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Defeitos do Negócio Jurídico ERRO

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Defeitos do Negócio Jurídico - Erro
PATRICIA THEMER
DISCIPLINA – DIREITO CIVIL
RA 01.2017.1083 – 2º. SEMESTRE NOTURNO
DOCENTE: PROF. DR. ALEXANDRE CAVALHEIRO
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
A declaração de vontade do agente em conformidade com a norma legal e visando a produção de efeitos jurídicos é o pressuposto básico de qualquer negócio jurídico. Assim, os defeitos do negócio jurídico referem-se a algum vício na manifestação de vontade das partes na realização do ato negocial. 
Existem alguns vícios que afetam o negócio jurídico pela afronta à ordem jurídica, prejudicando terceiros. Conforme o Código Civil está dividindo da seguinte forma:
- vícios de consentimento – erro, dolo, coação, lesão e estado de perigo.
- vícios sociais – quando a vontade do agente tem a intenção, simulação e fraude contra credores.
Diz no artigo 171, II, CC, ser anulável o negócio jurídico que contenha tais vícios.
Vícios de consentimento
Os referidos efeitos, exceto a fraude contra credores, são chamados de vícios de consentimento, porque provocam uma manifestação de vontade não correspondente com o íntimo e verdadeiro querer do agente. Criam uma divergência, um conflito entre a vontade manifestada e a real intenção de quem a exteriorizou.
Vício social
A fraude contra credores não conduz a um descompasso entre o íntimo querer do agente e a sua declaração, mas é exteriorizada com a intenção de prejudicar terceiros. Por essa razão é considerada vício social.
ERRO OU IGNORÂNCIA
Conceito
O erro consiste em uma falsa representação da realidade. Nessa modalidade de vício de consentimento, o agente engana-se sozinho. 
Espécies
O erro apresenta-se sob várias modalidades. Algumas são importantes para o direito, porque invalidam atos e negócios jurídicos. A mais importante classificação divide em:
- substancial; e
- acidental
Erro substancial e erro acidental
Erro substancial ou essencial – é o que recai sobre circunstâncias e aspectos relevantes do negócio. Há de ser a causa determinante, ou seja, se conhecida a realidade, o negócio não seria celebrado. Segundo Francisco Amaral, erro essencial ou substancial “é aquele de tal importância, que sem ele, o ato não se realizaria. Se o agente conhecesse a verdade, não manifestaria vontade de concluir o negócio jurídico. Diz-se essencial, por isso, porque tem para o agente importância determinante, isto é, se não existisse, não se praticaria o ato”.
Erro acidental é o que se opõe ao substancial, porque se refere a circunstâncias de menos importância e não acarretam efetivo prejuízo. Se conhecia a realidade, mesmo assim o negócio seria realizado. O art. 143 do Código Civil é expresso no sentido de que “o erro de cálculo apenas autoriza a retificação de declaração de vontade.” Não há, nesse caso, propriamente um vício de manifestação de vontade, mas uma distorção em sua transmissão, que pode ser corrigida.
Características do erro substancial
Como já dito, substancial é o erro sobre circunstâncias e aspectos relevantes do negócio. O legislador com o objetivo de não deixar conceitos vagos preferiu especificá-los. O artigo 139 do Código Civil enuncia:
“O erro é substancial quando:
I – interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
II – concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III – sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico”.
O erro substancial pode ser:
Erro sobre a natureza do negócio (erro in negotio) – o erro que interessa à natureza do negócio é aquele em que uma das partes manifesta a sua vontade, pretendendo e supondo celebrar determinado negócio jurídico, e na verdade, realiza outro diferente.
Erro sobre o objeto principal da declaração (error in corpore) – é o que incide sobre a identidade do objeto. A manifestação da vontade recai sobre objeto diverso daquele que o agente tinha em mente. 
Erro sobre alguma das qualidades essenciais do objeto principal (error in substantia ou erro in qualitate) – ocorre quando o motivo determinante do negócio é a suposição de que o objeto possui determinada qualidade que, posteriormente, verifica-se inexistir. 
Erro quanto à identidade ou à qualidade da pessoa a quem se refere a declaração de vontade (error in persona) – concerne aos negócios jurídicos intuito personae. Pode referir-se tanto à identidade quanto às qualidades da pessoa. Exige-se, no entanto, para ser invalidante, que tenha influído na declaração de vontade de “modo relevante”. 
Erro de direito (error juris) – é o falso conhecimento, ignorância ou interpretação errônea da norma jurídica aplicável à situação concreta. 
Erro real
O erro, para invalidar o negócio, deve ser também real, isto é, efetivo, causador de prejuízo concreto para o interessado. Não basta, pois, ser substancial e cognoscível. Deve ser ainda real, tangível, palpável, importando efetivo prejuízo para o interessado. 
Erro obstativo ou impróprio
É o de relevância exacerbada, que apresenta uma profunda divergência entre as partes, impedindo que o negócio jurídico venha a se formar. É portanto o que obsta a sua formação e, dessa maneira, inviabiliza a sua existência.
O falso motivo
O artigo 140 do Código Civil prescreve:
“O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante”.
Transmissão errônea da vontade
O Código Civil equipara o erro à transmissão defeituosa da vontade. Dispõe o art. 141:
“A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que é o a declaração direta”.
Se o declarante não se encontra na presença do declaratário valendo-se de interposta pessoa (mensageiro) ou de um meio de comunicação (fax, e-mail), e a transmissão da vontade, nesses casos, não se faz com fidelidade estabelecendo-se uma divergência entre o querido e o que foi transmitido erroneamente (mensagem truncada), caracteriza-se o vício que propicia a anulação do negócio.
Essa regra só se aplica quando a diferença entre a declaração emitida e a comunicada seja procedente de mero acaso ou de algum equívoco, não incidindo na hipótese em que o intermediário intencionalmente comunica à outra parte uma declaração diversa da que lhe foi confiada. Neste caso, a parte que escolheu o emissário fica responsável pelos prejuízos que tenha causado à outra parte por sua negligência na escolha feita, ressalvada a possibilidade de o mensageiro responder em face daquele que o elegeu.
Convalescimento do erro
O art. 144 do Código Civil dispõe:
“O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante”.
Tal oferta afasta o prejuízo do que se enganou, deixando o erro de ser real e, portanto, anulável. Objetiva o referido diploma dar a máxima efetividade à consecução do negócio jurídico, concedendo às partes a oportunidade de executá-lo. Trata-se de aplicação do princípio da conservação dos atos e negócios jurídicos, segundo o qual não há nulidade sem prejuízo.
Maria Helena Diniz cita este exemplo: “João pensa que comprou o lote número 2 da quadra A, quando, na verdade, adquiriu o número 2 da quadra B. Trata-se de erro substancial, mas antes de anular o negócio o vendedor entrega-lhe o lote número 2 na quadra A, não havendo assim qualquer dano a João”. O negócio será válido, pois foi possível a sua execução de acordo com a vontade real. Se tal execução não fosse possível, de nada adiantaria a boa vontade do vendedor.
O motivo do negócio, isto é, as razões psicológicas que levam a pessoa a realizá-lo, não precisa ser mencionado pelas partes. Motivos são as ideias, as razões subjetivas, interiores, consideradas acidentais e sem relevância para a apreciação da validade do negócio. Em uma compra e venda, por exemplo,os motivos podem ser diversos: a necessidade de alienação, investimento, edificação de moradia, etc. São estranhos ao direito e não precisam ser mencionados.
O erro quanto ao objetivo colimado não vicia, em regra, o negócio jurídico, a não ser quando nele figurar expressamente, integrando-o, como sua razão essencial ou determinante, conforme coloca o artigo 140. O mencionado dispositivo permite, portanto, que as partes promovam o erro acidental a erro relevante. Os casos mais comuns são de liberalidades, com expressa declaração do motivo determinante (filiação, parentesco), que, entretanto, se revelam, posteriormente, falsos, ou de venda de fundo de comércio tendo como motivo determinante a perspectiva de numerosa freguesia, o que posteriormente se verifica ser também falso.
Se uma pessoa faz uma doação a outra porque é informada que o donatário é seu filho e posteriormente descobre que tal fato não é verdadeiro, a doação poderá ser anulada somente na hipótese de o referido motivo ter sido expressamente declarado no instrumento como razão determinante. Se não o foi, não poderá ser invalidada. Não se admite a anulação do negócio jurídico pela manifestação tácita da vontade.
Interesse negativo
Decorre do fato de o vendedor ver-se surpreendido com uma ação anulatória, julgada procedente, com os consectários da sucumbência, sem que tenha concorrido para o erro do outro contratante – o que se configura injusto, máxime já tendo dado destinação ao numerário recebido. O Código alemão prevê, para esses casos, o que a doutrina chama de interesse negativo, uma compensação para o contratante que não concorreu para o erro. O Código Civil brasileiro não prevê a hipótese, mas ela decorre dos princípios gerais do direito, especialmente o que protege a boa-fé.
Observa Pontes de Miranda que o interesse negativo há de ser indenizado, estando legitimado à ação de reparação o destinatário da manifestação de vontade receptícia, ou da comunicação de conhecimento.
Erro e Vícios Redibitórios
Vicio redibitório é o defeito que está oculto na coisa objeto do contrato, que
torna o uso do objeto impróprio, e prejudica o valor do objeto (art.441-445 do CC).
O erro é apontado como fundamento, pois se soubesse do defeito não teria
realizado o negócio. Com isso pode o adquirente enjeitar a coisa, devolver o bem,
desfazendo o contrato, ou pedir diminuição do valor do objeto.
CONCLUSÃO
Portanto, podemos concluir que para o negócio jurídico possuir eficácia,
deverá primeiro passar pelo plano da existência e da validade, sendo que a vontade
é a principal existência do negócio jurídico, pois sem vontade ele não ocorre, devendo a vontade ser livre, consciente, espontânea e de boa fé, a vontade
do agente não poderá padecer de nenhum defeito, pois ao contrário será viciosa,
podendo haver vícios do consentimento ou vontade por erro, dolo, coação, estado
de perigo e lesão.
A anulação por um erro redunda em situação especial, ou seja, a responsabilidade é exatamente daquele que pede a anulação do negócio, já que é o único responsável por sua má destinação. Seria injusto que o declaratário que não errou, nem concorreu para o erro do declarante, arcasse com duplo prejuízo, duplo castigo: a anulação do negócio e a absorção do prejuízo pelas importâncias a serem pagas ou devolvidas, conforme o caso, além dos ônus da sucumbência processual. Devem, portanto, os juízes atentar para essa importante particularidade ao decretar a anulação do negócio por erro. 
JURISPRUDÊNCIA
ACÓRDÃO PROFERIDO NA APELAÇÃO Nº 0024239-35.2013.8.26.0577
DA 27ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo:
TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo
Registro: 2017.0000792924
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0024239-35.2013.8.26.0577, da Comarca de São José dos Campos, em que é apelante ORLANDO MARTINS VEÍCULOS, são apelados IN SOOK KIM e CHO RONG PARK.
ACORDAM, em 27ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento parcial ao recurso, nos termos que constarão do acórdão. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores DAISE FAJARDO NOGUEIRA JACOT (Presidente), MOURÃO NETO E SERGIO ALFIERI.
São Paulo, 3 de outubro de 2017
DAISE FAJARDO NOGUEIRA JACOT
RELATOR
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo
Apelação nº 0024239-35.2013.8.26.0577 - São José dos Campos - VOTO Nº 2/8
VOTO Nº : 12.518 APELAÇÃO Nº: 0024239-35.2013.8.26.0577 COMARCA : SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 7ª VARA CÍVEL APELANTE : ORLANDO MARTINS VEÍCULOS APELADAS : IN SOOK KIM E CHO RONG PARK JUIZ : EMERSON NORIO CHINEN
*AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO C.C. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. Contrato de compra e venda de veículo automotor usado. Adquirentes demandantes que são surpreendidas com a notícia de que se trata de veículo sinistrado, recuperado e comercializado em leilão. Vício oculto. SENTENÇA de parcial procedência para condenar a ré a pagar para os autores R$ 28.000,00, com correção monetária a contar do desembolso e juros de mora a contar da citação. APELAÇÃO da ré, que visa à anulação da sentença por cerceamento de defesa a pretexto de privação da prova oral, pugnando no mais pela reforma para a total improcedência, com pedido subsidiário de ressarcimento pela utilização do veículo por seis (6) anos, e pela adoção da Tabela Fipe em relação ao valor do veículo. ACOLHIMENTO PARCIAL. Cerceamento de defesa não configurado. Prova documental necessária e suficiente para o exame da causa. Vício na manifestação da vontade dos autores, para a realização do negócio jurídico, que foi bem demonstrado. Omissão da ré quanto à origem do veículo, que foi adquirido sinistrado em leilão. Circunstância que reflete desvalorização quanto ao preço para efeito de comercialização. Anulação do negócio que deve levar em consideração o período de utilização do veículo pelos autores. Devolução da quantia correspondente ao preço médio do veículo indicado na Tabela Fipe no ato da devolução do bem à Loja de Revenda, com correção monetária a contar da data da compra e venda e juros de mora a contar da citação. Sentença parcialmente reformada. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.* 
Vistos. 
O MM. Juiz “a quo” proferiu a r. sentença apelada, 
decidindo “in verbis”: “JULGO PROCEDENTE EM PARTE a ação de 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo
Apelação nº 0024239-35.2013.8.26.0577 - São José dos Campos - VOTO Nº 3/8
rescisão de contrato de compra e venda de veículo usado, para rescindir a 
compra e venda do veículo mencionado na inicial. Também, para condenar o 
réu a devolver a parte autora o preço quitado, na importância de R$ 
28.000,00, corrigido desde a data do pagamento e com juros legais de mora 
de 1% ao mês da citação.Pelo princípio da causalidade e a sucumbência em 
parte menor, vencido o réu responderá integralmente pelas custas e despesas 
processuais, além da verba honorária advocatícia, fixada em 10% do valor 
da condenação atualizada” (fls. 93/96).
A sentença foi proferida no dia 05 de julho de 
2016, sob a égide do Código de Processo Civil de 2015 (fl. 96).
Inconformada, apela a ré, visando à anulação da 
sentença por cerceamento de defesa, para a produção de prova oral, 
pugnando no mais pela reforma da sentença para a total improcedência, com 
pedido subsidiário de ressarcimento pela utilização do veículo por seis (6) 
anos, e pela utilização da Tabela Fipe quanto ao valor do veículo e não do 
valor da época da aquisição (fls. 102/110). 
Anotado o Recurso (fl. 113), os autores 
apresentaram contrarrazões pugnando pela manutenção da sentença (fls. 
116/127). Após, os autos subiram para o reexame (fl. 130).
É o relatório, adotado o de fl. 93/96.
Conforme já relatado, o MM. Juiz “a quo” proferiu 
a r. sentença apelada, decidindo “in verbis”: “JULGO PROCEDENTE EM 
PARTE a ação de rescisão de contrato de comprae venda de veículo usado, 
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Apelação nº 0024239-35.2013.8.26.0577 - São José dos Campos - VOTO Nº 4/8
para rescindir a compra e venda do veículo mencionado na inicial. Também, 
para condenar o réu a devolver a parte autora o preço quitado, na 
importância de R$ 28.000,00, corrigido desde a data do pagamento e com 
juros legais de mora de 1% ao mês da citação.Pelo princípio da causalidade 
e a sucumbência em parte menor, vencido o réu responderá integralmente 
pelas custas e despesas processuais, além da verba honorária advocatícia, 
fixada em 10% do valor da condenação atualizada” (fls. 93/96).
A Apelação foi apresentada e processada sob a égide 
do Código de Processo Civil de 2015 e comporta conhecimento, porquanto 
observados os requisitos de admissibilidade no tocante (v. artigos 1.009 e 
seguintes do Código de Processo Civil de 2015).
Ao que se colhe dos autos, os autores adquiriram o 
veículo Kia Picanto, placas LRP-1930, ano 2006 e modelo 2007, chassi 
KNABA24327T389536, da Loja de Revenda Orlando Martins Veículos pelo 
preço de R$ 28.000,00, no dia 01 de outubro de 2009. Consta que no mês de 
fevereiro de 2013 os autores tentaram revender o veículo a terceiros, mas a 
proposta foi recusada em razão da constatação de que o veículo era produto 
de leilão, o que foi confirmado por Vistoria em 20 de março de 2013. 
Recusado o desfazimento do negócio pela Loja vendedora, os autores 
providenciaram a lavratura do Boletim de Ocorrência nº 754/2013 no 7º 
Distrito Policial São José dos Campos (fls. 25/27). Daí a Ação, com pedido 
de desfazimento do contrato e restituição dos valores pagos, além da 
condenação da ré no pagamento de indenização moral (fls. 2/11 e 23/35). 
A arguição de cerceamento de defesa por privação 
da prova oral deve ser afastada. Com efeito, essa prova era de todo 
desnecessária ante a prova documental trazida aos autos por ambas as partes, 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo
Apelação nº 0024239-35.2013.8.26.0577 - São José dos Campos - VOTO Nº 5/8
bem ainda em vista da natureza da matéria em discussão (v. artigos 355, 
inciso I, 370 e 371 todos do Código de Processo Civil de 2015).
 Em relação ao pedido de desfazimento do negócio, 
a prova dos autos confirma que a Loja ré vendeu o veículo aos autores em 01 
de outubro de 2009, pelo preço de R$ 28.000,00 (quase aquele previsto na 
Tabela Fipe - R$ 27.524,00, fl. 20), sem noticiar a existência de qualquer 
sinistro (fls. 25/27). No entanto, a documentação de fls. 28/35 revela que o 
carro já havia sofrido avaria significativa, tendo sido recuperado e 
comercializado em leilão.
De fato, a anterior ocorrência de sinistro constitui 
circunstância relevante para influir tanto na fixação do preço, como também 
na própria formalização do contrato. Conclui-se, pois, que os autores 
incorreram em erro substancial na celebração do negócio (v. artigos 138 e 
seguintes do Código Civil), o que viabiliza a pretendida rescisão. E, 
considerando tratar-se de relação de consumo, têm os autores, na condição de 
consumidores, a opção pelo desfazimento do negócio, “ex vi” do artigo 18 do 
Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90). 
Contudo, impõe-se relevar que os autores 
adquiriram o veículo em 01 de outubro de 2009, passando a utilizar o bem 
para o transporte visado até a atualidade. Bem por isso, a restituição do valor 
pago deve levar em conta a desvalorização do bem até a data da efetiva 
devolução do veículo à Loja vendedora.
Assim, considerando que os autores utilizaram 
regularmente o veículo por seis (6) anos seguidos e que, em razão de vício 
oculto, só houve o reflexo negativo do prejuízo, no momento da tratativa de 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo
Apelação nº 0024239-35.2013.8.26.0577 - São José dos Campos - VOTO Nº 6/8
venda com terceiro, tem-se como razoável o desfazimento do negócio com a 
devolução do valor correspondente ao preço médio do veículo na data da 
devolução do bem à Loja de Revenda, de acordo com a Tabela Fipe, com 
correção monetária pela Tabela Prática deste E. Tribunal a contar dessa 
devolução e juros de mora de um por cento (1%) ao mês a contar da citação, 
a modo de reposição das partes ao estado patrimonial anterior.
A propósito, eis a Jurisprudência:
0015971-57.2012.8.26.0405 Apelação / Compra e Venda Relator(a): Maria de Lourdes Lopez Gil Comarca: Osasco Órgão julgador: 36ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 04/02/2016 Data de registro: 04/02/2016 Ementa: BEM MÓVEL. Compra e venda de veículo sinistrado. Fato omitido pelos réus. Prazo decadencial não consumado. Vício de consentimento que gera a anulação do negócio jurídico. Inteligência do artigo 178, inciso II, do CC. Quantum indenizatório reduzido de R$ 10.000,00 para o valor correspondente, hoje, a 07 (sete) salários-mínimos - R$ 5.516,00 -, a fim de se ajustar à dimensão que a falta alcançou na esfera moral do Autor. Recurso parcialmente provido.
0013479-59.2011.8.26.0007 Apelação / Compra e Venda Relator(a): Carlos von Adamek Comarca: São Paulo Órgão julgador: 34ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 15/12/2016 Data de registro: 15/12/2016 Ementa: CIVIL COMPRA E VENDA DE VEÍCULO USADO AÇÃO DE RESCISÃO DE COMPRA E VENDA C.C. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS Vício oculto Veículo que seria "salvado" ou seja, sinistrado, recuperado e vendido em leilão Laudo elaborado por empresa especializada que comprovou a sua ocorrência Omissão de informação por parte do ré Prescindibilidade da análise da culpa da alienante Responsabilidade objetiva do fornecedor à luz do CDC Danos materiais consistentes na devolução das parcelas do financiamento pagos pelo autor, considerando-se o longo tempo de sua utilização pelo autor, o que implica na rescisão do contrato Contratos de compra e venda e financiamento coligados, uma vez que compõem a mesma operação econômica e não subsistem isoladamente Revendedora de veículos e instituição bancária parceiras comerciais Responsabilidade solidária caracterizada (art. 7º, par. ún., e art. 25, § 1º, ambos do CDC) Falha na prestação do serviço (arts. 14 CDC) Responsabilidade objetiva Risco da atividade Danos morais não caracterizados Situação que configurou mero dissabor e aborrecimento Improcedência do pedido com relação à ré-seguradora, condenando-se autor aos ônus da sucumbência Sucumbência recíproca com relação às demais corrés Recurso provido parcialmente.
0198671-77.2011.8.26.0100 Apelação / Compra e Venda Relator(a): Gilson Delgado Miranda Comarca: São Paulo Órgão julgador: 28ª Câmara de Direito Privado
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Apelação nº 0024239-35.2013.8.26.0577 - São José dos Campos - VOTO Nº 7/8
Data do julgamento: 24/11/2015 Data de registro: 01/12/2015 Ementa: BEM MÓVEL. Compra e venda de veículo. Automóvel sinistrado, arrematado em hasta pública, recuperado e vendido posteriormente. Vício oculto. Cerceamento de defesa não configurado. Desconhecimento do vício não afasta a responsabilidade da vendedora. Rescisão do contrato. Admissibilidade. Ré comprova o pagamento parcial das despesas realizadas pelo autor, devendo referida quantia ser abatida da condenação. Dano moral não caracterizado. Recurso principal parcialmente provido e não provido o adesivo.
0037872-54.2011.8.26.0005 Apelação / Compra e Venda Relator(a): Flavio Abramovici Comarca: São Paulo Órgão julgador: 35ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 11/04/2016 Data de registro: 11/04/2016 Ementa: ANULAÇÃO CONTRATOS DE COMPRA E VENDA DE VEÍCULO E DE FINANCIAMENTO Comprovado o vício do consentimento (erro) SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA, para reintegrar a Requerida BV Financeira na posse do veículo, para determinar a exclusão do nome da Autora dos cadastros de inadimplentes (confirmando a tutela antecipada), para anular os contratos de compra e venda e de financiamento (com garantia de alienação fiduciária), e para condenar a RequeridaBV Financeira ao pagamento da multa cominatória no valor de R$ 21.000,00 Valor da multa cominatória foi objeto de anterior Agravo de Instrumento (questão preclusa) RECURSOS (APELAÇÕES) DAS REQUERIDAS IMPROVIDOS
9116844-36.2007.8.26.0000 Apelação / Constrição / Penhora / Avaliação / Indisponibilidade de Bens Relator(a): Luis Fernando Nishi Comarca: São Paulo Órgão julgador: 32ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 29/11/2012 Data de registro: 30/11/2012 Outros números: 1142996100 Ementa: BEM MÓVEL COMPRA E VENDA DE VEÍCULO VÍCIO OCULTO Veículo Sinistrado - Automóvel recuperado - Vendido ao autor sem qualquer informação a respeito do vício oculto - Rescisão de contrato de compra e venda de veículo e de financiamento entabulado entre as partes. Negócio que não pode ser considerado como relações jurídicas distintas a possibilitar permaneça inalterado o contrato de financiamento firmado com a entidade financeira conveniada. Dano material comprovado. Devolução dos valores repassados em pagamento como corolário da recomposição ao status quo ante - Dano moral - Circunstância fática que supera o mero aborrecimento pelo ilícito contratual e permite a ofensa indenizável Quantificação que deve traduzir o exato benefício econômico postulado pelo autor Indenização devida a este título. DANO MORAL APELO DA RÉ E RECURSO ADESIVO DO AUTOR BUSCANDO A MAJORAÇÃO/REDUÇÃO DO VALOR FIXADO Montante que deve se revestir do caráter compensatório, sem prejuízo da índole pedagógica, razão porque não pode alcançar cifras irrisórias ou escorchantes Condenação da ré ao pagamento de indenização em valor arbitrado pelo juízo Razoabilidade e proporcionalidade atendidas Sentença mantida JUROS DE MORA TERMO INICIAL A partir da citação válida Inaplicabilidade da Súmula 54 do Superior Tribunal de Justiça Recursos improvidos, com observação.
0006866-94.2005.8.26.0019 Apelação / Coisas Relator(a): Clóvis Castelo Comarca: Americana Órgão julgador: 35ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 07/11/2011 Data de registro: 09/11/2011 Ementa: RELAÇÃO DE CONSUMO VENDA E COMPRA DE VEÍCULO VEÍCULO SEMINOVO RECUPERADO DE PERDA TOTAL - BEM ALIENADO POR REVENDEDORA RESPONSABILIDADE OBJETIVA INEXISTÊNCIA DE PROVA DE QUE REVENDORA TIVESSE CONHECIMENTO DE QUE O BEM 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo
Apelação nº 0024239-35.2013.8.26.0577 - São José dos Campos - VOTO Nº 8/8
POR ELA ALIENADO ERA VEÍCULO SINISTRADO COM PERDA TOTAL IRRELEVÂNCIA VEÍCULO RECONDICIONADO E EM BOAS CONDIÇÕES DE FUNCIONAMENTO E CONSERVAÇÃO IRRELEVÂNCIA VÍCIO OCULTO CAUSA DE GRANDE DEPRECIAÇÃO DO BEM - RESCISÃO DO CONTRATO OPÇÃO DO CONSUMIDOR - CDC, ARTS. 12 E 18 - RECURSO DESPROVIDO. Restando incontroverso que o veículo seminovo vendido ao consumidor pela revendedora ré é recuperado de acidente de trânsito, com perda total, responde a vendedora objetivamente pelo vício oculto existente no objeto do negócio celebrado, e cuja gravidade era suficiente para interferir negativamente no preço e até mesmo na celebração do negócio, facultando-se ao consumidor optar pela rescisão do negócio, nos termos dos arts. 12 e 18 do CDC. Irrelevante que o bem atualmente esteja em boas condições de uso, funcionamento e conservação, já que o desconhecimento da circunstância antecedente (histórico do veículo), de evidente importância, deita reflexos diretos negativos não só em futuros negócios envolvendo referido bem, como também com significativa redução do seu valor de mercado.
0001278-28.2009.8.26.0032 Apelação / Alienação Fiduciária Relator(a): Nestor Duarte Comarca: Araçatuba Órgão julgador: 34ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 08/09/2014 Data de registro: 18/09/2014 Ementa: Contratos de arrendamento mercantil e de compra e venda de veículo. Ilegitimidade passiva ad causam não verificada. Anulação do contrato e declaração de inexistência de débito. Cabimento. Vício de consentimento verificado. Dano moral caracterizado. Valor da indenização mantido. Termo inicial da correção monetária alterado. Ação de busca e apreensão extinta sem resolução de mérito. Erro grosseiro. Litigância de má-fé não verificada. Recurso da instituição financeira parcialmente provido e improvido o da alienante.
Impõe-se, pois, o acolhimento parcial do Recurso, 
para condenar a ré a pagar para os autores quantia correspondente ao preço 
médio do veículo na data da devolução do bem à Loja de Revenda, de acordo 
com a Tabela Fipe, com correção monetária a contar dessa devolução e juros 
de mora de um por cento (1%) ao mês a contar da citação, ficando mantidos 
os ônus sucumbenciais.
Diante do exposto, dá-se parcial provimento ao 
Recurso.
DAISE FAJARDO NOGUEIRA JACOT

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