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Para Hobbes, o Estado seria a expressão da vontade de todos, representada pela coisa pública consagrada em um

a) A sociedade política em Hobbes é instaurada por uma escolha racional em face do desaparecimento sentido privado de propriedade; b) O estado de beligerância, de todos contra todos, não é satisfatório para ninguém, justificando a realização de um pacto entre todos, dando origem ao Estado; c) A razão justifica o pacto, porque evita a luta e o medo, portanto fundamenta o poder do rei; d) A obediência a esse pacto, e ao poder que dele emerge, decorre de conferir a ele o poder de castigo e as armas para imposição;

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Murilo Miguel

obeigado pessoal
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LR

RESPOSTA CORRETA: b) O estado de beligerância, de todos contra todos, não é satisfatório para ninguém, justificando a realização de um pacto entre todos, sando origem ao Estado.

JUSTIFICATIVA: I) Por exclusão; II) Por conceituação.

I) Por exclusão:

A) Alternativa INCORRETA: a) A Sociedade política em Hobbes é instaurada por escolha racional em face do desaparecimento sentido privado de propriedade. Está incorreta no estado de natureza, anterior ao surgimento da sociedade política organizada em torno de um Estado, não havia a noção de justiça, e assim não poderia haver um ordenamento jurídico (lei/regra) onde a propriedade privada estaria estabelecida. Diante disso, o Estado não surge em virtude do desaparecimento da propriedade privada, o conceito de  propriedade apenas passa a existir quando a lei, e o Estado, passam a existir: “Para que as palavras ‘justo’ e ‘injusto’ possam ter lugar, é necessário alguma espécie de poder coercitivo, capaz de obrigar igualmente os homens ao cumprimento de seus pactos, mediante o terror de algum castigo que seja superior ai benefício que esperam tirar do rompimento do pacto, e capaz de fortalecer aquela propriedade que os homens adquirem por contrato mutuo, como recompense do direito universal a que renunciaram. E não pode haver tal poder antes erigir-se um Estado. (…) E onde não foi estabelecido um poder coercitivo, isto é, onde não há Estado, não há propriedade, pois todos os homens tem direito a todas as coisas. Portanto, onde não há Estado nada pode ser injusto. De modo que a natureza da justiça consiste no cumprimento dos pactos válidos, mas a validade dos pactos só começa com a instituição de um poder civil suficiente para obrigar os homens a cumpri-lo, e é também ai que começa a haver propriedade.” (HOBBES, 1988: 86).

C) Alternativa INCORRETA: c) A razão justifica o pacto, porque evita a luta e o medo, portanto fundamenta o poder do rei. Está incorreta pois, apesar de Hobbes defender como ideal um governo Absolutista (desde que não teológico), o autor admite diversas outras formas de organização (governo) do Estado, não necessariamente centralizada na figura do Rei: “A diferença entre governos consiste na diferença do soberano, ou pessoa representante de todos os membros da multidão. Dado que a soberania reside em um homem ou em uma Assembleia de mais de um, e que tal Assembleia ou todos têm o direito de participar, ou nem todos, mas apenas certos homens distinguidos dos restantes, torna-se evidente que só pode haver três espécies de governo. Porque o representante é necessariamente um homem ou mais de um, e caso seja mais de um a Assembleia será de todos ou apenas de uma parte. Quando o representante é só homem, o governo chama-se uma monarquia. Quando é uma Assembleia de todos os que se uniram, é uma democracia, ou governo popular. Quando é uma Assembleia apenas de uma parte, chama-se uma aristocracia. Não pode haver outras espécies de governo, porque o poder soberano inteiro (que já mostrei ser divisível) tem que pertencer a um ou mais homens, ou a todos.” (HOBBES, 1988: 114).

D) Alternativa INCORRETA: d) A obediência a esse pacto, e ao poder que dele emerge, decorre de conferir a ele o poder de castigo e as armas para a imposição. Está incorreta porque a obediência ao pacto não se trata da transferência de um poder coercitivo, e sim da transferência mutua de direitos com base em uma relação de confiança. A prerrogativa do pacto firmado entre os homens não é a da transferência da força individual, ou seja, da capacidade de se defender, e da obrigatoriedade a se submeter ao castigo: “Um pacto em que eu me comprometa a não me defender da força pela força é sempre nulo. Porque (...) ninguém pode transferir ou renunciar a seu direito de evitar a morte, os ferimentos ou o cárcere (o que é o único fim da renúncia ao direito), portanto a promessa de não resistir à força não transfere qualquer direito em pacto algum, nem é obrigatória. Porque embora se possa fazer um pacto nos seguintes termos: Se eu não fizer isto ou aquilo, mata-me; não se pode fazê-lo nesses termos: Se eu não fizer isso ou aquilo, não te resistirei quando vieres matar-me.” (HOBBES, 1988: 84).

 

II) Por conceituação.

B) Alternativa CORRETA: b) O estado de beligerância, de todos contra todos, não é satisfatório para ninguém, justificando a realização de um pacto entre todos, sando origem ao Estado. Está correta porque assim como há um estado de natureza de guerra do homem contra o homem, há também uma lei natural, fruto da razão do homem. A condição do homem, como detentor de todos os seus direitos, diante de outros homens que também detém todos os seus direitos, e cada um assim se autogovernando segundo a própria razão individual, é a condição mesma de guerra do homem contra o homem. A constante ameaça contra a próprio a segurança impossibilita a vida, “não poderá haver para nenhum homem (por mais forte e sabia que seja) a segurança de viver todo o tempo que geralmente a natureza permite aos homens viver” (HOBBES, 1988: 78). Racionalmente o homem deseja se manter vivo, usufruindo os frutos de seu trabalho, assim a “razão sugere adequadas normas de paz, em torno das quais homens podem chegar a acordo.” (HOBBES, 1988: 77). Neste estado de natureza, de guerra do homem contra o homem, onde tende-se a paz afim de garantir a sobrevivência, a lei na natureza, gerada pela razão do homem, determina que “Que todo homem deve esforçar-se pela paz, na medida em que tenha esperança de consegui-la, e caso não a consiga pode procurar e usar todas as ajudas e vantagens da Guerra. A primeira parte dessa regra encerra a lei primeira e fundamental da natureza, isto é, procurar a paz, e segui-la. A segundo encerra a suma do direito de natureza, isto é, por todos os meios que pudermos, defendermo-nos a nós mesmos.” (HOBBES, 1988: 78). Neste estado de natureza, diante dessa lei da natureza, por acordo/pacto entre os homens, gera-se um contrato social: “Desta lei fundamental de natureza, mediante a qual se ordena a todos os homens que procurem a paz, deriva esta segundo lei: Que um homem concorde, quando outros também o façam, e na medida em que tal considere necessário para a paz e para a defesa de si mesmo, em renunciar a seu direito a todas as coisas, contentando-se, em relação aos outros homens, com a mesma liberdade que as outros homens permite em relação a si mesmo.” (HOBBES, 1988: 79); “A transferência mútua de direitos é aquilo a que se chama de contrato.” (HOBBES, 1988: 80); “Por outro lado, um dos contratantes pode entregar a coisa contratada por seu lado, permitindo que o outro cumpra a sua parte num momento posterior determinado, confiando nele até lá. Nesse caso, da sua parte o contrato se chama pacto ou convenção. Ambas as partes podem também contratar agora para cumprir mais tarde, e nesse caso, dado que se confia naquele que deverá cumprir sua parte, sua ação se chama observância da promessa, ou fé; e a falta de cumprimento (se for voluntária) chama-se violação da fé.” (HOBBES, 1988: 80).  O contrato que firma o pacto entre os homens, trata-se em de uma transferência mútua de direitos, baseada em uma relação (acordada) de confiança, ou seja, de uma promessa a ser obrigatoriamente cumprida, onde cada parte deve abrir mão do direito natural de possuir seu próprio poder natural, “de usar seu próprio poder, de maneira que quiser, para a preservação se sua própria natureza, ou seja, se sua vida; e consequentemente de fazer tudo aquilo que seu próprio julgamento e razão lhe indiquem como meios adequados a esse fim” (HOBBES, 1988: 70), e se por ocasião, uma das partes quebrar este pacto, ela o faz por má fé. Ao abrir mão de seu direito natural, ou seja, de seu próprio poder, espera-se receber em troca a paz, e por paz compreende-se a permanência da existência e a possibilidade de conquistar uma vida confortável mediante o próprio trabalho. Nesta teoria hobbesiana, durante o estado de natureza, que é o de guerra, o conceito de justiça não existe, “Porque sem um pacto anterior não há transferência de direito, e todo homem tem direito a todas as coisas, consequentemente nenhuma ação pode ser injusta. Mas, depois de celebrado um pacto, rompê-lo pe injusto. E a definição de injustiça não é outra senão o não cumprimento de um pacto. E todo que não é injusto é justo.” (HOBBES, 1988: 86). A justiça como conceito apenas surge mediante a busca pela paz, pois para atingi-la leis são necessárias, “Os desejos e outras paixões do homem não são em si mesmos um pecado. Nem tampouco o são as ações que derivam dessas paixões, até ao momento em que se tome conhecimento de uma lei que as proíba; o que será impossível até ao momento em sejam feitas as leis; e nenhuma lei pode ser feita antes de se ter determinado qual a pessoa que deverá faze-la.” (HOBBES, 1988: 79). A noção de justiça não é inaugurada nos pactos, e sim nas leis da natureza. Para tornar a vida possível é necessário buscar a paz. A paz, por outro lado, demanda regras/leis. Com o pacto determina-se em realidade o que é injusto, tornando todo o resto justo “Daquela lei da natureza pela qual somos obrigados a transferir aos outros aqueles direitos que, ao serem conservados, impedem a paz da humanidade, segue-se uma terceira: Que os homens cumpram os pactos que celebram.” (HOBBES, 1988: 86). Havendo a necessidade de estabelecer a lei e a justiça entre os homens, há necessidade de fazê-la cumprir, e isso significa dizer que um poder coercitivo, um poder de controle deve ser estabelecido. Assim surge o Estado, um poder civil dotado da capacidade de coerção,  “Para que as palavras ‘justo’ e ‘injusto’ possam ter lugar, é necessário alguma espécie de poder coercitivo, capaz de obrigar igualmente os homens ao cumprimento de seus pactos, mediante o terror de algum castigo que seja superior ao benefício que esperam tirar do rompimento do pacto, e capaz de fortalecer aquela propriedade que os homens adquirem por contrato mutuo, como recompense do direito universal a que renunciaram. E não pode haver tal poder antes erigir-se um Estado. (…) E onde não foi estabelecido um poder coercitivo, isto é, onde não há Estado, não há propriedade, pois todos os homens tem direito a todas as coisas. Portanto, onde não há Estado nada pode ser injusto. De modo que a natureza da justiça consiste no cumprimento dos pactos válidos, mas a validade dos pactos só começa com a instituição de um poder civil suficiente para obrigar os homens a cumpri-lo, e é também ai que começa a haver propriedade.” (HOBBES, 1988: 86).

 

Referência bibliográfica:

HOBBES, Thomas. Leviatã: Matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. (Volumes I e II).

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Saminha Nunes

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