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UNIDADE I
Prof. Dr. Mário Caldeira
História da Arte Moderna
e Contemporânea
 As Artes Moderna e Contemporânea têm uma ligação essencial e especial. A 
primeira começa a construir outra forma de se ver o mundo e, portanto, de se fazer 
arte. A outra consolida essa abertura para a realidade e, mais ainda, amplia as 
formas de ver e fazer a própria arte.
 É importante afirmar que conhecer a arte, no tempo e no espaço, tem duas 
finalidades essenciais: promover o autoconhecimento e o aprimoramento pessoal 
e servir como fonte de inspiração para criar algo, um projeto de design gráfico, 
outra obra de arte, uma peça musical, uma ilustração, um objeto ou até mesmo um 
projeto arquitetônico, como está demonstrado no próximo slide.
Introdução
Introdução
VILLALTA, Guilhermo Pérez. El 
Navegante Interior (O navegante interior). 
1990. Óleo sobre tela, 200 x 247 cm. 
Colección Diputación de Granada, 
Espanha. 
Fonte: PIZZA, A. Alberto Campo Baeza. 
Works and projects. Barcelona: Editorial 
Gustavo Gili, 1999, p. 160.
Interior da Caja de 
Ahorros de Granada. 
Fonte: 
<https://upload.wikime
dia.org/wikipedia/com
mons/5/56/Caja_Grana
da_Fot%C3%B3grafo-
_Hisao_Suzuki.jpg>. 
Acesso em 25 fev. 
2019.
 A definição do que é arte mudou muito a partir da Arte Moderna e se expandiu e 
modificou mais ainda com a Arte Contemporânea, a ponto de haver hoje sérias 
dúvidas sobre esse conceito.
Então, fica a pergunta: o que é arte?
 Há várias maneiras de abordar esse conceito, mas as que são consideradas 
atualmente mais sólidas são: a relação entre o trabalho de um(a) artista e as bases 
que influenciaram sua criação, a sua capacidade de influenciar outros artistas e até 
mesmo as pessoas em geral e a passagem do tempo.
 As outras maneiras envolvem a opinião de críticos 
especializados e a aceitação pelo público especializado 
no assunto, mas essas têm sido muito relativizadas.
O que é arte
 Vejamos como exemplo uma obra que foi 
capaz de acolher influências do passado 
e de influenciar outros artistas. O quadro 
ao lado é trabalho de Édouard Manet, 
importante impressionista do século XIX 
e início do XX.
O que é arte
MANET, Édouard. Le Déjeuner sur L’Herbe (Almoço na relva). 1862-1863. Óleo sobre tela, 
208 x 264,5 cm. 
Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f1/Manet%2C_Edouard_-
_Le_D%C3%A9jeuner_sur_l%27Herbe_%28The_Picnic%29_%281%29.jpg>. Acesso em 18 
jan. 2019.
 Manet usou o tema e a posição relativa 
dos personagens centrais dessa pintura 
do século XVI como inspiração para o 
seu quadro.
O que é arte
GIORGIONE (e/ou TITIAN). O concerto campestre. c. 1509. Óleo sobre tela, 105 cm × 137 
cm. 
Fonte: 
<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4d/Le_Concert_champ%C3%AAtre%2C_b
y_Titian%2C_from_C2RMF_retouchedFXD.jpg>. Acesso em 19 jan. 2019.
 Desta gravura, Manet usou a maneira como as figuras centrais se posicionam 
dentro do quadro.
O que é arte
RAIMONDI, Marcantonio, sobre o trabalho de Rafael. Julgamento de 
Paris. 1515 ou 1516. Gravura em cobre. 
Fonte: adaptado de: 
<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2c/Urteil_des_Paris.jpg
>. Acesso em 19 jan. 2019.
 Agora observe como o trabalho de 
Édouard Manet influenciou o 
trabalho de outros artistas.
 Claude Monet é um dos mais 
importantes artistas do 
Impressionismo e se baseou na 
obra de Manet feita alguns anos 
antes para produzir a sua versão de 
Almoço na relva.
O que é arte
Claude Monet. Almoço na Relva (estudo esquemático), 1865-1866. Óleo 
sobre tela. 130 cm х 181 cm. The Pushkin State Museum for Modern Art, 
Moscou (Rússia). 
Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/c/c0/Claude_Monet_-
_Le_dejeuner_sur_l%E2%80%99herbe.JPG>. Acesso em: 19 jan. 2019.
 É possível afirmar que existem cinco condições criadas ou consolidadas pela Arte 
Moderna que definem a Arte Contemporânea. Essas condições podem não definir, 
de uma vez por todas, o que é arte, mas elas contribuem para reconhecer os 
limites da criação artística atual.
 A primeira condição é a separação da arte e do conceito de utilidade. Até o 
surgimento da palavra arte como definidora de um campo de atuação 
independente, tudo o que era produzido em uma sociedade tinha uma determinada 
finalidade, uma utilidade.
 A segunda condição é uma consequência da anterior: a 
profissionalização do artista. Quem produz arte é 
essencialmente alguém que faz isso como profissão, 
como sua única forma de atuar, apesar das exceções.
Conceitos fundamentais de arte
 A terceira condição é radical: as mudanças nos suportes da arte. Toda arte tem um 
suporte material, mesmo que seja efêmero. Até o início do século XX, só havia os 
suportes tradicionais: quadros, estátuas, gravuras, afrescos e tapeçarias. Na Arte 
Contemporânea, os suportes são ampliados: instalações, performances, 
happenings, arte com luz, vídeos, projeções em espaços internos e externos, 
murais e até mesmo edifícios e relevos naturais cobertos com tecidos sintéticos.
 A quarta condição é uma mudança do foco. As obras de 
arte até o século XIX sempre se concentraram em 
representações figurativistas. Isso quer dizer que as 
imagens tinham formas reconhecíveis no mundo real. 
Uma parte da Arte Moderna e depois em quase toda a 
Arte Contemporânea usa o Abstracionismo, puro ou 
misturado com propostas figurativas. O Abstracionismo 
não se baseia em formas existentes no mundo real.
Conceitos fundamentais de arte
 Para esclarecer melhor a diferença entre Figurativismo 
e Abstracionismo, podemos citar o trabalho de Frida 
Kahlo (1907-1954). A artista de origem mexicana, de 
vida polêmica e muito ousada, faleceu jovem, mas 
deixou uma importante obra baseada no Figurativismo, 
como se vê no quadro Fulang-Chang e Eu.
Conceitos fundamentais de arte
KAHLO, Frida. Fulang-Chang e Eu, 1937. Óleo 
sobre placa de composição (1937) e espelho com 
moldura pintada (acrescentado em 1939). Quadro, 
colocado à esquerda: 56,5 cm x 44,1 cm x 4,4 cm; 
espelho emoldurado, colocado à direita: 64,1 cm x 
48,3 cm x 4,4 cm. 
Fonte: 
<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/>. 
Acesso em 01 abr. 2019.
A quinta característica é a responsabilidade de escolher o que é arte. A quem cabe 
dizer o que é e o que não é arte?
 Há certo discurso popularizado de que a arte está nos olhos de quem vê, 
atribuindo a responsabilidade de avaliação exclusivamente ao observador e ao seu 
gosto. Até aí não há nenhuma questão restritiva, mesmo porque a popularização 
da arte não ocorreu apenas nos temas usados pelos artistas, mas também na 
ampliação do acesso a essa produção. 
 Mas essa avaliação pessoal tem limites: é fundamental 
ser um estudioso da arte para se afirmar algo sobre um 
objeto artístico e nem sempre o artista faz o seu trabalho 
para ser avaliado por outras pessoas. Há artistas cuja 
produção existe, principalmente, por motivos pessoais. 
É o que revela o trabalho da artista japonesa 
Yayoi Kusama (1929- ).
Conceitos fundamentais de arte
 Escolha a alternativa que indica um critério muito utilizado por profissionais para 
identificar quando um trabalho tem valor artístico consistente.
a) A possibilidade de ser comprado por alguém.
b) A capacidade de influenciar o trabalho de outros artistas.
c) A possibilidade de ser visto tal como ele é.
d) A capacidade de ser produzido por outra pessoa.
e) A denominação que o próprio autor deu como obra de arte.
Interatividade
 Escolha a alternativa que indica um critério muito utilizado por profissionais para 
identificar quando um trabalho tem valor artístico consistente.
a) A possibilidade de ser comprado por alguém.
b) A capacidade de influenciar o trabalho de outros artistas.
c) A possibilidade de ser visto tal como ele é.
d) A capacidade de ser produzido por outra pessoa.
e) A denominação que o próprio autor deu como obra de arte.
Resposta
 Um dos critérios mais antigos e popularespara 
estabelecer o que é arte é a noção de belo. 
Pablo Picasso (1881-1973) usou esse conceito 
de maneira inusitada. Ele é um conhecido artista 
do século XX e teve uma fase, chamada por 
alguns de Período Clássico, em que retratava as 
pessoas com um traço anatomicamente fiel ao 
que se vê, com proporções semelhantes às que 
artistas de séculos passados usavam.
Arte e belo
Pablo Picasso. Paul Vestido de Arlequim, 1924. Óleo sobre tela, 130 cm x 97,5 cm. Museu 
Nacional Picasso, Paris, França. 
Fonte: PHILIPPOT, E. et al. Picasso: mão erudita, olhar selvagem. São Paulo: Instituto 
Tomie Ohtake, 2016. p. 123.
 No quadro ao lado, que se acredita ser 
um retrato do próprio Picasso com sua 
primeira esposa e seu filho, ele usou 
uma forma de representar que lembra 
as figuras humanas pintadas na 
Renascença italiana, principalmente 
as que foram feitas por Michelangelo 
Buonarroti (1475-1564), no século 16.
Arte e belo
Pablo Picasso. Família à Beira-Mar, 1922. Óleo sobre madeira,17,6 cm x 20,2 cm. Museu 
Nacional Picasso, Paris, França. 
Fonte: PHILIPPOT, E. et al. Picasso: mão erudita, olhar selvagem. São Paulo: Instituto 
Tomie Ohtake, 2016. p. 105.
 O mesmo artista foi capaz de criar uma 
série de pinturas, com uma proposta de 
reinterpretação da realidade visível, e 
que foi chamada de Cubismo, em que 
as figuras humanas retratadas não 
tinham qualquer relação com a forma 
humana que vemos no nosso dia a dia.
Arte e belo
Pablo Picasso. Três Músicos, 1921. Óleo sobre tela. 200,7 cm x 222,9 cm. The Museum of 
Modern Art (MoMA), Nova Iorque (Estados Unidos). 
Fonte: adaptado de: <https://cdn.pixabay.com/photo/2016/09/24/06/37/picasso-
1691133_960_720.jpg>. Acesso em: 3 abr. 2019.
 O objetivo de estudar o conceito de beleza serve para entender como a Arte 
Moderna, e em grande parte a Arte Contemporânea, abandona a busca da beleza 
em suas obras.
 A estética corresponde ao estudo da percepção e das sensações que temos da 
realidade. A beleza é um julgamento dessas percepções e sensações.
 Assim, podemos afirmar que o que aprendemos com os estudos de estética sobre 
a beleza é que esta é um conceito subjetivo, temporal e sujeito às condições 
culturais e sociais de quem faz avaliações e julgamentos estéticos.
 Para compreender esse conceito é necessário estudar a 
filosofia que gerou essas propostas. Vamos ver dois 
filósofos que se dedicaram a estudar o conceito de beleza: 
Platão e Immanuel Kant.
O conceito de beleza
 O conceito de belo para Platão (que viveu entre os séculos IV e III a.C. na Grécia) 
é aquele que define beleza como uma ideia, ou seja, algo criado e manipulado 
exclusivamente pela mente humana. Isso pode parecer atualmente um tanto 
redundante, mas foi uma contribuição gigantesca no desenvolvimento da filosofia e 
da capacidade de criação de conhecimento humano. É porque, com essa posição, 
retira-se do campo do mundo místico ou religioso a concepção de beleza. Essa 
noção é usada para mostrar que “ideia” é algo eminentemente humano e sujeito a 
vontades, desejos, culturas, hábitos, preconceitos e relações entre as pessoas.
 Portanto, a beleza, sendo uma ideia e não algo natural, 
também é uma consequência da existência humana 
no mundo.
O conceito de beleza
 O filósofo alemão Kant (1724-1804) vai além e afirma que a beleza é uma 
experiência desinteressada, que deve manter uma distância física do que é 
observado, para que o gosto possa ser aplicado plenamente e somente depois 
decidir-se sobre o que é e o que não é belo. Nesse sentido, o que é belo é ideal. A 
idealização (esse é um conceito baseado nas propostas de Platão) pode ser 
interpretada como o oposto do que é prático e real. Por isso, a beleza para Kant 
tem o valor de algo que se mantém inatingível no plano real e que pode ser 
vivenciado de outras maneiras, como nas artes. Para isso, o trabalho artístico não 
deveria ter utilidade prática.
 O gosto seria então, como consequência, a capacidade de 
julgar um objeto ou modo de representação de alguma 
coisa de uma maneira completamente desinteressada, 
atendo-se apenas à capacidade de tal observação ser 
satisfatória ou insatisfatória.
O conceito de beleza
 Os primeiros artistas modernos começam a se distanciar dessa busca obstinada 
pela beleza. Eles continuam a querer que o público compreenda e aceite suas 
obras, é claro, mas não mais porque são belas, no sentido estrito que a Academia 
de Belas Artes de Paris exigia. E mesmo as primeiras obras modernas tinham 
fortes traços da beleza que impregnava as obras clássicas: a pintura bem-
acabada, com grande qualidade de detalhes, feita com esmero, um controle 
qualificado da perspectiva que simulava tridimensionalidade, entre outras coisas. 
Mas a continuidade acaba aí. O quadro de Manet intitulado Olympia é um 
exemplo, como veremos a seguir.
O conceito de beleza
 O quadro ao lado, de Édouard 
Manet, foi apresentado à Academia 
de Belas Artes de Paris em meados 
do século 19 e foi rejeitado pelo júri, 
que o considerou inaceitável, 
apesar das semelhanças com 
obras do passado. O motivo: alguns 
aspectos formais diferentes e o que 
ele está retratando.
O conceito de beleza
Édouard Manet. Olympia, 1863. Óleo sobre tela. 130,5 cm x 190 cm. Museu D’Orsay, Paris 
(França). 
Fonte: <https://upload.wikimedia.org/
wikipedia/commons/c/ca/Edouard_Manet_038.jpg>. Acesso em: 18 jan. 2019.
 A retirada do critério da beleza pelos grupos que formaram a Arte Moderna não 
eliminou o problema da estética, mas colocou essa questão em outro plano. O que 
significa que a arte tem uma estética, mas que não se concentra (pelo menos para 
a maioria dos artistas) mais no aspecto do belo.
 É importante não confundir a estética de que tratamos 
aqui com as promessas dos estúdios de estética e 
laboratórios de cosmética que proliferam em todo lugar, 
com produtos que prometem beleza plena e fácil. Eles se 
resumem ao alcance de um padrão de beleza bastante 
delimitado e popularizado de todas as maneiras possíveis.
O conceito de beleza
Segundo o filósofo Immanuel Kant, para uma obra de arte ser considerada como tal, 
ela não deve ter uma finalidade e, mesmo que tenha sido feita com tal finalidade, o 
observador deve retirá-la desse contexto para ser arte. Que finalidade é essa?
a) Finalidade utilitária.
b) Finalidade expositiva.
c) Finalidade artística.
d) Finalidade em si própria.
e) Possibilidade de se transformar em arte.
Interatividade
Segundo o filósofo Immanuel Kant, para uma obra de arte ser considerada como tal, 
ela não deve ter uma finalidade e, mesmo que tenha sido feita com tal finalidade, o 
observador deve retirá-la desse contexto para ser arte. Que finalidade é essa?
a) Finalidade utilitária.
b) Finalidade expositiva.
c) Finalidade artística.
d) Finalidade em si própria.
e) Possibilidade de se transformar em arte.
Resposta
 Como a arte é vista dentro da sociedade ocidental atualmente? Há um consenso, 
construído há muito tempo, de que uma obra de arte possui uma aura, uma 
espécie de valor intangível, nem visível nem mensurável, que a torna algo único, 
quase místico. Esse endeusamento da obra de arte, em teoria, não pode ser 
corrompido pelo corpo humano, aos olhos da maioria das pessoas que a admiram 
dessa maneira. Tocar uma pintura ou uma escultura seria como contaminá-la, 
retirar um pouco do seu valor mítico e místico. A sociedade impõe esse 
comportamento em relação à arte.
 E quando um comportamento é imposto ou aceito pela 
coletividade, ele é muito difícil de ser alterado por um 
indivíduo apenas.
Arte e sociedade
 Várias obras de arte modernas e 
contemporâneas foram feitas para serem 
tocadas e sentidas com o corpo humano. 
Artistas modernos, e principalmente os 
contemporâneos, seguiram esse caminho. No 
Brasil apareceram inúmeras obras nessa 
vertente, como os objetos relacionais de 
Lygia Clark (1920-1988), artista brasileirareconhecida internacionalmente.
Arte e sociedade
Lygia Clark. Bicho, caranguejo duplo, 1961. Alumínio. Coleção Pinacoteca do Estado de 
São Paulo, São Paulo. 
Fonte: ZANINI, W. (org.). História geral da Arte no Brasil. São Paulo: Instituto Walther 
Moreira Salles, 1983. p. 671.
 Há belas iniciativas de tornar a arte mais acessível a todos e diminuir a distância 
criada por essa relação entre sociedade e arte. Existem em vários museus pelo 
mundo exposições que também são feitas para serem usufruídas por pessoas que 
possuem alguma limitação sensorial e/ou física. Um exemplo é o Programa 
Educativo para Públicos Especiais (PEPE), da Pinacoteca do Estado de São 
Paulo, no qual há exposições elaboradas especificamente para serem tocadas por 
pessoas com deficiência visual. O conteúdo é composto por esculturas modernas 
brasileiras expostas na Pinacoteca e que são capazes de resistir ao desgaste 
gerado pelo toque de mãos humanas.
 Uma delas é a obra de Rodolfo Bernardelli (1852-1931), 
cuja escultura Moema representa a índia romantizada e 
de morte trágica no romance de Santa Rita Durão, 
o Caramuru.
Arte e sociedade
Arte e sociedade
Rodolfo Bernardelli. Moema, 1895. 
Bronze. 25 cm x 218 cm x 95 cm. 
Pinacoteca do Estado de São Paulo, 
São Paulo (Brasil). 
Fonte: 
<https://upload.wikimedia.org/wikipedi
a/commons/0/02/Rodolfo_Bernardelli_
-_Moema.jpg>. Acesso em: 17 jan. 
2019.
 Então, chegamos ao ponto inicial dessa abordagem: essa proteção da obra 
artística, com seus seguranças atentos, suas faixas isolantes no piso delimitando 
até onde podemos nos aproximar, os vidros protetores (alguns deles blindados), os 
avisos de “não toque” ou “não fotografe com flash” e as onipresentes câmeras 
vigilantes significam que estamos diante de um objeto diferente de todos os outros 
com que convivemos no nosso dia a dia. É um objeto que, dentro da nossa 
sociedade, é tratado com idolatria, como também são os vários objetos de valor 
religioso ou financeiro.
 É essa idolatria que revela qual o papel que a produção 
do artista tem na nossa vida: a obra de arte possui, desde 
antes do advento da Arte Moderna, um status que a 
posiciona como algo inatingível, que somente alguns têm 
o direito de se aproximar, manipular ou, o mais importante 
de todos, possuir.
Arte e sociedade
Como a arte, de um objeto de acesso altamente controlado, conhecido por 
pouquíssimas pessoas (às vezes somente duas, o artista e o comprador da obra), de 
alcance extremamente restrito, tornou-se um bem popular de consumo de massa, 
atingindo milhões de pessoas todos os dias?
 Apesar de termos visto anteriormente neste curso que obras de arte ainda têm 
uma aura que as torna inatingíveis, há um fenômeno relativamente recente e que 
mudou a maneira como se consome arte.
 De um objeto cultuado, limitado a uma elite da sociedade, 
a arte, ou algo relacionado a ela, tornou-se um objeto da 
cultura de massa.
Cultura de elite e cultura de massa
 A princípio, quando a arte começa a ser reconhecida como algo diferente de 
objetos e espaços utilitários e, como consequência, ganha autonomia e 
reconhecimento social, a ela só tem acesso uma elite, em qualquer dos países 
ocidentais europeus. Essa prática se dissemina por vários outros países que 
receberam sua influência. Mas mesmo em outras regiões, como na Ásia, objetos 
artísticos também não eram populares, no que se refere ao acesso a eles.
 Até essa época, a arte é uma cultura de elite. Comprar 
ou encomendar algum objeto artístico era muito caro. 
Atualmente, inúmeras obras de arte ainda são 
completamente inacessíveis à maioria da população, mas 
algo mudou desde meados do século 19. A mudança está 
no uso de temas populares em uma obra dentro de um 
movimento artístico e a popularização do acesso à arte, 
que pode se manifestar de diversas maneiras.
Cultura de elite e cultura de massa
 Foi efetivamente com a Arte Moderna que os temas populares do cotidiano, 
urbano ou rural, da vida das pessoas mais comuns, tanto as de classe média 
quanto os pobres, ou os irremediavelmente miseráveis, foram transformados em 
assuntos dignos para serem retratados e levados para os salões de exposição. 
Mas lembremos que essa atitude não fez com que essas obras fossem 
transformadas em produtos de consumo de massa.
 Assim, a popularização começa com a Arte Moderna, mas 
no seu conteúdo, e não no seu acesso. A popularização 
dos temas abordados pelos artistas não deve ser 
confundida com a expansão gigantesca do consumo de 
bens artísticos.
Cultura de elite e cultura de massa: os temas populares
 A popularização do acesso à arte começou com a ampliação da entrada em 
museus e galerias a partir do século 18 (lembre-se de que a maioria das obras de 
arte ainda era algo exclusivo até o século 19) e, mais tarde, com a produção em 
massa de objetos feitos por artistas ou que usam imagens de obras produzidas por 
artistas plásticos.
 Vamos falar primeiro da transformação da arte em cultura de massa. Por cultura 
de massa entenda-se um tipo de conhecimento que é facilmente assimilado por 
milhões de pessoas e que, para atingir esse número grande de pessoas, é 
disseminado e espalhado em mídias de grande alcance, como internet, televisão, 
rádio, cinema, publicações impressas etc. Lembre-se de 
que, até meados do século 19, a maioria dessas mídias 
sequer existia, portanto, popularizar o acesso à arte era algo 
extremamente difícil de acontecer.
Cultura de elite e cultura de massa: a ampliação do acesso à arte
 Observe o saleiro duplo ao lado: ele é 
criação de Romero Britto, artista 
brasileiro de renome internacional. É um 
dos objetos feitos com características da 
obra desse artista para ser vendido a 
preços mais acessíveis. Como ele, e isso 
não faz muito tempo, outros artistas 
também produzem objetos para serem 
vendidos em grande quantidade.
Cultura de elite e cultura de massa: a ampliação do acesso à arte
Romero Britto. Saleiro duplo, 2009. Cerâmica, tinta e plástico. 7 cm x 10 cm x 6,5 cm. 
No detalhe, a separação dos dois saleiros. 
Fonte: autor.
A valorização do objeto artístico é algo comum e que o torna especial, algo que deve 
ser protegido e, ao mesmo tempo, idolatrado. Essa descrição da aura que existe em 
torno da arte define qual tipo de relação?
a) A relação entre arte e sociedade.
b) A relação entre arte e artista.
c) A relação entre arte e mercado financeiro.
d) A relação entre o artista e os materiais que ele utiliza.
e) A relação entre sociedade e mercado financeiro.
Interatividade
A valorização do objeto artístico é algo comum e que o torna especial, algo que deve 
ser protegido e, ao mesmo tempo, idolatrado. Essa descrição da aura que existe em 
torno da arte define qual tipo de relação?
a) A relação entre arte e sociedade.
b) A relação entre arte e artista.
c) A relação entre arte e mercado financeiro.
d) A relação entre o artista e os materiais que ele utiliza.
e) A relação entre sociedade e mercado financeiro.
Resposta
 Até o surgimento das primeiras exposições abertas ao público, inclusive da 
Academia, obras de arte, como uma pintura encomendada por alguém (nobre, rico 
ou clero), só eram acessíveis se estivessem em lugares onde o público pudesse 
entrar, como uma igreja, por exemplo.
 Isso significa que as demais obras de arte tinham um 
público consumidor extremamente reduzido. Pinturas, 
esculturas, afrescos, tapeçarias, móveis ricamente 
ornamentados, livros com ilustrações sedutoras e 
convincentes, tudo era restrito a quem encomendava 
esses trabalhos ou a quem conseguia posteriormente 
comprá-los (ou quando, em uma guerra, saques levavam 
esses tesouros para um novo proprietário).
As primeiras exposições de arte abertas ao público
 Quando a arte começa a ser exposta em eventos abertos ao público, mesmo que 
especializado, ela ainda segue, por muito tempo, de alcance restrito. As coleções 
particulares,de pessoas ricas, nobres ou religiosos ficam por muito tempo fora do 
alcance da maioria da população, até mesmo aquela mais letrada, capaz de 
compreender o alcance daquelas obras.
 Aos poucos, desde a segunda metade do século 18, 
começam a surgir instituições e espaços destinados a 
fazer exposições abertas ao público em geral: começam a 
surgir os museus. Eles se tornam, ao longo do tempo, o 
principal meio de popularização do acesso à arte.
As primeiras exposições de arte abertas ao público
 Os primeiros museus eram de história natural e guardavam todo tipo de objeto que 
pudesse ter alguma utilidade ou informação importante dentro do contexto do 
colonialismo, como animais empalhados, plantas e frutas secas, objetos de 
civilizações distantes (tudo trazido de outros continentes), e também desenhos, 
pinturas e esculturas.
 Boa parte desse material era rica fonte para os 
colonizadores se manterem informados sobre as colônias 
que mantinham na África, na Ásia e nas Américas. Eram 
espaços mantidos dentro da ideia do Iluminismo e do 
Enciclopedismo, ideologias que estimulavam o acúmulo 
de conhecimento como forma de engrandecimento 
pessoal e das nações, e que tinham uma profunda relação 
com o colonialismo.
As primeiras exposições de arte abertas ao público
 O Museu Britânico, situado em 
Londres, Inglaterra, por exemplo, 
foi criado em 1753, com uma 
coleção organizada pelo Estado 
britânico e aberto ao público. Seu 
acervo se parecia mais com o de 
um museu de história natural. 
Posteriormente foi ampliando seu 
acervo de arte.
As primeiras exposições de arte abertas ao público
Museu Britânico, Londres, Inglaterra. 
Fonte: PublicDomainImages. https://pixabay.com. Acesso em 01 jun. 2019.
 O outro fenômeno, bem mais recente, tem a ver com a edificação que chamamos 
de museu. Até a segunda metade do século XX, podemos afirmar sem receio que 
uma construção feita para ser um museu era um espaço que, quando bem 
idealizado e construído, é agradável para o usuário e contribui para preservar as 
obras do acervo. Mesmo que fossem ambientes que chamassem a atenção por 
sua qualidade, não deveriam competir com as obras.
 Essa situação começa a se modificar a partir de quando 
surge uma arquitetura que, por várias razões, começa a 
chamar mais a atenção do que as obras que deveriam ser 
o foco da existência do museu.
As primeiras exposições de arte abertas ao público
 O Masp (Museu de Arte Assis 
Chateubriand) foi criado em 1947. 
Com o aumento considerável do 
museu teve que ser construído um 
edifício maior, que se encontra na 
Avenida Paulista, em São Paulo. 
O projeto é da arquiteta Lina Bo 
Bardi e foi terminado de construir 
em 1968.
As primeiras exposições de arte abertas ao público
Museu de Arte de São Paulo (Masp), São Paulo (Brasil). 
Fonte: 
<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9d/MASP_Brazil.jpg
>. Acesso em: 27 fev. 2019.
 Mas o fenômeno arquitetônico que transforma os museus em astros do mundo da 
arte se amplia significativamente a partir dos anos 1990. Quando o arquiteto 
estadunidense, de origem canadense, Frank Gehry (1929- ) visitou a pequena 
cidade industrial de Bilbau, na Espanha, ele escolheu um terreno ao lado do rio 
para projetar a filial do Museu Solomon R. Guggenheim na Europa. Um terreno, 
aliás, sem qualquer importância aparente. Uma vez executado, o projeto se tornou 
quase de imediato a musa das revistas arquitetônicas e alçado, podemos 
comparar, a uma posição de pop star no mundo arquitetônico.
 A transformação do museu em uma edificação capaz de 
atrair investimentos, público e a atenção da mídia, tornou-
se algo tão poderoso que inúmeras cidades ao redor do 
mundo começaram a usá-lo para se promover 
no cenário internacional.
As primeiras exposições de arte abertas ao público
 Em pouquíssimo tempo, a cidade de 
Bilbau entrou no roteiro de viagens 
de turistas, locais e internacionais, 
principalmente para visitar o museu 
de formas inusitadas. Quais obras 
de arte estão dentro dele ou nos 
seus espaços de exposição 
externos? Isso não parece importar 
muito aos visitantes...
As primeiras exposições de arte abertas ao público
Museu Guggenheim, Bilbau (Espanha). 
Fonte: <https://cdn.pixabay.com/photo/2015/01/04/17/53/bilbao-
588501_960_720.jpg>. Acesso em: 27 fev. 2019.
 O Museu de Arte de Milwaukee 
foi ampliado pelo arquiteto 
Santiago Calatrava (1951- ), com 
o Pavilhão Quadracci e se tornou 
tão emblemático que parte de sua 
imagem é usada atualmente no 
logotipo do museu.
As primeiras exposições de arte abertas ao público
Santiago Calatrava – Architects & Engineers. Museu de Arte de Milwaukee (1994-2001), 
Wisconsin, Estados Unidos. PeterSesar – O wn work. 
Fonte: <https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=46973113>. Acesso em: 29 mai. 
2019.
 O Museu de Arte 
Contemporânea de Niterói 
foi projetado por Oscar 
Niemeyer e, desde o início, 
sua forma e sua inserção na 
paisagem chamaram a 
atenção em todo o mundo.
As primeiras exposições de arte abertas ao público
Oscar Niemeyer. Museu de Arte Contemporânea (1996), Niterói, Brasil. 
Fonte: tamarcristina. <https://pixabay.com/pt/photos/museu-oscar-niemayer-
niter%C3%B3i-539989/>. Acesso em: 29 mai. 2019.
Os museus feitos a partir do final do século 20, em sua maioria, têm uma 
característica na sua construção que é peculiar. Que característica é essa?
a) A arquitetura desses edifícios é pensada apenas para as exposições.
b) A arquitetura desses edifícios é feita para não se destacar dentro da cidade.
c) A arquitetura desses prédios é feita para destacar as obras de arte.
d) A arquitetura dessas construções é muito discreta.
e) A arquitetura desses edifícios é feita para chamar muito a atenção.
Interatividade
Os museus feitos a partir do final do século 20, em sua maioria, têm uma 
característica na sua construção que é peculiar. Que característica é essa?
a) A arquitetura desses edifícios é pensada apenas para as exposições.
b) A arquitetura desses edifícios é feita para não se destacar dentro da cidade.
c) A arquitetura desses prédios é feita para destacar as obras de arte.
d) A arquitetura dessas construções é muito discreta.
e) A arquitetura desses edifícios é feita para chamar muito a atenção.
Resposta
ATÉ A PRÓXIMA!

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