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Qual a diferença na interpretação do Supra de ST no ECG pra infarto agudo do miocardio e pra repolarização ventricular precoce??

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Phil Santos

Causas Não Isquêmicas de Elevação do Segmento ST 1. Introdução A elevação do segmento ST no eletrocardiograma é sabidamente um grande marcador de isquemia miocárdica e um divisor de águas perante esse diagnóstico. No entanto outras patologias podem levar a uma alteração nesse segmento sem representar isquemia e merecem destaque. 2. Pericardite Aguda É a patologia mais comum que envolve o pericárdio podendo ser classificada de acordo com a sua clínica e tempo de evolução. Inúmeras são as causas que variam desde uma infecção viral até causas mais graves como neoplásicas. Nesse cenário a diferenciação do quadro agudo de dor pericárdica com alterações positivas do segmento ST torna-se um grande diferencial do infarto agudo do miocárdico. As alterações eletrocardiográficas encontradas são reflexas do comprometimento inflamatório da região miocárdica adjacente. Normalmente a pericardite aguda mostra um padrão eletrocardiográfico característico divido em quatro fases: • Primeiramente encontramos um segmento ST inalterado e achatamento da onda T • A segunda fase consiste em uma inversão da onda T • Em seguida ocorre um supradesnível de ST de maneira difusa por duas semanas • E por fim o eletrocardiograma volta ao padrão original sem deixar sequelas O supradesnível da pericardite se diferencia do supradesnível do infarto por algumas características, dentre as quais estão: concavidade da onda e alteração difusa do eletrocardiograma sem relação com o segmento acometido. Além disso, na pericardite sinais de necrose como amputação da onda R e a presença de uma onda Q patológica estão ausentes, uma vez que não há lesão tecidual permanente. Outros achados podem ser vistos e incluem uma repolarização precoce podendo estar associada a elevação generalizada do segmento ST, principalmente nas derivações esquerdas, porém nesses casos as ondas T são elevadas e a relação ST/T é menor do que 0,25. De maneira bem característica, porém de mais rara frequência temos um infradesnivelamento do segmento PR que indica aqui o comprometimento atrial divulgacao-medportal O melhor ambiente online para ensinar e aprender medicina e saúde Retorno profissional, financeiro e pessoal para os professores. Para os alunos, as melhores aulas de medicina na internet! Clique aqui e conheça todos os Cursos Online do Medportal! 3. Alterações Hidroeletrolíticas Dentre as alterações hidroeletrolíticas que causam supra de ST estão principalmente a hipercalemia e a hipercalcemia. 3.1. Hipercalemia Essa desordem afeta a permeabilidade da membrana ao íon interferindo no potencial de ação aumentando a velocidade de repolarização ao tornar a fase 3 mais rápida e portanto encurtando o seu tempo de duração. É possível nessa desordem observar um supradesnível nas derivações V1 e V2 em casos bem graves, entretanto, o que normalmente se tem como parâmetro é o alargamento do QRS com uma onda T apiculada, às vezes maior do que o próprio complexo QRS, um alargamento do intervalo PR e uma diminuição da amplitude da onda p. Com essas alterações existe um grande risco esta no aparecimento de arritmias severas. 3.2. Hipercalcemia Nessa alteração o que acontece é uma redução da duração e um aumento da amplitude do platô do potencial de ação interferindo na repolarização ventricular. Aqui além do supradesnível de ST observados em V1 e V2 em casos graves o que se observa é um encurtamento do segmento ST e diminuição do intervalo QT. 4. Cardiomiopatia de Takotsubo Essa patologia tem caráter idiopático e muitas vezes tem relação familiar, é mais comum em mulheres idosas e muita das vezes está associada a um distúrbio emocional sem correlação com qualquer patologia de base, mesmo que em certos casos, doenças de grau terminal possam vir a gerar quadro semelhante. A cardiomiopatia de Takotsubo se apresenta como um infarto agudo, com clínica, enzimas e achados eletrocardiográficos sugestivos, porém em pacientes sem DAC. O que se observa nesses pacientes é a rápida mudança do padrão eletrocardiográfico (geralmente em menos de 24 horas o eletro passa a ser normal). Como consequência alterações de onda q e onda R, marcadores de sequela miocárdica, estarão ausentes. 5. Síndrome de Brugada Acomete principalmente adultos jovens, essa síndrome não apresenta quaisquer evidências clínicas ou de doença estrutural pré-estabelecida. Tem forte herança genética e está ligada a episódios de morte súbita. O que se encontra é um padrão eletrocardiográfico peculiar de BRD com elevação do segmento ST em regiões precordiais direitas, V1, V2, V3. Possui alto potencial arritmogênico. 6. Referências Bibliografia Harrison´s Principles of Internacional Medicine. Kasper ET AL. 17ª ed. McGraw- Hill 2008 Goldwasser, Gerson Paulo. Eletrocardiograma orientado para o clínico. 3. Ed. – Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2009. Artigo elaborado para o Medportal por Eduardo Botner
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