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As expressões preconceito racial, discriminação racial, segregação racial e complexo de cor, começaram a surgir no Brasil por volta de 1930. A nossa sociedade é uma sociedade racial, a violência racial está colocada na nossa cultura e nas nossas instituições e no mundo como um todo. O termo preconceito é uma tentativa de adjetivação anterior a uma ideia, ou seja, é a elaboração de uma espécie de estigma construído antes de um fato realizado. É comum populações negras sofrerem preconceito arraigando uma suposta ideia do que eles têm ou vão fazer. Por exemplo, as abordagens aos negros em determinados espaços, como se eles supostamente, em razão da tonalidade de pele, origem, tipologia de cabelo fossem criminosos. Essas práticas racistas sempre foram baseadas em discursos pseudojustificativos. A ideia era que o ser branco representava a condição humana normativa, e por isso era necessário encontrar uma explicação científica para o ser negro. Kabengele Munanga em seu livro Negritude: Usos e Sentidos, buscando tal explicação, analisou que existiam diversas teorias sobre o negro. Essas teorias cogitavam um amplo leque de explicações científicas para o negro e afirmavam que este seria o branco degenerado, que as causas da pigmentação escura da pele estariam no clima tropical ou na natureza do solo e na alimentação, no ar e na água africanos. A postura do Estado brasileiro, no que tange a isonomia deve ser ativa, a fim de garantir a concretização dos ideais políticos de igualdade e liberdade, tendo em vista que estes compõem a base do Estado Democrático de Direito. Apresenta-se a igualdade como princípio na ordem constitucional no EDD que ganha diversas interpretações ao longo da história. Paulo Bonavides em seu livro Curso de Direito Constitucional afirma que o centro medular do Estado social e de todos dos direitos de sua ordem jurídica é inquestionavelmente o princípio da igualdade. Com efeito, o materializa a liberdade da herança clássica. Pode-se analisar que é um princípio de grande importância nos regimes democráticos, é uma regra jurídica e possui caráter suprapositivo, mesmo se não constasse no texto constitucional deveria ser respeitado. A Convenção Internacional sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial foi adotada pelas Organizações das Nações Unidas em 21 de dezembro de 1965, tendo sido ratificada pelo Brasil em 27 de março de 1968. Entrou em vigor no Brasil em 1969. Apesar de antiga é um documento bastante atual e começa considerando várias ações. Portanto, no Brasil, apesar de não existir uma legislação segregacionista, ainda sim ocorre a subjugação da população negra, infelizmente a cor da pele é sinônimo de exclusão em certos espaços que constitui a hierarquia social e isso comprova a assimetria dos indicadores sociais. O preconceito carrega uma espécie de estigma complicado de ser retirada do imaginário, da cultura porque elabora uma espécie de estereótipo sobre o indivíduo. Além disso, o Estado Democrático de Direito deve intervir sempre e atuar ativamente com o escopo de que devem ser concretizados os direitos previstos na Constituição Federal e no ordenamento jurídico para construir a igualdade racial e valorizar as pessoas pelo que são, sem ocorrer discriminação e preconceito. A Convenção integra o denominado sistema especial de proteção dos direitos humanos. Tem como objetivo eliminar a discriminação racial em todas as suas formas e manifestações e prevenir e combater doutrinas e práticas racistas. REFERÊNCIAS BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 2010; p. 259. CHIAVENATO, Júlio José. O negro no Brasil: da senzala à abolição. São Paulo: Moderna, 1999. Convenção Internacional para a Eliminação de todas as Normas de Discriminação Racial da ONU. Disponível em http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/discrimina/lex81.htm. Acesso em 16/09/2021. MUNANGA, Kabengele. Negritude: Usos e Sentidos, 2ª edição. São Paulo: Ática, 1986; p.14. SANTOS, José Rufino dos. O que é Racismo, 9ª Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1985.
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