A teoria da perda de uma chance possibilita a reparação de danos nos casos em que há nitidamente a inibição, por culpa de outrem, de um fato esperado pela vítima, impedindo-a também de aferir um benefício consequente daquela ação (ou evitar uma desvantagem). Deste modo, a vítima garante a obtenção da reparação por parte do causador do dano, haja vista uma expectativa ter sido frustrada por ele.
No Brasil, o caso emblemático deste tema foi o REsp 788.459/BA, do ano de 2005, no qual a autora alegava ter perdido a chance de ganhar 1 milhão de reais no programa "Show do Milhão", em razão da pergunta final não ter resposta correta. O julgado considerou a teoria da perda de uma chance para condenar a ré ao pagamento de indenização, porquanto restou demonstrado que a autora de fato havia perdido a oportunidade de vencer o programa e levar o prêmio por culpa da ré que elaborou pergunta sem resposta.
A teoria da perda de uma chance, portanto, constitui situação em que a prática de um ato ilícito ou o abuso de um direito impossibilita a obtenção de algo que era esperado pela vítima, seja um resultado positivo ou não ocorrência de um prejuízo, gerando um dano a ser reparado.
(fonte: http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI245438,31047-Aspectos+gerais+sobre+a+teoria+da+perda+de+uma+chance+quando+uma )
Em regra, não haveria falar em ressarcibilidade diante de um dano eventual, já que a responsabilidade civil decorre da geração de um dano certo. Entretanto, quando estivermos diante de hipótese de perda de uma chance, ou seja, quando houver extrema probabilidade de êxito e ganho de vantagem, se a vítima sofrer a perda dessa chance, deverá ser indenizada.
Arrola-se como requisitos para a aplicação da teoria da perda da chance:
O agente responde por ter privado o paciente da chance, e não pelo resultado para o qual sua conduta pode ter contribuído. Assim, deve haver uma redução proporcional na fixação da indenização, no que tange à comparação com a do próprio bem perdido.
Podemos citar como exemplo o advogado que perde um prazo por negligência. É preciso fazer uma detida análise das reais possibilidades de êxito do processo, eventualmente perdidas em razão da desídia.
Igualmente, no óbito por erro médico, deve haver ponderação quanto ao valor do bem perdido e da indenização, por haver incerteza quanto à participação do médico nesse resultado, à medida em que, em princípio, o dano é causado por força da doença, e não pela falha de tratamento.
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