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Apostila pratica Biol Celular primeira parte

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Apostila Prática de Biologia Celular 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS 
 
 
AAppoossttiillaa PPrrááttiiccaa ddee 
CCiittoollooggiiaa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2007 
Profª Gláucia Marques Freitas Ribeiro 
 
Acadêmico: --------------------------------
_____________ 
 Curso: -------------------------- 
 
Período: --------
------- 
 
 
 
 
 
Aluno:....................................................................................................................................... 
Curso:.......................................... Código da disciplina:................................................... 
Período:........................................ Sem/Ano Letivo:......................................................... 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA 
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA MOLECULAR 
 
 
 2 
SUMÁRIO 
 
1 . Técnicas de preparo de materiais para estudos em microscopia......................................03 
2. Descrição dos componentes do microscópio....................................................................06 
3. Aumento e poder de resolução..........................................................................................09 
4. Instrução para o manuseio do microscópio óptico............................................................12 
5. Células da mucosa oral......................................................................................................15 
5. Problemas de interpretação de cortes................................................................................17 
6. Lâmina 69 – Corte de fígado.............................................................................................21 
7. Lâmina 33 – Corte de gânglio espinhal.............................................................................25 
8. Lâmina 02 - Corte de fígado.............................................................................................32 
9. Lâmina 68 – Corte de pâncreas..... ...................................................................................37 
10. Lâmina 98 – Corte de pâncreas....... ...............................................................................40 
11. Lâmina 03 – Corte de fígado.... ......................................................................................42 
12. Lâmina 05 – Corte de intestino grosso........................... ................................................44 
13. Lâmina 07 – Corte de raiz de cebola...............................................................................56 
16. Referências Bibliográficas..............................................................................................57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
Técnicas de preparo de materiais para estudos em microscopia 
A pequena dimensão das células torna a sua visualização dependente do uso de 
microscópios de luz ou eletrônico. O primeiro apresenta um conjunto de lentes de vidro, no 
qual as estruturas celulares são observadas por contraste através de corantes. O segundo 
apresenta uma série de lentes eletromagnéticas e o contraste é obtido com o uso de 
contrastantes. 
Além do tamanho reduzido, os tecidos também são espessos demais para permitir a 
passagem de luz (microscópio óptico) ou de feixes de elétrons (microscópio eletrônico). 
Por isso a maioria dos tecidos são seccionados em fatias finas por meio de instrumentos de 
precisão chamados micrótomos. Previamente, os materiais biológicos são incluídos em 
parafinas ou resinas sintéticas que irão facilitar o corte (microtomia). 
 A seguir são listadas as principais etapas do processamento para obtenção de 
lâminas permanentes para estudos em microscopia de luz: 
 
1. FIXAÇÃO: 
As células são preservadas pelo método da fixação, processo que permite estabilizar as 
estruturas celulares e extracelulares, além de evitar a autólise das células. Espera-se que o 
material fixado fique morfologicamente semelhante a sua aparência “in vivo”; entretanto, 
mesmo seguindo as normas exigidas nesta etapa, algumas alterações são introduzidas nas 
células. Assim, as formas das imagens obtidas ao microscópio apresentam artefatos. 
 Existem vários métodos físicos e químicos de preservação das células. Na fixação 
química é empregado substancias que reagem com determinados sítios específicos de 
diferentes macromoléculas promovendo a sua estabilidade. Fixadores à base de aldeído 
(formaldeído, paraformaldeído e glutaraldeído) preservam melhor as estruturas celulares, 
além de provocar baixa retração dos tecidos. Por outro lado, o etanol e o ácido acético 
promovem a desnaturação e a precipitação de macromoléculas, por isso são pouco 
utilizados na fixação dos tecidos. O tempo e a temperatura de fixação variam de acordo 
com o tipo de tecido e tamanho do fragmento. 
O tecido também pode ser observado após a sua coleta (sem a fixação) e, em 
seguida, ser descartado. Este processo é conhecido como preparação a fresco, tais como o 
esfregaço de líquidos corporais e cortes feitos à mão livre de tecidos vegetais. 
 4 
A melhor técnica de fixação é aquela que interfere o mínimo possível na estrutura 
da célula, bem como na estrutura e localização das diferentes macromoléculas presentes na 
mesma. Por isso esta etapa é essencial tanto para a microscopia de luz quanto para a 
microscopia eletrônica. 
 O método físico da criofixação faz uso do congelamento rápido de células através 
do hélio líquido. A água presente nos meios intracelular e extracelular passa do estado 
líquido para o sólido formando diminutos cristais de gelo. Para não danificar as estruturas 
celulares utiliza-se o glicerol e a sacarose, bloqueando assim a formação de cristais de gelo 
durante o congelamento. 
 As células também podem ser fixadas ao ar livre. A desvantagem desta técnica é 
que a água, ao passar do estado líquido para gasoso, gera uma grande força de tensão 
superficial, induzido grandes alterações na estrutura das células. 
 
2. DESIDRATAÇÃO: 
O material deve ser lavado para remover o fixador após a etapa da fixação. A partir daí 
é feita a desidratação utilizando-se uma solução de etanol ou de acetona, em banhos 
sucessivos de concentrações crescentes. A resina penetra nas estruturas do corte com a 
retirada da água, consequentemente o tecido fica com maior consistência. O tempo de 
desidratação depende do tecido e do tamanho do fragmento a ser analisado. 
 
3. INCLUSÃO: 
A inclusão facilita a obtenção de cortes delgados durante o processo de secção do 
material. O melhor meio de inclusão é uma resina sintética conhecida como glicol 
metacrilato, constituída por monômeros de monoéster de etileno glicol do ácido 
metacrilico. Esta resina apresenta afinidade pela água (hidrofilia), processamento rápido, 
fácil manejo, infiltração e polimerização à temperatura ambiente, baixos níveis de distorção 
e artefatos e permite a obtenção de cortes muito finos, com boa resolução ao microscópio 
de luz. 
Durante a polimerização os monômetros da resina ligam-se uns aos outros formando 
uma trama tridimensional na qual as moléculas do tecido são envolvidas. Esta trama ou 
polímero, apenas envolve as células, mas não se liga covalentemente aos componentes 
 5 
químicos celulares. Consequentemente, as macromoléculas presentes no tecido incluído em 
resina mantém seus radicais disponíveis, de forma a permitir a ligação de corantes. 
 
4. PRÉ-INFILTRAÇÃO: facilita a penetração da resina de forma gradual. Nesta etapa o 
tecido é embebido em uma mistura de glicol metacrilato e etanol absoluto na proporção de 
1:1, por aproximadamente duas horas e em temperatura ambiente. 
 
5. INFILTRAÇÃO: o tecido é embebido em uma solução de infiltração (glicol metacrilato 
puro) por uma noite; ou pode ser conservado na solução de infiltração por vários meses. 
Finalizada esta etapa, o tecidoé colocado em moldes plásticos, contendo solução de 
infiltração e o catalisador. 
 
6. MICROTOMIA: os tecidos são seccionados em fatias finas (de 0,5 a 12 µm ) com o 
auxílio do micrótomo. Após a microtomia, os cortes são distendidos em água à temperatura 
ambiente e coletados em lâminas histológicas. Estes cortes devem ser secos em estufa a 
45°C, por 15 minutos, ou em chapa aquecida a 45°C, por 30 minutos. 
 
7. COLORAÇÃO: as estruturas celulares apresentam baixo contraste entre si, e para 
aumentar esse contraste utiliza-se a coloração artificial. Os corantes têm natureza ácida (ex: 
eosina) ou básica (ex: hematoxilina), evidenciando componentes celulares básicos ou 
ácidos, respectivamente. 
 
8. MONTAGEM: esta etapa consiste em cobrir o corte com uma lamínula. A lamínula é 
então fixada com uma resina de montagem (ex: entellan). Agora a lâmina está pronta para 
ser observada ao microscópio de luz. 
 Existem outras formas de se obter camadas únicas de células, porém não utilizando 
as etapas de inclusão e microtomia; apenas as etapas de fixação, coloração e montagem são 
realizadas para a obtenção de lâminas permanentes. Exemplos: 
 
A. Esmagamento: Após o material biológico ser colocado sobre uma lâmina e coberto 
com lamínula, uma pressão é realizada entre a lâmina e a lamínula, esmagando o 
 6 
material. A lamínula é removida com o auxílio de nitrogênio líquido. Por fim, a lâmina 
poderá ser transformada em lâmina permanente, bastando para isso utilizar a resina de 
montagem (p. ex., entellan). 
 
B. Decalque: consiste em comprimir suave e firmemente a superfície de um fragmento do 
material fresco sobre uma lâmina. As células superficiais se destacam e aderem à 
lâmina, sendo posteriormente fixadas e coradas. Como geralmente, as células se 
rompem, tais preparados são úteis para a obtenção de núcleos livres de citoplasma. 
 
C. Esfregaço: é feito com líquidos corporais, como o sangue, esperma e outros. Coloca-se 
uma gota do líquido sobre a extremidade de uma lâmina e espalha-se o material 
uniformemente sobre a mesma com o auxilio de outra lâmina inclinada em um ângulo 
de cerca de 45 graus. 
 
UTILIZAÇÃO DO MICROSCÓPIO DE LUZ (Araújo et al., 2005) – UFV 
 
INTRODUÇÃO 
 O microscópio de luz é um equipamento utilizado para a observação de objetos de 
dimensões muito reduzidas, impossíveis de serem examinados em detalhes, à vista 
desarmada. O tipo de microscópio mais utilizado no estudo da célula é o composto, que é 
constituído, basicamente, por duas lentes convergentes. Neste microscópio a luz atravessa o 
objeto observado e o conjunto de lentes, antes de atingir o olho, formando uma imagem 
bidimensional. Assim, o objeto deve ser delgado o suficiente para que a luz possa 
atravessá-lo. 
 
DESCRIÇÃO DOS COMPONENTES DO MICROSCÓPIO (Araújo et al., 2005) – 
UFV 
 O microscópio é constituído, basicamente, por dois sistemas: o óptico, formado 
pelas lentes, e o mecânico, que sustenta o sistema de lentes. A seguir, encontram-se 
descritas cada uma das partes desses dois sistemas. 
a. Pé ou Base: é o suporte do microscópio, peça que sustenta todas as outras. 
 7 
b. Estativo ou Braço: é a peça que liga a base à parte superior do microscópio. Na 
parte traseira do braço encontra-se uma fenda que é utilizada para o transporte do 
microscópio. 
c. Platina ou Mesa: é uma peça de formato retangular disposta paralelamente à base 
do microscópio. Esta peça destina-se à recepção da lamina contendo o material para estudo. 
No centro da platina existe uma abertura para a passagem da luz. Associada à platina 
encontra-se uma peça composta de dois controles cuja função é movimentar a lamina nos 
eixos X e Y. Os dois controles estão dispostos lateralmente à platina, um sobre o outro, 
sendo o de diâmetro menor o controle do eixo X, que permite o deslizamento da lâmina da 
esquerda para a direita, e o de diâmetro maior, o controle do eixo Y, que é o responsável 
pelo movimento da lâmina para frente e para trás. Acoplada a esta peça há uma presilha ou 
pinça que permite o encaixe da lâmina. 
d. Cabeçote: é a parte superior do microscópio onde se localizam dois tubos, sendo 
que em suas extremidades encaixam-se as lentes oculares. Entre os dois tubos localiza-se a 
escala de ajuste de distância interpupilar. No tubo esquerdo encontra-se o anel de ajuste de 
dioptrias. O cabeçote é uma peça frágil que não deve ser usada como apoio e em 
hipótese alguma ser utilizada para transportar o microscópio. 
e. Revólver ou porta-objetivas: é uma peça circular na qual se inserem as lentes 
objetivas. Está localizada abaixo do cabeçote e é dotada de movimento de rotação. O disco 
negro do porta-objetivas possui ranhuras para que o observador possa girá-lo para 
mudanças de objetivas. Não se deve tocar nas objetivas para a mudança das mesmas. 
f. Controle macrométrico e micrométrico: as laterais do braço existem dois 
controles encaixados um no outro. O de maior diâmetro é o controle macrométrico, que 
permite grandes avanços ou recuos da platina em relação à objetiva. O controle de menor 
diâmetro é o micrométrico, que permite pequenos avanços ou recuos da platina. 
g. Oculares: são as lentes superiores que se encaixam nos tubos. Nas oculares são 
encontrados os seguintes dados: 10X – indica o aumento da lente ocular; 20X – número de 
campo – este valor é utilizado para calcular o diâmetro do campo de visão e está associado 
com o aumento de cada objetiva. Por exemplo, se a objetiva de 40X estiver encaixada, para 
calcular o diâmetro do campo de visão basta dividir o número de campo da ocular (20) pelo 
aumento da objetiva (40). O resultado é 0,5 mm que indica o diâmetro do campo explorado 
 8 
pela objetiva. Estas oculares permitem também o trabalho do observador que usa 
óculos sem a necessidade de retirá-los. Os anéis de borracha flexível fixados em cada 
ocular não devem ser removidos e nem dobrados. 
h. Objetivas: são as lentes que se encontram encaixadas no revólver e são 
responsáveis pelo aumento e pela resolução da imagem. Este modelo está equipado com 
quatro objetivas planas acromáticas (4X, 10X, 40X e 100X), que além da correção 
cromática corrige a curvatura de campo, produzindo um campo de observação com o centro 
e a periferia simultaneamente em foco. Nas objetivas estão impressos dados como aumento, 
abertura numérica e outros. Por exemplo, na objetiva de 40X, além do número 40 que 
indica o aumento, encontramos a inscrição (∞) que indica que a objetiva está corrigida para 
tubo de qualquer extensão, ou seja, podemos acoplar uma máquina fotográfica ou uma 
câmera digital, que sempre a imagem projetada estará em foco. O valor 0,17, impresso 
abaixo do aumento, indica que a objetiva está corrigida para lamínulas com espessura de 
até 0,17mm. O sinal (-) nas objetivas de 10X e 100X indica que as mesmas podem ser 
utilizadas em focalizações com ou sem lamínulas. Na objetiva de 100X existe a inscrição 
oil e a tarja negra indicando que esta objetiva trabalha com imersão em óleo. 
i. Condensador: é um conjunto de lentes situado abaixo da platina que concentra e 
torna paralelo o feixe luminoso, fornecendo luz necessária à iluminação do objeto em 
estudo. O controle do ajuste do condensador está localizado lateralmente, à esquerda e 
abaixo da platina. Este controle permite a movimentação do condensador que deve ser 
mantido na posição mais elevada para a obtenção de uma iluminação máxima. 
j. Diagrama ou Íris: é uma peça regulável e associada ao condensador que controla a 
quantidade de luz entra no condensador. A regulagem do diagrama é feita através de uma 
alavanca e para tanto existe uma escala numérica em branco impressa no diagrama. Os 
valores de abertura do diagrama devem coincidir com os valores de abertura numérica das 
objetivas, ou seja, a cada mudança de objetiva o usuário deve regular a abertura do 
diagrama. 
k. Filtro: é um disco de vidro azul fixado abaixo do diagrama eque permite a 
conversão da iluminação de halogênio em luz branca, exibindo a amostra em suas cores 
naturais. 
 9 
l. Fonte de Luz: consiste em uma lâmpada halógena embutida na base do 
microscópio. O interruptor principal que liga a lâmpada localiza-se na lateral direita do 
braço. Abaixo do interruptor encontra-se o botão seletor de intensidade luminosa, que 
permite regular a intensidade da luz. 
 
AUMENTO E PODER DE RESOLUÇÃO (Araújo et al., 2005) – UFV 
 
 Normalmente, relaciona-se a qualidade do microscópio à sua capacidade de 
ampliação da imagem de um dado objeto. No entanto, a qualidade dos microscópios está, 
antes de tudo, associada ao seu poder de resolução, ou seja, à sua capacidade de fornecer 
imagens nítidas, ao objeto e a resolução, à riqueza de detalhes da imagem obtida. 
 O poder de resolução de um microscópio pode ser inferido pelo limite de resolução. 
O limite de resolução (LR). Limite de resolução é a menor distância que deve existir entre 
dois pontos, de forma que ainda apareçam individualizados na imagem formada pelo 
sistema de lentes. Logo, se esses pontos estiverem separados por uma distancia menor do 
que o limite de resolução, serão vistos como um único ponto, independente da ampliação da 
imagem. Portanto, quanto menor o limite de resolução, maior o poder de resolução e 
melhor a qualidade da imagem. 
 O limite de resolução do olho humano normal é aproximadamente 0,1 mm; do 
microscópio de luz, ao redor de 0,25 µm e do microscópio eletrônico, de 3 a 5 Å. O limite 
de resolução (LR) é calculado pela seguinte fórmula: 
LR = K .  
 AN 
Sendo: K = uma constante experimental estimada em 0,61. 
 µ = o comprimento de onda da energia utilizada (luz ou feixe de elétrons). 
 NA = a abertura numérica da lente objetiva. 
 
A abertura numérica é calculada pela seguinte fórmula: 
 
 AN = n. sen  
Sendo: n = o índice de refração do material intercalado entre a lamínula e a lente objetiva 
(ar, óleo de imersão, glicerina, água e etc, dependendo do tipo de objetiva usada). 
 10 
 a = metade do ângulo de abertura da lente objetiva (ângulo formado entre o eixo 
óptico da lente objetiva e o raio de luz mais externo utilizado na formação da imagem). 
 Por meio dessa fórmula, verifica-se que o limite de resolução é diretamente 
proporcional ao comprimento de onda da fonte de iluminação utilizada e inversamente 
proporcional à abertura numérica. A diminuição do comprimento de onda (  ) pode ser 
feita utilizando-se outras fontes de iluminação como a luz ultravioleta (400 nm) ou 
utilizando-se um feixe de elétrons cujo  = 0,005 nm (microscópio eletrônico). A média 
dos comprimentos de onda da luz branca é de aproximadamente 550 nm ou 0,55 µm, o qual 
representa a média dos comprimentos de  do espectro da luz visível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
Identifique os componentes de um microscópio óptico a partir do desenho esquemático 
abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A 
B 
C 
F 
G 
H 
D 
E 
I 
J 
K 
M 
L 
N 
 12 
Instruções para o manuseio do microscópio óptico (M.O.) 
 
O microscópio óptico é um instrumento frágil, por isso é de extrema importância que todos 
saibam manuseá-lo da maneira correta. Siga os passos abaixo: 
1º Retire a capa de proteção e a coloque embaixo da bancada. Encaixe o plug na tomada. 
2º Acenda a luz. 
3º Abaixe a mesa totalmente usando o parafuso macrométrico. Encaixe a objetiva de menor 
aumento (4X) girando o revólver. 
4º Coloque a lâmina sobre a platina, prendendo-a com a presilha. 
5º Levante a platina movimentando o parafuso macrométrico até o seu ponto máximo. 
6º Com os dois olhos abertos, observe a lâmina através da ocular. Agora, utilizando o 
parafuso macrométrico, abaixe lentamente a platina até a visualização de alguma imagem. 
5ºFocalize o corte histológico movimentando os parafusos macrométrico e micrométrico. 
6ºUtilizando o charriot com uma das mãos e o parafuso micrométrico com a outra, faça 
uma varredura por toda a lâmina. 
7ºObserve também o corte em médio (10X) e grande (40X) aumento girando o revólver 
como fez anteriormente. O ajuste da focalização é realizado utilizando apenas o parafuso 
micrométrico. 
8ºAntes de desligar o microscópio, encaixe a objetiva de menor aumento, retirando 
posteriormente a lâmina. Reduza a intensidade luminosa girando o botão da fonte de luz. 
Desligue o microscópio. Coloque a capa protetora. 
 
 
 
 NUNCA MOVIMENTE A PLATINA COM A OBJETIVA DE MAIOR 
AUMENTO ENCAIXADA. 
 NÃO ARRASTE O MICROSCÓPIO NA BANCADA E NEM MUDE O 
MESMO DE LUGAR. 
 
 
 
 
 
 13 
1. Por que os materiais biológicos, para serem observados ao microscópio de luz, não 
devem ser espessos? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Qual a importância da fixação de materiais biológico? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. O que você entende por microtomia? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Qual o objetivo da coloração? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
Formação da imagem 
 
A luz que atravessa o condensador incide na lente objetiva. O condensador é um 
conjunto de lentes situado abaixo da platina que concentra o feixe luminoso. A imagem 
formada pela objetiva será real, maior e invertida. Seguindo seu trajeto, a luz passará 
agora pela lente ocular, formando uma imagem virtual, maior e direta em relação à 
objetiva. 
Concluindo, a imagem final do objeto, proporcionada pelo microscópio será virtual, 
maior e invertida em relação ao mesmo. 
 
Exercício 
Faça a letra “a” ou o número 2, à caneta, em um pedaço de papel de 5 cm. Coloque 
esse papel sobre uma lâmina de vidro. Desenhe o que se vê à vista desarmada e nos 
aumentos de 40X e 100X. 
 
Sem microscópio 
 
 
 
 
 
Aumento de 40X. (aumento da 
objetiva multiplicada pelo aumento da 
ocular) 
Aumento de 100X. (aumento 
da objetiva multiplicada pelo aumento 
da ocular) 
 
Quais as diferenças entre a imagem da letra observada com a visão desarmada e a 
sua imagem vista ao microscópio? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
Células da Mucosa Oral 
 
- Coloque uma gota de solução salina sobre uma lâmina. 
- Com um palito de fósforo faça uma suave raspagem na mucosa bucal. 
- Transfira o material para a gota de solução salina. 
- Cubra o material com lamínula e observe ao microscópio, utilizando as lentes objetivas de 
10, 20 e 40X. 
- Inicie a focalização do material com o diafragma fechado, porém, regulando a sua 
abertura a cada mudança de objetiva. 
- Após a observação com a lente objetiva de 40X, volte à lente objetiva de 10X e retire a 
lâmina do microscópio. 
- Coloque uma gota do corante azul de metileno em uma das bordas da lamínula. 
- Encoste um pedaço de papel de filtro no lado oposto ao da gota de corante.O papel 
absorverá a solução salina, permitindo que o corante passe por capilaridade para o espaço 
entre a lâmina e a lamínula. 
- Aguarde alguns minutos e observe o material ao microscópio. 
- Inicie a focalização regulando abertura do diafragma a cada mudança de lente objetiva. 
- Após a observação, responda às questões de a a e. 
 
a. Esquematize uma célula, observando o material com a lente objetiva de 40X e indique o 
núcleo, o citoplasma e o limite celular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Aumento: _____ 
 
 16 
 
b. Por que na questão anterior foi dito limite celular e não membrana plasmática? 
 
_________________________________________________________________________ 
 
c. Houve dificuldades na observação das células antes da coloração? Justifique. 
 
_________________________________________________________________________ 
 
 
d. Qual foi o efeito do corante sobre as células? 
 
_________________________________________________________________________17 
Problemas de interpretação de cortes (Junqueira e Carneiro, 2000) 
 
 
A) Artefatos: 
Ao interpretar os cortes de tecidos deve-se levar em conta as distorções causadas 
pelas técnicas de processamento. Como exemplos de distorções podemos citar a 
retração, pregas, precipitados de corantes ou de sujeira. 
 
B) Duas dimensões e três dimensões: 
Quando uma estrutura tridimensional é cortada em secções muito delgadas, essas 
parecem ter só duas dimensões: comprimento e largura. 
 
 
 
 
 18 
Para se obter uma visão tridimensional do corte faz-se necessário a realização de 
secções consecutivas em planos diferentes. 
Exemplo 
Represente as formas geométricas abaixo seccionadas transversalmente e 
longitudinalmente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Corte transversal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Corte longitudinal 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
CROMATINA E CROMOSSOMOS (Carvalho e Recco Pimentel, 2001) 
 
 Cromatina é o complexo de DNA, proteínas histônicas e não histônicas, presente no 
núcleo de células em interfase. Moléculas de RNA podem fazer parte temporariamente 
desse complexo. Durante a fase de divisão celular, a cromatina sofre alterações em sua 
morfologia, composição e função, apresentando-se sob a forma de unidades 
individualizadas conhecidas por cromossomos. 
 Nos núcleos interfásicos, a cromatina pode se apresentar frouxa ou compactada, 
granulosa ou filamentosa e com distribuição textural variada, quando se consideram células 
de um mesmo tecido ou, até mesmo, tipos celulares em diferentes momentos fisiológicos, 
sendo assim identificados diferentes fenótipos nucleares. 
 Em nível ultra-estrutural, a cromatina mostra-se constituída por uma estrutura 
filamentosa com cerca de 10 a 30 nm de espessura, que sofre níveis adicionais de 
empacotamento. Como esse filamento se encontra organizado no interior dos núcleos ou 
mesmo constituindo os cromossomos, somente pôde ser compreendido com a associação de 
técnicas bioquímicas, de biologia molecular e de microscopia eletrônica mais modernas, 
tendo sido muito importante, em todos os casos, o emprego de enzimas especiais, como as 
endonucleases. 
 
NUCLÉOLO 
 O nucléolo é a estrutura celular facilmente visível, mesmo sem coloração e in vivo, 
em microscopia de luz comum, o que é possível graças ao seu índice de refração mais 
elevado do que o dos outros elementos do núcleo e do citoplasma. Embora já tivesse sido 
descrito por Fontana, em 1781, sua denominação, como a conhecemos hoje, foi dada por 
Valentim somente em 1839. 
 O nucléolo é a organela celular cuja função é produzir ribossomos. Seu tamanho e 
forma dependem do estado funcional celular, variando conforme a espécie e, dentro de uma 
espécie, de tecido para tecido e mesmo de célula para célula. Muitas vezes o nucléolo é 
visto próximo à periferia nuclear, porém essa não é uma regra fixa. Quanto mais forte a 
sobrecarga funcional celular, maior será o nucléolo. É o que ocorre em células em processo 
de secreção (células glandulares e neurônios) e em muitas células tumorais. Por outro lado, 
como exemplo de células com nucléolos pequenos, temos as células endoteliais e as da glia. 
 20 
 Podem ser observados um ou mais nucléolos por núcleo, porém a maioria das 
células possuem apenas um nucléolo. Hepatócitos, células vegetais e células animais em 
cultura são alguns exemplos de células onde ocorrem mais de um nucléolo. No caso 
extremo de oócitos de anfíbios, podem ser encontrados, em algumas circunstancias, até 
3.000 nucléolos por núcleos. Núcleos poliplóides, ou seja, com vários lotes do genoma, 
geralmente contêm mais nucléolos do que núcleos diplóides. 
 A falta de uma membrana ao redor do nucléolo pode significar que não exista 
barreira para difusão entre nucléolo e nucleoplasma. 
 O núcleo se associa a sítios cromossômicos específicos (zonas organizadoras do 
nucléolo, NOR) que carregam os genes codificadores dos RNAr mais pesados. Pode 
ocorrer uma única NOR por lote cromossômico haplóide. No entanto, dois nucléolos 
podem se fundir ou uma zona organizadora do nucléolo pode se encontrar distribuída em 
mais de um cromossomo do lote haplóide. Nos seres humanos, por exemplo, os genes para 
RNAr se situam nas extremidades de 5 diferentes pares cromossômicos. É comum também 
se observar uma região de heterocromatina em íntima associação com o NOR. Em 
hepatócitos de roedores, a heterocromatina se distribui ao redor do nucléolo, enquanto o 
inverso ocorre em hemípteros sugadores de sangue. 
 Durante o ciclo celular, podem ocorrer alterações na forma e tamanho dos 
nucléolos. Costuma-se afirmar que, durante a divisão celular, os nucléolos desaparecem a 
partir do fim da prófase, reaparecendo no final da telófase. Há,no entanto, exceções à regra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 21 
Lâmina 69 – Corte de Fígado 
 
 Após fixar a lâmina sobre a platina, focalize o material em menor aumento (objetiva 
de 4 vezes). Olhando pela ocular, movimente o charriot a fim de visualizar o corte 
histológico por inteiro. Agora, utilizando a objetiva de médio aumento (objetiva de 10 
vezes), observe o aspecto esponjoso do fígado e suas cavidades delgadas entre as fileiras de 
células. Com a objetiva de grande aumento (40 vezes), identifique os capilares sanguíneos 
sinusóides, que se localizam nas cavidades delgadas supracitadas, e as células do tecido 
hepático, também denominadas hepatócitos. Em relação aos hepatócitos, procure seu 
citoplasma (corado em róseo pela eosina); o núcleo (arredondado e corado em roxo pela 
hematoxilina); no interior do núcleo, observe um ou mais nucléolos (corados em roxo pela 
hematoxilina). 
Observação: técnica de coloração histológica, hematoxilina e eosina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Identifique: 
1. Fileiras de hepatócitos 
2. Capilares sinusóides 
3. Morfologia dos hepatócitos: 
a. Núcleo 
b. Nucléolos 
c. Citoplasma 
 22 
De acordo com o corte de fígado (69), complete as lacunas: 
 
A) N de núcleos por célula - .............................. 
 
B) Forma e posição do núcleo - .......................... 
 
 
C) Por que o núcleo tem afinidade pela hematoxilina e o citoplasma pela eosina? 
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
............................................................................................................................................. 
 
D) O que são estruturas basófilas e acidófilas? 
.............................................................................................................................................
............................................................................................................................................ 
 
E) Cite exemplos de corantes básicos e ácidos. 
.............................................................................................................................................
............................................................................................................................................. 
 
 
 
 
 
 
 
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Foto 01 – M.E.T. Aumento: 29.000 X. 
Área citoplasmática com algumas organelas visíveis. Observe o núcleo vesiculoso, com cromatina dispersa e nucléolo 
associado a pequenos aglomerados de cromatina densa, que se apresentam, ao M.E., como áreas mais escuras. 
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Foto 02 – M.E.T. Aumento: 29.000 X. 
Área de citoplasma envolvendonúcleo denso, com predominância de cromatina espiralizada, mais elétron-densa, e regiões 
menores de cromatina dispersa. 
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Lâmina 33: Corte de Gânglio Espinhal 
 
 Observe o campo passando pelas objetivas de pequeno aumento; a seguir observe os 
neurônios ganglionares utilizando a objetiva de médio aumento. Além destes neurônios, é 
possível identificar simultaneamente as células da neuroglia ou células satélites, que 
também compõe o gânglio nervoso espinhal. Quanto à morfologia, o neurônio ganglionar 
possui um núcleo grande, arredondado, corado em roxo pela hematoxilina. Dentro desse 
núcleo encontramos o nucléolo, arredondado e corado em vermelho pela eosina. 
Margeando externamente o núcleo, observamos o citoplasma corado em azul-arroxeado, 
apresentando granulações basófilas. 
Observação: técnica de coloração histológica, tricrômico de Gomori (hematoxilina, 
cromotropo 2R e verde luz). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Identifique: 
1. Morfologia do neurônio ganglionar: 
a. Núcleo 
b. Nucléolo 
c. Citoplasma 
2. Células satélites (apenas seu núcleo é visível). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MITOCÔNDRIA (Carvalho e Recco Pimentel, 2001) 
 
 As mitocôndrias começaram a ser observadas em 1840, em células de rim e de 
fígado, coradas pelo método de Régaud. As estruturas observadas tinham formas alongadas 
e arredondadas, respectivamente. Daí o nome de mitocôndria, junção do termo grego mitos, 
que quer dizer alongado, e chondrion, que significa pequeno grânulo, em alusão aos 
aspectos morfológicos que as mitocôndrias podem assumir na célula. As mitocôndrias 
podem ser facilmente distinguidas de outras organelas, mesmo com a célula viva, usando-se 
um corante chamado verde janus. Este corante, por ser uma substancia redox, capaz de 
assumir características de um composto reduzido ou oxidado, em contato com a 
mitocôndria, pode ser oxidado para uma forma corada pelo citocromo c oxidase, um dos 
componentes da cadeia respiratória. 
 No geral, as mitocôndrias exibem formas alongadas, como ocorre em tubos de 
Malpighi, glândulas salivares de insetos e pâncreas de mamíferos, mas mitocôndrias 
esféricas também são encontradas em intestino e fígado. Além disso, técnicas de 
microcinematografia têm evidenciado que as mitocôndrias podem assumir várias 
conformações em diferentes momentos da vida da célula. O tamanho das mitocôndrias 
também é variável, podendo medir de 0,2 a 1,0 µm de diâmetro e de 2 a 8 µm de 
comprimento. 
 A quantidade de mitocôndrias também varia para células de diferentes origens, 
estando diretamente relacionada à demanda energética da célula. Assim, temos em alguns 
ovócitos uma quantidade de 300.000 mitocôndrias por célula, em ameba gigante pode 
chegar a 10.000, em hepatócitos de 500 a 1.600, em células renais, em torno de 300, em 
espermatozóides cerca de 25 e algumas algas verdes chegam a ter apenas uma mitocôndria. 
As células vegetais, em geral, apresentam uma quantidade bem menor de mitocôndrias em 
relação às células animais. 
 A distribuição de mitocôndrias no interior da maioria das células ocorre totalmente 
ao acaso, mas há casos em que se concentram em regiões onde a demanda energética é 
maior. Em células musculares, por exemplo, as mitocôndrias estão associadas aos 
filamentos contráteis que requerem ATP; em espermatozóides, elas se localizam na peça 
intermediária, justamente para facilitar o provimento de ATP para a movimentação da 
cauda. Muitas vezes, as mitocôndrias estão associadas com glóbulos de gordura, de forma a 
 27 
expor a maior área possível de sua superfície, em contato como os lipídios e, 
conseqüentemente, aproveitar melhor os ácidos graxos resultantes da ação das lipases. 
 
Ultra-Estrutura 
 As mitocôndrias podem ser detectadas com microscopia óptica comum, mas 
detalhes da sua estrutura só são observados com o uso de um microscópio eletrônico. Estas 
organelas são constituídas de duas membranas, estrutural e funcionalmente distintas. Elas 
definem dois compartimentos na mitocôndria, o espaço intermembrana, que separa as 
membranas interna e externa, e a matriz mitocondrial, que está circundada pela membrana 
interna. Na matriz podem ser observados ribossomos e alguns glóbulos elétron-densos de 
fosfato de cálcio. 
 A membrana interna se invagina para o interior da mitocôndria, constituindo as 
cristas mitocondriais. Estas projeções para o interior da organela permitem um considerável 
aumento da área da membrana interna, que, como veremos a seguir, é o local onde estão os 
componentes da cadeia respiratória e o complexo enzimático F1F0 responsável pela síntese 
de ATP. As membranas interna e externa são estrutural e funcionalmente diferentes. A 
utilização da técnica de “freeze-etching” permitiu visualizar o aspecto bastante particulado 
da membrana interna, enquanto a membrana externa exibia um aspecto mais liso. 
 Logicamente, as diferenças estruturais entre as duas membranas são conseqüências 
diretas de suas composições químicas e das interações entre alguns de seus componentes. A 
composição química das membranas, em geral, é de lipídios e proteínas, mas a quantidade 
relativa desse dois componentes pode variar. Assim, a membrana externa contém 50% de 
lipídios e 50% de proteínas, enquanto na interna encontramos apenas 20% de lipídios e 
80% de proteínas. Entre estas proteínas, estão os citocromos, que fazem parte da cadeia 
respiratória, a ATP sintetase, que participa da síntese do ATP, NADH desidrogenase, que 
libera um par de elétrons para a cadeia respiratória, a succinato desidrogenase, que catalisa 
uma das reações do ciclo de Krebs, a carnitina aciltransferase, que participa da 
transferência de ácido graxo do espaço intermembrana para a matriz mitocondrial, entre 
muitas outras proteínas, quem têm função de transporte de vários metabólitos. 
 
 
 28 
Origem 
 Existem duas teorias para explicar a origem das mitocôndrias. Uma delas afirma 
que a mitocôndria surgiu de uma associação simbiótica entre um eucarioto anaeróbico e um 
procarioto aeróbico. A outra teoria, não simbiótica, defende a idéia de que a mitocôndria 
deve ter surgido de um processo que envolvia invaginação de membrana de um procarioto, 
contento componentes da cadeia respiratória e complexo ATP sintetase, seguido do 
desprendimento daquele segmento de membrana e subseqüente incorporação de fragmento 
de molécula de DNA. 
 Hoje há fortes indicações de que as mitocôndrias tenham origem simbiótica. Alguns 
aspectos que favorecem esta teoria são: 
1. A dupla hélice de DNA encontrada em mitocôndrias é circular, tal como ocorre 
em bactérias. 
2. Os mitorribossomos têm um coeficiente de sedimentação em torno de 55S, 
sendo, portanto, mais próximos daquele encontrado em bactérias, que é de 70S, enquanto 
os ribossomos encontrados no citosol de eucariotos têm 80S. 
3. A síntese de proteínas em mitocôndrias é inibida por cloranfenicol, o mesmo 
antibiótico que inibe a síntese de proteína em procarioto, porém, no citosol, a síntese é 
inibida por cicloheximida. 
4. O aminoácido iniciador da síntese de proteínas em mitocôndria é o 
formilmetionina, da mesma forma como ocorre em bactérias. 
 O genoma mitocondrial dos animais em geral carrega uma quantidade mínima de 
genes, juntamente com algumas seqüências não codificadoras, mas que servem para regular 
a atividade gênica. O tamanho compacto do genoma das mitocôndrias de hoje 
provavelmente é resultado de uma gradual transferência de genes da mitocôndria para o 
genoma nuclear. 
 
 
 
 
 
 
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Foto 07 – M.E.T. Aumento: 20.000 X. 
Área de citoplasma mostrando parte do núcleo, gotas lipídicas (G) e numerosas mitocôndrias esféricas (M), com 
grande número de cristas em forma de túbuloscortados transversalmente. 
 30 
 
 
Foto 04 – M.E.T. Aumento: 65.000 X.
Área de citoplasma apresentando vesículas dilatadas e presença de 
mitocôndrias de forma alongada. Observe alguns de seus componentes 
ultraestruturais: membrana externa, membrana interna com cristas, 
espaço intermembranoso e matriz mitocondrial.
 
 31 
 
 
 
 
 
Foto 08 – M.E.T. Aumento: 16.000 X. 
Área citoplasmática com grande quantidade de mitocôndrias esféricas (M): na foto superior (A) são mitocôndrias vistas ao 
M.E. de varredura e, na foto inferior (B), mitocôndrias vistas ao M.E. de transmissão. 
 32 
Lâmina 2 – Corte de Fígado 
 
 Após seguir a seqüência correta para focalização (objetiva de 4x→ 10x→ 40x), 
observe as fileiras de hepatócitos, com citoplasma corado em róseo pela eosina, assim 
como os espaços equivalentes aos capilares sinusóides. No citoplasma dos hepatócitos 
encontram-se espalhados grãos negros correspondentes às mitocôndrias. Compare o 
diâmetro das mitocôndrias vistas ao microscópio óptico com as imagens observadas no 
microscópio eletrônico (fotomicrografia eletrônica). 
Observação: técnica de coloração histológica, polak e eosina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Identifique: 
4. Fileiras de hepatócitos 
5. Núcleo dos hepatócitos (imagem negativa) 
6. Capilares sinusóides 
7. Mitocôndrias 
 33 
RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO (Carvalho e Recco Pimentel, 2001) 
 
 
 O retículo endoplasmático (RE) é formado por um sistema de membranas 
interconectadas na forma de tubos ramificados, às vezes na forma de cisternas, que 
delimitam uma cavidade mais conhecida como luz. Podemos distinguir dois tipos de 
retículo. O retículo endoplasmático rugoso (RER) ou granular apresenta ribossomos 
associados e uma estrutura na forma de cisternas. Células com intensa síntese protéica, 
como as células acinosas do pâncreas, possuem RER bastante desenvolvido. Na ausência de 
ribossomos, o retículo endoplasmático é denominado liso (REL) ou agranular, formando 
estruturas predominantemente tubulares. Células com retículo liso abundante estão 
relacionadas à síntese de hormônios esteróides, como as células de Leydig nos testículos; à 
degradação de glicogênio, como os hepatócitos; ou a funções específicas, como o controle 
do cálcio citoplasmático nas células musculares. Nesta últimas, o RE recebe a denominação 
específica de retículo sarcoplasmático. 
 Retículo rugoso e liso podem estar presentes numa mesma célula, formando uma 
estrutura contínua. A associação temporária dos ribossomos às membranas do RE é 
determinada pelo estado fisiológico da célula, ou seja, áreas de REL podem ser substituídas 
por RER no caso de respostas celulares que envolvem intensa síntese protéica. O inverso 
também pode ocorrer. Havendo a necessidade de eliminação de resíduos de fenobarbital 
(um anestésico que pode se acumular, chegando a níveis tóxicos para o organismo), áreas 
de RER dos hepatócitos são substituídas por REL, que tem a capacidade de detoxificação, 
como veremos adiante. Esta capacidade de conversão faz do RE uma estrutura bastante 
dinâmica. 
 
 
 
 
 
 
 
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Foto 05 – M.E.T. Aumento: 34.000 X. 
Área citoplasmática mostrando o Retículo endoplasmático rugoso e várias mitocôndrias (M) de forma oval ou esférica 
espalhadas pelo citoplasma. Observe ainda o número e a disposição das cristas mitocondriais. 
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Foto 21 – M.E.T. Aumento: 10.000 X. 
Célula secretora de proteínas mostrando, na base, o Retículo endoplasmático rugoso bastante desenvolvido. Na região apical, grande 
quantidade de grânulos de secreção, em diferentes níveis de maturação. 
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 Foto 27 – M.E.T. Aumento: 30.000 X. 
Célula secretora de esteróides. Observe o Retículo endoplasmático liso preenchendo o citoplasma, além de mitocôndrias e gotas lipídicas. 
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Lâmina 68 – Corte de pâncreas 
 
 Identifique em menor e médio aumento pequenas formações arredondadas que 
correspondem aos ácinos pancreáticos. Em maior aumento observe que as paredes destes 
ácinos são formadas por células piramidais, cujos núcleos são esféricos, vesiculosos, 
corados em vermelho e localizam-se no terço basal da célula. Nesta mesma região basal 
identifique o retículo endoplasmático rugoso. Já no ápice da célula encontram-se os grãos 
de secreção corados em vermelho. 
 
Coloração: hematoxilina alúmem crômica de Gomori e floxina.

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