Em um processo de disputa de guarda, Carlinhos está sob a guarda de sua mãe, Gabriela. Seu pai, Antônio Carlos, acusa Gabriela de alienação parental, pois ela supostamente estaria impedindo seus contatos com Carlinhos. Antônio contrata um psicólogo enquanto assistente técnico, para formular quesitos ao psicólogo perito, objetivando que sejam respondidos por meio da avaliação pericial. O perito depara-se então com o seguinte quesito: “Na opinião do perito, quais transtornos emocionais poderiam ser apresentados por uma criança acometida pela síndrome da alienação parental (SAP), conforme proposta por Gardner”? Ante o quesito que se apresenta, qual deveria ser a postura do psicólogo perito?
Induzido pelo ideário privatista a atuação do psicólogo dentro do processo muitas vezes se limita às tarefas de esclarecer, permitir a compreensão, favorecer a escuta, no conhecimento de aspectos desconhecidos, explicitar aspectos do indivíduo. Esse é, portanto, um campo dominado pela psique humana em relação a qual os Psicólogos possuem intensa intimidade.
Outras vezes, nota-se que as idéias desse autor aparecem distorcidas nas publicações nacionais, nas quais os autores, sem mencionar estudos ou pesquisas científicas por eles realizadas, fazem acréscimos teóricos aos escritos de Gardner sobre a nomeada síndrome. Constatou-se que, em seus argumentos sobre a SAP, os autores nacionais priorizam a punição dos genitores que supostamente teriam induzido os filhos a desenvolverem tal síndrome. Ao mesmo tempo, esses autores não levam em consideração diversos aspectos que atravessam o contexto da separação conjugal, como a construção sócio-histórica dos papéis parentais, o tratamento legal dispensado a homens e mulheres ao longo do tempo, as relações de gênero, dentre outros. Concluiu-se, no estudo, que o exame dos comportamentos e das relações familiares nas situações de litígio conjugal não deve ser realizado por um viés psiquiátrico, que prioriza a identificação de categorias diagnósticas, mas por uma perspectiva sócio-histórica, que não opõe indivíduo e sociedade, e entende que os atores sociais se constituem no interior da história. Assim, considera-se que, da maneira como os discursos sobre a SAP vêm sendo propagados no cenário nacional, correse o risco de o debate sobre a igualdade de direitos e deveres entre pais separados, bem como sobre o direito de crianças e jovens à convivência familiar, ser esmaecido, perdendo perspectivas políticas, uma vez que as causas do afastamento do genitor não-guardião são interpretadas exclusivamente por aspectos individuais.
Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta
Compartilhar