Quais as garantias constitucionais que fundamentam o processo coletivo?

São várias, no entanto, há as principais que são o contraditório e ampla defesa, citadodos no artigo 5º, inciso LV(55). Aliás, pode-se até acrescentar que GARANTIAS é diferente de Direito, uma vez que, por exemplo: HC é uma espécie de ação que GARANTE o Dir. de locomoção contra abuso de autoridades, mas é apenas uma forma de garantia. Ou seja, no caso de um liticonsórcio, em que pesa um Direito COLETIVO (diferente de difuso, que é de todos sem discriminação, ex: meio ambiente) como de uma classe trabalhista, fundamenta o processo o fato de pertencer, com inclusive meio hábil probante, a tal classe que detêm o Direito Coletivo supramencionado.

O processo coletivo é um sistema processual sui generis, com regras e princípios próprios.

Desde a Constituição Federal de 1988, no entanto, seu âmbito de incidência cresceu juntamente com a legitimidade para propor ações coletivas na defesa desses direitos, concedido não só ao Ministério Público, mas também à Defensoria Pública.

O inciso LXXIV do artigo 5º da Constituição Federal dispõe sobre a obrigação da prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. Em cumprimento ao dispositivo, portanto, foram criadas as Defensorias Públicas, com fundamento ainda no artigo 134 da Constituição Federal, eivadas da função constitucional de orientar juridicamente os necessitados, defender seus direitos individuais e coletivos, em todos os graus, judicial e extrajudicialmente.

Entre os princípios gerais do processo aplicados ao processo coletivo estão o acesso à justiça, a universalização da jurisdição, o contraditório, a boa-fé, a economia processual, a instrumentalidade das formas e dos atos processuais, a flexibilização do processo, a proporcionalidade e a razoabilidade.

Do princípio do devido processo legal coletivo surgem os demais, como o princípio da representatividade adequada, o da ampla divulgação da demanda coletiva, da não taxatividade, da extensão subjetiva e transporte da coisa julgada.

O princípio da representatividade prega que, em que pese a defesa das coletividades seja feita por substitutos processuais em juízo, ela deve se dar de maneira efetiva. Ou seja, não é autorizado prejuízo para as partes em decorrência de má atuação no processo.

O princípio da ampla divulgação da demanda coletiva visa publicizar a existência de referida demanda coletiva, para evitar que cresça o número de ações com o mesmo objeto e para que as já existentes possam ser suspensas até a decisão do processo coletivo.

O princípio da não taxatividade da ação coletiva ou princípio da atipicidade está insculpido no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal, no art. 83 do Código de Defesa do Consumidor e no art. 21 da Lei da Ação Civil Pública.

Art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

Pelas normas do ordenamento jurídico, não haverá lei que exclua lesão ou ameaça a direito da apreciação pelo Poder Judiciário.

Por fim, o princípio da extensão subjetiva e o transporte da coisa julgada é aquele que determina ser a extensão do resultado do processo permitida apenas para beneficiar a parte. Está previsto no art. 103 do Código de Defesa do Consumidor.

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:

III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.

§ 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.