Como descobir a veracidade de um documento historiográfico?

O historiador Jacques Le Goff em seu livro intitulado "História e Memória", argumenta que "Todo documento é um monumento". A ideia de monumento por um determinado tempo era considerado questionável, enquanto o documento seria dotado de "neutralidade", aliás, a premissa de neutralidade está ligada ao Positivismo. O historiador francês Le Goff problematiza a noção de documento, por isso, a concepção de monumento/documento, ambos passíveis, porque todo documento é uma construção apoaida em escolhas e que denota intenções.

Partindo do pensamento de Le Goff, o epicentro da questão do documento historiográfico deve se sustentar na problematização envolvendo a prática discursiva e a representação. O historiador deve estabelecer um "diaólogo" questionador com o documento: Por quem foi produzido? Como foi produzido? E a quem pertence o discurso existente no documento?

O documento é um campo de disputa, porque existe nele uma intecionalidade, pois, a sua suposta objetividade, isto é, "falar por si mesmo" enquanto prova científica (Postivismo) do fato histórico está ligado ao institucional, ao político. A partir da "Escola dos Annales" problmatiza e amplia a noção de documento que implica na intencionalidade de uma agente histórico presente no documento e também da intencionalidade analítica de quem pesquisa o documento.

A partir desses pressupostos por mais que o historiador se empenhe em uma pesquisa exaustiva, fazendo comparações entre cópias do mesmo documento e outros documentos abordando o mesmo fato (exercício imprescindível em seu ofício), é compreender que o documento é fruto da expressão das experiências humanas. O importante é desvelar o discurso no documento, afinal Le Goff deixou o seguinte alerta: " O documento não é inóquo. É, antes de mais nada, o resultado de uma montagem consciente ou inconsciente, das sociedades que o produziram, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio".