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PROBLEMA APRESENTADO O debate sobre a privatização de presídios no Brasil tem sido intenso. Já existem algumas unidades prisionais privatizadas, mas, mesmo assim, persistem opiniões contrárias e favoráveis. No site https://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/privatizacaode- presidios o grupo encontrará material relevante para nortear as reflexões sobre o assunto. Após pesquisar material sobre privatização de presídios no Brasil, As atividades que o grupo deverá realizar são: A. Esclarecer qual o modelo que pode ser implantado para a privatização: concessão, permissão, autorização ou outro modelo jurídico-administrativo? B. Opinar sobre a viabilidade de a administração pública terceirizar o cuidado dos presos no Brasil. O grupo é favorável ou contrário e por que? O texto para resposta dos itens anteriores deverá ter no mínimo 30 linhas. O Grupo deverá mencionar as obras e artigos que consultar como referências ao final do texto. https://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/privatizacaode-presidios https://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/privatizacaode-presidios Privatização dos Presídios “Diz-se que ninguém conhece verdadeiramente uma nação até que tenha estado dentro das suas prisões. Uma nação não deve ser julgada pela forma como trata seus cidadãos mais elevados, mas como trata os mais rebaixados”. (Nelson Mandela) O Sistema Penitenciário Brasileiro apresenta muitos problemas, os quais são objeto de deliberações com o escopo de encontrar uma solução adequada. As discussões circulam em torno da superlotação carcerária e, precipuamente, das condições degradantes e impróprias sob as quais os presidiários são submetidos, tornando ineficaz sua ressocialização. Concernente à superlotação, as celas estão cada vez mais lotadas, conforme levantamentos realizados na contemporaneidade, não atendendo ao fundamento elencado no art. 1º, inciso I, da Constituição Federal: dignidade da pessoa humana. A Lei de Execução Penal expõe em muitos de seus dispositivos encargos básicos a serem oferecidos aos presidiários, tais como, instalações higiênicas, áreas e serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva. Vale dizer, o estabelecimento penal deveria ter lotação compatível com a sua estrutura e finalidade. Realçando o art. 88 da Lei supra, o condenado será alojado em cela individual, tendo esta como requisitos básicos: salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana, respeitando área mínima de seis metros quadrados. Tendo em vista que tais premissas não são observadas na atualidade, uma vez que a situação dos presídios não apresenta condições para cumpri-las, considerando o crescimento no índice de presos, logo, a quantidade de vagas criadas não acompanhou esta atualização, acarretando seu desequilíbrio e desatenção à demanda. Visando solucionar tais impasses, o Governo analisa projetos para a construção de novas penitenciárias, e entre outras propostas está a Privatização dos Presídios, validando a Parceria Público- Privada largamente conhecidas pela sua sigla PPP, pode ser entendida como o ajuste firmado entre Administração Pública e a Iniciativa Privada. A PPP deve ser compreendida como a parceria formada no regime de concessão em que não existe relação de remuneração integral pelo cidadão usuário final. Assim, nasce a lógica de Parceria Público-Privada: por um lado, o Poder Público participa na composição da remuneração do parceiro privado (integralmente nas Concessões Administrativas e parcialmente nas Concessões Patrocinadas) e, por outro, estabelece efetivo relacionamento de parceria com o parceiro privado na tomada de relevantes decisões de estratégia negocial e contratos. Faz-se necessário destacar o art. 75, “caput”, da Constituição Federal, incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Explicamos: a PPP tem natureza contratual; isso significa que, para todos os fins de regime jurídico, ela deve ser compreendida como contrato público, mais especificamente, contrato administrativo de concessão, na modalidade Patrocinada ou Administrativa. Na Concessão Patrocinada, transfere-se a execução de serviços ou obras públicas à particulares, para que sejam prestadas à sociedade; é cobrada tarifa aos usuários e remuneração pelo Poder Público, com o valor mínimo de R$ 20 milhões. Na Concessão Administrativa, em contra partida, a transferência só incide sobre a execução de serviços públicos, tendo como usuário, direto ou indireto, o parceiro público, sendo assim, há remuneração pelo Poder Público apenas, com o mesmo valor supra mencionado. Haja vista o que é Parceria Público-Privada e seus axiomas, faz-se mister relacioná-lo ao Sistema Penitencial Brasileiro, quando questionada a implantação de Privatização. Para ser mais preciso, a PPP do tipo Concessão Administrativa é o modelo mais adequado para introduzi-la, tendo em vista que a parceria fica sob um regime jurídico diferenciado, visto que o Parceiro Privado atuará com recursos e com a gestão, e o Parceiro Público promoverá a satisfação do interesse público, garantindo o funcionamento de serviços públicos. Vale destacar, tal parceria não trata, especialmente, de privatizar presídios, mas dar agilidade aos serviços; e, ainda sim, aqueles que forem prestados pela Entidade Privada devem ser fiscalizados pela Administração Pública. Explicamos, não seria correto utilizar a expressão, anteriormente dita, Privatização, dado que esta ocorre se a transferência for integral à empresa privada, todavia, na PPP isso não ocorre, ressaltando que a titularidade de serviços públicos é intransferível. A Lei 11.079/2004 salienta os encargos do Parceiros Privado e Público nos arts. 23 e 29, respectivamente. Adotar a Parceria Público-Privada Administrativa é uma alternativa interessante, atentando para a eficiência econômica, melhorias na infraestrutura e qualidade de vida dos presos, aprimorando o incentivo à reinserção social. Prescreve a Lei de Execução Penal em seu art. 34, parágrafo segundo, poderem os governos Federal, Estadual e Municipal celebrar convênio com a Iniciativa Privada, para implantação de oficinas de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios. Considera-se benéfica a PPP do tipo Concessão Administrativa como alternativa para enfrentar o caos do Sistema Penitenciário, tendo em vista que o particular terá maior empenho na qualidade do serviço prestado, tornando a reabilitação do preso mais efetiva, por conta de toda a infraestrutura mais adequada, evitando a superlotação e condições desumanas de sobrevivência interna. Experimenta-se a privatização de algumas unidades prisionais em Minas Gerais, Manaus e na Bahia, onde há uma melhora significativa nas tecnologias de segurança, mais presos trabalhando e estudando, intensificando os projetos de ressocialização, além das condições mais dignas, que conferem mais chances de reintegração à sociedade. O Brasil já conta com 32 unidades de prisões geridas pela Iniciativa Privada, localizadas em 21 cidades em 8 estados brasileiros: Amazonas, Tocantins, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina, Espírito Santo, Sergipe e Alagoas, e dentre eles, apenas um funciona mediante Parceria Público-Privada, situando-se em Ribeirão das Neves, em Minas Gerais. O Presídio de Ribeirão das Neves teve sua construção sob responsabilidade da empresa, tendo o Estado pago pelas obras ao longo do contrato, em parcelas. Findo este, que tem duração de 30 anos, todo o patrimônio fica para a Administração Pública. Com relação à segurança interna das unidades, é feita por funcionários contratados pela empresa privada, todavia,compete ao Estado cuidar daquela externamente. No entanto, em casos de emergência, agentes do Governo podem intervir no interior do estabelecimento. Ressaltamos, as responsabilidades de gestão são compartilhadas entre as Parceiras Privada e Pública com uma estrutura espelhada – uma função pública para cada empregado da empresa. No entanto, toda a infraestrutura está a cargo da primeira. Após tais explanações, observamos ser benéfica a possibilidade de a Administração Pública terceirizar o cuidado com os presos mediante Concessão Administrativa, posto que há anos são verificados os problemas em torno da superlotação carcerária e das condições precárias e impróprias sob as quais os presidiários são submetidos, acarretando rebeliões e tornando ineficaz a ressocialização, resultando, em muitos casos, na crescente marginalização. Ao longo dos anos, o Governo não conseguiu, por si só, administrar tal situação, não apresentando soluções que atenuassem ou suprissem esses problemas. Se o que está sendo aplicado não funciona, por que não mudar a estratégia, visto que legal e constitucional, como o é a Concessão Administrativa? Há inúmeros indicativos positivos e benéficos neste modelo, contudo não exime o Estado de fiscalizar e garantir que o contrato seja cumprido, considerando que o poder de polícia é indelegável. Por conseguinte, essa alternativa tem funcionado e podendo ser um exemplo a seguir, a fim de enfrentar o caos do Sistema Penitenciário no Brasil. Referências AGÊNCIA CÂMARA DE NOTÍCIAS. “Projeto anula decreto do governo sobre participação da iniciativa privada em presídios”. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/noticias/630878-PROJETO-ANULA- DECRETO-DOGOVERNO-SOBRE-PARTICIPACAO-DA- INICIATIVA-PRIVADA-EM-PRESIDIOS>. Acesso em: 20/03/2020. CÂMARA DOS DEPUTADOS - PARTICIPAÇÃO POPULAR. “Privatização dos Presídios”. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/tv/598588-privatizacao-dospresidios/>. Acesso em: 20/03/2020. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parcerias na Administração Pública: Concessão, Permissão, Franquia, Terceirização, Parcerias Público-Privada e outras formas. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2015. DIAS, André Bernandes. “Responsabilidade civil estatal no novo modelo de gestão dos presídios: a gestão privada das penitenciárias por contratos de PPP”. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/36610/responsabilidade-civil-estatal-no-novo- modelo-de-gestaodos-presidios-a-gestao-privada-das-penitenciarias-por- contratos-de-ppp>. Acesso em: 23/05/2020. FGV – CPDOC. “Parcerias Público-Privadas”. Disponível em: <http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/parcerias- publico-privadas>. Acesso em: 19/04/2020. SENADO FEDERAL. “As implicações de mudar um sistema”. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/privatizacao-de- presidios/privatizacaode-presidios>. Acesso em: 21/03/2020. SENADO FEDERAL. “Projeto cria regras gerais para as PPPs em presídio”. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/privatizacao- depresidios/privatizacao-de-presidios/projeto-cria-regras-gerais-para-as- ppps-em-presidio>. Acesso em: 21/03/2020. SENADO FEDERAL. “Primeiro complexo penitenciário no modelo”. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/privatizacao-de- presidios/privatizacaode-presidios/primeiro-complexo-penitenciario-no- modelo>. Acesso em: 21/03/2020. SUNDFELD, Carlos Ari. Parcerias público-privadas. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
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