Os ftalatos (PAEs) são compostos derivados do ácido ftálico utilizados como plastificantes para conferir maior maleabilidade a polímeros industriais. Esses aditivos estão presentes em diversos produtos, como embalagens, cosméticos e equipamentos médicos. Eles são facilmente liberados no meio ambiente por meio da lixiviação, contaminando solo, água e ar. A principal via de exposição humana ocorre pela ingestão de alimentos gordurosos, inalação, uso de cosméticos e medicamentos. Dentre os ftalatos, o DEHP é o mais amplamente empregado e preocupante, pois atua como um disruptor endócrino, provocando efeitos nocivos em humanos e animais, especialmente durante períodos críticos como o desenvolvimento fetal e a infância. Esses compostos afetam os glóbulos vermelhos, interagindo com sua membrana e a hemoglobina, provocando modificações estruturais, fragilidade osmótica, hemólise e anemia. Além disso, causam estresse oxidativo, alteram a atividade enzimática, comprometem a resposta imunológica e induzem a morte celular programada (eritrose), prejudicando a circulação sanguínea e aumentando a inflamação. Os ftalatos também impactam negativamente outras células do sangue, como os granulócitos, reduzindo marcadores imunológicos e moduladores inflamatórios. No sistema reprodutor masculino, esses compostos interferem nas células de Sertoli e Leydig, diminuindo a motilidade e quantidade dos espermatozoides e provocando malformações testiculares, como hipospádia e criptorquidia. Estudos associam níveis elevados de ftalatos no sêmen à infertilidade masculina. No sistema feminino, a exposição está ligada a fenômenos como puberdade precoce, endometriose, síndrome dos ovários policísticos e complicações gestacionais. Em modelos animais, os ftalatos comprometem a produção hormonal, reduzindo a síntese de testosterona e estradiol, além de ocasionar alterações nos órgãos sexuais. Adicionalmente, os ftalatos podem causar danos genéticos ao promover estresse oxidativo que resulta em quebras e mutações no DNA, ameaçando a estabilidade genética e elevando o risco de doenças crônicas. Esses efeitos evidenciam o impacto dos ftalatos como poluentes amplamente presentes e disruptores endócrinos que comprometem a saúde humana, reprodutiva e ambiental.