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Moarah Brito | FASAI | 5º período Guillain-Barré . Síndrome de Guillain-Barré Introdução ➔ Polirradiculoneuropatia aguda ➔ Frequentemente grave e fulminante ➔ Natureza autoimune ➔ 1-4 casos por 100 mil por ano ➔ Mais risco no sexo masculino e em adultos Manifestações clínicas ➔ Paralisia motora arrefléxica de evolução rápida ➔ Com ou sem alterações sensoriais ➔ O padrão habitual é de paralisia ascendente, que pode ser percebida primeiro como uma sensação de peso nas pernas ➔ Fraqueza surge em horas ou dias ➔ Disestesia (sensação anormal) com formigamento nos membros ➔ As pernas costumam ser mais afetadas que os braços ➔ Diparesia facial (50%) ➔ Fraqueza bulbar e dificuldade de manejo de secreções e na manutenção das vias respiratórias → devido envolvimento dos nervos cranianos ➔ Dor no pescoço, nos ombros, no dorso ou difusamente na coluna vertebral (50%) ➔ A maioria dos pacientes exige hospitalização, e até 30% necessitam de assistência ventilatória em algum momento durante a doença ➔ A necessidade de ventilação mecânica está associada a fraqueza mais intensa por ocasião da admissão, rápido tempo de progressão e presença de fraqueza facial e/ou bulbar durante a primeira semana dos sintomas ➔ Febre e sintomas constitucionais estão ausentes no início e, se presentes, geram dúvidas no diagnóstico ➔ Reflexos tendíneos profundos → reduzidos ou desaparecem nos primeiros dias do início ➔ Déficits sensoriais cutâneos (perda das sensações de dor e temperatura) → costumam ser leves, mas as funções servidas por fibras sensoriais grandes, como os reflexos profundos e a propriocepção, são mais intensamente afetadas ➔ Nos casos graves, pode haver disfunção da bexiga, mas é geralmente transitória ➔ Se a disfunção da bexiga for uma característica proeminente e surgir no início da evolução, devem-se contemplar outras possibilidades diagnósticas, particularmente mielopatias ➔ Depois que a piora clínica estaciona e o paciente atinge um patamar (quase sempre dentro de 4 semanas de início), é improvável que haja progressão adicional ➔ O envolvimento autônomo é comum e pode ocorrer até mesmo nos pacientes cuja SGB é de resto leve ◆ Perda do controle vasomotor com ampla flutuação da pressão arterial ◆ Hipotensão postural ◆ Arritmias cardíacas ➔ Tais manifestações necessitam de monitoração estreita e tratamento, e podem ser fatais ➔ Dor ◆ Comum ◆ Dor aguda ou incômoda e profunda nos músculos enfraquecidos, a qual os pacientes comparam à prática de exercícios pesada no dia anterior ◆ Dor disestésica nos membros como uma manifestação de acometimento de fibras nervosas sensoriais ◆ Autolimitadas ◆ Frequentemente respondem a analgésicos convencionais Eventos antecedentes Moarah Brito | FASAI | 5º período ➔ Cerca de 70% dos casos de SGB ocorrem 1-3 semanas após o processo infeccioso agudo, em geral respiratório ou gastrointestinal ➔ Campylobacter jejuni→ 20-30% ➔ Herpes vírus → 20-30% ➔ Mycoplasma pneumoniae ➔ A vacina antirrábica mais antiga, foi implicada como fator desencadeante ➔ A SGB também ocorre com frequência maior do que seria atribuído somente ao acaso nos pacientes com linfoma, em soropositivos para HIV e em pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico Imunopatogenia lmunopatogenia postulada da SGB associada à infecção por C.jejuni. As células B reconhecem glicoconjugados no C.jejuni(Cj) que desencadeiam reação cruzada com gangliosídeo presente na superfície da célula de Schwann e na mielina subjacente dos nervos periféricos. Algumas células B, ativadas via um mecanismo independente das células T, secretam principalmente lgM (não mostrado). Outras células B (lado esquerdo superior) são ativadas por uma via dependente em parte da célula T e secretam principalmente lgG; o auxílio das células T é fornecido pelas células CD4 ativadas localmente por fragmentos de proteínas Cj, que são apresentados na superfície de células apresentadoras de antígeno (CAA). Um evento crítico no desenvolvimento da SG8 é a fuga de células B ativadas das placas de Peyer para os linfonodos regionais. Células T ativadas provavelmente também atuam ajudando na abertura da barreira hematoneural, o que facilita a penetração de autoanticorpos patogênicos. As primeiras alterações na mielina (à direita) são edema entre as lamelas de mielina e a ruptura vesicular (mostrada como bolhas circulares) das camadas de mielina mais externas. Tais efeitos estão associados à ativação do complexo de ataque à membrana C5b-C9 e provavelmente são mediados pela entrada de cálcio; é possível que a citocina dos macrófagos, fator de necrose tumoral (fNF), também participe da lesão da mielina. ➔ O conceito aplica-se para todos os subtipos de SGB ➔ É provável que mecanismos imunes celulares e humorais contribuam para o dano tecidual na Polineuropatia Desmielinizante Inflamatória Aguda ➔ A ativação de célula T é sugerida pelo achado de que níveis elevados de citocinas e receptores de citocinas estão presentes no soro (IL-2) e no LCR (IL-6, TNF-alfa, Interferon-Gamma) ➔ A PDIA também é estreitamente análoga à imunopatia experimental mediada por células T designada Neurite Alérgica Experimental (NAE) ➔ A NAE é induzida em animais de laboratório por sensibilização imunológica contra fragmentos protéicos derivados de proteínas do nervo periférico, e particularmente contra a proteína P2 ➔ A partir da analogia com a NAE, acreditou-se inicialmente que a PDIA pudesse ser um distúrbio mediado por células T ➔ Entretanto, informações atuais abundantes sugerem que autoanticorpos dirigidos contra determinantes não protéicos podem ser fundamentais em muitos casos ➔ Evidências circunstanciais sugerem que toda SGB resulta de respostas imunológicas por Moarah Brito | FASAI | 5º período meio de um mecanismo de semelhança de epítopos (mimetismo celular) ➔ Os alvos neurais provavelmente são os gangliosídeos (são esfingolipídeos, formadores de membrana, com função de recepção e regulação de crescimento) ➔ São expostos na membrana plasmática das células, o que os torna suscetíveis a um ataque mediado por anticorpos ➔ Gangliosídeos e outros glicoconjugados estão presentes em grande quantidade nos tecidos nervosos humanos e em locais-chave, como os nodos de Ranvier ➔ Anticorpos antigangliosídios, mais frequentemente contra GM1, são comuns na SGB (20-50% dos casos), particularmente naqueles casos precedidos de infecção por C jejuni ➔ Os resíduos de ácido siálico (contribui na diferenciação de esfingolpídeos) de cepas patogênicas de C. jejuni também podem desencadear a ativação das células dendríticas por meio de sinalização por meio de um receptor Toll-like (TLR4), promovendo a diferenciação das células B e uma maior amplificação da autoimunidade humoral ➔ Experimentalmente, os anticorpos anti-GM1 são capazes de desencadear lesão mediada por complemento nas junções paranodais axônioglia, desorganizando a aglomeração dos canais de sódio e provavelmente contribuindo para o bloqueio de condução ➔ Anticorpos anti-GQ1b são encontrados em mais de 90% dos pacientes, e os títulos de IgG são mais altos no início da evolução ➔ Anticorpos anti-GQ1b não são encontrados em outras formas de SGB, a menos que haja envolvimento dos nervos motores extraoculares ➔ Além disso, um anticorpo monoclonal anti GQ1b contra C. jejuni isolado de um paciente com SMF bloqueou a transmissão neuromuscular experimentalmente ➔ Outros alvos antigênicos também podem ser importantes ➔ Um relato identificou anticorpos IgG contra as células de Schwann e neurônios (região do cone de crescimento neural) em alguns casos de SGB ➔ Na EMDA, uma etapa inicial na indução da lesão tecidual parece ser o depósito de complemento ao longo da superfície externa da célula de Schwann ➔ A ativação do complemento suscita desintegração vesicular típica da bainha de mielina, e também leva ao recrutamento de macrófagos ativados, que participam da lesão à mielina e aos axônios ➔ Na NAMA, o padrão é diferente, pois o complemento se deposita juntamente com IgG nos nodos de Ranvier ao longo dosgrandes axônios motores ➔ É interessante assinalar que, nos casos de NAMA, os anticorpos contra GD1a parecem exibir uma excelente especificidade, que favorece a ligação às raízes nervosas, motoras, e não às sensitivas, embora esse gangliosídeo seja expresso em ambos os tipos de fibras Fisiopatologia ➔ Nas formas desmielinizantes da SGB, a origem da paralisia flácida e do distúrbio sensorial é o bloqueio de condução ➔ Esse achado, demonstrado eletrofisiologicamente, indica que as conexões axonais permanecem intactas ➔ Portanto, a recuperação pode acontecer rapidamente à medida que a remielinização ocorre ➔ Em casos graves de SGB desmielinizante, geralmente ocorre degeneração axonal secundária ➔ Pode-se estimar sua extensão eletrofisiologicamente ➔ Uma degeneração axonal secundária maior correlaciona-se com taxa de recuperação Moarah Brito | FASAI | 5º período mais lenta e maior grau de incapacidade residual ➔ Quando um padrão axonal primário é detectado em testes eletrofisiológicos, a implicação é que os axônio sofreram degeneração e tornaram desconectados de seus alvos, especificamente junções neuromusculares, portanto, devem regenerar-se para que a recuperação ocorra ➔ Nos casos axonais motores em que a recuperação é rápida, acredita-se que a lesão se localize nos ramos motores pré-terminais, o que possibilita que a regeneração e reinervação se deem rapidamente ➔ De outro modo, nos casos leves, o brotamento colateral e a reinervação dos axônios motores sobreviventes próximos à junção neuromuscular podem começar a restabelecer a continuidade fisiológica com as células musculares durante um período de vários meses Características laboratoriais ➔ lOs achados no LCS são distintos, e consistem em nível de proteína elevado [1 a 10 g/L (100 a 1.000 mg/dL)] sem pleocitose concomitante. ➔ O LCS é frequentemente normal quando os sintomas estão presentes há < 48 h; ao fim da primeira semana, o nível de proteína costuma estar elevado. ➔ Um aumento transitório da contagem de leucócitos no LCS (10 a 100/μ.L) ocorre às vezes na SGB de outro modo típica; ➔ Contudo, pleocitose persistente do LCS sugere outro diagnóstico (mielite viral) ou um diagnóstico concomitante como infecção pelo HIV não reconhecida, leucemia ou linfoma com infiltração de nervos ou neurossarcoidose. ➔ As características eletrodiagnósticas são leves ou ausentes nos estágios iniciais da SGB e tornam-se defasadas na evolução clínica. ➔ Na PDIA, as primeiras manifestações consistem em latências prolongadas da onda F, latências distais prolongadas e amplitudes reduzidas do potencial de ação muscular composto (PAMC), provavelmente devido à predileção pelo comprometimento das raízes nervosas e terminações nervosas motoras distais no início da evolução. ➔ Posteriormente, pode-se observar a ocorrência de redução da velocidade de condução, bloqueio de condução e dispersão temporal. ➔ Em certas ocasiões, os potenciais de ação de nervos sensitivos (PANS) podem estar normais nos pés (p. ex., nervo sural), enquanto estão anormais nos braços. ➔ Trata-se também de um sinal de que o paciente não apresenta uma das polineuropatias "dependentes de comprimento" mais típicas. ➔ Nos casos que apresentam patologia axonal primária, o principal achado eletrodiagnóstico consiste em redução da amplitude dos PAMC (e também PANS na NAMSA), sem alentecimento da condução nem prolongamento das latências distais. Diagnóstico Moarah Brito | FASAI | 5º período ➔ A SGB é uma entidade descritiva ➔ O diagnóstico de PDIA é definido pelo reconhecimento do padrão de paralisia rapidamente progressiva com arreflexia, ausência de febre ou outros sintomas sistêmicos e eventos antecedentes típicos ➔ Outros distúrbios que podem entrar no diagnóstico diferencial incluem ◆ Mielopatias agudas (especialmente com dor no dorso prolongada e perturbações esfinctéricas) ◆ Difteria (perturbações orofaríngeas precoces) ◆ Polirradiculite de Lyme e outras paralisias transmitidas por carrapatos ◆ Porfiria (dor abdominal, crises epilépticas, psicose) ◆ Neuropatia vasculítica (medir velocidade de hemossedimentação) ◆ Poliomielite (febre e meningismo comuns) ◆ Vírus do Nilo Ocidental ◆ Polirradiculite por CMV (em pacientes imunocomprometidos) ◆ Neuropatia ou miopatia de uma doença crítica ◆ Distúrbios de junção neuromuscular, como miastenia gravis e botulismo (perda precoce da reatividade pupilar) ◆ Intoxicações por organofosforados, tálio e arsênico ◆ Intoxicação por moluscos paralíticos ◆ Hipofosfatemia grave (rara) ➔ Os exames laboratoriais são úteis principalmente para excluir a presença de afecções que simulam SGB ➔ As características eletrodiagnósticas podem ser mínimas ➔ O nível de proteína do LCR pode não se elevar até o fim da primeira semana ➔ Se a suspeita do diagnóstico for forte, deve-se iniciar o tratamento sem aguardar o aparecimento dos achados do Edx e do LCS ➔ Relatou-se que alguns casos da SGB apresentaram elevação nos níveis de tau e proteína 14-3-3 no início (durante os primeiros dias dos sintomas) ➔ A elevação de tau no LCS pode refletir lesão axonal e predizer um déficit residual ➔ Os pacientes com SGB que tenham fatores de risco para HIV ou com pleocitose no LCS devem ter um teste sorológico anti-HIV Vitamina D no tratamento da Sd de Guillain-Barré Estudos recentes conectaram o metabolismo da Vitamina D com efeitos antiinflamatórios e imunomoduladores, sendo um dos mecanismos responsáveis pelos bons resultados do uso de doses altas de vitamina D na Esclerose Múltipla, doença autoimune neurodegenerativa, mediada por linfócitos-T Fontes: ➔ Neurologia clínica de Harrison ➔ Manual de Neurologia, 2ª ed ➔ Neurologia: diagnóstico e tratamento ➔ UTILIZAÇÃO DE ALTAS DOSES DE VITAMINA D COMO ALTERNATIVA PARA TRATAMENTO DE PACIENTE COM PSORÍASE: Revisão sistemática de literatura, RODRIGO CAMPELO DE MOURA FÉ Moarah Brito | FASAI | 5º período
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