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Distinta a legitimidade processual da capacidade processual e da capacidade de direito civil.

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fabiano

A legitimidade para a causa não se confunde com a legitimidade para o processo, pois aquela é condição da ação, enquanto esta é pressuposto processual que se relaciona com a capacidade para estar em juízo. Ou seja, o menor de 16 anos tem legitimidade ad causam para propor ação contra seu suposto pai, mas não tem legitimidade ad processum, por não ter capacidade para estar em juízo, devendo ser representado.

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Carlos Eduardo Ferreira de Souza

A capacidade processual em sentido amplo engloba três capacidades: (i) capacidade para ser parte; (ii) capacidade para estar em juízo; (iii) Capacidade postulatória; 

(i) Capacidade para ser parte:

É a aptidão que determinado sujeito possui para figurar em polo do processo, com ou sem representação. Neste espectro, se confunde com a personalidade civil ou capacidade civil de direito ou de gozo. E.g. um bebê de 2 anos possui capacidade de ser autor em ação de alimentos movido contra seu genitor, desde que devidamente representado em juízo (mãe, avós, curador especial, etc.)

(ii) Capacidade para estar em juízo:

É a aptidão que determinado sujeito possui para figurar em polo do processo sem necessidade de representação ou assistência. Neste espectro, se confunde com a capacidade civil plena ou capacidade civil de exercício ou de fato. 

(iii) Capacidade postulatória:

É atributo para que a pessoa possa postular em juízo, praticando atos processuais de maneira válida. Em regra, é detida por advogados, defensores públicos, promotores e procuradores, mas há exceções, como na Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais) ou na impetração de habeas corpus (capacidade universal).

(iv) Capacidade processual dos cônjuges ou legitimação:

Versa sobre a capacidade processual dos cônjuges ou companheiros (as) para ajuizar ação ou se demandado judicialmente (arts. 73 e 74, do CPC).

Exceto quando em regime de separação absoluta de bens, os cônjuges e companheiros (as) dependem de consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real sobre bem imóvel, o que pode ser judicialmente suprimido quando a recusa for injustificada e desarrazoada, o que bem atende aos princípios do acesso à justiça e da inafastabilidade do controle jurisdicional.

Ademais, quando no polo passivo, os cônjuges ou companheiro (as) atuarão em litisconsórcio passivo necessário, ou seja, deverão necessariamente figurar no polo passivo da demanda todos os integrantes da relação afetiva, quando se tratar de ação:

I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens;

II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles;

III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família;

IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges.

Legitimidade processual é uma condição da ação e importa no reconhecimento de características ou circunstâncias que atribuam às partes (autor e réu) a possibilidade de figurarem nos polos ativo e passivo da demanda.

Para averiguar, se utiliza a teoria da asserção.

 

Na teoria da asserção, o julgador deve encarar, prima facie, que as alegações do autor são verdadeiras, de modo a determinar o prosseguimento do processo. Assim, não está fazendo um julgamento do mérito ou as condições da ação propriamente, mas encarando os fatos como hipoteticamente verdadeiro, o que não impedirá (nem pode) o desenvolvimento regular do processo, com respeito ao contraditório e à ampla defesa.

Assim, exemplificando, se José narra na petição inicial que contratiu obrigação de pagar por serviço prestado pela empresa Alfa e que adimpliu todas as suas obrigações, mas foi indenvidamente negativado junto aos órgãos de proteção de crédito, o juiz aceitará os fatos como inicialmente verdadeiros para verificar, dentre outras questões, a legitimidade passiva.

Se os fatos trazidos por José são encarados como verdadeiros, pode o juiz verificar que a empresa Alfa seria legitimada, devendo ser citada, o que não ocorreria se, a despeito do exposto, José ajuizasse a ação em fase da empresa Beta.

Capacidade civil ou capacidade plena é aquela possuída pelas pessoas que são capazes de gozo (ou de direito) e de fato (ou de exercício). Em termos práticos: Capacidade civil = capacidade de direito + capacidade de fato.

Capacidade de gozo e capacidade de direito são sinônimas e expressam a aptidão que o sujeito tem de titularizar direitos e deveres na ordem jurídica. Assim, toda pessoa que possui personalidade civil, ou seja, é pessoa, também é capaz de gozo e de direito (art. 1º, do Código Civil).

Lembrando que a personalidade civil se inicia, para a pessoa natural, do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo o direito do nascituro, desde a concepção (art. 2º, do Código Civil), o que faz surgir o debate sobre a Lei Civil ter adotado a teoria natalista ou concepcionista. Vejamos:

  1. Teoria Natalista: a personalidade civil e, portanto, a capacidade de titularizar direitos e deveres seria adquirida a partir do nascimento com vida, enquanto o nascituro possuiria mera expectativa de direitos, a se efetivar com o nascimento com vida.
  2. Teoria Concepcionista: o nascituro já possuiria capacidade civil desde a concepção, o que poderia ser visto a partir da tutela de diversos direitos, como alimentos gravídicos, possibilidade de testar em favor do nascituro e indenização por danos morais (possibilidade reconhecida pelo STF).

 

Já a capacidade de exercício ou capacidade de fato se referem à aptidão para exercer os atos da vida civil por si só, sem necessidade de assistência (relativamente incapaz) ou representação (absolutamente incapaz).

Apesar de ser a regra, esta capacidade não é possuída por todas as pessoas, desde a aquisição da personalidade civil, como é o caso do elenco dos arts. 3º e 4º do Código Civil, recentemente alterados pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/16).

De acordo com os dispositivos, são absolutamente incapazes de exercer os atos da vida civil os menores de 16 anos (menores impúberes) (art. 3º, do Código Civil), cujos atos seriam nulos se praticados sem representação.

Já os relativamente incapazes seriam os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos (menores púberes), os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, bem como aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade e os pródigos (art. 4º, do Código Civil).

 

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