou coisas vagas.

Fredie Didier exemplifica em sua obra que o divórcio poderá opcialmente ocorrer via extrajudicial, via cartório, contudo salienta que a homologação judicial confere às partes a indiscutibilidade da decisão, ou seja, a coisa julgada. “O negócio jurídico é “processualizado” (inserido no processo) e, após a homologação judicial, somente pode ser desconstituído por ação rescisória, como reflexo da rescisão da sentença homologatória”. (p. 194)

Assim, revela como grande vantagem ingressar via judicial a jurisdição voluntária, com o intuito de obter uma “decisão” judicial indiscutível a priori. Visto que consoante afirma Fredie Didier, “coisa julga da, a tributo das decisões judiciais, mesmo homologa tórias, mesmo em jurisdição voluntária, impede a rediscussão do que foi decidido (no caso, decisão das partes interessadas homologada pelo juiz)” (p. 196).

Vale ressaltar que é possível pedir a homologação de qualquer acordo extrajudicial ao juízo competente, através da homologação de acordo extrajudicial via jurisdição voluntária, consoante art. 725, VIII, CPC.

Consoante afirma Daniel Assumpção a jurisdição voluntária exige-se das partes a intervenção do Poder Judiciária para a obtenção do bem da vida pretendido, “a sentença proferida pelo juiz apenas integra juridicamente o acordo de vontades das partes homologando-o, autorizando-o ou aprovando-o, o que permite que sejam produzidos os efeitos jurídicos previstos em lei e pretendidos pelas partes” (p. 174).

Para Marcus Vinícius Rios Gonçalves a principal diferença entre a jurisdição contenciosa e voluntária é que “na contenciosa, busca-se obter uma determinação que obrigue a parte contrária; na voluntária, uma situação que valha para o próprio autor. Ou seja, na primeira, a sentença que favorece uma das partes é dada em detrimento da outra; na segunda, é possível que beneficie ambas” (p. 867)

Para Luiz Guilherme Marinoni, a jurisdição voluntária há sim interpretação e aplicação do direito, bem como há decisões revestidas de autoridade institucional, ou seja, dotadas de definitividade e irrevisibilidade, tanto quanto na jurisdição contenciosa, sendo que a única diferença entre ambos os institutos seria que na jurisdição voluntária inexiste qualquer conflito entre as partes, mas, sim, um consenso a respeito da tutela jurisdicional postulada. (p. 156)

No mesmo sentido Nelson Nery Jr. Entende que na “jurisdição voluntária” ou “jurisdição graciosa”, o juiz não diz o direito substituindo a vontade das partes, mas pratica atividade integrativa do negócio jurídico privado administrado pelo Poder Judiciário. Há, sim, um “negócio jurídico privado”, que não terá validade, enquanto não integrado pelo juiz, donde é lícito concluir não ser voluntária essa “jurisdição”, mas sim forçada. Não há processo, mas procedimento; não há lide, mas controvérsia; não há partes, mas interessados; não incide o princípio dispositivo, mas o inquisitório; não há legalidade estrita, pois pode o juiz decidir por equidade (p. 283).

Conforme ensinamento de Carnelutti, “a função da jurisdição voluntária é tão-só a de controlar a atividade jurídica dos indivíduos, agindo o juiz ao lado dos interessados e não entre dois litigantes” (p. 497 Nelson Nery Jr.).

Procedimento comum da jurisdição voluntária: instaura-se o processo através de petição inicial por provocação do interessado ou do Ministério Público ou da Defensoria Pública, consoante dispõe art. 720, CPC. Haverá a citação dos possíveis interessados, que terão o prazo de quinze dias para poder manifestar-se, garantido, assim, o contraditório (art. 721 do CPC); a Fazenda Pública será sempre ouvida, nos casos em que tiver interesse (art. 722, C PC); o Ministério Público será ouvido, apenas nos casos do art. 178 do CPC, ou seja, quando tratar de direitos indisponíveis, como em caso de interdição, por exemplo. E o pedido será resolvido em dez dias, por sentença, de natureza declaratória ou constitutivo conforme arts. 723 – 724 do CPC).

Marcus Gonçalves entende que o procedimento comum da jurisdição voluntária é concentrado, visto que oferecida a resposta e ouvido o autor, caso seja alegado alguma preliminar ou traga documentos novos, o juiz determinará as provas necessárias, de ofício ou a requerimento das partes, podendo designar audiência de instrução e julgamento se entender necessário. Em seguira, proferirá sentença na própria audiência ou no prazo de dez dias.

Salienta, inclusive não haver nenhuma peculiaridade concernentes aos recursos, visto que conforme art. 1.015 do CPC caberá, em consonância com o rol taxativo do referido diploma legal agravo de instrumento contra decisão, e em relação à sentença, apelação (art. 724, do CPC), além de que qualquer interessado poderá valer-se dos embargos de declaração para suprir omissões, contradições, obscuridades ou para corrigir erro material (p. 870).

Bibliografia:

DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil, vol. 1. 17ª ed. Salvador: Juspodvm, 2015.

GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado, 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

MARINONI, Luiz Guilherme. Novo Curso de Processo Civil, vol. 1. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. Salvador: Juspodvm, 2016.

NERY JR., Nelson. Comentários ao Código de Processo Civil Comentado, 1ª ed. São Paulo: Revista dos Trbunais, 2015.

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