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O que é defeito do negócio jurídico?

💡 3 Respostas

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Lukas Souza

A vontade é a mola propulsora dos atos e dos negócios jurídicos. Essa vontade deve ser manifesta ou declarada de forma idônea para que o ato tenha vida normal na atividade jurídica e no universo negocial. Se essa vontade não corresponder ao desejo do agente, o negocio jurídico torna-se susceptível de nulidade ou anulabilidade.

Quando a vontade em ao menos se manifesta, quando é totalmente tolhida, não se pode nem mesmo se falar em existência do negocio jurídico. O negocio jurídico será inexistente por lhe faltar o requisito essencial.

Quando, porém, a vontade é declarada, com vício ou defeito que torna mal dirigida, mal externada, estamos, na maioria das vezes, no campo do negocio jurídico ou ato anulável, isto é, o negocio terá vida jurídica somente até que, por iniciativa de qualquer prejudicado, seja pedida sua anulação.

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Rafael Lima

Defeitos do negócio jurídico são situações capazes de provocar a sua anulação. São espécies de defeitos do negócio jurídico: o erro, o dolo, a coação o estado de perigo e a lesão. Nesses casos, a manifestação da vontade não se dá de forma livre e consciente.

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Carlos Eduardo Ferreira de Souza

Defeito ou vício do  negócio jurídico ocorre quando há determinada imperfeição, de consentimento ou social, que macule a livre e desembaraçada declaração da vontade ou que busque lesar terceiros, o que pode gerar anulação do negócio jurídico celebrado, desde que requerida pela parte interessada, no prazo decadencial de 4 anos, a contar dos fatos previstos no art. 178, I e II, do CC:

"Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:

I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;

II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;"

Os vícios ou defeitos dos negócios jurídicos estão regulados entre os arts. 138 e 165, do CC e podem ser de consentimento ou sociais.

1) Vícios de consentimento: erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão;

2) Vícios sociais: fraude contra credores.

a) Do erro ou ignorância:

Ocorrerá quando "as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio." (art. 138, do CC). Devemos destacar que o erro é uma falha na percepção daquele que realiza o negócio jurídico, não sendo induzido ou ludibriado por qualquer pessoa.

A Lei Civil traz, ainda o que se chama erro essencial ou substancial (art. 139, do CC):

"Art. 139. O erro é substancial quando:

I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;

II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;

III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico."

b) Do dolo:

No dolo existe a ação da outra parte ou de terceiros para induzir à falsa percepção de quem pratica o negócio jurídico. Quando o dolo for fundamental para a prática do negócio, este será anulável (art. 145, do CC).

Lembramos que o dolo acidental se trata daquele que macula o consentimento, mas que não dá causa à celebração do negócio jurídico, ou seja, com ou sem dolo o negócio seria praticado, mas em outras condições. Assim, não gera anulação, mas enseja perdas e danos (art. 146, do CC).

O dolo pode ser manifesto ou por meio do silêncio intencional, bem como pela omissão dolosa, ensejando a anulação do negócio quando for essencial e perdas e danos quando for acidental (art. 147, do CC).

Por fim, pode haver dolo de terceiro, quando este induz alguém a erro para que haja prática do negócio jurídico. Neste caso, se a parte a quem aproveite tivesses ou devesse ter conhecimento, poderá haver anulação. Se a parte não sabia e nem deveria saber, responde o terceiro por perdas e danos (art. 148, do CC).

c) Da Coação:

Nos termos do art. 151, do CC "a coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens".

Pode o juiz, ainda, com base nas circunstâncias, decidir pela coação quando se tratar de pessoa não pertencente à família do paciente (art. 151, §único, do CC).

Lembramos que a ameaça do exercício normal de um direito e o temor reverencial não se consideram coação (art. 153, do CC).

Da mesma forma, "vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos" (art. 154, do CC), mas "subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto". (art. 155, do CC)

d) Do Estado de Perigo:

Conforme dita o art. 156, do CC, "configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa."

Quando se tratar de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz analisará o caso concreto (art. 156, §único, do CC)

e) Da Lesão:

Já a lesão, ocorrerá "quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta." (art. 157, do CC), lembrando que "não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito." (art. 157, §2º, do CC).

f) Da fraude contra credores:

Único vício social do negócio jurídico, temos aqueles negócios praticados por devedores com intuito de lesar credores ou, como informa o art. 158, do CC: "os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos."

Os mesmo direitos são resguardados aos credores cuja garantia se torne insuficiente, mas lembramos que em todo caso, só poderá pleitear anulação aquele credor que já o era ao tempo da prática do ato.

Ademais, por fraude contra credores, "serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante" (art. 159, do CC).

Indo além o Código civil fez previsão do art. 163, do CC, no seguinte sentido: "presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor"

 

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