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EXAME CARDÍACO Prof. Eduardo Ramos de Andrade Neto Introdução à Propedêutica QUESTÕES NORTEADORAS • Quais são as etapas do exame cardíaco? • Quais os principais reparos anatômicos avaliados no exame cardíaco? • Como é realizado o posicionamento do paciente para o exame cardíaco? • Como é realizada a manobra para avaliação da estase jugular? Quais doenças estão associadas a este sinal? • Qual a localização topográfica habitual do ictus cordis? • Descreva a manobra para pesquisa do refluxo hepatojugular. • Em quais fases do ciclo cardíaco (sístole e diástole) podem ser auscultadas B1 e B2? • Como a técnica combinada de palpação dos pulsos associada à ausculta cardíaca pode auxiliar na distinção entre B1 e B2? • Qual a localização anatômica dos focos mitral, tricúspide, pulmonar, aórtico e aórtico acessório? • Explique o fenômeno fisiopatológico que dá origem à terceira bulha (B3) e à quarta bulha (B4). • Quais as características que devem ser descritas para qualificar um sopro cardíaco? • Como é realizada a graduação da intensidade de um sopro? • Quais doenças podem levar à assimetria de pulsos? • Caracterize o pulso em martelo d’água e a principal doença associada a este sinal. • Caracterize o pulso parvus et tardus e a principal doença associada a este sinal. • Quais são as principais características da dor de origem anginosa? • Quais são as principais características da dispneia de origem cardíaca? Semiologia Cardíaca •Revisão breve da semiologia cardíaca normal •Reconhecimento da posição dasestruturas cardíacas na caixatorácica •Ciclo cardíaco normal •Bulhas B1, B2 � B3, B4 •Desdobramento de bulhas •Sopros cardíacos Revisão breve da semiologia cardíaca normal •Inspeção do tórax – tente visualizar a posição do coração e vasos da base em relação ao tórax •Ventrículo direito + artéria pulmonar �maior parte da superfície cardíaca anterior •Borda inferior do ventrículo direito � abaixo da junção do esterno com o processo xifóide •O ventrículo direito estreita-se no sentido cefálico e une-se à artéria pulmonar no nível do esterno •“base do coração” – face superior do coração nos 2º espaços intercostais direito e esquerdo, próximo ao esterno. Revisão breve da semiologia cardíaca normal •Ventrículo direito + artéria pulmonar: •maior parte da superfície cardíaca anterior Revisão breve da semiologia cardíaca normal •borda inferior doventrículo direito� abaixo da junção do esterno com o processo xifóide •o ventrículo direito estreita-se no sentido cefálico e une-se à artéria pulmonar no nível do esterno Revisão breve da semiologia cardíaca normal •“base do coração” – face superior do coração nos 2º espaços intercostais direito e esquerdo, próximo ao esterno. Revisão breve da semiologia cardíaca normal • Ventrículo esquerdo � situado atrás e à esquerda do ventrículo direito � forma a borda lateral esquerda do coração. � Sua extremidade inferior: “ápice” cardíaco • Impulso apical � ictus cordis, o ponto de impulso máximo (PIM). • Localização da borda esquerda do coração � 5º espaço intercostal (EIC) geralmente na linha hemiclavicular (linha medioclavicular, segundo a Terminologia Anatômica) • O ictus cordis (PIM) nem sempre é palpável, mesmo em um paciente hígido com coração normal. • Ventrículo esquerdo: • situado atrás e à esquerda do ventrículo direito • forma a borda lateral esquerda do coração. • Sua extremidade inferior: “ápice” cardíaco impulso apical � ictus cordis, o ponto de impulso máximo (PIM). � localização da borda esquerda do coração: • 5º espaço intercostal (EIC) geralmente na linha hemiclavicular (linha medioclavicular, segundo a Terminologia Anatômica) • O ictus cordis (PIM) nem sempre é palpável, mesmo em um paciente hígido com coração normal. Revisão breve da semiologia cardíaca normal � Ictus cordis > 2,5 cm � hipertrofia do ventrículo esquerdo (HVE) � dilatação do ventrículo esquerdo (em pacientes com hipertensão arterial e estenose aórtica) � Do mesmo modo, o deslocamento do PIM lateralmente à linha hemiclavicular ou mais de 10 cm lateralmente à linha esternal média também sugere HVE. EXEMPLOS DE ANORMALIDADES Radiografia simples do tórax em PA, destacando- se a composição da silhueta cardíaca. Ao, aorta; AP, artéria pulmonar; AD, átrio direito; VD, ventrículo direito; VE, ventrículo esquerdo; VCS, veia cava superior. Corte longitudinal do tórax. Avaliação dos pulsos arteriais Centrais Periféricos Ausculta Ritmo cardíaco Frequência cardíaca Bulhas Sopros, atritos, estalidos Palpação Ângulo de Louis Ictus cordis Frêmitos em áreas de ausculta Refluxo hepatojugular Inspeção Inspeção geral, do tórax e do pescoço Inspeção do precórdio ETAPAS DO EXAME CARDÍACO Antes de posicionar o paciente para o exame cardíaco, é possível verificar: • Fácies típicas • Atitudes • Cianose • Palidez • Edemas • Lesões cutâneas • Formato do tórax • Entre outros aspectos... INSPEÇÃO GERAL QUE FÁCIES É ESSA? � Fácies mitral – Estenose mitral grave • Diminuição de débito cardíaco / Vasoconstrição a jusante e vasodilatação a montante / Rubor malar violáceo (dilatação de capilares) INSPEÇÃO GERAL O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? • Sinal de Levine • Característico de dor torácica anginosa INSPEÇÃO GERAL DOR TORÁCICA ANGINOSA DOR TORÁCICA ANGINOSA SINAL DE LEVINE � Dispnéia aos esforços • Piora geralmente progressiva • Pode ser graduada (classificação da NYHA) DISPNEIA DE ORIGEM CARDÍACA � Ortopnéia: • Dispnéia imediatamente ao decúbito dorsal horizontal • Aumento da pressão hidrostática • Melhora rápida ao levantar � Dispnéia paroxística noturna (DPN): • Dispnéia que ocorre 2-3 horas após deitar • Reabsorção dos edemas gravitacionais � Sobrecarga Volêmica • Melhora em 15-30 minutos após sentar-se ou andar DISPNÉIA DE ORIGEM CARDÍACA CAMADAS DO CORAÇÃO � O coração é formado por três camadas: epicárdio, miocárdio e endocárdio • O epicárdio ou pericárdio visceral tem uma superfície mesotelial e uma camada serosa de tecido conjuntivo, frequentemente infiltrada de gordura. • O pericárdio parietal é uma formação fibrosa, resistente e pouco elástica à distensão rápida, mas com capacidade de se distender lenta e gradualmente. • Em condições fisiológicas, existem no interior da cavidade pericárdica cerca de 10 a 20 mℓ de líquido, quantidade suficiente para lubrificar as superfícies contíguas do pericárdio parietal e visceral. PERICARDITE Inchaço e irritação da membrana fina em forma de saco que envolve o coração (pericárdio). A pericardite pode ser causada por uma infecção viral ou por um ataque cardíaco. Em muitos casos, a causa é desconhecida. O sintoma mais comum é uma dor aguda no peito que pode irradiar para o ombro esquerdo e pescoço. A pericardite geralmente tem início súbito, mas não dura muito tempo. A maioria dos casos é leve e costuma melhorar por conta própria. O tratamento dos casos mais graves pode incluir medicamentos e, raramente, cirurgia. INSPEÇÃO GERAL � Posições na pericardite constritiva POSIÇÃO DE BLECHMAN POSIÇÃO DE PRECE MAOMETANA � Pesquisa de edemas • Sinal do cacifo ou sinal de Godet INSPEÇÃO GERAL � Lesões cutâneas INSPEÇÃO GERAL NÓDULOS DE OSLER LESÕES DE JANEWAY Aparecem na Endocardite Bacteriana PARA CONTINUAR A AVALIAÇÃO... � Geral: • Decúbito dorsal • Parte superior do corpo a 30 graus (elevação de cabeceira) � Obs.: • Palpação de ictus cordis e ausculta de alguns focos têm posições especiais POSICIONAMENTO CORRETO DO PACIENTE!! � Insuficiência cardíaca direita ESTASE JUGULAR � Entre o manúbrio e o corpo do esterno LOCALIZAÇÃO DO ÂNGULO DE LOUIS ICTUS CORDIS � Ponto de impulso máximo do ventrículo esquerdo • Localização: 5º espaço intercostal, na linha hemiclavicular esquerda • Diâmetro: bem definido (menor que 2 cm) • Amplitude:rápido • Duração: máximo de dois terços da sístole Para achá-lo mais facilmente: • Decúbito lateral esquerdo Pode não ser encontrado em: • Obesos • Muito musculosos • Quem tem aumento do diâmetro ântero- posterior Hipercinético Com sobrecarga de pressão Com sobrecarga de volume Exemplos de causas Ansiedade, hipertireoidismo, anemia grave Estenose aórtica, hipertensão arterial Regurgitação aórtica ou mitral Localização Normal Normal Mais para a esquerda e para baixo Diâmetro 2 cm Maior que 2 cm Maior que 2 cm Amplitude Contração mais vigorosa Contração mais vigorosa Difusa Duração Normal Prolongada (até B2) Discretamente prolongada ALTERAÇÕES RELACIONADAS AO ICTUS CORDIS Ciclo cardíaco Focos de auscult a Focos de ausculta Ciclo cardíaco B1 Ciclo cardíaco � B2 •Sístole � Diástole TUM � TÁ Ciclo cardíaco � B1 B2 B2 Frequência cardíaca • Normal: 60-100 bpm • Taquicardia: > 100 bpm • Bradicardia: < 60 bpm Ritmo cardíaco • Regular • Irregular • Esporadicamente • Regularmente • Irregularmente AUSCULTA CARDÍACA � Primeira bulha cardíaca (B1) – “Tum”: • Fechamento das valvas mitral e tricúspide • Início da sístole � Segunda bulha cardíaca (B2) – “Tá”: • Fechamento das valvas aórtica e pulmonar • Início da diástole • Avaliar: ritmo e intensidade (fonese) BULHAS NORMAIS (B1 e B2) � Em pacientes taquicárdicos � Pode ser difícil só com a ausculta � Segredo: palpação do pulso carotídeo simultaneamente à ausculta! • Pulso carotídeo vem logo depois de B1 e antes de B2 COMO SABER SE É B1 OU B2? � B1 é mais audível que B2 nos focos de ausculta próximos a ápice (mitral e tricúspide) � B2 é mais audível que B1 nos focos próximos à base (aórtico e pulmonar) BULHAS NORMAIS (B1 e B2) • Podem ser fisiológicos: • Ocorrem apenas durante a inspiração; não ocorrem durante expiração aumento do • Diminuição da pressão intratorácica retorno venoso • Atraso do fechamento da tricúspide (B1) e da pulmonar (B2) DESDOBRAMENTOS DE B1 e B2 TERCEIRA BULHA � B3 � Terceira bulha cardíaca (B3) – “Tum-tá-tá” • Som de baixa frequência, tom baixo • Desaceleração do sangue contra as paredes ventriculares – fase de enchimento ventricular rápido • Proto e mesodiástole � Mais bem auscultada: • Borda esternal inferior esquerda (em decúbito dorsal horizontal) – se for “B3 direita” • Ápice (em decúbito lateral esquerdo) – se for “B3 esquerda” Ciclo cardíaco � B3 •Na diástole • complacência ventricular está reduzida • Ex.: sobrecarga de volume – insuficiência de VE • Fase de enchimento rápido ventricular TERCEIRA BULHA �B3 � Terceira bulha cardíaca (B3): � Causas patológicas: • Insuficiência cardíaca • Diminuição da contratilidade miocárdica • Sobrecarga de volume ventricular na insuficiência mitral / tricúspide � Pode ser fisiológica em: • Crianças • Alguns adultos jovens • Gestantes (último trimestre) QUARTA BULHA � B4 � Quarta bulha cardíaca (B4) – “Trum–tá” • Som de tom baixo • Desaceleração do sangue – fase de contração atrial • Telediástole � Mais bem auscultada em: • Borda esternal inferior esquerda (em decúbito dorsal horizontal) – se for “B4 direita” - rara • Ápice (em decúbito lateral esquerdo) – se for “B4 esquerda” – menos rara Ciclo cardíaco � B4 • Complacência ventricular reduzida � sobrecarga de pressão • No momento de contração atrial QUARTA BULHA � B4 � Quarta bulha cardíaca (B4) • Causas patológicas: • Cardiopatia hipertensiva • Doença da artéria coronária • Estenose de valva aórtica ou pulmonar • Hipertensão pulmonar • Miocardiopatias � Pode ser fisiológica em: • Atletas treinados Desdobramentos de bulhas � B1: • 2 componentes: fechamento da mitral e fechamento da tricúspide � B2: • 2 componentes: fechamento da aórtica e da pulmonar Desdobramento de bulhas • Inspiração – maior fluxo de AR e Volume de Sangue na cavidade torácica • Maior retorno venoso a direita • Maior tempo de enchimento e maior tempo de ejeção a direita • A valva pulmonar fecha depois da valva aórtica • B2 desdobra em 2 componentes: aórtico e pulmonar Sopros Cardíacos � SOPRO: •Ruído decorrente do turbilhonamento do fluxo sanguíneo •Normalmente o fluxo é laminar e silencioso •Comprometimento do fluxo provoca turbilhonamento Valvas cardíacas � Devem ter abertura e fechamento adequado •Estenose – orifício valvar anormalmente estreitado – obstrução parcial do fluxo sanguíneo � sopro •Insuficiência – valva não se fecha completamente – sangue regurgita (extravasa no sentido retrógrado) � sopro Estenose das valvas semilunares � Impedimento a saída do sangue na sístole � Sopro sistólico – entre B1 e B2 � Sopro mesosistólico ESTREITAMENTO DA VALVA VALVA AÓRTICA VALVA PULMONAR Estenose de valva aórtica •Sopro mesossistólico (pausa antes da B2) •Em “diamante” •B2 hipofonética (conforme agrava a estenose) •Melhor com paciente sentado, inclinado para frente – foco aórtico •Aumento da pós-carga Estenose de valva pulmonar •Sopro mesosistólico •Em crescendo- decrescendo •B2 amplamente desdobrada •Som de Ejeção pulmonar precoce Aspecto da valva estenosada •Estenose pode levar a algum grau de insuficiência Insuficiência de valvas semilunares •Regurgitação do sangue das artéria de volta ao ventrículo •Diastólico •Mais comum valva aórtica Insuficiência de valvas semilunares •Regurgitação do sangue das artéria de volta ao ventrículo •Proto-diastólico em decrescendo Estenose das átrio-ventriculares •Estreitamento da valva •Impedimento a passagem do sangue do átrio para o ventrículo •Ocorre na diástole •Mais comum na valva mitral Estenose mitral •Dificuldade de fluxo do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo, na diástole •Mais intenso ao final da diástole – telediastólicos , com ruflar •Diástole � estalido de abertura mitral � inicia o sopro � reforço ao final da diástole � B1 hiperfonética Insuficiência das valvas átrio-ventriculares •Durante a sístole o sangue regurgita de volta para os átrios •Sopro pan-sistólico ou holosistólico •Gera sobrecarga de volume – dilatação ventricular •Pode estar associada a B3 Sopro cardíaco � Descrição: •Momento de ocorrência – sístole? Diástole? •Formato – em crescendo? Decrescendo? •Local de intensidade máxima – qual o foco onde o sopro é mais intenso? •Irradiação – para onde o sopro irradia? •Intensidade - +1/6+ até 6+/6+ •Timbre – agudo, médio, grave •Qualidade – descrição: aspirativo, musical, etc � Caracterizar: • Localização no ciclo cardíaco: Sístole ou diástole • Localização no tórax • Irradiação • Intensidade • “Formato” • Timbre e frequência • Alterações com manobras propedêuticas SOPROS CARDÍACOS SOPROS CARDÍACOS SOPROS CARDÍACOS Estenose aórtica Insuficiência aórtica Estenose mitral Insuficiência mitral Localização 2º espaço intercostal direito 2º ou 3º espaço intercostal (bilat) Ápice Ápice Irradiação Carótidas, ápice Ápice (apenas se avançada) ----------------- Axila esquerda Intensidade Alto Baixa Baixa a média Variável Tom Médio Agudo Grave Médio a agudo Características Dissonante Em descrescendo Ruflar em decrescendo Rude, holossistólic o Medidas auxiliares Sentar o paciente e incliná-lo para a frente Sentar o paciente e incliná-lo para a frente. Pedir para expirar Decúbito lateral esquerdo + expiração ---------------------- SOPROS CARDÍACOS Sopro venoso • Constante Atrito pericárdico • Três componentes curtos Persistência do canal arterial • Constante, mas silencioso no fim da diástole Comunicação interventricular (CIV) • Holossistólico, rude Sopro inocente e fisiológico • Mesossistólico curto OUTRAS SITUAÇÕES DE SOPROS CARDÍACOS � Manobra de Rivero-Carvalho: • Inspiração profunda • Acentua sopros do coração direito (ex.: tricúspide) � Manobra da preensão palmar (handgrip):• Acentua sopros do coração esquerdo (ex.: mitral) � Manobra de Valsalva: • Aumenta pressão intratorácica • Diminui a intensidade de quase todos os sopros, menos o do prolapso de valva mitral ALGUMAS MANOBRAS PROPEDÊUTICAS LOCALIZAÇÃO DOS PULSOS ARTERIAIS � Causa mais temerária: • Dissecção de aorta ASSIMETRIA DE PULSOS � Encontrado nas seguintes situações: • Insuficiência aórtica (clássico) • Alguns casos de hipertireoidismo, sepse e anemia � Diferença entre a PA sistólica (PAS) e a PA diastólica (PAD) fica grande • Aumento da PAS, diminuição da PAD PULSO CÉLERE OU EM MARTELO D´ÁGUA � Encontrado nas seguintes situações: • Insuficiência cardíaca • Estenose aórtica � O pulso fica “fraco” (amplitude diminuída) e tardio PULSO “PARVUS ET TARDUS” REFERÊNCIAS: � Porto & Porto – Semiologia Médica - 8º edição
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