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Anestésicos Gerais ----------------------------------- FARMACODINÂMICA E FARMACOCINÉTICA I ------------------------------------ Anestesia: Estado em que o indivíduo não responde a estímulos nocivos Estágios da Anestesia Geral ▸Estágio 1: Analgesia – paciente fica sonolento, porém consciente. Respostas aos estímulos dolorosos são reduzidas; ▸Estágio 2: Excitação ou Delírio – Perda de consciência, não há resposta aos estímulos mais indolores, porém responde, de maneira reflexa, aos estímulos dolorosos; ▸Estágio 3: Anestesia Cirúrgica – Movimento espontâneo cessa, e a respiração torna-se regular. Reflexos param e os músculos relaxam por completo; ▸Estágio 4: Paralisia Bulbar – Respiração e controle vasomotor cessam, havendo morte em poucos minutos; Classificação Geral ▸Intravenosos Barbituratos: Metoexital Sódico e Tiopental Sódico; Não Barbituratos: Cetamina, Etomidato e Propofol; Benzodiazepínico: Midazolam; Esteroide: Alfaxalona; ▸Inalatórios Haletos Alquílicos: Halotano; Anestésicos de Éter: Desflurano, Sevoflurano, Enflurano e Isoflurano; Gases inorgânicos: Óxido Nitroso e Xenônio; Mecanismos de Ação ▸Anestésicos interagem com as proteínas da membrana neural; ▸Lipossolubilidade ajuda na potência anestésica; ▸Receptores GABA: Quase todos anestésicos potencializam a ação do GABA sobre o receptor GABAA (EXCEÇÃO: Ciclopropano, Cetamina e Xenônio). São ativados por ligantes de Cl-, formados por até 5 subunidades. Os anestésicos se ligam dentro de diferentes subunidades; ▸Canais de K+: Modulam a excitabilidade neuronal. Subunidades: TREK1, TREK2, TASK1, TASK3 e TRESK, reduzem a excitabilidade da membrana; ▸Receptores NMDA: Anestésicos atuam reduzindo a resposta mediada pelo receptor, que é ativado pelo GLUTAMATO; ▸Outros canais iônicos: Exercem ação em canais ativados por ligantes, como: • Receptores de glicina; • Receptores Nicotínicos; • Receptores 5-hidroxitriptamina; • Canais de K+ cíclicos ativados por nucleotídeos; Efeitos no Sistema Nervoso ▸Aumentam a inibição tônica (potencialização das ações de GABA); ▸Reduzem a excitação, abrindo canais de K+; ▸Inibem a transmissão sináptica excitatória – Depressão da liberação do transmissor e da inibição dos canais iônicos; Efeitos nos Sistemas Cardiovascular e Respiratório ▸Diminuição da contratilidade cardíaca; ▸Inibição do fluxo simpático, redução do tônus arterial e venoso, com subsequente redução da pressão arterial e venosa – Isoflurano e Anestésicos halogenados; ▸Aumento da descarga simpática e a concentração plasmática de norepinefrina – Óxido nitroso e Cetamina; ▸Extrassístoles ventriculares, deprimem a respiração e aumentam o PC02 arterial – Halonato (EXCEÇÃO: Óxido Nitroso, Cetamina e Xenônio); ▸Pungente, tende a causar tosse, laringoespasmo e broncoespasmo – Desflurano; Anestésicos Gerais ----------------------------------- FARMACODINÂMICA E FARMACOCINÉTICA I ------------------------------------ Anestésicos Intravenosos ▸Atuam de maneira mais rápida (20 seg.); ▸Eliminação lenta; Propofol ▸Princípio ativo: 2,6-di-hisopropifenol; ▸Deve ser administrado num período de 4h após a remoção da embalagem estéril; ▸Dose: 2-2,5 mg/kg; ▸Farmacocinética: Meia vida de 10 min. com uma infusão que dura 3h e aproximadamente 40 min. com uma infusão que dura 8h; ▸Metabolismo: Propofol é metabolizado no fígado pela conjugação com sulfato e glicuronida em metabólitos menos ativos que são excretados no rim.; ▸Efeitos Colaterais: SUPRIME o EEG, REDUZ a taxa metabólica cerebral de consumo de 02, fluxo cerebral e pressões intracraniana e intraocular. REDUZ a pressão arterial, causa depressão respiratória, sendo menos propenso a causar broncoespasmo, além de ter significativa ação antiemética e dor na hora da injeção; Tiopental ▸Barbitúrico altamente lipossolúvel; ▸Dose: 3-5 mg/kg; ▸Ação em 20 seg, que perdura por 5 – 10 min; ▸Concentração sanguínea diminui rapidamente, pois o fármaco é redistribuído para os tecidos com amplo fluxo sanguíneo (fígado, rins e cérebro) e mais lentamente para os músculos (sendo “capturado” pela gordura); ▸PRODUZ ressaca duradoura. Apresenta pouco efeito anestésico, podendo causar depressão respiratória profunda.; ▸Liga-se a ALBUMINA PLASMÁTICA; Cetamina ▸Arilcicloexilamina, semelhante a Fenciclidina – PCP, sendo hidrossolúvel; ▸Dose: 0,5-1,5 mg/kg; ▸Usado em pacientes sob risco de hipotensão e broncoespasmo e para determinados procedimentos pediátricos.; ▸Farmacocinética e Metabolismo: É hepaticamente metabolizada em norcetamina (atividade reduzida no SNC), sendo metabolizada novamente para ser excretada urina e na bile; ▸Efeitos colaterais: Tem atividade simpatomimética indireta e PRODUZ efeitos comportamentais distintos. O estado cataléptico induzido é acompanhado de nistagmo com dilatação pupilar, salivação, lacrimejamento e movimentos espontâneos dos membros, com aumento global do tônus muscular. PRODUZ analgesia profunda, além de aumentar a pressão intracraniana e o fluxo cerebral. O DELIRIUM que surge na recuperação anestésica (caracterizado por alucinações, sonhos vívidos e ilusões) é uma complicação frequente. Há o AUMENTO da pressão arterial, a frequência e débito cardíacos, além de ser um broncodilatador potente.; Midazolam ▸Benzodiazepínico com menor depressão cardiovascular e respiratória; Anestésicos Gerais ----------------------------------- FARMACODINÂMICA E FARMACOCINÉTICA I ------------------------------------ Etomidato ▸Derivado de Imidazol carboxilado; ▸Dose: 0,2-0,4 mg/kg; ▸Usado em pacientes sob risco de hipotensão; ▸Farmacocinética e Metabolismo: Início rápido. Metabolização ocorre no fígado, primariamente a compostos inativos. A eliminação é renal (78%) e biliar (22%).; ▸Efeitos Colaterais: Produz hipnose e não possui efeito analgésico. Não há queda da pressão arterial média. REDUZ o consumo de oxigênio miocárdico e inibe as enzimas biossintéticas suprarrenais necessárias para a produção de cortisol e de alguns outros esteroides. PROPENSO a causar movimentos de contração involuntária, náusea, êmese e dor no local da injeção; ▸DEVE-SE EVITAR em pacientes com risco de insuficiência suprarrenal; Conceitos sobre Anestésicos Inalatórios ▸Pequenas moléculas lipossolúveis que cruzam rapidamente as membranas alveolares; ▸Fatores que influenciam a velocidade de indução e recuperação: • Propriedades do Anestésico: Coeficiente de partição sangue:gás e óleo:gás; • Fatores fisiológicos: Taxa de ventilação alveolar e débito cardíaco; Solubilidade ▸Coeficiente de Partição sangue:gás: Determina a velocidade de indução e de recuperação de um anestésico inalatório. Quanto menor o coeficiente sangue:gás, mais rápido será a indução e a recuperação. Assim, quanto menor o coeficiente da pressão parcial alveolar, mais rápido a pressão parcial do gás irá se igualar com a que está sendo administrada no ar inalado; ▸Coeficiente de Partição óleo:gás: Medida da solubilidade na gordura, determina a potência de um anestésico e também influencia na cinética de sua distribuição no corpo. Solubilidade elevada retarda a recuperação da anestesia; Indução e Recuperação ▸Quando o anestésico é administrado pela primeira vez, as inalações são diluídas no volume residual do gás nos pulmões, resultando na redução da pressão parcial alveolar do anestésico, quando comparado com a mistura de gás inalado; ▸Com as subsequentes inalações, a pressão parcial aumenta e gera o equilíbrio; Metabolismo e Toxicidade ▸Clorofórmio: Causa hepatotoxidade associada à formação de radicais livres nas células hepáticas; ▸Metoxiflurano: 50% metabolizados a Fluoreto e Oxalato, que causa toxicidade renal; ▸Halotano: 30% convertidos em Brometo, Ácido Trifluoracético e outros metabólitos que estão implicados em raros casos de toxicidade hepática; ▸Enflurano e Sevoflurano:Geram Fluoreto, porém em concentrações baixas; Anestésicos Inalatórios ▸A anestesia é alcançada quando a pressão parcial do anestésico é igual ou maior que a Concentração Alveolar Mínima (CAM); Propriedades dos anestésicos inalatórios Anestésico CAM (vol%) CAMacordado (vol%) Halotano 0,75 0,41 Isoflurano 1,2 0,4 Enflurano 1,6 0,4 Sevoflurano 2 0,6 Desflurano 6 2,4 Óxido Nitroso 105 60 Xenônio 71 32,6 Anestésicos Gerais ----------------------------------- FARMACODINÂMICA E FARMACOCINÉTICA I ------------------------------------ Isoflurano ▸Líquido volátil em temperatura ambiente; ▸CAM: 0,4-1,2 vol%; ▸Uso: Anestésico inalatório para a manutenção da anestesia após o uso de outros agentes; ▸Farmacocinética: Possui um coeficiente de partição sangue:gás mais baixo que o Halotano ou Enflurano. A indução e a recuperação são mais rápidas. 99% do anestésico inalado é excretado INALTERADO pelos pulmões. ▸Efeitos colaterais: REDUZ a pressão arterial, produz vasodilatação na maior parte dos leitos vasculares, com efeitos pronunciados na pele e nos músculos. POTENTE VASODILATADOR coronariano, produzindo aumento do fluxo sanguíneo coronariano e diminuição do consumo de O2 pelo miocárdio. Produz depressão da ventilação. É um EFICAZ BRONCODILATADOR, porém causa irritação das vias respiratórias e pode, durante a indução da anestesia, estimular os reflexos das vias respiratórias, produzindo tosse e laringoespasmo. DILATA a vasculatura cerebral, aumentando o fluxo sanguíneo e reduz o consumo de O2 no cérebro. PRODUZ relaxamento da musculatura esquelética e intensifica os efeitos dos relaxantes musculares despolarizantes e não despolarizantes. Relaxa o músculo liso uterino. REDUZ o fluxo sanguíneo renal e a taxa de filtração glomerular, resultando em um pequeno volume de urina concentrado. Com o aumento de doses, os fluxos sanguíneos esplâncnicos e hepáticos se reduzem, à medida que a pressão sistêmica diminui; Desflurano ▸Líquido altamente volátil, armazenado em frascos herméticos; ▸CAM: 2,4-6 vol%; ▸Uso: Amplamente usado para cirurgias ambulatoriais por causa do seu rápido início da sua ação e da rápida recuperação anestésica; ▸Farmacocinética: Tem um coeficiente de partição sangue:gás muito baixo (0,42%) e também não é muito solúvel em gordura ou outros tecidos periféricos. Por esse motivo, a CAM sobre rapidamente até o nível da concentração inspirada, promovendo rápida indução da anestesia e mudanças rápidas na profundidade da anestesia após modificações feitas na concentração inspirada; ▸Efeitos colaterais: Causa hipotensão, débito cardíaco e fluxo sanguíneo para os principais órgãos é mantido. PROVOCA aumento dependente da concentração da frequência respiratória e uma redução do volume corrente. DIMINUI a resistência vascular cerebral e o consumo metabólico cerebral de O2. PRODUZ relaxamento direto do músculo esquelético e intensifica os efeitos dos bloqueadores neuromusculares não despolarizantes e despolarizantes; Enflurano ▸Líquido claro e incolor, com odor suave e doce, volátil; ▸CAM: 0,4-1,6 vol%; ▸Uso: Manter a anestesia e não induzir; ▸Farmacocinética: Coeficiente de partição sangue:gás alto, a indução e recuperação anestésicas são lentas. É metabolizado em modesta extensão, e 2-8% do Enflurano absorvidos sofrem metabolismo oxidativo no fígado pela ação da CYP2E1. Íons Fluoreto são um subproduto do metabolismo, mas os níveis plasmáticos são baixos e não tóxicos. ▸Efeitos colaterais: DIMINUI a pressão arterial com intensidade dependente de sua concentração. Produz uma depressão maior das respostas ventilatórias a hipóxia e a hipercapnia do que o Halotano. Eficaz broncodilatador. Vasodilatador cerebral, reduz o consumo metabólico de O2. PRODUZ significativo relaxamento do músculo esquelético, REDUZ o fluxo sanguíneo renal, a taxa de filtração glomerular e débito urinário. REDUZ o fluxo sanguíneo esplâncnico e hepático de maneira proporcional à redução da pressão arterial; Anestésicos Gerais ----------------------------------- FARMACODINÂMICA E FARMACOCINÉTICA I ------------------------------------ Halotano ▸Liquido volátil em temperatura ambiente, sensível a luz.; ▸CAM: 0,41-075 vol%; ▸Uso: Manutenção de anestesia. Bem tolerado para a indução de anestesia por inalação, comumente feita em crianças. ▸Farmacocinética: Tem um coeficiente de partição sangue:gás e gordura:sangue relativamente altos. A indução é lenta. Por ser solúvel em gordura e outros tecidos, o anestésico irá acumular-se durante a administração prolongada. 60-80% do Halotano administrado será eliminado sem alterações pelos pulmões nas primeiras 24h após sua administração. Uma quantidade substancial será biotransformada pelos CYP hepáticos, sendo o principal metabólito, o Ácido Trifluoracético, formado pela remoção dos íons de bromo e cloro. ▸Efeitos colaterais: INDUZ redução dependente da dose da pressão arterial. INIBE a autorregulação do fluxo renal, esplâncnico e de FSC, levando a redução da perfusão desses órgãos. INIBE a vasoconstrição pulmonar hipóxica. SENSIBILIZA o miocárdio aos efeitos arritmogênicos da epinefrina. INIBE as respostas quimiorreceptoras periféricas à hipoxemia arterial. DILATA a vasculatura cerebral e aumenta o fluxo sanguíneo cerebral e o volume sanguíneo cerebral. CAUSA relaxamento dos músculos esqueléticos e potencializa a ação dos relaxantes musculares não despolarizantes. DIMINUI o fluxo sanguíneo esplâncnico e hepático. Pode PRODUZIR necrose hepática fulminante, chama de Hepatite por Halotano. Sevoflurano ▸Líquido claro, incolor e volátil em temperatura ambiente; ▸CAM: 0,6-2 vol%; ▸Uso: Amplamente usado em pacientes ambulatoriais, por seu rápido perfil de recuperação e por não ser irritante para as vias respiratórias. Rápida indução; ▸Farmacocinética: Baixa solubilidade no sangue e em outros tecidos redunda em imediata indução de anestesia e rápida alteração da profundidade da anestesia. Cerca de 3% do Sevoflurano é metabolizado no fígado pela CYP2E1, sendo o produto predominante o hexafluoroisopropanol. Também produz Fluoreto inorgânico. A interação com a Cal Sodada (componente para a absorção de CO2 no sistema respiratório de aparelhos de anestesia) gera produtos de decomposição como o Composto A e o fluorometil pentafluoroisopropenil éter; ▸Efeitos colaterais: DIMINUI a pressão arterial (devido a vasodilatação sistêmica), e o débito cardíaco. REDUZ o volume corrente e aumenta a frequência respiratória. Não é irritante para as vias respiratórias e é um potente broncodilatador, o mais eficaz de todos os anestésicos inalatórios. Tem efeitos sobre a resistência vascular cerebral, consumo metabólico cerebral e fluxo sanguíneo cerebral. Relaxa o músculo esquelético e intensifica os efeitos dos bloqueadores neuromusculares não despolarizantes e despolarizantes. Óxido Nitroso ▸Gás incolor e inodoro em temperatura ambiente; ▸CAM: 60-105 vol%; ▸Uso: Anestésico fraco que possui efeito analgésico. A profundidade da anestesia é atingida sob condições hiperbáricas. A analgesia é alcançada em concentrações somente de 20%. Não se deve utilizar concentrações acima de 80%, pois limita-se a administração adequada de oxigênio. ▸Farmacocinética: É muito insolúvel no sangue e em outros tecidos, resultando no rápido equilíbrio entre as concentrações alveolares administradas do anestésico, em rápida indução e recuperação. 99,9% Anestésicos Gerais ----------------------------------- FARMACODINÂMICA E FARMACOCINÉTICA I ------------------------------------ do gás absorvido é eliminado de forma inalterada pelos pulmões. ▸Efeitos colaterais: CAUSA modestos aumentos da frequência respiratória e DIMINUI o volume corrente em pacientes que respiram espontaneamente. AUMENTA de forma expressiva o fluxo sanguíneo cerebral e a pressão intracraniana. Não possui efeito relaxante no músculo esquelético e nãointensifica o efeito dos bloqueadores neuromusculares; Xenônio ▸Gás raro inodoro; ▸CAM: 32,6-71 vol%; ▸Farmacocinética: Extremamente insolúvel no sangue e outros tecidos, o que acarreta rápida indução e recuperação anestésica, com analgesia semelhante ao Óxido Nitroso; ▸Efeitos Colaterais: Apresenta mínimos efeitos cardiovasculares e preserva a contratilidade miocárdica. Aumenta a resistência pulmonar e o fluxo sanguíneo cerebral;
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