O que é conflito aparente de normas?

O conflito aparente de normas penais ocorre quando há duas ou mais normas incriminadoras tipificando o mesmo fato, porém, apenas uma norma é aplicada à hipótese. Daí podem ser tirados alguns elementos para a existência desse conflito: unidade do fato; pluralidade de normas; aparente aplicação de todas essas normas ao mesmo fato; e efetiva aplicação de apenas uma delas.

Para solucionar esse problema são usados princípios que conseguem obter a solução no caso concreto, afastando as normas incidentes e indicando as normas penais que verdadeiramente são aplicáveis à situação, afastando, assim, o bis in idem.

Conflito aparente de normas é quando duas normas se mostram aplicaveis ao mesmo caso, se diz aparente, porque na realidade somente uma delas é aplicavél.  E para sanar tal conflito você pode utilizar a hermenêutica juridica aplicando ou a norma especial ( que foi criada para tratar do caso especifico, por exemplo a lei de drogas, você aplica a lei de drogas e não o Código Penal), da subsidiaridade, da consunção ou da alternatividade. Se houver conflito entre princípios você pode utilizar a técnica da ponderação do Robert Alexy, onde você vê, no caso especifico, qual principio é mais importante. 

Conflito aparente de normas: ocorre quando um único fato praticado, existem duas ou mais normas aplicáveis. Trata-se de instituto ligado à interpretação da lei penal.

Requisitos do conflito aparente: (i) unidade de fato; (ii) pluralidade de normas; (iii) vigência simultânea de todas as normas. No concurso de crimes não existe unidade de fato, o que diferencia do conflito aparente. Diferente do conflito de leis no tempo, todas as leis estão em vigor.

Finalidade: o conflito aparente visa evitar o bis in idem (dupla punição pelo mesmo fato) além de manter a unidade e coerência do sistema penal.

Solução do conflito aparente: princípios da especialidade, subsidiariedade, consunção e alternatividade.

Princípio Especialidade: a lei especial afasta a lei geral. A lei especial é de aplicação obrigatória, interprete não pode escolher. A norma especial e a geral podem estar no mesmo diploma (homicídio e infanticídio) ou em diplomas distintos (contrabando e tráfico drogas).

Princípio da subsidiariedade: a lei primária afasta a lei subsidiária. Lei primária é a que define o crime mais grave e subsidiária que define o crime menos grave. Se não se aplica a lei primária, sobra a lei subsidiária, que funciona como soldado de reserva (Hungria). O princípio da subsidiariedade se estabelece no plano concreto, pois comparam-se os fatos.

Subsidiariedade expressa: a norma penal expressamente se declara subsidiária, prevendo que somente se aplica se o fato não constitui crime mais grave (art. 163, §ú, II).

Subsidiariedade tácita: a norma não se declara subsidiária, mas esse caráter é extraído do caso concreto. Furto e roubo na análise do caso concreto.

Princípio da consunção (absorção): a lei consuntiva exclui aplicação da lei consumida.

Crime progressivo: depende da prática de um crime menos grave (delito de ação de passagem). Exemplo homicídio e lesão corporal (para matar precisa necessariamente ferir).

Progressão criminosa: caracterizada pela mudança do dolo, inicialmente queria o crime menos grave, mas depois decide o mais grave.

Fatos impuníveis: são aqueles que não são punidos porque são meio de preparação, execução ou desdobramento do fato principal. Podem ser anteriores (antefactum impunível), simultâneos ou posteriores ao fato principal. O antefcato impunível difere do crime progressivo pois não é meio necessário para prática do crime.