Amaneira segundo a qual a teoria psicanalítica concebe a Natureza – a natureza externa e a natureza humana – mudou significativamente ao longo da obra de Freud, e sofreu uma profunda inflexão na obra de um dos principais autores pós-freudianos: Donald Winnicott. No início da obra freudiana, o pano de fundo da elaboração do pensamento psicanalítico foi a concepção que o paradigma moderno construíra sobre a Natureza, pensada conforme a metáfora da máquina, divorciada do homem, em suma, objeto de dominação. Esta perspectiva sofreu ao longo do trabalho de Freud um processo de erosão, sem no entanto ser substituída. As descobertas freudianas, entretanto, tornaram evidente a impertinência dos pressupostos dessa concepção, o que permitiu a Winnicott – articulando-as e desenvolvendo-as – veicular uma outra concepção de natureza, pensada como um ser vivo e autocriativo. Compreender este rico processo exige introduzir a discussão de algumas questões referidas à construção do conhecimento, o que tentarei fazer a seguir de maneira sumária. A concepção da Natureza – forjada pelo paradigma moderno a que me referi no parágrafo precedente – não foi o resultado de novos conhecimentos sobre a natureza, mas de uma nova atitude vis-à-vis esta. Isto significa que a concepção do homem e da natureza, bem como das relações entre eles, tornada hegemônica
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