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ANÁLISE DO PROJETO DE PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA: UM ESTUDO DE CASO ACERCA DO “O COMPLEXO PENITENCIÁRIO PÚBLICO- PRIVADO (CPPP) DE RIBEIRÃO DAS NEVES” Stella De Paula Dias Segundo Pereira (2019) o Complexo Penitenciário Público-Privado (CPPP) De Ribeirão Das Neves foi a primeira experiência brasileira de parceria público-privada no sistema prisional nacional, com contrato de concessão administrativa para a construção e gestão do estabelecimento penal assinado em junho de 2009 pela Secretaria de Estado de Defesa Social (SED) e a organização privada Concessionária Gestores Prisionais Associados S/A (GPA), sendo a parte interveniente a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (SEDE): Tal contrato celebrado entre o Governo de Minas Gerais e a Concessionária Gestores Prisionais Associados S.A. (GPA) tem por objetivo delinear a política de segurança pública do Estado de Minas Gerais por meio do modelo de “Gestão por Resultados”, ou seja, metas específicas para o combate à criminalidade. Como forma de melhor compreender os termos da concessão especial firmada entre o Estado de Minas Gerais e a iniciativa privada, foram analisados os termos do Contrato nº 336039.54.1338.09, publicado no Jornal Minas Gerais, no dia 24 de junho de 2009 (PEREIRA: 2019, p. 42). Ora, no projeto em questão, já implementado, tem-se como parceira pública a Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais, ao passo em que a Concessionária GPA figura como parceira privada. O contrato, fechado no montante de R$ 2,1 bilhões previa a construção, em dois anos, de um complexo penitenciário capaz de abrigar 3.360 detentos em 5 unidades prisionais, bem como a gestão do empreendimento por mais 25 anos. O que interessa para a presente pesquisa, nesse contexto, consiste em dar ênfase para a construção e funcionamento do CPPP. Cumpre-se destacar, não obstante, que embora o edital de licitação publicado no ano de 2008 previsse 3.360 vagas até o ano de 2011, a empresa vencedora GPA entregou até 2014 apenas três unidades com 2.016 vagas. Dados de 2019 coletados pelo portal Gazeta do Povo demonstram que o CPPP de Ribeirão das Neves passou a abrigar 2.164 detentos em três unidades, sendo duas de regime fechado e uma de regime semiaberto. A obrigação de construir, nesse sentido, ainda não fora plenamente concluída, assim como a obrigação de administrar as unidades. A GPA não estabeleceu, até o presente momento, o prazo para a construção das duas unidades faltantes, mas orgulha-se do pleno funcionamento das unidades entregues até então, em um projeto de sucesso de PPP no caso brasileiro. O capital social da concessionária, vide cláusula 8.1 do contrato, deve ser subscrito em montante igual ou acima de R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais), na data base de celebração da parceria, com parcela mínima integralizada em dinheiro na quantia de R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais), sendo inclusive permitida a realização de financiamentos para que a concessão administrativa possa se desenvolver adequadamente, de modo que a GPA, enquanto parceira privada, responsabiliza-se pela aplicação, obtenção e gestão dos recursos financiados (PEREIRA: 2019). De acordo com Gama (2019, p. 17) o “Complexo Penitenciário Ribeirão das Neves é listado como uma das mais bem-sucedidas parcerias público- privadas já realizadas, prestando um serviço público de qualidade que o Estado não consegue atingir”, tendo apresentado uma série de benefícios, como a não- superlotação das unidades, menor número de fugas e rebeliões, maior nível educacional dos internos, dentre outros, contando com uma infraestrutura moderna que mais faz lembrar os estabelecimentos prisionais de países como os Estados Unidos do que os brasileiros propriamente ditos. As portas das celas, por exemplo são automatizadas via computador, vide abaixo: Figura 1 – Portas automatizadas do Complexo Penitenciário Ribeirão das Neves. Fonte: GAMA: 2019, p. 13. A seguir, são apresentados alguns registros fotográficos da PPP no Complexo Penitenciário Ribeirão das Neves: Figura 1 – Infraestrutura do Complexo Penitenciário Ribeirão das Neves. Fonte: GAMA: 2019, pgs. 12, 14, 16. Constata-se que a infraestrutura da qual a GPA orgulha-se de fato apresenta uma melhor qualidade do que o padrão básico dos estabelecimentos prisionais públicos brasileiros. O cálculo da remuneração da parceira privada é variável, já que envolve a estrutura do presídio, demanda por vagas e desempenho administrativo, medido por nada menos do que 380 indicadores, vide informações coletadas do portal Valor Econômico. Quanto mais presos, por exemplo, maior será a remuneração recebida pela GPA. A GPA, de fato, consiste em uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) criada com o objetivo de implantar e administrar o Complexo Penitenciário Público-Privado, de acordo com dados coletados de seu portal eletrônico. Trata- se de contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa, vide Pereira (2019), que também aponta que o contrato de licitação se deu na modalidade de concorrência. Destaca-se, no mesmo sentido: A Concessionária Gestores Prisionais Associados S.A. (GPA) é um agrupamento formado por cinco empresas: CCI Construções S.A, Construtora Augusto Velloso S.A., Empresa Tejofran de Saneamento e Serviços, N.F. Motta Construções e Comércio e o Instituto Nacional de Administração Prisional - Inap. O grupo, por meio de uma licitação realizada no ano de 2009, tornou-se o grande responsável administrativo do projeto Complexo Penitenciário PPP com a assinatura de um contrato de concessão por 27 anos e podendo ainda renovar por mais cinco. Através deste, o consórcio assumiu o compromisso de construir a infraestrutura da penitenciária desde a sua fundação e geri-lo pelo período acordado (CORREA; CORSI: p. 6). A pesquisa realizada não identificou reajustes ou alterações contratuais na PPP em questão. O projeto em questão se demonstrou exitoso a partir dos resultados expressivos alcançados pela Concessionária Gestores Prisionais Associados S/A em parceria com a Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais. No caso, ao passo de que a o Estado se responsabiliza pelas vias de acesso, facilidades e utilidades públicas, Poder de Polícia, controle e execução de pena, segurança externa e de muralhas, escoltas e fiscalização do contrato de PPP, a empresa é responsável pela construção, manutenção, projeto arquitetônicos, planos operacionais e de ressocialização, financiamento, prestação de serviços assistenciais, adoção de tecnologia, gestão do CPPP e na entrega do empreendimento ao Estado, findo o contrato, nas condições estabelecidas. REFERÊNCIAS CORREA, G.F; CORSI, L.C. O Primeiro Complexo Penitenciário de Parceria Público-Privada do Brasil. Estudo apresentado à Escola de Administração de Empresas de São Paulo, FGV/GVpesquisa, São Paulo, 2014. GAMA, P.H. A Parceria Público-Privada Como Alternativa Para O Sistema Prisional Brasileiro. Conteúdo Jurídico, 2019. Disponível em <https://conteudojuridico.com.br/open- pdf/phpJy2CVr.pdf/consult/phpJy2CVr.pdf> Acesso: jun. 2021. GAZETA DO POVO. Como funciona o complexo de Ribeirão das Neves, única PPP penitenciária do país (Internet). 14 jun. 2019. Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/parana/ribeirao-das-neves-unica-ppp- penitenciaria-do-brasil/> Acesso: jun. 2021. GPA. Sobre a GPA (Internet). Disponível em <https://www.gpappp.com.br/sobre-a-gpa/> Acesso: jun. 2021. PEREIRA, E.C. Complexo Penal De Ribeirão Das Neves/MG: Primeira Experiência Brasileira De Parceria Público-Privada No Sistema Prisional. Dissertação (Mestrado em Direito) - Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2019. VALOR ECONÔMICO. Presídio será o maior do Estado e terá até sensores de calor (Internet). 2012. Disponível em <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/474660/noticia.htm?sequence=1> Acesso: jun. 2021.