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1 OBESIDADE Introdução e conceito: excesso de gordura corporal em relação à massa magra de um indivíduo (IMC > 30 kg/m2). O IMC não difere entre massa gorda e massa magra. Não confundir com excesso de peso. Por exemplo, em idosos, há a obesidade sarcopênica. FISIOPATOLOGIA Os sinais pré e pós-absorvíveis do TGI e as mudanças nos níveis de nutrientes plasmáticos fornecem feedback de curto e longo prazo para regular a ingestão de alimentos. Hormônios gastrointestinais (p. ex. peptídeo 1 semelhante ao glucagon GLP-1), colecistocinina (CCK), peptídio YY (PYY), reduzem a ingestão de alimentos. A grelina, secretada principalmente pelo estomago, aumenta a ingestão de alimentos (age antagonicamente à leptina). Já a leptina, secretada pelo tecido adiposo, suprime o apetite em pessoas com peso normal, mas níveis 2 altos de leptina se correlacionam a maior gordura corporal. Os níveis de leptina podem diminuir quando se perde peso e, em seguida, enviar um sinal de fome para o cérebro. Leptina: quanto maior a gordura visceral, maior o nivel de leptina. Porém, a leptina no obeso não possui açao 100%. No obeso, nao consegue exercer sua condição de forma satisfatória. O hipotálamo integra vários sinais envolvidos na regulação do equilíbrio de energia e, consequentemente, ativa os caminhos que aumentam ou diminuem a ingestão de alimentos: Neuropeptídeo Y que atua no SNC (NPY), peptídeo relacionado com o gene agouti (PRA), hormônio estimulador de melanocitos alfa (alfa-MSH), transcrito regulada pela cocaína e a anfetamina (CART), orexina e hormônio de concentração de melanina (HCM) aumentam a ingestão de alimentos. O hormônio corticotrófico e a urocortina diminuem a ingestão de alimentos. FATORES ENVOLVIDOS Genéticos: aproximadamente 66% interferem em todos os metabolismos e na distribuição adiposa no corpo. Ambientais/estilo de vida. Fatores reguladores: sono, antecedentes maternos. Fármacos: corticoide, lítio, antidepressivos tricíclicos, antipsicóticos, betabloqueadores, pioglitazona. Condições clinicas: raramente causam obesidade, como hipotireoidismo, Síndrome de Cushing, doenças genéticas (Prader-Willi), tumores pancreáticos (hiperinsulinismo), lesão cerebral causada por tumor. Obs: Condições clinicas podem contribuir mas raramente causam obesidade. EXAME FISICO Obrigatório pedir perfil lipídico sempre que houver um xantelasma. A acantose nigricans aparece devido ao hiperinsulinismo, resistência à insulina, principalmente em superfícies flexoras e dobras cutâneas. Os acrocórdons são sinônimos de skin tags, que pode indicar resistência à insulina também. As víbices são rupturas do tecido cutâneo, que adquirem aspectos violáceos. 3 DIAGNÓSTICO IMC Antropometria (pregas cutâneas) Circunferência abdominal Relação cintura-quadril o Mulheres > 0,8 o Homens > 0,9 4 Outros: impedância bioelétrica, absorciometria dual de raios-x, tomografia. Prega triceptal, prega da coxa e de barriga. Em que se vê o percentual de gordura. Medir a distancia entre os arcos costais, ate a crista ilíaca anterossuperior – circunferência abdominal. Classificação do IMC COMPLICAÇÕES E COMORBIDADES 1. Resistência insulínica e DM2 a. Não supressão da gliconeogênese hepática e renal b. Resistência insulínica periférica 5 c. Aumento da atividade do TNFalfa produzido pelos adipócitos. 2. Dislipidemia a. Aumento de TG i. TG ideal é de até 150 b. Redução da fracao HDL i. Redução do HDL: deve ser, de modo geral, maior que 40 mg/dL em homens e maior que 50 em mulheres. c. Aumento da fracao LDL i. O LDL varia. Baixo risco CV < 130, e moderado risco CV < 100, alto risco CV <70. d. Formação de partículas pequenas e mais densas (aterogênicas) Lembrando que adipócitos produzem TNFalfa que cria uma “muralha” para a acao da insulina. Outras vias acabam produzindo a glicose, criando um ciclo vicioso. 3. Hipertensão arterial e disfunção cardíaca a. Acumulo de AGs e alterações na ação insulínica promovem vasoconstricao e aumento do tônus simpático. b. Aumento no DC, na pressão diastólica final do VE com sua hipertrofia. 4. Esteatose hepática a. Acumulo de AGs e, portanto, de TG promove inflamação e lesão hepática (20% dos casos pode haver fibrose de hepatócitos com posterior cirrose hepática). 5. SAHOS a. Aumento desproporcional de tecidos moles em região cervical decorrente da anatomia local modificada, com obstrução parcial da via aérea, além de adiposidade central. 6. Outros a. Síndrome metabólica b. DRGE, colelitíase c. Homens e mulheres i. Homens: infertilidade, disfunção erétil ii. Mulheres: SOP d. Osteoartrose, varizes MMII, intertrigo digital i. Intertrigo digital: micose. Pode ser porta de entrada para diversas doenças, principalmente erisipela. e. Alterações psicológicas e mentais f. Síndrome da hipoventilaçao relacionada à obesidade (Pick-Wick) g. Quadros trombogênicos (TVP, TEP) 6 TRATAMENTO Não farmacológico Dieta efetiva: tolerada pelo paciente, com redução da quantidade de calorias ingeridas. Exercícios físicos 150 a 200 minutos semanais (5-7 dias/semana) sobretudo treinamento aeróbio. Atividades físicas por até 10 minutos diários podem melhorar a capacidade física e atenuar os efeitos das doenças associadas à obesidade. Controle e comorbidades Mudança no estilo de vida e prevenção de complicações Farmacológico Sempre em conjunto com orientações não farmacológicas. Medicamentos não curam a obesidade. Deve haver uma escolha individualizada, frequentemente em associação (1) Sibutramina e (2) Orlistate (xenical). Sibutramina • Eficácia: redução de 10 a 15% do peso nos primeiros 6 meses. • Estrutura: básica comum às monoaminas (norepinefrina, epinefrina e dopamina) – efeitos simpatomiméticos. 7 • Ação: bloqueio na recaptacao de serotonina e de norepinefrina na fenda sináptica – redução na ingesta alimentar. • Efeitos colaterais: cefaleia, boca seca, insônia, constipação, rinite, faringite (10-30% dos casos). • Indicações: IMC > 30 ou em sobrepeso com comorbidades. • Contraindicações: pacientes de alto risco cardiovascular. Permite uma duração maior das monoaminas, então o individuo não precisa recorrer a determinados alimentos toda hora. Orlistate • Eficácia: redução de 5-10 kg num período de 12 meses • Ação: inibe a ação da lipase, reduzindo a absorção de até 1/3 das gorduras consumidas na alimentação. • Efeitos colaterais: esteatorreia, cólicas abdominais, incontinência fecal, flatulência, cefaleia, lombalgia. • Indicações: IMC > 30 em sobrepeso com comorbidades. • Contraindicações: pacientes com doenças hepáticas ou de vias biliares, além de gestantes. CIRÚRGICO 8 A. Banda gástrica ajustável; B. Gastrectomia vertical em sleeve laparoscópica; C. Bypass gástrico em Y de Roux a. Promove a redução gástrica e atalho ao duodeno. D. Desvio biliopancreatico com switch duodenal; a. Tira uma parte do estomago, ligando duas partes. E. Desvio biliopancreático. COMPLICAÇÕES BARIÁTRICAS MAIS COMUNS 9 Obs: ao diferenciar refluxo e dumping, lembrar que o dumping ocorre diante de sobrecarga alimentar muito grande. SÍNDROME METABÓLICA Transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular, usualmente relacionados à disposição central de gordura e à resistência à insulina. A síndrome metabólica também é chamada de Síndrome da Resistência Insulínica ou Síndrome X. Consiste na disfunção metabólica associada à obesidade visceral e resistência insulínica. Fatores de risco: Obs: Aumento da CA, alteração de PA e controle glicêmico, dislipidemia – pensar em Sd Metabólica. Cada uma das condições presentes na síndrome metabólica potencializa os danos das outras. Identificação de pessoascom risco de desenvolver DM2 (3-5x maior) Maior risco de HAS e de doença aterosclerótica cardiovascular, com chance 2x maior de resultar em IAM. Maior risco de neoplasias de mama, rins, vesícula, cólon e próstata. Outras doenças: Psoríase, SAHOS, gota, DRC, SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos), esteatose hepática, pré-eclâmpsia, disfunção erétil e testosterona baixa). Há uma ação pró-inflamatória das células de gordura, e um aumento da resistência insulínica. 10 Fisiopatologia Há um acumulo de tecido adiposo, principalmente o abdominal/visceral, que leva a resistência insulínica, dislipidemia e hipertensão. A resistência insulínica consiste na diminuição da captação de glicose no fígado e nos músculos, levando a um aumento da glicose circulante. Normalmente, a insulina circulante vai para o receptor de insulina, informa à célula que se tem insulina, tem glicose, então pega o GLUT4 (receptor de glicose), e coloca na periferia para a glicose entrar, através de sinalização por Tirosina, que é fosforilada, enviando uma “mensagem” ao GLUT4, que vai na periferia, fazendo a glicose entrar na célula e tirando-a de circulação. Na SM, a sinalização da insulina na tirosina vai sendo dificultada. Outro aminoácido é sinalizado no lugar da tirosina, a Serina, que não se comunica direito com o GLUT4. A glicose acaba passando e não entrando na célula, levando a hiperglicemia. Há fatores extrínsecos, relacionados ao estilo de vida, e intrínsecos, que causam a resistência. 11 Obs: Quanto mais polimorfismos, maior o IMC do paciente. Alterações laboratoriais Hiperglicemia e aumento de Hba1c Hiperinsulinismo (insulina basal e/ou índice de HOMA/QUICK) Aumento de TG e de LDL (portanto, do CT) Redução de HDL Aumento do acido úrico (risco de gota) e proteína C-Reativa (PCR) – que ativa um estado pró-inflamatório Aumento do fibrinogênio e do inibidor do ativador de plasminogenio I – que ativa um estado pró- trombótico. DIAGNÓSTICO Obrigatório: obesidade central. • > 94 cm em homens • > 80 cm em mulheres Técnica para aferição da cintura: linha média horizontal entre crista ilíaca e ultimo rebordo costal. Medir ao final da expiração profunda, com o paciente em pé. Medir sempre em um ponto fixo, nunca usar fita elástica ou de baixa flexibilidade, não deixar o dedo entre a fita e a pele, não promover pressão excessiva ou deixar a fita frouxa, realizar três medidas e calcular a média, não medir após atividade física. Obesidade central + pelo menos 2 critérios abaixo: Classe farmacológica especifica: fibratos. 12 A síndrome metabólica aumenta o risco de cardiopatias, dislipidemia, hipertensão, DM2, demência, câncer, SOP, doença gordurosa não alcoólica do fígado. Outros critérios de diagnostico: 13 14 Obs: Microalbuminúria maior ou igual a 30 mg/g Cr também é considerado SM pela OMS. Critérios como LDL, acido úrico, esteatose hepática, peso (indiretamente, OMS inclui calculo do IMC) não estão inclusos no diagnostico. TRATAMENTO Inicialmente: MEV (modificação do estilo de vida). Dieta saudável + exercícios físicos Elevar a capacidade cardiovascular Diminuir a proporção de gordura Aumentar massa muscular Medicações são indicadas quando MEV não for suficiente: estatinas, biguanidas (metformina) e anti-has. 15 Diretrizes clinicas da Endocrine Society recomendam avaliacao em intervalos de três anos em indivíduos com um ou dois fatores de risco. Indivíduos com pré-diabetes devem ser revistos anualmente. CASO CLÍNICO Diagnostico provável: Obesidade grau 3. Pre-DM, dislipidemia, SM. Exames a serem pedidos: TTOG 75g – glicemia de jejum alterada, deve confirmar. Colher glicemia 2h antes e 2h depois de ingerir a carga de glicose. O resultado alterado é quando vem maior ou igual a 200. DLP mista (HDL baixo, LDL alto e TG alto). Possui todos os critérios para Sd Metabólica Ao exame físico: CA 120 cm, PA 120x80 mmHg, Resultados de exames mostraram HDL 32, TG 250, GJ 112. Ao exame físico, foram identificados: 16 Em A, vê-se acorcórdons; em B, Tofo gotoso (decorrente de deposição de cristais de acido úrico); e na letra C, intetrigo digital (frieira, micose). Conduta: indicação de cirurgia (só a obesidade grau III já indica bariátrica). 17 PO – pós-operatório. Paciente tem dumping, com sintomas autonômicos e gastrointestinais. Sobre as orientações, melhorar alimentação, dieta fracionada, e não ficar muito tempo em jejum. 18
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