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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL JUSTIÇA MULTIPORTAS E INOVAÇÃO SEMINÁRIO: “TEORIA DO CONFLITO. NEGOCIAÇÃO. AUTOCOMPOSIÇÃO MATERIAL E PROCESSUAL”1 Renan Sena Silva ROTEIRO DE APRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO Conflito como fenômeno social, (potencialmente) positivo para transformar os indivíduos e a própria sociedade. A indispensabilidade das categorias sociológicas para análise do fenômeno conflitivo e para o tratamento adequados dos conflitos. 1 TEORIA DO CONFLITO E TEORIA DOS JOGOS 1.1 Moderna teoria do conflito: conceito e estrutura O conflito é um fenômeno natural e deve ser adequadamente tratado. Percepção do conflito como algo positivo ou, ao menos, potencialmente positivo. 1.2 Fatores que afetam o andamento do conflito I. As características das partes em conflitos II. Os relacionamentos prévios de um com o outro III. A natureza da questão que dá origem ao conflito IV. O ambiente social em que o conflito ocorre V. Os espectadores interessados no conflito VI. As estratégias e a tática empregada pelas partes no conflito VII. As consequências do conflito para cada participante para outras partes interessadas. 1.3 Tipologia dos conflitos I. Conflito verídico II. Conflito contingente III. Conflito deslocado IV. Conflito mal atribuído V. Conflito latente VI. Conflito falso 1 Seminário apresentado como requisito parcial de avaliação da disciplina “Justiça Multiportas e Inovação”, ministrada pela Profª. Drª. Trícia Navarro Xavier Cabral, no âmbito do Curso de Mestrado em Direito Processual do PPGDIR/Ufes. 1.4 Processos de solução construtivos e destrutivos “um conflito claramente tem consequências destrutivas se seus participantes estão insatisfeitos com as conclusões e sentem, como resultado do conflito, que perderam. Similarmente, um conflito tem consequências produtivas se todos os participantes estão satisfeitos com os efeitos e sentem que, resolvido o conflito, ganharam. Também, na maioria das vezes, um conflito cujos efeitos são satisfatórios para todos os participantes será mais construtivo do que um que seja satisfatório para uns e insatisfatório para outros” (DEUTSCH, 1973). 1.5 Espiral ou escalada do conflito Círculo vicioso de ação e reação, pelas partes, de modo que as questões originárias, progressivamente, tornam-se secundárias. 1.6 Teoria dos jogos e tratamento adequado de conflitos I. Jogos de soma zero e jogos de soma não-zero II. Equilíbrio Nash III. Competição e cooperação 2 PRECEITOS DA NEGOCIAÇÃO 2.1 Conceito de negociação A negociação pode ser definida “como um processo de resolução de conflitos mediante o qual uma ou ambas as partes modificam suas exigências até alcançarem compromisso aceitável para ambas” (CABRAL; CUNHA, 2019, p. 731). 2.2 Tipos de negociação I. Negociação posicional II. Negociação baseada em princípios III. Negociação distributiva IV. Negociação integrativa 2.3 A negociação como instrumento autônomo e inserida nos diversos meios consensuais de tratamento de conflitos A solução consensual é resultado de um processo de negociação, o qual pode se dar como “meio autônomo de resolução de conflitos” ou “no âmbito de outros mecanismos de solução de disputas” (CABRAL; CUNHA, 2019, p. 731), como no caso da mediação e conciliação. 2.4 Peculiaridades da negociação entre as partes como instrumento autônomo As partes participam do conflito e nele estão inseridas (assim, não precisam de um procedimento técnico, fragmentado, que cinge os fatos, o direito e os pedidos, para um análise em separado, estando mais aptas a analisar a complexidade dos fatos, especialmente se devidamente mediadas ou conciliadas), sendo as maiores interessadas em promoverem o tratamento do conflito, para a satisfação de seus interesses, sejam em termos de proveitos econômicos, familiares, comerciais; a fim de que se mantendo ou não os vínculos entre elas, possam continuar a desenvolverem suas vidas e atividades. 3 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO E O PAPEL DO ADVOGADO 3.1Técnicas básicas de negociação baseada em princípios I. Separação das pessoas do problema II. Foco nos interesses e não em posições III. Geração de opções de ganhos mútuos IV. Utilização de critérios objetivos. 3.2 Técnicas intermediárias de negociação I. Rapport II. Transformação de adversários em parceiros III. Comunicação efetiva 3.3 A participação dos advogados e as chamadas práticas colaborativas Auxílio jurídico às partes e auxílio no emprego de técnicas de negociação. “As práticas colaborativas são um método extrajudicial de resolução de controvérsias, não adversarial e interdisciplinar. Focada com exclusividade na construção conjunta dos processos decisórios por meio do diálogo, a prática se pauta no protagonismo e na corresponsabilização das partes” (DENARDI; MOURA; FERNANDES, 2017, p. 61) 4 AUTOCOMPOSIÇÃO MATERIAL E PROCESSUAL 4.1 Atos de disposição no processo I. Desistência II. Renúncia à pretensão III. Reconhecimento do pedido IV. Acordos V. Convenções processuais VI. Calendário processual. 4.2 Limites dos atos de disposição processual I. Direitos fundamentais II. Garantias processuais III. Reserva legal IV. Prerrogativas do juiz V. Administração judiciária VI. Proteção a terceiros 5 TERMO DE COMPROMISSO (ART. 26, LINDB) 5.1 Consensualidade e Administração Pública A consensualidade da administração possibilita, ademais, a redução da litigiosidade do Poder Público. Devendo prevalecer, quando possível, tanto nas hipóteses em que a Administração Pública estiver sofrendo lesão ou ameaça aos seus direitos quanto nas hipóteses em que for a responsável pela lesão ou ameaça a direitos de outrem, a adoção de diversas técnicas voltadas ao tratamento dessas divergências, não sendo apresentado apenas o contencioso judicial para a pacificação da controvérsia. 5.2 Noções gerais sobre a LINDB e sua alteração pela Lei nº. 13.655/2018 O legislador, pela Lei nº. 13.655/2018, inseriu diversos dispositivos à LINDB, representando importante avanço para o desenvolvimento, concreção, realização e aplicação do direito público. Sendo possível identificar, nas palavras de Horácio Augusto Mendes De Sousa, que “a lei reforça a importância de princípios como os da segurança jurídica, participação, consensualidade, eficiência, razoabilidade e proporcionalidade na busca dos resultados satisfatórios na gestão pública” (2019, p. 200-201). 5.3 Fundamentos de aplicabilidade do Termo de Compromisso Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial. § 1º O compromisso referido no caput deste artigo: I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com os interesses gerais; II – (VETADO); III - não poderá conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral; IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de descumprimento. § 2º (VETADO). 5.4 Alguns parâmetros de baliza para a regulamentação do Termo de Compromisso Há mecanismos e instrumentos em nosso sistema que já estão mais consolidados, robustecidos, que podem oferecer suporte e importantes contribuições para o desenvolvimento do novo instituto. Dentreeles, encontra-se o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), o Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) e os acordos substitutivos, os quais já contam com inúmeras construções doutrinárias, regulamentações e têm sido efetivamente utilizados, gerando impactos na sociedade, como, por exemplo, a utilização do TAC em casos de desastres ambientais. CONCLUSÕES GERAIS BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Fábio Portela Lopes de. A teoria dos jogos: uma fundamentação teórica dos métodos de resolução de disputa. In: AZEVEDO, André Gomma de (Org.). Estudos em arbitragem, mediação e negociação. Brasília: Grupos de Pesquisa, 2003. v. 2. BRASIL. CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL. Técnicas de Negociação (Cap. 4). In: Manual de Mediação e Conciliação da Justiça Federal. Disponível em: <https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos- judiciarios-1/publicacoes-1/outras-publicacoes/manual-de-mediacao-e-conciliacao- %20na-jf-versao- online.pdf>. Acesso em: 04 de jan. 2021. BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Fundamentos da negociação. In: Manual de Mediação Judicial. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/wp- content/uploads/2015/06/f247f5ce60df2774c59d6e2dddbfec54.pdf>. Acesso em: 04 de jan. 2021. CABRAL, Antonio do Passo; CUNHA, Leonardo Cerneiro da. Negociação Direta ou Resolução Colaborativa de Disputas (Colaborative Law). In.: ZANETI JR., Hermes; CABRAL, Trícia Navarro Xavier. Justiça Multiportas: mediação, conciliação, arbitragem e outros meios de solução adequada de conflitos. (Coleção Grandes Temas do Novo CPC – vol. 9). 2. ed. Salvador: JusPODIVM, 2019. CABRAL, Trícia Navarro Xavier. Limites da liberdade processual. Indaiatuba: Foco, 2019. DE ALMEIDA, Diogo Assumpção Rezende. A contratualização do processo: das convenções processuais no processo civil. São Paulo: LTr, 2015. DENARDI, Eveline Gonçalves; MOURA, Isabel Cristina de; FERNANDES, Mariana Correa. As práticas colaborativas como um recurso para as situações de divórcio. Revista da Faculdade de Direito, Porto Alegre, RS, n. 36, out. 2017. ISSN 2595-6884. Disponível em: <https://www.seer.ufrgs.br/revfacdir/article/view/73371/44451>. Acesso em: 21 mar. 2021. doi:https://doi.org/10.22456/0104-6594.73371. DEUSTCH, Morton. A Resolução do Conflito: processos construtivos e destrutivos. New Haven (CT) Yale University Press, 1977 – traduzido e parcialmente publicado em AZEVEDO, André Gomma de (org.) Estudos em arbitragem, mediação e negociação. Brasília: Grupos de Pesquisa, 2004. v. 3. FISHER, Roger; PATTON, Bruce; URY, William L.. Como chegar ao sim: A negociação de acordos sem concessões. 3a ed. Revisada eatualizada. Belo Horizonte: Solomon. 1994. NEUMANN, John Von; MORGENSTERN, Oskar. Theory of Games and Economic Behavior. Princeton: Princeton University Press, 1953. RAATZ, Igor. Autonomia privada e processo civil: negócios jurídicos processuais, flexibilização procedimental e o direito a participação na construção do caso concreto. 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