Teoria Comportamental

DESAFIO Participação em todos os níveis: nas equipes autogerenciáveis, os empregados têm autonomia para decisões estratégicas. Imagine um empregado decidindo sobre a necessidade ou não de horas extras para se cumprir um plano de trabalho. Ele também pode interferir no controle de estoque e de matéria-prima, na manutenção de equipamentos e em outros problemas operacionais, até mesmo na parada da produção, quando detectar algum problema de qualidade. Do chão de fábrica da Pepsico, em Sete Lagoas, os empregados participam de tudo e têm autonomia para tomar uma série de decisões estratégicas que, normalmente, não seriam de sua alçada. “Resolvemos ampliar o sentido de trabalho em equipe, dando autonomia e poder a cada empregado”, afirma José Chaves de Souza, gerente industrial da fábrica da Pepsico. “Quando eles se sentem donos do negócio e têm satisfação no trabalho, os resultados para a empresa e para cada um, individualmente, são sempre os melhores." É esse estilo de trabalhar que faz dos empregados chão de fábrica um Time Autogerenciável (TAG). Eles também são responsáveis pela decisão sobre o abono de faltas, o cronograma de férias, a avaliação de desempenho, a contratação e até sobre a demissão de pessoal. José Chaves explica que esse sistema de gestão nasceu com a fábrica de Sete Lagoas, em 2000, e hoje serve de exemplo para as outras unidades da empresa espalhadas pelo Brasil. “Estamos montando outros times autogerenciáveis, que também vão atuar com grande poder de decisão. Pode parecer fictício para muita gente, mas a experiência tem mostrado que fazer isso é mais fácil do que se imagina, e os resultados, como podemos constatar, são 20% melhores que em outros sistemas de gestão adotados pela empresa.” Delegando mais responsabilidades, o grupo deixa de ser um simples “apertador de botão”. Aliás, no próprio chão de fábrica a estrutura da empresa se repete. “Temos entre nós um representante do setor de RH, de comunicação, de manutenção etc. É um sistema totalmente diferente do que eu havia visto em outras empresas. A gente trabalha melhor, participa das metas e dos resultados”, comenta Alysson Carvalho Chaves, operador multifuncional. Segundo ele, o trabalho em uma equipe autogerenciável deixa o profissional mais motivado. “A gente também se sente dono do negócio”, diz. Os profissionais da fábrica que será inaugurada em outubro, no Nordeste, por exemplo, foram contratados em fevereiro e estão se preparando, desde então, para integrar esse novo modelo de gestão já adotado em Sete Lagoas. Os operadores tiveram cursos de treinamento de responsabilidades, missão e valores, integração e RH, qualidade, empacotamento, limpeza, embalagens e aromas, informática, SAC, entre outros, incluindo viagens às outras fábricas. Se o profissional está satisfeito, a empresa só tem a ganhar. Com a implantação do TAG, melhorou a comunicação, foi reduzido o turnover e o absenteísmo, as paradas de fábrica por problemas de manutenção se reduziram em 30% e foi registrada queda de 60% do tempo de troca dos equipamentos. “O sentimento de trabalho em equipe, na última pesquisa de clima realizada, atingiu 79%”, constata José Chaves. OPORTUNIDADES Na opinião de Glória Meirelles, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Minas Gerais, motivação é mesmo fundamental. Segundo ela, para motivar alguém é preciso, acima de tudo, ouvir bastante e proporcionar às pessoas a oportunidade de fazerem parte do processo decisório. É muito importante delegar tarefas e também reconhecer os resultados positivos e o esforço de cada um, mesmo quando as metas não forem alcançadas. Motivar só no discurso também não adianta. As empresas, de forma geral, têm que oferecer mais do que salários competitivos. Um bom pacote de benefícios diretos e indiretos torna-se extremamente necessário. Em uma empresa que tem o foco em cargos e salários, a remuneração (salário mais benefícios) será um fator motivador até sua saturação. Isso ocorrerá quando as perspectivas funcionais forem atingidas. Uma vez supridas as necessidades de uma boa remuneração, ela perde o seu foco, e o que passa a fazer diferença são outras variáveis de motivação. Criar a possibilidade de profissionais compartilharem seus valores, participarem missões importantes, dar condições de desenvolverem suas potencialidades, e ver seu desempenho reconhecido e recompensado é fundamental para tornar os funcionários automotivados, movidos a concretizar projetos. E nenhuma equipe consegue atingir um bom nível de motivação sem uma liderança competente. “Um bom líder desenvolve as pessoas, fortalece seus pontos fortes, cria um ambiente de trabalho favorável”, explica Glória. Para se conseguir o tão almejado sucesso também é fundamental, na opinião da consultora Jacqueline Alves de Souza, que se pense o empregado como o verdadeiro protagonista de mudanças. “Quanto mais envolvido na estrutura e mais bem informado, mais orgulho e motivação ele terá para desenvolver seu trabalho”, considera. Questões: a) O que tem motivado mais os trabalhadores? b) A formação de um Time Autogerenciável pode ser entendida como a formação de um grupo informal? Justifique.