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Caro aluno Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe- ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção: No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en- contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. multimídia Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em seu dia a dia. vivenciando Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê- -las com tranquilidade. áreas de conhecimento do Enem Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria- mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque- les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza- ção dos estudos e até a resolução dos exercícios. diagrama de ideias Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela- borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina. Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio- logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan- do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive. conexão entre disciplinas Herlan Fellini De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo o território nacional. incidência do tema nas principais provas Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques- tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com- pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. teoria Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta- dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com- preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula. aplicação do conteúdo © Hexag Sistema de Ensino, 2018 Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020 Todos os direitos reservados. Autor Márcio Cavalcanti de Andrade Diretor-geral Herlan Fellini Diretor editorial Pedro Tadeu Vader Batista Coordenador-geral Raphael de Souza Motta Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica Hexag Sistema de Ensino Editoração eletrônica Arthur Tahan Miguel Torres Matheus Franco da Silveira Raphael de Souza Motta Raphael Campos Silva Projeto gráfico e capa Raphael Campos Silva Imagens Freepik (https://www.freepik.com) Shutterstock (https://www.shutterstock.com) ISBN: 978-65-88825-05-1 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis- posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre- sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2020 Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino. Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP CEP: 04043-300 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br SUMÁRIO ENTRE PENSAMENTOS: FILOSOFIA Aula 1: Introdução à Filosofia grega 6 Aula 2: Filosofia de Atenas 13 Aula 3: Mito da caverna 18 Aula 4: Aristóteles 24 Aula 5: Filosofia medieval 30 Aula 6: Filosofia política 37 Aula 7: Filosofia moderna 44 Aula 8: Racionalistas 51 Aula 9: Empirismo 57 Aula 10: Iluminismo francês 65 Aula 11: Rousseau 72 Aula 12: Iluminismo alemão 79 Aula 13: O dever kantiano 86 Aula 14: Tempestade e ímpeto 92 Aula 15: Hegel 98 Aula 16: Utilitaristas 104 Aula 17: Materialismo filosófico 112 Aula 18: Schopenhauer 118 Aula 19: Nietzsche 124 Aula 20: Filosofia da Ciência 130 Aula 21: Fenomenologia do Conhecimento 135 Aula 22: Existencialismo 142 Aula 23: Escola de Frankfurt 149 Aula 24: Habermas 156 Aula 25: Hannah Arendt 162 Aula 26: A filosofia e o poder 167 Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura. H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas. H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos H4 Compararpontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura. H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades. Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos. H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações. H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social. H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial H10 Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica. Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais. H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço. H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades. H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder. H14 Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas. H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social. H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção. H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais. H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano. H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho. Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, fa- vorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social. H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas. H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades. H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades. H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social. Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos. H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos. H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas. H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas. FILOSOFIA: Incidência do tema nas principais provas UFMG A prova trata a Filosofia com um olhar independente, não relacionando com História. O seu enfoque é relacionar teorias e correntes filosóficas associadas ou contrárias. A prova possui uma abordagem filosófica direcionada para os temas da redação, de modo que os pensadores podem auxiliar no processo de desenvolvimento dos argumen- tos dos candidatos. A prova apresenta uma relação da Filosofia com a História. Diante disso, o candidato precisa relacionar as transformações histó- ricas em conjunto com as teorias filosóficas. A prova cobra a disciplina de Filosofia de forma indireta nas temáticas de redação. A prova é direcionada para a prática da Medi- cina. Assim, a Filosofia é cobrada de maneira indireta, como a ética no campo médico, prin- cipalmente nos temas de redação, que podem auxiliar os candidatos a elaborarem melhor os seus argumentos nas redações. A prova cobra a disciplina de Filosofia de forma indireta nas temáticas de redação. A prova direciona diretamente para Filosofia, com conceitos da história da Filosofia, e é abordada de forma direta na prova de conhecimentos específicos conceitos filosóficos. A prova contém interdisciplinaridade nas Ciências Humanas, com poucas questões diretas na área da Filosofia, tendo preferência por questões temáticas. A abordagem do vestibular da USP é inter- disciplinar, de forma que a Filosofia é tratada mais como um alicerce para a compreensão da realidade. A prova não direciona diretamente para a Filosofia. A prova não aborda a Filosofia. A prova não aborda a Filosofia. A prova cobra a disciplina de Filosofia de forma indireta nas temáticas de redação. A prova é apresentada conforme seu edital específico, na qual são relacionados alguns livros ou trechos de obras de filósofos. A prova trata a Filosofia com um olhar espe- cífico, possuindo um edital diferenciado com autores específicos. 6 O mundo helenístico se beneficiou do momento histórico, quando as cidades-Estados na Grécia antiga eram prós- peros centros comerciais e culturais. Desse modo, favore- ceu-se o desenvolvimento do pensamento humano, isto é, ocorreu a supremacia do logos, que significa “palavra”, “discurso”, “razão”. Mapa do Mundo helenístico Vista do partenon, teMplo dedicado à deusa atena, construído no século V a.c., na acrópole de atenas 1. Período Pré-socrático ou cosmológico Sendo uma explicação racional e sistemática diante da ori- gem e da transformação da Natureza, a cosmologia nega que as coisas tenham surgido do nada, pois a própria Natureza está em transformação. Os pensadores desse período tiveram a preocupação de compreender a physis, ou seja, os aspectos da Natureza ou da nossa realidade, que se encontra em movimento. Assim, o termo filósofo significa “investigador da Natureza”. 1.1. Tales de Mileto (624-546 a.C.) Tales é um famoso matemático, mas pouco se conhece sobre seus escritos, pois muitos se perderam ao longo do tempo. Ele foi o primeiro a afirmar que a água era a origem de todas as coisas, sendo a fonte originária de explicação da physis. Infelizmente, só temos interpretação de outros filósofos perante o seu pensamento. Tales, o fundador de tal filosofia, diz ser água [o princípio] (é por este motivo também que ele declarou que a terra está sobre água), levado sem dúvida a esta concepção por ver que o alimento de todas as coisas é úmido, e que o próprio quente dele procede e dele vive (ora, aquilo de que Os pré-socráticos Uma breve explicação dos primeiros pensa- dores da Grécia antiga Fonte: Youtube multimídia: vídeo Introdução à FIlosoFIa grega CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades: 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 20, 22, 23, 24 e 25 AULA 1 7 De sua vida pouco se sabe. Foi-lhe atribuída a confecção de um mapa do mundo habitado. Anaximandro foi o primeiro a formular o conceito de uma lei universal presidindo o pro- cesso cósmico total, numa clara ampliação da visão de Tales. 1.3. Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.)Heráclito preocupou-se com a questão da transformação, ou seja, da physis, e por sua forma tão concisa de escrita, ganhou o cognome de “o Obscuro”. A base de seu pensa- as coisas vêm é, para todos, o seu princípio). Por tal ob- servar adotou esta concepção, e pelo fato de as sementes de todas as coisas terem a natureza úmida; e a água é o princípio da natureza para as coisas úmidas. aristóteles MetaFísica, 1, 3. 983b (dK 11 a 12) 1.2. Anaximandro (610-547 a.C.) Introdução à história da Filosofia CHAUÍ, Marilena. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. No primeiro volume desenvolvido pela filóso- fa brasileira Marilena Chauí, é apresentada, de forma didática, a filosofia dos primeiros pensadores na Grécia antiga. Fonte: Youtube multimídia: livro mento consiste no caráter transitório e mutável das coisas – para explicar esse pensamento, emerge a metáfora que “não podemos nos banhar no mesmo rio duas vezes”. Nos mesmos rios entramos e não entramos. Somos e não somos. herÁclito Tudo muda Guilherme Souza. Creio em ti (2016). Fonte: Youtube multimídia: música A sabedoria grega (III): Heráclito Giorgio Colli. São Paulo: Paulus, 2013. Nessa obra bilíngue, idealizada pelo professor Giorgio Colli, são apresentados todos os frag- mentos associados ao filósofo Heráclito, para compreendermos na sua plenitude a filosofia do pensador de Éfeso. multimídia: livro 8 1.4. Parmênides de Eleia (530-460 a.C.) O filósofo Parmênides concentrou seu pensamento no imo- bilismo universal, indo contra o mobilismo de Heráclito. Seu único trabalho conhecido foi um poema intitulado “Sobre a Natureza”, que sobreviveu apenas na forma de fragmentos. Segundo Parmênides, o ser era uno, indivisível, pleno e eterno, de modo que não há espaço para o não ser. Visto que, para o pensador, as coisas não surgiram do nada, isto é, tudo que existe sempre existiu. Parmênides parece, neste ponto, raciocinar com mais penetração. Julgando que fora do ser o não ser nada é, forçosamente admite que só uma coisa é, a saber, o ser, e nenhuma outra. aristóteles MetaFísica, 1, 5. 986b 18 (dK 28 a 24) 1.5. Empédocles (490-430 a.C.) Empédocles foi um filósofo da cidade de Agrigento, na Si- cília, e seu pensamento consistia em que as coisas eram constituídas por quatro elementos: fogo, terra, água e ar. Ele observa que o amor e o ódio aproximam e afastam os indivíduos, caracterizando-os como forças antagônicas cósmicas. Isso quer dizer que o semelhante atrai o seme- lhante e o dessemelhante repulsa o dessemelhante, num movimento eterno – assim, ao se ter harmonia, o amor prevalece e, caso tenha desequilíbrio, o ódio está atuando. Diante disso, o filósofo inaugura o pluralismo, que orienta e ordena a Natureza; não mais um único elemento, como pensavam os outros filósofos. Este (Empédocles) estabelece quatro elementos corporais, fogo, ar, água e terra, que são eternos e que mudam au- mentando e diminuindo mediante mistura e separação; mas os princípios propriamente ditos, pelos quais aqueles são movidos, são o Amor e o Ódio. Pois é preciso que os elemen- tos permaneçam alternadamente em movimento, sendo ora misturados pelo Amor, ora separados pelo Ódio. aristóteles MetaFísica, 1, 3. 984a 8 (dK 31 a 28) 1.6. Demócrito (460-370 a.C.) Filósofo nascido na cidade de Mileto ou Abdera, Demócrito foi o maior expoente do atomismo. Segundo seu pensa- mento, tudo o que existe na physis, ou seja, na Natureza, é composto por átomos, que eram partículas indivisíveis e eternas. Seu método foi a observação. Demócrito é o primeiro que excluiu rigorosamente todo ele- mento mítico. E o primeiro racionalista. nietZsche o nasciMento da FilosoFia na época da tragédia grega. Vol. XiX. Os pré-socráticos Coleção “Os pensadores”. São Paulo: Abril, 1999. Nessa compilação de textos dos primeiros fi- lósofos da Grécia antiga, temos uma percep- ção das teorias desses pensadores. multimídia: livro 9 DIAGRAMA DE IDEIAS TALES TUDO É ÁGUA HERÁCLITO TUDO FLUI PARMÊNIDES O SER É OU O SER NÃO É OS PRIMEIROS PENSADORES NA GRÉCIA ANTIGA SÃO INVESTIGADORES DA NATUREZA (PHYSIS) BUSCAM EXPLICAR OS FENÔMENOS DA NATUREZA COM UMA ÚNICA DEFINIÇÃO DE UMA FORMA ONTOLÓGICA E COSMOLÓGICA EMPÉDOCLES A MISTURA DOS ELEMENTOS FORMAM A PHYSIS DEMÓCRITO TUDO É COMPOSTO POR ÁTOMOS FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 10 Aplicando para Aprender (A.P.A.) 1. (Unifesp) “Vamos, vou dizer-te – eu tu escuta e fixa o relato que ouviste quais os únicos caminhos de investi- gação que há para pensar: um que é, que não é para não ser. é caminho de confiança (pois acompanha a realida- de); o outro que não, que tem de não ser, esse te indico ser caminho em tudo ignoto, pois não poderá conhecer o não ser, não é possível, nem indicá-lo [...]” parMÊnides. da natureZa. são paulo: loYola, 2002. Com base no fragmento, o autor: a) faz um contraponto em relação aos pensamentos de Heráclito, no qual contradiz a teoria de que tudo está em uma constância perpétua de movimento e mudanças. b) faz um contraponto em relação aos pensamentos do não ser, pois ser pode não ser, possibilitando o conhecimento do não se conhecer. c) defende a teoria de que tudo está em uma cons- tância perpétua de movimento e mudanças. d) fundamenta que o ser, somente pode ser o que é, entre- tanto, pode possibilitar o conhecimento da realidade através do que não se sabe, fomentando o conhecimento do não ser. e) faz um contraponto a não identidade, pois o ser é impossível de saber ou compreender o que o constitui. 2. (Enem) Na antiga Grécia, o teatro tratou de questões como destino, castigo e justiça. Muitos gregos sabiam de cor inúmeros versos das peças dos seus grandes au- tores. Na Inglaterra dos séculos XVI e XVII, Shakespeare produziu peças nas quais temas como o amor, o poder, o bem e o mal foram tratados. Nessas peças, os grandes personagens falavam em ver- so e os demais em prosa. No Brasil colonial, os índios aprenderam com os jesuítas a representar peças de caráter religioso. Esses fatos são exemplos de que, em diferentes tempos e situações, o teatro é uma forma de a) manipulação do povo pelo poder. b) diversão e de expressão dos valores e problemas da sociedade. c) entretenimento popular. d) manipulação do povo pelos intelectuais que com- põem as peças. e) entretenimento, que foi superada e hoje é substitu- ída pela televisão. 3. Em relação ao fenômeno religioso e à história do de- senvolvimento do homem, é correto afirmar que: a) a manifestação do sagrado envolve os aspectos religiosos, que precedem a razão. b) a razão possibilitou o desenvolvimento da religião. c) o sagrado é invenção para apenas conduzir as massas. d) o discurso racional criou a religião. e) a moral é inata ao âmago do homem e precede ao fenô- meno do sagrado, que está coligado à estrutura religiosa. 4. (UEL) Há, porém, algo de fundamentalmente novo na maneira como os gregos puseram a serviço do seu problema último – da origem e essência das coisas – as observações empíricas que receberam do Oriente e enriqueceram com as suas próprias, bem como no modo de submeter ao pensamento teórico e casual o reino dos mitos, fundado na observação das reali- dades aparentes do mundo sensível: os mitos sobre o nascimento do mundo. Jaeger, W. paideia. 3. ed. são paulo: Martins Fontes, 1995, p. 197. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a relação entre mito e filosofia na Grécia, é correto afirmar: a) Filosofia e mito sempre mantiveram uma relação de interdependência, uma vez que o pensamento filosófico necessita do mito para se expressar. b) Apesar de ser pensamento racional, a filosofia se desvin- cula dos mitos, de forma gradual. c) A filosofia representa uma ruptura radical em relação aos mitos, representando uma nova forma de pensamento ple- namente racional, desde as suas origens. d) Em que pese ser considerada como criação dos gregos, a filosofia se origina no Oriente sob o influxo da religião e apenas posteriormente chega à Grécia. e) O mitojá era filosofia, uma vez que buscava respostas para problemas que até hoje são objetos da pesquisa filosófica. 5. (UEL) De onde vem o mundo? De onde vem o univer- so? Tudo o que existe tem que ter um começo. Portanto, em algum momento, o universo também tinha de ter surgido a partir de uma outra coisa. Mas, se o universo de repente tivesse surgido de alguma outra coisa, en- tão essa outra coisa também devia ter surgido de algu- ma outra coisa algum dia. Sofia entendeu que só tinha transferido o problema de lugar. Afinal de contas, algum dia, alguma coisa tinha de ter surgido do nada. Existe uma substância básica a partir da qual tudo é feito? A grande questão para os primeiros filósofos não era saber como tudo surgiu do nada. O que os instigava era saber como a água podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se trans- formar em árvores frondosas ou flores multicoloridas. gaarder, J. o Mundo de soFia. são paulo: coMpanhia das letras, 1995. p. 43-44 (adaptado). Com base no texto e nos conhecimentos sobre o surgi- mento da Filosofia, assinale a alternativa correta. a) Os pensadores pré-socráticos explicavam os fenômenos e as transformações da natureza e porque a vida é como é, tendo como limitador e princípio de verdade irrefutável as histórias contadas acerca do mundo dos deuses. b) Os primeiros filósofos da natureza tinham a con- vicção de que havia alguma substância básica, uma causa oculta que estava por trás de todas as transfor- mações na natureza e, a partir da observação, busca- vam descobrir leis naturais que fossem eternas. c) Os teóricos da natureza, que desenvolveram seus siste- mas de pensamento por volta do século VI a.C., partiram da ideia unânime de que a água era o princípio original do mundo por sua enorme capacidade de transformação. 11 d) A filosofia da natureza nascente adotou a imagem homérica do mundo e reforçou o antropomorfismo do mundo dos deuses em detrimento de uma explicação natural e regular acerca dos primeiros princípios que ori- ginam todas as coisas. e) Para os pensadores jônicos da natureza – Tales, Anaxímenes e Heráclito –, há um princípio originário único denominado “o ilimitado”, que é a reprodução da aparência sensível que os olhos humanos podem observar no nascimento e na degeneração das coisas. 6. (UEAP) (...) que é e que não é possível que não seja,/ é a vereda da Persuasão (porque acompanha a Verdade); o outro diz que não é e que é preciso que não seja,/ eu te digo que esta é uma vereda em que nada se pode aprender. De fato, não poderias conhecer o que não é, porque tal não é fatível./ nem poderia expressá-lo. nicola, ubaldo. antologia ilustrada de FilosoFia. são paulo: globo, 2005. O texto anterior expressa o pensamento de qual filósofo? a) Aristóteles, que estabelecia a distinção entre o mundo sensível e o inteligível. b) Heráclito de Éfeso, que afirmava a unidade entre pensamento e realidade. c) Tales de Mileto, que afirmava ser a água o princípio de todas as coisas. d) Parmênides de Eleia, que afirmava a imutabilidade de todas as coisas e a unidade entre ser e pensar, ser e conhecimento. e) Protágoras, que afirmava que o homem é a medida de todas as coisas, que o ser é e o não ser não é. 7. (Unicentro) Leia o fragmento de um texto pré-socrático. “Ainda outra coisa te direi. Não há nascimento para ne- nhuma das coisas mortais, como não há fim na morte funesta, mas somente composição e dissociação dos ele- mentos compostos: nascimento não é mais do que um nome usado pelos homens.” eMpédocles. apud aranha; Martins. FilosoFando: introdução à FilosoFia. 3. ed. são paulo: Moderna, 2006, p. 86. A respeito da relação entre mythos e logos (razão) no início da filosofia grega, analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas. I. O fragmento acima denota a “luta de forças” opostas na massa dos membros humanos, que ora unem-se pelo amor – no início todos os membros que atingiram a corpo- reidade da vida florescente –, ora divididos pela força da discórdia, erram separados nas li- nhas da vida. Assim ocorre também com todos os outros seres na natureza. II. A verdade filosófica apresenta-se no pensamento de Empédocles através de uma estrutura lógica muito distante da “verdade” expressa nos relatos míticos dos gregos arcaicos. III. Nascimento e morte, no texto de Empédocles, são apre- sentados por meio de representações míticas que o filóso- fo retira de uma tradição religiosa presente ainda em seu tempo. Essas imagens, consequentemente, se transpõem, sem deixarem de ser místicas, em uma filosofia que quer captar a verdadeira essência da realidade física. IV. O fragmento denota continuidade do pensamento mí- tico no início da filosofia, pois estão presentes ainda o uso de certas estruturas comuns de explicação. a) Apenas II, III e IV estão corretas. b) Apenas I, III e IV estão corretas. c) Apenas I e II estão corretas. d) Apenas I e IV estão corretas. e) Apenas I, II e IV estão corretas. 8. A filosofia ocidental teve início com os pensadores an- teriores a Sócrates, por isso chamados de pré-socráticos, dos quais a maioria viveu em colônias gregas distantes de Atenas. Sobre esses pensadores, pode-se dizer: a) Com os pré-socráticos, a filosofia se constitui numa ci- ência particular, e não mais no estudo da realidade total. b) A mitologia tradicional grega fazia parte das suas doutrinas. c) Pitágoras e os seus discípulos dedicaram-se ao es- tudo da política e recusaram a interferência da mate- mática no estudo da cosmologia. d) Heráclito defendeu a ideia de permanência subs- tancial e constante do ser, contra a noção de devir. e) Os naturalistas, ou fisiólogos da Jônia, dedicavam-se, sobretudo, ao estudo do cosmo, e muitos deles busca- vam o princípio constitutivo do mundo em algum de seus elementos: ar, água, terra, ou fogo. 9. (UFU) Heráclito de Éfeso viveu entre os séculos VI e V a.C. e sua doutrina, apesar de criticada pela filosofia clássica, foi resgatada por Hegel, que recuperou sua im- portante contribuição para a dialética. Os dois fragmen- tos a seguir nos apresentam este pensamento. “Este mundo, igual para todos, nenhum dos deuses e nenhum dos homens o fez; sempre foi, é e será um fogo eternamente vivo, acendendo-se e apagando-se conforme a medida.” “Para as almas, morrer é transformar-se em água; para a água, morrer é transformar-se em terra. Da terra, contudo, forma-se a água, e da água a alma.” De acordo com o pensamento de Heráclito, marque a alternativa incorreta. a) As doutrinas de Heráclito e de Parmênides estão em perfeito acordo sobre a imutabilidade do ser. b) Para Heráclito, a ideia de que “tudo flui” significa que nada permanece fixo e imóvel. c) Heráclito desenvolve a ideia da harmonia dos con- trários, isto é, a permanente conciliação dos opostos. d) A expressão “devir” é adequada para compreen- dermos a doutrina de Heráclito. 10. (UFU) O fragmento seguinte é atribuído a Heráclito de Éfeso. 12 “O mesmo é em (nós?) vivo e morto, desperto e dormindo, novo e velho; pois estes, tombados além, são aqueles e aqueles de novo, tombados além, são estes”. os pré-socrÁticos. 1. ed. são paulo: abril cultural. 1973, p. 93. A partir do fragmento citado, escolha a alternativa que melhor representa o pensamento de Heráclito. a) Não existe a noção de “oposto” no pensamento de Heráclito, pois todas as coisas constituem um único processo de mudança que expressa a concórdia e a harmonia do “fluxo” contínuo da natureza. b) A equivalência de estados contrários com “o mesmo” exprime a alternância harmônica de polos opostos, pela qual um estado é transposto no outro, numa sucessão mútua, como o dia e a noite. Todas as Coisas são “Um”, toda a multiplicidade dos opostos constitui uma unidade, e todos os seres estão num fluxo eterno de sucessão de opostos em guerra. c) Se o morto é vivo, o velho é novo e o dormente é desperto, então não existe o múltiplo, mas apenas o como verdade profunda do mundo. A unidadepri- mordial é a própria realidade da physis e a multiplici- dade, apenas aparência. d) A alternância entre polos opostos constitui um fluxo eterno, regido pela “guerra” e pela “discórdia”, que ocorre sem qualquer medida e proporção. A guerra entre contrários evidencia que a physis é caótica e denota o fato de que o pensamento de Heráclito é irracionalista. 11. Os fragmentos abaixo representam três temas fundamentais que configuram o pensamento de Heráclito de Éfeso. “O deus é dia noite, inverno verão, guerra paz, saciedade fome; mas se alterna como fogo, quando se mistura a in- censos, e se denomina segundo o gosto de cada.” “Por fogo se trocam todas (as coisas) e fogo por todas, tal como por ouro mercadorias e por mercadorias ouro.” os pré-socrÁticos. são paulo: abril cultural, 1973, p. 85 e 87. coleção “os pensadores”. A partir das citações acima: a) explicite quais são esses temas; e b) comente cada um deles, de modo a caracterizar a filosofia de Heráclito. gabarito 1-A; 2-B; 3-A; 4-B; 5-B; 6-D; 7-A; 8-E; 9-A; 10-B 11.a) O eterno devir (fluxo); a luta dos contrários (opostos); o fogo (símbolo da filosofia heraclitiana e do logos). b) De acordo com Heráclito, tudo está em eterno devir, toda a realidade é um processo constante de mudanças, em que nada, a não ser a própria mudança, permanece. A luta entre os contrários é o que mantém o eterno fluxo de todas as coisas, fazendo, através da luta dos opostos, com que nada seja igual ao que foi antes. No entanto, a mudança não é caótica, pois há uma lei que rege o fluxo eterno de todas as coisas, esta lei é o logos, que, segundo Heráclito, percebe como unidade aquilo que se apresenta como multiplicidade. A unidade dada e percebida pelo logos é uma unidade de tensões opostas que provoca a harmonia. Finalmente, Heráclito afirma que o fogo é o símbolo de sua filosofia, pois representa como o funda- mento e princípio (arché) de todas as coisas. 13 A cidade-Estado de Atenas tornou-se um centro cultural, feito este ocorrido no século de Péricles, época de maior florescimento da democracia ateniense. Com o controle de quaisquer ataques de outras cidades, Atenas se favoreceu econômica e culturalmente, desenvolvendo a Filosofia. 1. sofismo Com o crescimento da polis grega, surgiu uma prática educacional, em que os seus integrantes eram chamados de sofistas, sábios que vendiam o conhecimento, mas di- recionavam esse conhecimento conforme as suas próprias convicções. Os principais sofistas foram Protágoras de Ab- dera (490-421 a.C.), Górgias de Leontinos (487-380 a.C.), Pródico de Creos (465-395 a.C.), dentre outros. Apresenta- vam-se como mestres da oratória, de modo que, para eles, era possível ensinar as técnicas de oratórias e da persuasão para qualquer cidadão. Devido a isso, muitos jovens procu- ravam os sofistas para alcançarem status na cidade, onde o logos era elemento fundamental. Afinal, numa cidade democrática, o cidadão precisava saber falar e ser capaz de persuadir os outros com o auxílio das palavras. parthenon 1.1. Sócrates (469-399 a.C.) O filósofo ateniense foi um dos maiores críticos à prática do sofismo, pelo direcionamento da verdade pelo sofista, além de discordar que eram filósofos, visto que não investi- gavam nada, só reproduziam fatos. Sócrates foi um marco na história da Filosofia, por modificar a investigação do pensamento, pretendendo direcionar para uma análise do indivíduo, e não mais para a compreensão da physis. 1.2. Dialética socrática O método de investigação desenvolvido por Sócrates, co- nhecido como dialética, consistia em alcançar a verdade por meio do diálogo. O objetivo dessa dialética era desmas- carar a falsa sabedoria, chegando a um conhecimento da natureza do homem. Dessa maneira, Sócrates dialogava com o intuito de justi- ficar os conhecimentos, as virtudes ou as habilidades que lhe eram atribuídos. Com os seus diálogos, ele acabava fazendo com que o interlocutor expressasse suas opini- ões, utilizando-se de questionamentos. O resultado dessas conversas era apresentar a fragilidade das opiniões alheias. Apesar de sua postura questionadora, Sócrates propagava que era o cidadão mais ignorante da Grécia e, mediante isso, era necessário aprender com os outros, de forma que lhe foi atribuído a frase “só sei que nada sei”. Por conta de suas conversas, realizadas nas praças públicas de Atenas, junto ao seu modo de investigação, Sócrates questionava os vícios e a corrupção na cidade grega. 4 Lições de Platão / Filosofia #1 Esse vídeo questiona: quem foi o filósofo gre- go Platão; quais são as lições platônicas mais importantes e qual a sua relevância na atua- lidade; o que é eudaimonia; e como vencer a mediocridade e ser feliz. Fonte: Youtube multimídia: vídeo FIlosoFIa de atenas CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades: 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 20, 22, 23, 24 e 25 AULA 2 14 Acabou sendo preso, com o pretexto de ofender os deu- ses da cidade e corromper a juventude – esse momento é contado na obra Apologia de Sócrates, do filósofo Platão. Foi condenado à morte tomando um cálice de cicuta, um veneno extraído da planta conium maculatum. “La mort de Socrate” Pintura de Jacques-Louis David (1787) A figura de Sócrates é bem mítica, pois nada escreveu em vida. Tudo o que sabemos dele é derivado dos relatos de seu discípulo mais famoso, o filósofo Platão, e de Aristófa- nes, um dramaturgo grego que ridicularizava a figura de Sócrates contra os sofistas. 1.3. Das aparências ao mundo das ideias Com o pensador ateniense Platão (428-354 a.C.), a Filo- sofia ganhou uma característica epistemológica. Após a morte de seu mestre, Platão fundou a Academia, um re- cinto onde se discutiam diversos temas, da Matemática, passando pela Astronomia e até a Música. Na Academia, o conhecimento deveria ser baseado numa episteme, ou seja, numa ciência, com o intuito de ultrapassar o plano instável da opinião. Logo na entrada desse recinto, existia um escrito: “Que aqui não entre quem não souber geometria.” Esta frase tinha uma definida intenção de valorização da ciência, que se iniciava na Grécia, mas também, uma forma de afastar os críticos que poderiam ter alguma intenção negativa aos seus métodos filosóficos. 1.4. Reminiscência Segundo o filósofo grego, o ato de conhecer as coisas signifi- ca, necessariamente, o ato de lembrar, sustentando a hipóte- se da reminiscência, contida no diálogo Ménon. Nesse diálo- go, Sócrates demonstra que, através de um escravo, o homem só precisa recordar as coisas que sua alma um dia aprendeu. Sócrates: o homem que perguntava (parte 1) Sócrates nasceu em Atenas, provavelmente no ano de 470 a.C., e tornou-se um dos prin- cipais pensadores da Grécia antiga. Podemos afirmar que Sócrates fundou o que conhece- mos hoje por Filosofia ocidental. Fonte: Youtube multimídia: vídeo Consciência de Sócrates - José Ribeiro Fonte: Youtube multimídia: música Sócrates (1971) Com direção do italiano Roberto Rossellini, esta produção europeia é a cinebiografia do filósofo Sócrates, em especial seu julgamento e sua condenação à morte. multimídia: vídeo Fonte: Youtube 15 Nesse momento, Platão salienta que a alma é eterna. Para o filósofo Platão, a concepção de mimesis significa “imi- tação”. Nesse momento, o pensador faz uma separação do conhecimento e da arte, pautando a filosofia como o conhe- cimento baseado na verdade, enquanto a arte se postula na reprodução, na imitação, de modo a construir uma posição de superioridade e inferioridade entre esses elementos. Sócrates: (...) ora, diz-me: aprender não é tornar-se mais sábio acerca daquilo que se aprende? Teeteto: Como não? Sócrates: E é pela sabedoria, eu penso, que os sábios são sábios. Teeteto: Sim. Sócrates: E isto difere em algo do conhecimento? Teeteto: Isto o quê? Sócrates: A sabedoria. Ou será que os que conhecem tais coisas não são sábios? Teeteto: Como não? Sócrates: Então são o mesmo, o conhecimento e a sabedoria?Teeteto: Sim. platão DIAGRAMA DE IDEIAS UM MODO DE INVESTIGAÇÃO MAIÊUTICA QUESTIONA OS VÍCIOS E A CORRUPÇÃO É PRECISO COMPREENDER O INDIVÍDUO É CONDENADO À MORTE SÓCRATES CRÍTICO AOS SOFISTAS O CONHECIMENTO É EPISTEME PLATÃO FUNDA A ACADEMIA TUDO SABEMOS, SÓ PRECISAMOS RELEMBRAR ATO DA REMINISCÊNCIA A FILOSOFIA DE ATENAS 16 teeteto. 1903. [145d-e] aplicando para Aprender (A.P.A.) 1. O surgimento da Filosofia entre os gregos está asso- ciado à passagem do pensamento mítico ao pensamen- to racional. A grande preocupação nesse momento era com questões: a) à história. b) à tristeza humana. c) ao cosmo. d) à religião. e) à política. 2. Sócrates inaugurou o período clássico da filosofia gre- ga, também chamado de período antropológico. O pro- blema do conhecimento passou a ser uma problemática central na filosofia socrática, pois “a briga” de Sócrates com os sofistas tinha por objetivo resgatar o amor pela sabedoria e a valorização pela busca da verdade. Nesse contexto, Sócrates inaugurou seu método que se funda- mentava em dois princípios básicos, que são: a) a indução e a dedução das verdades lógicas. b) a doxa e o logos convergindo para o conceito racional. c) a ironia e a maiêutica enquanto caminhos para conhecer a verdade através do autoconhecimento (conhecer-te a ti mesmo). d) o diálogo e a dúvida dialética. e) a amizade e a justiça social. 3. (UFU) A relação entre mito e filosofia é objeto de po- lêmica entre muitos estudiosos ainda hoje. Para alguns, a filosofia nasceu da ruptura com o pensamento mítico (teoria do “milagre grego”); para outros, houve uma continuidade entre mito e filosofia, ou seja, de alguma forma os mitos continuaram presentes – seja como for- ma, seja como conteúdo – no pensamento filosófico. A partir destas informações, assinale a alternativa que não contenha um exemplo de pensamento mítico no pensamento filosófico. a) Parmênides afirma: “Em primeiro lugar, criou (a di- vindade do nascimento ou do amor) entre todos os deuses, a Eros (...)”. b) Platão propõe algumas teses, como a teoria da re- miniscência e a transmigração das almas. c) Heráclito afirma: “As almas aspiram o aroma do Hades”. d) Aristóteles divide a ciência em três ramos: o teoré- tico, o prático e o poético. 4. (PUC) Leia os enunciados abaixo a respeito do pensa- mento filosófico de Sócrates. I. O texto “Apologia de Sócrates”, cujo autor é Platão, apresenta a defesa de Sócrates diante das acusações dos atenienses, especialmente os sofistas, entre os quais está Meleto. II. Sócrates dispensa a ironia como método para re- futar as acusações e calúnias sofridas no processo de seu julgamento. III. Entre as acusações que Sócrates recebe, está a de “cor- romper a juventude”. IV. Sócrates é acusado de ensinar as coisas celestes e ter- renas, a não acreditar nos deuses e a tornar mais forte a razão mais débil. V. Sócrates nega que seus acusadores são ambiciosos e resolutos e, em grande número, falam de forma persuasiva e persistente contra ele. Assinale a alternativa que apresenta apenas as afirmativas corretas. a) II, IV e V. b) I, III e IV. c) I, III e V. d) II, III e V. e) I, II e III. 5. (Unicamp) Apenas a procriação de filhos legítimos, embora essencial, não justifica a escolha da esposa. As ambições políticas e as necessidades econômicas que as subentendem exercem um papel igualmente podero- so. Como demonstraram inúmeros estudos, os dirigen- tes atenienses casam-se entre si, e geralmente com o parente mais próximo possível, isto é, primos coirmãos. É sintomático que os autores antigos que nos informam sobre o casamento de homens políticos atenienses omi- tam os nomes das mulheres desposadas, mas nunca o nome do seu pai ou do seu marido precedente. corbin, alain; et al. história da Virilidade. Vol. 1. petrópolis: VoZes, 2014, p. 62. Considerando o texto e a situação da mulher na Atenas clássica, podemos afirmar que se trata de uma sociedade: a) na qual o casamento também tem implicações po- líticas e sociais. b) que, por ser democrática, dá uma atenção especial aos direitos da mulher. c) em que o amor é o critério principal para a forma- ção de casais da elite. d) em que o direito da mulher se sobrepõe ao interes- se político e social. 6. (UEA) “O sofista” é um diálogo de Platão do qual par- ticipam Sócrates, um estrangeiro e outros personagens. Logo no início do diálogo, Sócrates pergunta ao estran- geiro a que método ele gostaria de recorrer para definir o que é um sofista. Sócrates: Mas dize-nos [se] preferes desenvolver toda a tese que queres demonstrar, numa longa exposição ou em- pregar o método interrogativo? Estrangeiro: Com um parceiro assim agradável e dócil, Sócrates, o método mais fácil é esse mesmo; com um in- terlocutor. Do contrário, valeria mais a pena argumentar apenas para si mesmo. platão. “o soFista”. 1970 (adaptado). 17 É correto afirmar que o interlocutor de Sócrates escolheu, do ponto de vista metodológico, adotar: a) a maiêutica, que pressupõe a contraposição dos argumentos. b) a dialética, que une numa síntese final as teses dos contendores. c) o empirismo, que acredita ser possível chegar ao saber por meio dos sentidos. d) o apriorismo, que funda a eficácia da razão huma- na na prova de existência de Deus. e) o dualismo, que resulta no ceticismo sobre a possi- bilidade do saber humano. 7. (UFU) O diálogo socrático de Platão é obra baseada em um sucesso histórico: no fato de Sócrates ministrar os seus ensinamentos sob a forma de perguntas e res- postas. Sócrates considerava o diálogo como a forma por excelência do exercício filosófico e o único caminho para chegarmos a alguma verdade legítima. De acordo com a doutrina socrática: a) a busca pela essência do bem está vinculada a uma visão antropocêntrica da filosofia. b) é a natureza, o cosmos, a base firme da especulação filosófica. c) o exame antropológico deriva da impossibilidade do autoconhecimento e é, portanto, de natureza sofística. d) a impossibilidade de responder (aporia) aos dilemas hu- manos é sanada pelo homem, medida de todas as coisas. 8. (Unicamp) A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de par- tida na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria ignorância. O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois: a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir conhecimentos. b) é um exercício de humildade diante da cultura dos sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos. c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a Fi- losofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas a partir de métodos rigorosos. d) é uma forma de declarar ignorância e permanecer distante dos problemas concretos, preocupando-se apenas com causas abstratas. 9. (UEL) Para esclarecer o que seja a imitação, na re- lação entre poesia e o Ser, no Livro X de A República, Platão parte da hipótese das ideias, as quais designam a unidade na pluralidade, operada pelo pensamento. Ele toma como exemplo o carpinteiro que, por sua arte, cria uma mesa, tendo presente a ideia de mesa, como modelo. Entretanto, o que ele produz é a mesa e não a sua ideia. O poeta pertence à mesma categoria: cria um mundo de mera aparência. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria das ideias de Platão, é correto afirmar: a) Deus é o criador último da ideia, e o artífice, en- quanto coparticipante da criação divina, alcança a verdadeira causa das coisas, a partir do reflexo da ideia ou do simulacro que produz. b) A participação das coisas às ideias permite admi- tir as realidades sensíveis como as causas verdadeiras acessíveis à razão. c)Os poetas são imitadores de simulacros e, por in- termédio da imitação, não alcançam o conhecimento das ideias como verdadeiras causas de todas as coisas. d) As coisas belas se explicam por seus elementos fí- sicos, como a cor e a figura, e na materialidade deles encontram sua verdade: a beleza em si e por si. e) A alma humana possui a mesma natureza das coi- sas sensíveis, razão pela qual se torna capaz de co- nhecê-las como tais na percepção de sua aparência. 10. (FCC) Sócrates é um dos personagens mais conheci- dos e influentes do pensamento ocidental. Embora não tenha deixado nada escrito, suas ideias foram redigidas por um de seus discípulos, Platão, que lhe atribui a se- guinte máxima: “a única coisa que sei é que nada sei”. Com essa máxima, Sócrates expressa que o caminho do conhecimento a) é impossível e todo o saber possível é uma ilusão. b) depende da experiência e não de proposições teóricas. c) desconsidera a opinião sobre assunto que se ignora. d) pressupõe dar opinião sobre assunto que se ignora. e) é limitado porque a razão humana não pode saber tudo. gabarito 1-C; 2-C; 3-D; 4-B; 5-A; 6-A; 7-A; 8-A; 9-C; 10-E 18 1. o mundo das ideias Platão apresenta que o conhecimento é elaborado quando o indivíduo alcança a ideia, rompendo com as aparências, enquanto que a opinião nasce da percepção da aparência. Nesse instante, o filósofo compreende uma separação en- tre dois mundos: o mundo inteligível e o mundo sensível. § Mundo inteligível: o filósofo encontra os elementos com o olhar da ciência. § Mundo sensível: o homem vê as coisas não muito claramente. Diante disso, existe um mundo conceitual, onde existem as ideias dos elementos que constituem o mundo o qual conhecemos. Como exemplo, podemos imaginar um carro branco estacionado na esquina; cada indivíduo vai acabar elaborando uma ideia fixa desse tal carro branco, algo semelhante a uma ideia primária. Desse modo, o mundo inteligível (conceitual) existe de uma forma anterior e mais efetiva do que no mundo sensível. Com essa concepção, Platão questiona a realidade do mundo sensível, pois esse universo está em constante transformação, o que nos leva ao mundo das incertezas. 2. alegoria da caverna Segundo Platão, o filósofo é o sujeito que consegue enxer- gar as coisas mais claramente do que as outras pessoas. Para ilustrar essa ideia, surge a alegoria da caverna, conti- do no Livro VII de A República: Um grupo de pessoas acorrentado numa caverna só vê sombras e julga que elas são a realidade. Um homem consegue escapar das correntes e sai da ca- verna. Lá fora, ele vê um mundo bem diferente, o mundo MIto da caverna CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades: 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 20, 22, 23, 24 e 25 AULA 3 Matrix (1999) O filme trata de descrever um futuro distópi- co na realidade, sendo uma realidade simula- da, chamada de matrix, que é um sistema de computador que manipula a mente das pes- soas. Na área filosófica, o filme apresenta um eixo central baseado na alegoria da caverna. multimídia: vídeo Fonte: Youtube 19 real. Ele volta à caverna para contar a novidade ao resto das pessoas, porém, ofuscado pela luz (da verdade), parece abobado. Com isso, os outros prisioneiros não acreditam na sua versão maluca e acabam matando o pobre infeliz. 2.1. A felicidade, segundo Platão Para o filósofo grego Platão, o conceito de felicidade con- sistia no resultado final de uma vida dedicada a um conhe- cimento progressivo. Numa valorização pelo conhecimen- to, Platão vai interligar a felicidade com a ciência. Dessa maneira, o homem só atingirá a felicidade quando abandonar o mundo sensível em direção ao mundo inteli- gível. Isso ocorre, pois no mundo inteligível estão as ideias perfeitas, como a beleza, a coragem, a justiça e a felicidade. O mito da caverna: Platão multimídia: vídeo 2.2. Política Para o filósofo, todos os tipos de governo existentes no mundo são degenerados por natureza, pois a sua forma original tende a ter uma versão degenerada, como pode- mos observar abaixo. Forma original Forma degenerada Aristocracia Oligarquia Monarquia Tirania Democracia Anarquia Diante disso, Platão defende que o melhor sistema de gover- no deveria ser a monarquia, associada com o saber filosófico, visto que somente indivíduos que detêm o conhecimento po- dem efetuar com melhor desempenho para o coletivo, sem sofrerem as interferências do pensar e agir particular. Sendo assim, os melhores governantes seriam os reis-filósofos. Platão. Coleção “Os Pensadores”. São Paulo: Abril Cultural, 1999. Nessa obra, o filósofo ateniense trata de diversos temas filosóficos, sociais e políti- cos, que se demonstram entrelaçados. multimídia: livro Sombras da caverna Dead Fish. Ponto Cego. Desk, 2019 Fonte: Youtube multimídia: música Merlí (Espanha, 2015, Netflix) – temporada 1, episódio 2 O novo professor de Filosofia do Ensino Mé- dio, Merlí, utiliza de alguns métodos diferen- tes de ensino, conseguindo abrir a mente de seus alunos e trabalhar os preconceitos inter- nos de cada um. multimídia: vídeo Fonte: Youtube 20 Sócrates: Vejamos agora o que aconteceria, se se livrassem a um tempo das cadeias e do erro em que laboravam. Imag- inemos um destes cativos desatado, obrigado a levantar-se de repente, a volver a cabeça, a andar, a olhar firmemente para a luz. Não poderia fazer tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa, o deslumbraria, impedindo-lhe de discernir os objetos cuja sombra antes via. Que te parece agora que ele responderia a quem lhe dissesse que até então só havia visto fantasmas, porém que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, via com mais perfeição? Supõe agora que, apontando-lhe alguém as figuras que lhe desfilavam ante os olhos, o obrigasse a dizer o que eram. Não te parece que, na sua grande confusão, se persuadiria de que o que antes via era mais real e verdadeiro que os objetos ora contemplados? Glauco: Sem dúvida nenhuma. Sócrates: Obrigado a fitar o fogo, não desviaria os olhos do- loridos para as sombras que poderia ver sem dor? Não as con- sideraria realmente mais visíveis que os objetos ora mostrados? Glauco: Certamente. Sócrates: Se o tirassem depois dali, fazendo-o subir pelo caminho áspero e escarpado, para só o liberar quando es- tivesse lá fora, à plena luz do sol, não é de crer que daria gritos lamentosos e brados de cólera? Chegando à luz do dia, olhos deslumbrados pelo esplendor ambiente, ser-lhe ia possível discernir os objetos que o comum dos homens tem por serem reais? Glauco: A princípio nada veria. Sócrates: Precisaria de algum tempo para se afazer à clari- dade da região superior. Primeiramente, só discerniria bem as sombras, depois, as imagens dos homens e outros seres refletidos nas águas; finalmente erguendo os olhos para a lua e as estrelas, contemplaria mais facilmente os astros da noite que o pleno resplendor do dia. platão a república DIAGRAMA DE IDEIAS MITO DA CAVERNA ALEGORIA PARA ILUSTRAR QUE POUCOS ALCANÇAM O MUNDO INTELIGÍVEL MUNDO DAS IDEIAS MUNDO INTELIGÍVEL RAZÃO MUNDO SENSÍVEL SOMBRAS POLÍTICA TODOS OS TIPOS DE GOVERNOS SÃO DEGENERADOS POR NATUREZA FORMA ORIGINAL FORMA DEGENERADA ARISTOCRACIA OLIGARQUIA MONARQUIA TIRANIA DEMOCRACIA ANARQUIA PLATÃO 21 aplicando para Aprender (A.P.A.) 1. (Uncisal) No contexto da Filosofia clássica, Platão e Aristóteles possuem lugar de destaque. Suas concep- ções, que se opõem, mas não se excluem, são ampla- mente estudadas e debatidas devido à influência que exerceram, e ainda exercem, sobre o pensamento oci- dental. Todavia, é necessário salientar que o produto dos seus pensamentos se insere em uma longa tradição filosófica que remonta a Parmênides e Heráclito e que influenciou, direta ou indiretamente, entre outros, os racionalistas, empiristas, Kant e Hegel. Observando o cerne da filosofia de Platão, assinale nas opções abaixo aquela que se identifica corretamente comsuas concepções. a) A dicotomia aristotélica (mundo sensível vs. mundo inteligível) se opõe radicalmente às concepções de caráter empírico defendidas por Platão. b) A filosofia platônica é marcada pelo materialismo e pragmatismo, afastando-se do misticismo e de con- ceitos transcendentais. c) Segundo Platão, a verdade é obtida a partir da observação das coisas, por meio da valorização do conhecimento sensível. d) Para Platão, a realidade material e o conhecimento sensível são ilusórios. e) As concepções platônicas negam veementemente a validade do inatismo. 2. (Unisc) Nos Livros II e III, Platão, através de Sócrates, discute sobre as artes no contexto da educação dos guar- diães. Já no Livro X, ele trata de vários tipos de práticas artísticas, que devem ser consideradas na cidade como um todo, não somente nas instituições pedagógicas. Nesse úl- timo livro, Sócrates é duro ao afirmar que a poesia (imi- tativa) deve ser inteiramente excluída da cidade (595a). Em que obra essa recusa de Sócrates está registrada? a) No diálogo “Banquete”, de Platão, em que Sócra- tes trata dos diversos tipos de arte. b) No diálogo “Teeteto”, de Platão, em que Sócra- tes e esse personagem discutem sobre a natureza da arte, especialmente da poesia. c) No diálogo “Timeu”, de Platão, em que Sócrates discorre sobre o tema da arte, reportando-se à natu- reza da pintura e da poesia. d) No diálogo “Político”, de Platão, em que Sócrates apresenta a arte da política aos cidadãos atenienses. e) No diálogo “República”, de Platão, no qual Sócrates afir- ma que a poesia pode levar à corrupção do caráter humano. 3. (Uenp) Platão foi um dos filósofos que mais influen- ciaram a cultura ocidental. Para ele, a filosofia tem um fim prático e é capaz de resolver os grandes problemas da vida. Considera a alma humana prisioneira do corpo, vivendo como se fosse um peregrino em busca do cami- nho de casa. Para tanto, deveria transpor os limites do corpo e contemplar o inteligível. Assinale a alternativa correta. a) A teoria das ideias não pode ser considerada uma chave de leitura aplicável a todo pensamento platônico. b) Como Sócrates, Platão desenvolveu uma ética racio- nalista que desconsiderava a vontade como elemento fundamental entre os motivadores da ação. Ele acredi- tava que o conhecimento do bem era suficiente para motivar a conduta de acordo com essa ideia (agir bem). c) Platão propõe um modelo de organização política da sociedade que pode ser considerado estamental e anti- democrático. Para ele, o governo não deveria se pautar pelo princípio da maioria. As almas têm natureza diver- sa, de acordo com sua composição, isso faz com que os homens devam ser distribuídos de acordo com essa natureza, divididos em grupos encarregados do governo, do controle e do abastecimento da polis. d) Platão chamava o conhecimento da verdade de doxa e o contrapõe a outra forma de conhecimento (inferior) denominada episteme. e) Para Platão, a essência das coisas é dada a partir da análise de suas causas material e final. 4.(UEL) Platão, em A República, tem como objetivo principal investigar a natureza da justiça, inerente à alma, que, por sua vez, manifesta-se como pro- tótipo do Estado ideal. Os fundamentos do pensa- mento ético-político de Platão decorrem de uma correlação estrutural com constituição tripartite da alma humana. Assim, concebe uma organização social ideal que permite assegurar a justiça. Com base neste contexto, o foco da crítica às narrativas poéticas, nos Livros II e III, recai sobre a cidade e o tema fundamental da educação dos governantes. No Livro X, na perspectiva da defesa de seu projeto ético-político para a cidade fundamentada em um logos crítico e reflexivo que redimensiona o papel da poesia, o foco desta crítica se desloca para o in- divíduo ressaltando a relação com a alma, compre- endida em três partes separadas, segundo Platão: a racional, a apetitiva e a irascível. Com base no texto e na crítica de Platão ao caráter mimético das narrativas poéticas e sua relação com a alma humana, é correto afirmar: a) A parte racional da alma humana, considerada superior e responsável pela capacidade de pensar, é elevada pela natureza mimética da poesia à contemplação do Bem. b) O uso da mímesis nas narrativas poéticas para controlar e dominar a parte irascível da alma é considerado exce- lente prática propedêutica na formação ética do cidadão. c) A poesia imitativa, reconhecida como fonte de racionalidade e sabedoria, deve ser incorporada ao Estado ideal que se pretende fundar. d) O elemento mimético cultivado pela poesia é jus- tamente aquele que estimula, na alma humana, os elementos irracionais: os instintos e as paixões. e) A reflexividade crítica presente nos elementos mi- méticos das narrativas poéticas permite ao indivíduo alcançar a visão das coisas como realmente são. 22 5. (Unesp) O que é terrível na escrita é sua semelhança com a pintura. As produções da pintura apresentam- -se como seres vivos, mas se lhes perguntarmos algo, mantêm o mais solene silêncio. O mesmo ocorre com os escritos: poderíamos imaginar que falam como se pen- sassem, mas se os interrogarmos sobre o que dizem (...) dão a entender somente uma coisa, sempre a mesma (...). E quando são maltratados e insultados, injustamen- te, têm sempre a necessidade do auxílio de seu autor porque são incapazes de se defenderem, de assistirem a si mesmos. platão. Fedro ou da beleZa. Nesse fragmento, Platão compara o texto escrito com a pintura, contrapondo-os à sua concepção de filoso- fia. Assinale a alternativa que permite concluir, com apoio do fragmento apresentado, uma das principais características do platonismo. a) Platão constrói o conhecimento filosófico por meio de pequenas sentenças com sentido completo, as quais, no seu entender, esgotam o conhecimento acerca do mundo. b) A forma de exposição da filosofia platônica é o diálogo, e o conhecimento funda-se no rigor interno das argumentações, produzido e comprovado pela confrontação dos discursos. c) O platonismo se vale da oratória política, sem com- promisso filosófico com a busca da verdade, mas diri- gida ao convencimento dos governantes das Cidades. d) A poesia rimada é o veículo de difusão das ideias platônicas, sendo a filosofia uma sabedoria alcança- da na velhice e ensinada pelos mestres aos discípulos. e) O discurso platônico tem a mesma natureza do dis- curso religioso, pois o conhecimento filosófico modifi- ca-se segundo as habilidades e a argúcia dos filósofos. 6. (UFPI) A respeito da cultura grega, leia as sínteses filosóficas abaixo. I. A ciência, a moral e os credos religiosos eram criações humanas válidas para determinados grupos sociais em um determinado período. II. Sua principal contribuição filosófica foi a Teoria das Ideias, segundo a qual as ideias são a essência dos con- ceitos e das coisas e, portanto, transcendentes ao homem, que delas tem apenas um pálido reflexo. III. Defendia a existência de um conhecimento estável e válido para todos. Sua grande preocupação era o auto- conhecimento que poderia ser obtido através da ironia e da maiêutica. As sínteses que você acabou de ler podem ser associa- das, respectivamente, a: a) Platão, Aristóteles e Sócrates. b) Platão, sofistas e Aristóteles. c) Sócrates, sofistas e Platão. d) sofistas, Platão e Sócrates. e) Platão, sofistas e Sócrates. 7. (IFSP) – Mas escuta, a ver se eu digo bem. O princípio que de entrada estabelecemos que devia observar-se em todas as circunstâncias, quando fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me parece, ou ele ou uma das suas formas, a justiça. Ora nós estabelecemos, segundo suponho, e repetimo-lo muitas vezes, se bem te lem- bras, que cada um deve ocupar-se de uma função na ci- dade, aquela para qual a sua natureza é mais adequada. platão. a república. 7. ed. lisboa: calouste-gulbenKian, 2001, p. 185. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a con- cepção platônica de justiça na cidade ideal, assinale a alternativacorreta. a) Para Platão, a cidade ideal é a cidade justa, ou seja, a que respeita o princípio de igualdade natural entre todos os seres humanos, concedendo a todos os indivíduos os mesmos direitos perante a lei. b) Platão defende que a democracia é fundamento essencial para a justiça, uma vez que permite a todos os cidadãos o exercício direto do poder. c) Na cidade ideal platônica, a justiça é o resultado natural das ações de cada indivíduo na perseguição de seus interesses pessoais, desde que esses interes- ses também contribuam para o bem comum. d) Para Platão, a formação de uma cidade justa só é possível se cada cidadão executar, da melhor maneira possível, a sua função própria, ou seja, se cada um fizer bem aquilo que lhe compete, segundo suas aptidões. e) Platão acredita que a cidade só é justa se cada membro do organismo social tiver condições de per- seguir seus ideais, exercendo funções que promovam sua ascensão econômica e social. 8. (UEL) Leia os textos a seguir. “A arte de imitar está bem longe da verdade, e se executa tudo, ao que parece, é pelo fato de atingir apenas uma peque- na porção de cada coisa, que não passa de uma aparição.” platão. a república. 7.ed. lisboa: calouste- gulbenKian, 1993. p. 457 (adaptado). “O imitar é congênito no homem e os homens se compra- zem no imitado.” aristóteles. poética. 4. ed. são paulo: noVa cultural, 1991. p. 203. coleção “os pensadores” (adaptado). Com base nos textos, nos conhecimentos sobre estética e a questão da mimesis em Platão e Aristóteles, assinale a alternativa correta. a) Para Platão, a obra do artista é cópia de coisas fenomê- nicas, um exemplo particular e, por isso, algo inadequa- do e inferior, tanto em relação aos objetos representados quanto às ideias universais que os pressupõem. b) Para Platão, as obras produzidas pelos poetas, pintores e escultores representam perfeitamente a verdade e a essência do plano inteligível, sendo a ati- vidade do artista um fazer nobre, imprescindível para o engrandecimento da pólis e da filosofia. c) Na compreensão de Aristóteles, a arte se restrin- ge à reprodução de objetos existentes, o que veda o 23 poder do artista de invenção do real e impossibilita a função caricatural que a arte poderia assumir ao apresentar os modelos de maneira distorcida. d) Aristóteles concebe a mimesis artística como uma atividade que reproduz passivamente a aparência das coisas, o que impede ao artista a possibilidade de re- criação das coisas segundo uma nova dimensão. e) Aristóteles se opõe à concepção de que a arte é imitação e entende que a música, o teatro e a poesia são incapazes de provocar um efeito benéfico e purificador no espectador. 9. (Enem) No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que o co- nhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a: a) suspensão do juízo como reveladora da verdade. b) realidade inteligível por meio do método dialético. c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus. d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino. e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade. 10. (Enem) Trasímaco estava impaciente porque Sócra- tes e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu enten- der, as pessoas acreditavam no certo e no errado ape- nas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas. rachels, J. probleMas da FilosoFia. lisboa: gradiVa, 2009. O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálo- go A República, de Platão, sustentava que a correlação entre justiça e ética é resultado de a) determinações biológicas impregnadas na natureza humana. b) verdades objetivas com fundamento anterior aos in- teresses sociais. c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas. d) convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes. e) sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas. 11. (UFU) Leia o trecho abaixo extraído do diálogo pla- tônico O banquete. Eis, com efeito, em que consiste o proceder corretamente nos caminhos do amor, ou por outro se deixar conduzir: em começar do que aqui é belo e, em vista daquele belo, subir sempre, como que servindo-se de degraus, de um só para dois e de dois para todos os belos corpos, e dos belos corpos para os belos ofícios, e dos ofícios para as belas ciências até que das ciências acabe naquela ciência, que de nada mais é senão daquele próprio belo, e conheça enfim o que em si é belo. platão. o banquete. são paulo: editora 34, p. 147. Em conformidade com a teoria platônica das ideias, responda: a) As afirmações “do que é belo aqui” e “em vista daquele belo” designam o quê, respectivamente? b) Que ciência é esta que se encarrega “daquele pró- prio belo” e conhece “enfim o que é em si belo”? gabarito 1-D; 2-E; 3-C; 4-D; 5-B; 6-D; 7-D; 8-A; 9-B; 10-D 11. a) A afirmação “do que é belo aqui” designa o mundo sensível ou dos sentidos, aquele caracterizado pela doxa (opi- nião) e que possui caráter transitório, imperfeito e perecível, sendo uma cópia do mundo inteligível ou das ideias. Já a afirmação “em vista daquele belo” refere-se ao mundo das ideias ou formas, o inteligível, das essências eternas, imutá- veis e perfeitas. b) Esta ciência é a dialética. Nesse caso, a dialética significa o processo de busca e aquisição do conhecimento verda- deiro ou o percurso da alma que vai das aparências ou “sombras” do mundo sensível até as essências ou formas puras do mundo inteligível, culminando na ideia do Bem, a mais perfeita e causa de todas as outras. 24 1. aristóteles (384-323 a.c.) Aristóteles foi o último e mais influente dos grandes filóso- fos gregos. Nascido em Estagira, atual Grécia, foi mandado por seu pai à Academia de Platão, onde permaneceu por cerca de 20 anos. Depois, viajou muito e começou a desen- volver e a sistematizar as suas próprias ideias. Tornou-se o crítico mais feroz do pensamento platônico. Em 343 a.C., Filipe da Macedônia chamou Aristóteles à corte e confiou-lhe importante missão: a de educar seu fi- lho, Alexandre. Durante sete anos, o filósofo encarregou-se dessa missão, até a subida do jovem Alexandre ao poder. O jovem imperador da Macedônia, já ganhando as titula- ções de senhor do mundo conhecido, mencionou que “Se a meu pai devo a minha existência, a meu preceptor devo à arte de me saber conduzir. Se governo com alguma glória, a ele sou devedor”. aleXandre, o grande, Foi educado por aristóteles. Grandes Pensadores: Aristóteles Aristóteles é considerado o primeiro cientista da História. Fonte: Youtube multimídia: vídeo Com a subida de Alexandre ao poder, Aristóteles retornou a Atenas e, em 335 a.C., fundou sua própria escola, o Li- ceu, que foi muito superior à Academia. Aristóteles ensi- nava caminhando e, por causa desse hábito, os alunos do Liceu ficaram conhecidos como peripatéticos, que significa “os que passeiam”. O filósofo deixou muitos escritos, sendo a maioria tratados bem fundamentados. Foi o primeiro a dividir e subdividir áre- as de investigação, sendo o primeiro a fazer uma classifica- ção do conhecimento, de modo que versou perante diferen- tes áreas, como biologia, retórica, lógica, ética, dentre outras. representação de platão (à esquerda, apontando para ciMa) e de aristóteles (que aponta para baiXo) Ação e Razão – Aristóteles Marco Zingano, professor da Faculdade de Filosofia da USP, trata das origens do concei- to de razão na filosofia clássica ateniense. Fonte: Youtube multimídia: vídeo arIstótelesAULA 4 CompetênCias: 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades: 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 20, 22, 23, 24 e 25 25 A crítica para Platão consiste em analisar corretamente os fenômenos da natureza, indo além da superficialidade in- teligível, construindo uma nova concepção de conhecimen- to. Entre seus textos temos: § A Física: a relaçãodos quatro elementos (terra, água, ar e fogo) com o planeta Terra. Seus princípios não são corretos, de modo que não descrevem nada com exati- dão. Porém, essas estruturas auxiliaram outros experi- mentos e tecnologias, com o método científico. § A Metafísica: textos compilados que foram batizados após a morte do filósofo por seu discípulo, Andrônico de Rodes. Aristóteles trata da ciência das causas pri- meiras do ser enquanto ser geral. O filósofo define qua- tro causas das coisas: 1. causa formal (a forma da coisa); 2. causa material (matéria de que uma coisa é feita); 3. causa eficiente (a origem da coisa); e 4. causa final (a finalidade do objeto). Podemos utilizar como exemplo a obra O pensador, do es- cultor francês Auguste Rodin. A causa formal é o formato dessa obra, de um homem sentado; a causa material é o bronze; a causa eficiente é o escultor Rodin; e a causa final é a significação da obra. § Ética a Nicômaco: neste texto direcionado ao seu fi- lho, Nicômaco, Aristóteles apresenta que a ética é algo palpável, não sendo um elemento abstrato. Seguindo a teoria da justa-medida, ou seja, do equilíbrio, o filósofo apresenta que, ao seguirmos esse equilíbrio em nossos atos particulares, conseguimos atingir a felicidade, sen- do que existe uma inclinação para essa finalidade últi- ma do ser humano. Entretanto, o conceito de felicidade varia de indivíduo para indivíduo e de como é sua vida. Para o filósofo, existem três tipos de vida: 1. vida dos prazeres: onde o ser se torna refém daquilo que deseja; 2. vida política: onde o ser busca a honra pelo conven- cimento; e 3. vida contemplativa: onde o ser busca os elementos dentro de si, o prazer intelectual – essa vida contém a essência da felicidade. § A Lógica: a lógica não é uma ciência, mas um instrumen- to para o correto pensar. Aristóteles disse que o bloco de construção básico de qualquer argumento era o silogismo; constituído por premissas e uma conclusão, desenvolven- do um primeiro estudo da linguagem de argumentação baseada na coerência lógica. Logo, a lógica assim se torna uma ferramenta na busca do conhecimento. Todos os homens são mortais. • premissa 1 Sócrates é mortal. • premissa 2 Logo, Sócrates é mortal. • conclusão § Arte Poética: o filósofo, na Poética, examina as formas de poesia – epopeia, comédia e tragédia –, que tentam imi- tar a realidade, porém, de modos diferentes. A poesia é o gênero literário que mais se aproxima da filosofia, pois tende para o conhecimento do universal, que é o objetivo máximo da filosofia. § Arte Política: o homem é um animal político – politi- kón zoón – que vive naturalmente em sociedade. Ao tratar do tema em Política, Aristóteles, ao contrário de Platão, não se interessa por idealizar uma cidade justa. Ele classifica as formas de governo em três: o governo de um só indivíduo (monarquia), de alguns (aristocracia) e de todos (democracia). Cada um desses regimes políticos apresenta vantagens e des- vantagens, formas boas e corrompidas. Diante desse estudo, Aristóteles não questionou a escravidão e achava as mulheres despreparadas para a liberdade e para os direitos políticos. § A Arte: o filósofo entende que o Belo é o resultado da jus- ta-medida, da simetria. Assim, o Belo faz parte do ser humano, podendo imitar a natureza, mas também abordar o impossível e o inverossímil, podendo completar o que falta na natureza. Ética a Nicômaco Aristóteles. São Paulo: Martin Claret, 2008. Fonte: Youtube multimídia: vídeo 26 Happiness Needtobreathe. Hard Love. Atlantic, 2016 A canção questiona as nossas escolhas na busca da felicidade. Fonte: Youtube multimídia: vídeo Essas considerações tornam evidente que a cidade é uma realidade natural e que o homem é, por natureza, um ani- mal político (politikón zoón). E aquele que, por natureza e não por mero acidente, não faz parte de uma cidade é ou um ser degradado ou um ser superior ao homem; ele é como aquele a quem Homero censura por ser sem clã, sem lei e sem lar; um tal homem é, por natureza, ávido de combates, e é como uma peça isolada no jogo de damas. É evidente, assim, a razão pela qual o homem é um animal político em grau maior que as abelhas ou todos os outros animais que vivem reunidos. Dizemos, de fato, que a natu- reza nada faz em vão, e o homem é o único entre todos os animais a possuir o dom da fala. (...) só ele sabe discernir o bem e o mal, o justo e o injusto, e os outros sentimentos da mesma ordem; ora, é precisamente a posse comum desses sentimentos que engendra a família e a cidade. (...) o homem que é incapaz de viver em comunidade, ou que disso não tem necessidade porque basta-se a si pró- prio, não faz parte de uma cidade e deve ser, portanto, um bruto ou um deus. aristóteles arte política. liVro i DIAGRAMA DE IDEIAS ARISTÓTELES NOVA CONCEPÇÃO DO CONHECIMENTO • RETÓRICA • FÍSICA • METAFÍSICA • LÓGICA • POÉTICA NA BUSCA DO BEM O SER HUMANO PRECISA BUSCAR A JUSTA MEDIDA O EQUILÍBRIO EM TODOS OS CAMPOS 27 aplicando para Aprender (A.P.A.) 1. (Enem) A felicidade é, portanto, a melhor, a mais no- bre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existen- te em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade. aristóteles. a política. são paulo: cia. das letras, 2010. Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais exce- lentes atributos, Aristóteles a identifica como a) a busca por bens materiais e títulos de nobreza. b) a plenitude espiritual e ascese pessoal. c) a finalidade das ações e condutas humanas. d) o conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. e) a expressão do sucesso individual e reconheci- mento público. 2. (Enem) Segundo Aristóteles, “na cidade com o me- lhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios – esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais –, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas”. Van acKer, t. grécia: a Vida cotidiana na cidade- estado. são paulo: atual. 1994. O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, per- mite compreender que a cidadania a) possui uma dimensão histórica que deve ser criti- cada, pois é condenável que os políticos de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar. b) era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade. c) estava vinculada, na Grécia antiga, a uma percep- ção política democrática, que levava todos os habi- tantes da polis a participarem da vida cívica. d) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais. e) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempo para resolver os problemas da cidade. 3. (Enem) Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não terá o conhecimento, porventura, grande influência sobre essa vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar, ainda que em linhas gerais apenas, o que seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina quais as ciências que devem ser estudadas num Estado, quais são as que cada
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