Existe a constitucionalidade do Juiz sem rosto ?

Olá Erzenildo! Tudo bem? Em princípio não, como não encontra amparo legal, conforme os critérios jurídicos do devido processo legal, delineados pelos texto constitucional de 1988. Diante de um conflito, a figura do "juiz sem rosto" destoa com a transparência do julgador, bem como do juízo competente para determinada matéria em litígio. Ademais, afronta a própria razão jurídica do Poder Judiciário, calcado pela transparência dos seus atos judiciais, salvo em casos cujo sigilo se faz obrigatório por lei. Democraticamente, os critérios jurídicos considerados diante dos casos concretos, são pressupostos para inibir condutas espúrias e subjetivistas, de modo que a prestação de constas pelos agentes estatais, como dos juízes, sejam expostos. O dever de fundamentação das decisões judiciais existe justamente para se ter conhecimento dos critérios judiciais aplicados para a aplicabilidade das leis e normas. Desta forma, o conceito do "juiz sem rosto" é retrocesso e inconstitucional, bastando ler a mensagem trazida pela Constituição, no que tange aos direitos e garantias. Como a segurança privada dos magistrados é um dos motivos para tal ideia, que seja discutida a formulação de medidas de segurança, de modo que seja resguardada e reforçada a integridade dos mesmos, sem violar com a integridade do devido processo legal. Sob o atual quadro evolutivo do Direito, a proposta seria um azo para arbitrariedades das mais diversas espécies. Não ter ciência do julgador competente, equivale ao carrasco mascarado, como em épocas passadas. O ônus da democracia é abandonar as próprias vontades, para fazer valer a prestação das contas públicas.

Um ótimo texto para reflexão e análise é este: https://www.conjur.com.br/2012-jul-05/ronaldo-lastres-silva-juiz-rosto-sentenca-assinatura