Respostas
O trabalho está diretamente relacionado com o produzir (e a produção está relacionada com o produzir para alguém). Já o crime, outro lado da moeda, será o ato de impedir, prejudicar ou desviar a produção. O criminoso é inimigo do bem estar social, do progresso, do futuro. Ele é uma ameaça. Acha mais fácil roubar, falta-lhe respeito, sujeição, disciplina, vontade. O criminoso é aquele que se recusa a trabalhar, se recusa a ser explorado, que resiste. De um lado teremos a intenção de rejeitar o criminoso, jogá-lo para o “lado de lá”, afastá-lo de nós, por sua monstruosidade, talvez, por sua irrecuperabilidade. Mas também teremos a bem intencionada tentativa de “recuperação” através de sua reinserção na sociedade, de um repactuamento social que revigore o criminoso e o faça renascer dentro do corpo social.
A sociologização do criminoso é o que comanda hoje a nossa prática penal: se o meliante cruza uma linha imaginária que separa o legal do ilegal, então devem nascer junto com ela técnicas para que ele requalifique-se, retorne. Se o criminoso é como um selvagem que se afasta da civilização, então cabe à sociedade iluminada encontrar recursos para que ele renasça, volte a participar da humanidade.
Junto com o criminoso nasce a disciplina e os recursos para o bom adestramento. Afinal, é preciso defender a sociedade daqueles que quebram o pacto social. O transgressor é objeto especial para a microfísica do poder punitivo. É aí que podemos ver claramente o nascimento da alma moderna. É nele que serão aplicadas todas as técnicas de sujeição. O infrator é ao mesmo tempo efeito do poder e exercício de saber. O anormal, o monstruoso, devem ser estudados, não excluídos. Em torno da intervenção se criará novos discursos e instituições, novos saberes e técnicas.
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