Lipossolubilidade (Log P) é conceituada como o coeficiente de partição de uma substância entre uma fase orgânica e uma fase aquosa, isto é, a razão entre a concentração de fármaco que tende a ficar na fase orgânica e a concentração de fármaco que tende a permanecer na fase aquosa num modelo de dois compartimentos. Este modelo mimetiza o que ocorre no organismo, dando a informação sobre o perfil de afinidade do fármaco ao óleo (octanol) ou a água.
Lipossolubilidade é a razão entre a concentração de fármaco na fase orgânica e concentração de fármaco na fase aquosa (lipossolubilidade = Corg/Caqua), portanto quanto maior a lipossolubilidade maior a afinidade do fármaco pela fase orgânica (oleosa), isto é, maior a facilidade deste fármaco de atravessar as membranas plasmáticas constituídas de uma bicamada lipídica (fosfolipídios).
Hansch e colaboradores demonstraram as correlações existentes entre atividade biológica e parâmetros físico-químicos (p. ex., lipofilicidade) e também demonstraram que Log P é uma propriedade aditiva e possui um considerável caráter constitutivo. Por analogia à equação de Hammett utilizando derivados benzênicos substituídos, eles definiram a constante hidrofóbica do substituinte, ?x:
?x = Log (Px/PH)
E, portanto, o coeficiente de partição (Log Px) de um derivado funcionalizado com um substituinte X, pode ser calculado empregando-se a equação a baixo, acrescentando o valor de contribuição da constante hidrofóbica do substituinte X tabelada ao logaritmo do coeficiente de partição do derivado não substituído (Log PH).
Log Px = Log PH + ?x
A seleção de substâncias com propriedades lipofílicas, desde a antiguidade é de grande importância, pois como já vimos facilita a absorção desta pelas membranas biológicas até seu sítio de ação. O uso de produtos de fonte natural como remédio foi muito comum na Antiguidade, período geralmente chamado de pré-científico, quando já se verificava a importância da utilização de substâncias botânicas na forma de óleos, tais como os óleos de oliva, gergelim, rícino, entre outros, graças a sua facilidade de passagens pelas membranas.
Na Índia da Antiguidade, pode-se encontrar escritos de 3000 anos a.C., que indicavam a utilização de óleos viscosos para o tratamento de diversas doenças. A maior utilização destes óleos foi observada principalmente no século V a.C.
Claudius Galeno, médico e filósofo grego (129-216 d.C), conhecido como o Pai da Farmácia, foi um importante observador científico dos fenômenos biológicos. Dos mais de trezentos tratados escritos por Galeno, cerca de cento e cinquenta são aceitos atualmente, inclusive suas famosas prescrições, conhecidas como preparações galênicas, que foram reestudadas em 1963 e tiveram a composição dos seus inúmeros óleos determinadas.
Outro fato notório da história é o trabalho de farmacologia de Pedanius Dioscórides, médico grego militar nascido na Cicília (40-90 d.C.), que já descrevia em sua obra “De Materia Medica”, mais de mil remédios entre óleos, beberagens e unguentos. Dentre seus relatos destaca-se que Dioscórides já descrevia o uso de ópio como medicamento e como veneno.
Mas somente no século XX é que se descobririam os componentes farmacologicamente ativos no ópio, compostos da classe dos alcaloides, como a morfina (de origem natural do ópio), que por sua vez pode gerar a heroína (derivado sintético obtido por acetilação da morfina). E podemos destacar que a heroína apresenta atividade psicotrópica mais elevada pelo maior transporte e maior absorção cerebral, por apresentar à maior solubilidade em óleo (lipossolubilidade) devido à ocorrência de grupos hidroxílicos (da morfina) se apresentarem acetilados.
Correlação melhor foi encontrada com o coeficiente de partição óleo/gás. ... pela propriedade de conferir hidrossolubilidade às moléculas de que fazem parte. Entre tais grupos, chamados hidrofílicos, lipofóbicos ou polares, podem ser citados, ... como as que existem em: -CH=CH- e -C=C-, coadjuva na hidrofilicidade.
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Química Farmacêutica
•UFPE
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