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Qual é a diferença entre Professor bilíngue e Intérpretes de Língua de Sinais Brasileira?

💡 2 Respostas

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Mari Marcos Vieira

O bilinguismo visa dar capacitação à pessoa com surdez, utilizando das duas línguas: a língua de sinais e a língua da comunidade ouvinte. A partir do Decreto 5626/05, que regulamentou a lei da Libras (Língua Brasileira de Sinais) os surdos passaram a ter direito ao conhecimento por meio dessa língua; o português é usado na modalidade escrita, como segunda língua, e a educação dos mesmos passou a ser bilíngue.

Conforme Skliar (2003), ao longo da história o surdo foi considerado visto sob conceitos e representações acerca da surdez; dessa forma, ele sofreu por ser considerado deficiente e incapaz.

Os professores recebem uma preparação rápida, mas muito necessária, sobre a forma mais adequada para ensinar os alunos surdos em sala regular de ensino, pois a grande maioria desses professores não possui nenhuma capacitação em Libras.

Segundo Brito (1993), através do bilinguismo espera-se que o surdo tenha a comunicação fluente na sua língua materna (língua de sinais) e na língua oficial de seu país; por meio da língua de sinais o aluno surdo terá desenvolvimento linguístico e cognitivo, seu aprendizado será facilitado com o apoio da leitura e compreensão do mundo onde ele vive.

Quando me refiro ao bilinguismo, não estou estabelecendo uma dicotomia, mas sim reconhecendo as línguas envolvidas no cotidiano dos surdos, ou seja, a Língua Brasileira de Sinais e o Português no contexto mais comum do Brasil. (QUADROS, 2000, p.54).

Quando pensamos em educação de surdos, surgem vários questionamentos que suscitam a dúvida se a experiência é inclusiva ou se é apenas uma vivência que se associa à exclusão. Desse modo, o que há é uma imagem de integração com a realidade exclusiva, mas o aluno surdo não experimenta a interação social e nem efetiva com o grupo onde está inserido.

O Bilinguismo na área da surdez propõe um espaço efetivo para que a língua de sinais seja utilizada no trabalho educacional, propondo que sejam ensinadas duas línguas à criança surda: a língua de sinais por ser sua língua natural e a língua oficial do país (no caso do Brasil, a Libras – Língua Brasileira de Sinais e o Português). (LACERDA, 1998, p. 163-184)

A inclusão refere-se a portadores de necessidades educativas especiais, no Brasil, e nela se enquadram os sujeitos surdos, que usam a capacidade de linguagem e a habilidade de adaptá-la.

Postos à margem das questões sociais, culturais, e educacionais os surdos muitas vezes não são vistos pela sociedade por suas potencialidades, mas pelas limitações impostas por sua condição. São definidos como deficientes e, portanto incapazes, isso acontece por causa de um atraso na aquisição da linguagem que os surdos têm no seu desenvolvimento, já que, na maioria das vezes, o acesso a ela é inexistente. (ARAÚJO apud QUADROS, 2012)

A sociedade não vê os surdos com capacidade de trabalho ou de estudos; eles são vistos como pessoas deficientes, incapazes de fazer algo, por causa de suas limitações e porque eles apresentam dificuldade linguística e de desenvolvimento.

Nesse sentido, Quadros (2000) contribui dizendo que o bilinguismo não estabelece uma dicotomia, mas reconhece as duas línguas envolvidas na educação dos surdos, no contexto mais comum do Brasil.

A língua de sinais preenche as mesmas funções que a linguagem falada tem para os ouvintes. Como ocorre com crianças ouvintes, espera-se que a língua de sinais seja adquirida na interação com usuários fluentes da mesma, os quais, envolvendo as crianças surdas em práticas discursivas e interpretando os enunciados produzidos por elas, insiram-se no funcionamento dessa língua. (PEREIRA, 2000).

Na educação de surdos, a Libras tem as mesmas funções que a língua falada para os ouvintes. Do mesmo modo que acontece com os ouvintes, os surdos adquirem a mesma fluência se envolvendo nas práticas discursivas, inserindo-se no funcionamento da língua.

O importante é a interação entre as duas línguas, para que a criança cresça, desenvolvendo suas capacidades cognitivas, linguísticas, afetivas e políticas, independentemente do espaço escolar no qual está inserida. Para isso, é necessário conhecer os sujeitos na sua singularidade linguística e reconhecer que os alunos surdos precisam de uma educação específica. O ideal, é que o surdo adquira primeiro a língua de sinais e, depois a língua portuguesa para que facilite a sua compreensão, uma vez que o aprendiz da segunda língua utiliza a primeira como estratégia da aprendizagem. (KUBASKI & MORAES, 2009, p.14).

A escola amplia a comunidade surda, sua cultura e a sua identidade, enfatizando que é nesse espaço de aquisição de uma língua efetiva que se promove o desenvolvimento cognitivo da criança. A presença da Libras na sala de aula é de responsabilidade do intérprete da língua, que, embora não tenha sua função não muito bem esclarecida, ela se acrescenta ao de outros profissionais de apoio educacional.

De acordo com Lerner (2002), o desafio que a escola encara é de conseguir que todos os seus alunos estejam próximos de se tornarem membros da comunidade de leitores e escritores. O bilinguismo estabelece uma relação entre o adulto e a criança, possibilitando a construção de uma autoimagem positiva como sujeito surdo, para não perder a possibilidade de integração com a comunidade de ouvintes.

Para Quadros e Perlin (2007):

“O processo de alfabetização de uma criança surda deveria ser em um contexto de entendimento da língua portuguesa como segunda língua, gerando uma possível leitura do mundo, mas a leitura de mundo precisa acontecer por meio da língua de sinais. Isto é, só através da língua as crianças pensam e discutem sobre o mundo estabelecendo noções e organizando pensamentos, sendo delineado o processo de alfabetização com base na descoberta da própria língua.”

Garantindo a ideia de que um surdo somente irá adquirir a Libras e por consequência a Língua Portuguesa, a educação bilíngue vem amparando as escolas onde acontece essa educação. Como aprendizes da segunda língua, os surdos utilizam os conhecimentos linguísticos da sua língua materna como estratégia de aprendizagem.

 4.1 O INTÉRPRETE DE LIBRAS

O profissional que interpreta, traduz e faz a ligação da mensagem da língua falada para a língua de sinais é o tradutor/intérprete de Libras, permitindo, desse modo, a comunicação entre as duas culturas distintas. A função desse profissional é de intermediação e interação comunicativa entre o surdo e a pessoa ouvinte.

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Segundo Quadros (2004, p. 27), “o tradutor/intérprete de Libras é o profissional que interpreta e traduz a mensagem de uma língua para outra de forma precisa, permitindo a comunicação entre duas culturas distintas”.

O intérprete de Libras precisa ter condições de entender, formular e sinalizar todas as informações que são passadas pelo professor regente. Para isso, é indispensável que haja planejamento, ou seja, que se estabeleça um tempo para organizar todas as informações que serão transmitidas ao aluno surdo por meio da linguagem de sinais.

A perspectiva da interação é de uma atividade interativa dinâmica. As questões nesse sentido são: como todos os participantes estão elaborando o sentido sobre o que estão falando? O que eles estão fazendo ao falar? Esta interação é uma atividade em que os participantes determinam a cada minuto o significado de alguma coisa que é dita. Essa atividade envolve um ato interpretativo baseado na experiência dos participantes em situações similares, bem como o conhecimento gramatical e lexical (QUADROS, 2003, p. 80).

A tradução/interpretação pode não ser entendida pelo surdo, nesse caso, muitas vezes, devido à falta de conhecimento linguístico suficiente do intérprete, ou mesmo do conteúdo a ser passado. Então, para que haja compreensão sobre o conteúdo que vai ser transmitido em sala de aula, é necessário que o profissional tradutor tenha acesso a ele com antecedência e consiga desempenhar com eficácia seu trabalho, possibilitando a compreensão do surdo em relação ao assunto passado em aula.

Mesmo com a presença do intérprete de Libras em sala de aula, não se tem uma inclusão garantida, tendo em vista que existem outras atitudes necessárias para que o aluno surdo seja atendido adequadamente, adaptando-se à grade curricular, com aspectos didáticos e metodológicos voltados às suas necessidades, melhorando seu aprendizado e conhecimentos sobre a surdez e sobre a língua de sinais.

No contexto da sala de aula,

O intérprete precisa poder negociar conteúdos com o professor, revelar suas dúvidas, as questões do aprendiz e por vezes mediar à relação com o aluno, para que o conhecimento que se almeja seja construído. O incômodo do professor frente à presença do intérprete pode levá-lo a ignorar o aluno surdo, atribuindo ao intérprete o sucesso ou insucesso desse aluno (LACERDA, 2002, p. 123).

O responsável pelo conhecimento a ser transmitido é sempre o professor das disciplinas, por ser ele o conhecedor dos conteúdos específicos. O intérprete, em seu planejamento, organiza e elabora estratégias linguísticas e referenciais com base nos conhecimentos do professor. Assim, o planejamento de tradução e a organização linguística do texto falado ou escrito sobre o assunto a ser tratado depende das explicações que o professor oferece ao intérprete.

No planejamento, o intérprete precisa ter alguns cuidados para não transmitir sentidos opostos ao original.  Ele precisa ter clareza das informações para não passar por situações desconfortáveis. Esse profissional não deve medir conhecimento com o professor, mas ter a garantia de uma comunicação eficaz entre o aluno surdo e o docente. Portanto, o intérprete tem um grande eixo paradigmático, para fazer escolhas e mudanças lexicais, proporcionando ao surdo um entendimento igual ao dos ouvintes, em relação do discurso do professor.

O intérprete precisa poder negociar conteúdos com o professor, revelar suas dúvidas, as questões do aprendiz e por vezes mediar à relação com o aluno, para que o conhecimento que se almeja seja construído. O incômodo do professor frente à presença do intérprete pode levá-lo a ignorar o aluno surdo, atribuindo ao intérprete o sucesso ou insucesso desse aluno (LACERDA, 2002: 123).

As necessidades estão relacionadas aos conceitos, pois o surdo carrega, na sua realidade, lacunas de significação e de construção, em relação à língua portuguesa. Um conjunto de palavras pode gerar confusão, já que, pela falta de audição, esse conjunto de palavras fica restrito aos surdos.

Traduzir um texto em uma língua falada para uma língua sinalizada ou vice-versa é traduzir um texto vivo, uma língua viva. Acima de tudo deve haver um conhecimento coloquial da língua para dar ao texto fluidez e naturalidade ou solenidade e sobriedade se ele for desse jeito. (QUADROS, 2003, p. 73)

É importante explicitar as competências que o tradutor precisa ter na sua formação para atuar com sucesso. São competências importantes no campo da tradução, já que o trabalho do intérprete visa entender como o surdo constrói conceitos e ideias a partir dos conceitos que o intérprete tem sobre o tema proposto, na situação e do jeito como foi repassada a mensagem.

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Raphaela Elis

o professor bilíngue ele fala duas ou mais línguas, ja as intérpretes ela são para ajudar o aluno surdo nas aulas para interpretar o que o professor fala em libras..
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