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Mundo Down Cuidados com a Saúde Bucal em cada etapa da vida BRUNO BENATTI ORGANIZADOR BRUNO BRAGA BENATTI Mundo Down Cuidados com Saúde Bucal em cada etapa da vida SÃO LUÍS 2021 Copyright © 2021 by EDUFMA Revisão Prof. Dr.Bruno Braga Benatti Projeto Gráfico Adriana Passos Amaral Joana Albuquerque Bastos de Sousa Kátia Maria Martins Veloso Paula Cristina Pereira Silva Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Elaborada pela bibliotecária Eliziene Barbosa Costa – CRB 13/528 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, armazenada em um sistema de recuperação ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia, microfilmagem, gravação ou outro sem permissão do autor. Mundo Down [recurso eletrônico]: cuidados com saúde bucal em cada etapa da vida / Bruno Braga Benatti (organizador). — São Luís, EDUFMA, 2021. 56 p.:il. Modo de acesso: World Wide Web ISBN: 978-65-89823-76-6 1. Saúde bucal – Síndrome de down. 2. Saúde bucal – Cuidados. 3. Síndrome de Down. I. Vilarinho, Adriana. II. Benatti, Bruno Braga. III. Sousa, Joana Albuquerque Bastos de. IV. Veloso, Katia Maria Martins. V. Silva, Paula Cristina Pereira. VI. Mouchrek, Monique. CDD 617.601 CDU 616.314:616.899 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Prof. Dr. Natalino Salgado Filho Reitor Prof. Dr. Marcos Fábio Belo Matos Vice-Reitor EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Prof. Dr. Sanatiel de Jesus Pereira Diretor CONSELHO EDITORIAL Prof. Dr. Luís Henrique Serra Prof. Dr. Elídio Armando Exposto GuarçoniProf. Dr. André da Silva Freires Prof. Dr. Jadir Machado Lessa Profª. Dra. Diana Rocha da Silva Profª. Dra. Gisélia Brito dos Santos Prof. Dr. Marcus Túlio Borowiski Lavarda Prof. Dr. Marcos Nicolau Santos da Silva Prof. Dr. Márcio James Soares Guimarães Profª. Dra. Rosane Cláudia Rodrigues Prof. Dr. João Batista Garcia Prof. Dr. Flávio Luiz de Castro Freitas Bibliotecária Suênia Oliveira Mendes Prof. Dr. José Ribamar Ferreira Junior Agradecemos aos nossos amados familiares, que mesmo em meio as dificuldades vividas nesse momento de pandemia, nos deram o suporte necessário para que dispuséssemos de tempo para nos dedicar ao trabalho. À EDUFMA, que viabilizou a editoração e publicação desse projeto e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização e conclusão dessa jornada. Obrigado. AGRADECIMENTOS EQUIPE Kátia Veloso Adriana Vilarinho Bruno Benatti Joana Sousa Paula Silva Monique Mouchrek Sabe-se que a saúde bucal está diretamente relacionada a uma boa qualidade de vida e que as pessoas com Síndrome de Down (SD) tem algumas características específicas que tornam desafiador manter esta saúde em nível adequado. Pensando nisso e buscando ajudá-los a cada vez mais melhorarem sua qualidade de vida, criamos esse e-book que visa difundir os cuidados necessários para o estabelecimento de uma saúde bucal desde a sua infância até a sua vida adulta. SÚMARIO 08 Pré-Natal 16 17 21 25 30 534238 LegislaçãoIdosoFase Adulta Adolescência Amamentação Alterações bucais mais prevalentes Infância Primeira visita ao Dentista PRÉ NATAL A gestação é um dos períodos da vida que mais requer cuidados. Do impacto gerado pela notícia até o dia do parto, os futuros pais têm muitos medos e dúvidas, absolutamente normais e esperadas com a chegada do bebê. O PRÉ NATAL consiste na realização de um acompanhamento completo da gestação. É um dos passos mais importantes a serem dados no momento da sua confirmação, permitindo a prevenção e a detecção precoce de patologias da mãe e do bebê, reduzindo os riscos para a gestante e proporcionando o desenvolvimento saudável do bebê. PRÉ NATAL PRÉ NATAL Vantagens do Pré Natal 1- Identificar patologias em estágio inicial ou em evolução silenciosa, permitindo o uso de medidas que evitem que danos mais sérios acometam mãe e filho; 2- Detecção de má formação e síndromes fetais; 3- Avaliação da placenta e anexos; 4- Identificação da Pré-eclâmpsia, distúrbio que ocasiona hipertensão, comprometimento das funções renais e cerebrais na mãe, podendo evoluir a óbito. No Brasil, toda mulher tem direito a realizar seu pré natal pelo Sistema Único de Saúde (SUS), na Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua casa, recebendo o Cartão da Gestante, o calendário de vacinas, a solicitação de exames de rotina, orientações sobre a sua participação nas atividades educativas e o agendamento de consulta médica para pesquisa de fatores de risco. VIVA O SUS De acordo com o Movimento Down (2013), o Brasil possui cerca de 270 mil pessoas com SD. Com o aumento da expectativa de vida do brasileiro, embora a média de vida das pessoas com SD seja de 50 anos, já são conhecidos indivíduos que sobrevivem 60 anos. A Síndrome de Down (SD) ou Trissomia do 21, descrita em 1866 por John Lang Down, é causada pela presença de uma cópia extra do cromossomo 21, com incidência de aproximadamente 1-2/1000 nascimentos vivos. Síndrome de Down KLUG et al. 2010 IMPORTANTE: após o nascimento, a confirmação diagnóstica se dará pelo diagnóstico clínico e exame do Cariótipo (estudo dos cromossomos). Esse exame revela, ainda, o risco de recorrência da síndrome em uma nova gestação, risco esse aumentado para mães acima de 40 anos. Acompanhamento multidisciplinar durante toda a vida; Estimulo precoce das suas potencialidades; Inclusão social combatendo o preconceito. O Ultrassom Morfológico Fetal, realizado entre 11 e 14 semanas, avalia a Translucência nucal e pode sugerir a presença da síndrome, a ser confirmada pelos exames de Amniocentese e Amostragem das vilosidades coriônicas. Exame Pré Natal O bebê deverá ter acompanhamento médico desde cedo; Face arredondada e olhos oblíquos Orelhas pequenas Hipotonia muscular Macroglossia (língua grande) Mãos menores, dedos mais curtos Prega palmar única Estatura mais baixa Diabetes e o Hipotireoidismo; Maior risco de infecções como a Otite; Maior risco de Leucemia; Déficit cognitivo com aprendizagem mais lenta. ALTERAÇÕES SISTÊMICAS ALTERAÇÕES FÍSICAS Tendência a obesidade, distúrbios endócrinos como: ! INFÂNCIA AMAMENTAÇÃO Algumas irfomações importantes acerca da amamentação: Contudo, alguns bebês com SD podem ter dificuldades em conseguir se alimentar logo no inicio da vida. Isso pode ser consequência do tônus muscular diminuído (HIPOTONIA) nesses pacientes. Provoca risco maior de enfermidades Hipotonia oral Atraso no desenvolvimento muscular da cavidade bucal Não Amamentar: Protege contra infecções e problemas gastrointestinais Estimula a coordenação oral para sucção e deglutição Estreita o laço afetivo entre a mãe e filho, sendo fonte de prazer mútuo Amamentar: A amamentação ajuda a fortalecer o vínculo entre mãe e filho Atenção: Hipotonia Pode levar a constipação intestinal (PRISÃO DE VENTRE) crônica O tecido muscular do intestino grosso não consegue realizar os movimentos peristálticos com força suficiente para expelir as fezes O leite materno é o melhor alimento para o bebê. A mãe pode enriquecer a alimentação do filho, na tentativa de melhorar os efeitos da constipação, com alimentos ricos em : ... Nesse caso: Proteína Magra (frango, salmão..) Frutas e verduras Carboidratos integrais Líquidos A família é fundamental na educação nutricional. É através dela que se transmite o primeiro significado do ato de se alimentar a partir de sua construção social. NUTRIÇÃO NUTRIÇÃO Pacientes com SD apresentam problemas nutricionais, como nutrição inadequada e uma ingestão calórica dietética de baixa qualidade. O Índice de Massa Corporal (IMC) desses pacientes representa maiores chances de sobrepeso e obesidade. ALTERAÇÕES BUCAIS MAIS PREVALENTES XEROSTOMIA (Quantidade de saliva reduzida) ATRASO NA ERUPÇÃO DOS DENTES RESPIRAÇÃO BUCAL CRÔNICA (Respiração pela boca) PALATOOGIVAL ("céu da boca" mais profundo) DENTES CONÓIDES AGENESIA (ausência dos dentes vizinhos) Outras alterações frequentes são Língua fissurada e macroglossia (quando a língua se apresenta com tamanho aumentado, resultado da hipotonia). Crianças com SD tem um menor controle muscular da língua e lábios, devido a hipotonia (fraqueza muscular), consequentemente podem ter dificuldades para falar, comer e respirar. Educação em Saúde Bucal, incluindo as técnicas de higiene bucal, devem ser ensinadas precocemente a pacientes com SD. Devem ser levadas em consideração as deficiências motoras, neurológicas e a necessidade da prevenção das doenças bucais. A não adesão dos pais ou responsáveis aos cuidados com a higienização bucal pode comprometer ainda mais a saúde bucal desses pacientes. A primeira visita ao dentista deve ocorrer o quanto antes, preferencialmente, a partir do nascimento dos primeiros dentes. O dentista irá: Avaliar possíveis alterações em dentes ou mucosa, bem como o tempo e ordem de erupção dentária; Aconselhar a mãe sobre cuidados específicos; Tornar o consultório um ambiente conhecido para a criança. A higiene bucal supervisionada e o cuidado redobrado são fundamentais, devido às limitações motoras e à alta prevalência de doenças periodontais. BERTHOLD et al. 2004 Deve-se usar creme dental com FLÚOR! Não importa o valor do creme dental, o mais importante é a técnica de escovação. A PARTIR DA ERUPÇÃO DOS PRIMEIROS DENTES CUIDADOS COM A SAÚDE BUCAL DA CRIANÇA CABEÇA PEQUENA: melhor alcance dos dentes posteriores MUITAS CERDAS: facilita a escovação CERDAS MACIAS: diminui as chances de traumatismos CERDAS DA MESMA ALTURA: reduz traumas nos tecidos moles TÉCNICA DE ESCOVAÇÃO PARA A CRIANÇA Escove os dentes fazendo movimentos circulares ou elipticos até terminar todos os dentes. ATENÇÃO: delicadamente Escove a parte da frente e de trás dos dentes (movimento de vassoura), a superfície de mastigação (movimento de trem) e entre os dentes. TÉCNICA DE ESCOVAÇÃO Posicione a escova de dente em uma angulação de 45° em relação ao dente. Escove a lingua do fundo para frente, para remover as bactérias e evitar o mau hálito. 0 A 3 ANOS Não deve ser adicionado açúcar aos alimentos. Adultos precisam escovar os dentes das crianças nessa idade (Lembre-se que criança não tem coordenação motora). Use uma quantidade bem pequena de creme dental com flúor. Supervisione quando seu filho escovar os dentes e, se necessário, dê uma reforçada na escovação. A quantidade e frequência de alimentos e bebidas que contenham açúcar devem ser reduzidas. Seu filho deve escovar antes de dormir e depois de pelo menos uma das refeições. Caso seja necessário, continue supervisionando a escovação do seu filho. RECOMENDAÇÕES PARA OS PAIS 3 A 6 ANOS A PARTIR DE 7 ANOS Estudos sugerem que pessoas com SD têm menor prevalência de cárie. Maior quantidade de anticorpos específicos, maior concentração de flúor nos dentes e aumento do pH salivar (ambiente neutro). Porém, a cárie é formada por diversos fatores, dentre eles: Silva et al. 2020; Dioguardi et al. 2020 Atuam como agentes protetores SD E CÁRIE POR QUÊ Fluxo salivar, flúor, dieta rica em carboidratos fermentáveis, espécie microbiana, composição e capacidade de proteção da saliva, higiene. Classe social, atitudes, comportamento, conhecimento, renda e escolaridade. Além de ser modificada por: Descrição do Diagrama adaptado de Manji & Fejerskov (1990) Sendo assim, o consumo de alimentos ricos em açúcar precisa ser reduzido e a higiene bucal necessita ser feita corretamente para saúde de todos os tecidos bucais (dentes, gengiva, língua, bochecha, palato). Apesar da doença cárie não ser a mais preocupante para as pessoas com SD, por outro lado, a doença periodontal é de extrema relevância e será abordada a seguir. ADOLESCÊNCIA ADOLESCÊNCIA Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), adolescência compreende o período de 10 aos 19 anos. Nessa fase, há a necessidade da quebra gradual da infantilização da pessoa com SD para que os pais consigam um diálogo fácil a respeito das mudanças que estão acontecendo e ainda acontecerão. Promover integração social e independência em hábitos cotidianos (comer, vestir, tomar banho, escovar os dentes) de maneira a romper barreiras e facilitar o processo de conhecimento individual e do meio. Exercícios físicos Boa alimentação Escolaridade Autonomia Autocuidado Socialização Inclusão ESTIMULAR Diretrizes de atenção à pessoa com Síndrome de Down. Ministério da Saúde; 2013. "Na adolescência, aspectos específicos relacionados à maturação sexual devem ser observados, como o aparecimento de acne, ganho excessivo de peso, mudanças de humor e desordens tireoidianas." Hemograma, dosagem de Hormônio Estimulante da Tireóide (TSH) e de hormônios tireoidianos (T3 e T4), glicemia de jejum, triglicerídeos e lipidograma podem tornar-se necessários, então, com maior frequência. Atenção especial deve ser dada ao ganho de peso e as desordens tireoidianas, sendo assim, é imprescindível o acompanhamento médico. TORRES e LIMA (2016) Pouco se considera a respeito da sexualidade das pessoas com deficiência, pois muitos acreditam que ela seja inexistente. Os pais de adolescentes com SD, por vezes, são o obstáculo para que o filho obtenha educação sexual (sobre IST’s, gravidez, métodos contraceptivos, planejamento familiar e limites pessoais). MAS NÃO É! ... além disso: Homens e mulheres com SD têm taxas hormonais, desenvolvimento sexual e evolução de características secundárias semelhantes aos jovens sem a síndrome. MOREIRA e GUSMÃO, 2002 CASTELÃO TB et al. 2003; BONONI et al. 2009; BASTOS e DESLANDES, 2012 Considerar os diferentes níveis de maturidade e adequação, bem como faixa etária. Desse modo, considerando as limitações, os pais devem proporcionar aos filhos esse tipo de educação ou permitir que um profissional o faça. EASTGATE, 2008; MOREIRA e GUSMÃO, 2002 A participação dos pais ou responsáveis supervisionando e ajudando na higiene bucal, bem como um bom acompanhamento com o dentista e a adoção de medidas preventivas, é essencial para prevenir e controlar a doença periodontal. CUIDADOS COM A SAÚDE BUCAL DO ADOLESCENTE NUERNBERG et al. 2019; MUBAYRIK et al. 2016 Mas o que é doença periodontal? Pacientes com SD são mais suscetíveis a Doença Periodontal, principalmente antes dos 30 anos. A DP é caracterizada por uma desordem inflamatória crônica e multifatorial. Divide-se em gengivite (inflamação dos tecidos gengivais que circundam o dente) e periodontite (inflamação que se estende à crista óssea alveolar, ligamento periodontal e cemento). DOENÇA PERIODONTAL (DP) Mas atenção, a doença periodontal pode aparecer de forma precoce por volta dos 6-7 anos de idade. Fotos: Acervo dos autores DOENÇA PERIODONTAL (DP) FATORES DE RISCO LOCAL O que pode provocar essa suscetibilidade nesses pacientes? Higiene bucal inadequada Presença de Cálculo dental Menor frênulo do lábio inferior Morfologia dental alterada Anormalidades no tecido gengival Pouco osso alveolar Características da saliva Agenesia (ausência dos dentes vizinhos) Microbiota bucal Mas não podemos esquecer dos fatores de riscos adicionais: Deficiência sistêmica e imunológica desses pacientes. MUBAYRIK et al. 2016; DIOGUARDI et al. 2020 FASE ADULTA Maior chance de sofrer com perdas dentárias decorrentes de doença periodontal Na SD, a periodontite tem um início mais precoce, apresentando um quadro mais severo e progressão generalizada. SAÚDE BUCAL DO ADULTO NUERNBERG et al. 2019 Foto: Acervo dos autores Em decorrência das alterações locais e sistêmicas presentes nas pessoas com SD, estes, independente da idade, devem redobrar os cuidados com a saúde bucal. Sendo assim, alguns cuidados são sugeridos: CUIDADOS GERAIS COM A SAÚDE BUCAL Os responsáveis devem acompanhar a higieneoral das crianças Bons hábitos de higiene oral Consultas regulares ao Dentista Alimentação equilibrada MUBAYRIK et al. 2016 modificações antecipadas Senescência é o processo de envelhecimento natural do ser humano “(...) Algumas doenças e desgastes fisiológicos/biológicos/metabólicos se apresentam bem mais precocemente em pessoas com SD quando comparado com a população em geral, o que permite a inferência de que as pessoas com SD sofrem um processo de envelhecimento precoce e atingem a idade senil consideravelmente antes da população em geral (...)” Idade biológica e idade cronológica que não se equilibram ENVELHECIMENTO PRECOCE senescência precoce ROSA e MIRANDA, 2019; GENSOUS et al. 2020 IDOSO Autonomia para atividade diárias e de autocuidado AUMENTO DA EXPECTATIVA DE VIDA Cuidado com a Saúde do adulto e do idoso Estilo de vida saudável Prevenção de doenças DIABETES Pacientes com SD têm 4 vezes mais chance de desenvolver diabetes que pessoas sem SD. O mais prevalente é o Diabetes Tipo 1, condição em que o sistema imune ataca e destrói as células produtoras de insulina no pâncreas. No entanto, os pacientes com SD também podem ter Diabetes Tipo II, principalmente devido ao estilo de vida e hábitos não saudáveis. O tratamento dos pacientes com SD que têm diabetes não deve ser diferente do tratamento de pessoas sem síndrome. Entretanto, pacientes com SD precisam ter maior monitoramento e supervisão. Principais sintomas: Aumento da sede, urina frequente, cansaço excessivo, perda de peso e visão turva. PERDA AUDITIVA Pacientes com SD apresentam maior prevalência de problemas auditivos e sensoriais. Estima-se que mais de 60% dos adultos apresentam algum grau de perda auditiva. Perda auditiva no idoso é chamada de presbiacusia. É uma condição multifatorial causada pela perda de audição natural proveniente do envelhecimento. Ocorre de forma progressiva em ambos os ouvidos ao longo da vida. Infelizmente os pacientes idosos com SD podem ter problemas auditivos 30 ou 40 anos mais cedo que pacientes sem SD. DISFUNÇÕES DA TIREOIDE A mais frequente disfunção da tireiode em pacientes com SD é o hipotireoidismo (glândula da tireoide pouca ativa). Podem sentir mais cansaço, engordam com mais facilidade, apresentam reações físicas e cognitivas mais lentas. ou seja, produzem menos Tiroxina, com isso: A ocorrência dessas disfunções aumenta com a idade, sendo transtornos provenientes dos problemas autoimunes desses pacientes. O Hipertiroidismo ( tireoide muito ativa) também pode ocorrer, sendo bem menos comum, levando a quadros de agitação, nervosismo, perda de peso e palpitações cardíacas. ALZHEIMER Acredita-se que pelo menos 70% dos pacientes com SD desenvolveram neuropatologia compatível com a doença de Alzheimer Pacientes com SD apresentam maior prevalência de fatores de risco genéticos para o Alzheimer. Existem pacientes com SD que apresentam comprometimento cognitivo antes dos 30 anos, enquanto outros mantém uma estabilidade cognitiva até os 70 anos. É uma doença degenerativa do cérebro que compromete a memória , linguagem e o comportamento de forma lenta progressiva. Masptone et al. 2020 MENOPAUSA Quando a mulher para de menstruar de forma definitiva, é denominado Menopausa. A menopausa ocorre geralmente por volta dos 55 anos. Quando chega a menopausa, a mulher perde sua capacidade reprodutiva. Podem aparecer alguns sintomas indesejados. A menopausa em mulheres com SD tem um início mais precoce, em média 4 a 6 anos antes quando comparadas com mulheres sem SD. ROSA e MIRANDA 2019; ESBENSEN, 2010 Menopausa A menopausa é considerada fator de risco para algumas doenças, tais como depressão, osteoporose, câncer de mama e doenças cardíacas nas mulheres em geral. Também está correlacionada com a época de início do declínio cognitivo e demência em mulheres com SD, bem como tem sido associada com o início do Alzheimer. ROSA e MIRANDA, 2019; ESBENSEN, 2010 Devido aos diversos problemas bucais, falta de coordenação motora e a própria negligência em relação a higiene bucal, esses pacientes acabam tendo uma incidência maior de perdas dentárias. SAÚDE BUCAL DO IDOSO Na busca pela recuperação da função mastigatória, estética e da fonação, é crescente o número de pacientes que usam próteses removíveis. Foto: Acervo dos autores Porque o organismo diminui a produção de saliva durante a noite, o que favorece o acúmulo de bactérias no meio bucal. Os pacientes que utilizam prótese removíveis devem retirá-las antes de dormir. PRÓTESE DENTÁRIA Por quê? Verhaeghe et al. 2016 As superfícies microporosas de uma dentadura de acrílico fornecem uma ampla variedade de ambientes para suportar microorganismos que podem ameaçar a saúde de pacientes com dentadura fisicamente vulneráveis. Fo to : A ce rv o do s au to re s Uma prótese mal higienizada pode ser o foco do fungo Cândida albicans. COMO HIGIENIZAR A higiene das próteses previne a halitose, o acúmulo de fungos e cálculo (tártaro) e preserva sua estética. 1- Separe uma escova para sua prótese e um sabão neutro; 2- Faça a escovação em toda a superfície da prótese; 3- Uma vez por semana pegue a prótese e coloque dentro de um copo (ex: copo americano) com 6 colheres de sopa de hipoclorito de sódio (água sanitária) + 200 ml água filtrada e deixe agir por 10 minutos. Fo to : A ce rv o do s au to re s A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência possibilitou a construção de políticas públicas visando à garantia, promoção da autonomia, igualdade de oportunidades e reafirmação dos direitos humanos a partir do reconhecimento da deficiência como uma característica da condição humana e não uma limitação. MARCOS INTERNACIONAIS E NACIONAIS DOS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 2007 2011 Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - O Plano Viver sem Limite foi elaborado com a participação de mais de 15 Ministérios e do Conselho Nacional de Direitos da Pessoa com Deficiência, ampliando o acesso e qualificando o atendimento às pessoas com deficiência através de inclusão, acessibilidade e atenção à saúde. 2015 CARDOSO, JS. Redes de Atenção à Saúde: rede de cuidados à pessoa com deficiência; 2017. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Essa lei busca assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades constitucionais e fundamentais pela pessoa com deficiência, objetivando a sua inclusão social e cidadã. https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/9914 A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015 Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário (...) Art. 10° Compete ao poder público garantir a dignidade da pessoa com deficiência ao longo de toda a vida. Art. 14° O processo de habilitação e de reabilitação é um direito da pessoa com deficiência. Art. 18° É assegurada atenção integral à saúde da pessoa com deficiência em todos os níveis de complexidade, por intermédio do SUS, garantido acesso universal e igualitário. Art. 23° São vedadas todas as formas de discriminação contra a pessoa com deficiência, inclusive por meio de cobrança de valores diferenciados por planos e seguros privados de saúde, em razão de sua condição. Art. 27° A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida (...) Art. 92° É criado o Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Cadastro-Inclusão), registro público eletrônico com a finalidade de coletar, processar, sistematizar e disseminar informações georreferenciadas que permitama identificação e a caracterização socioeconômica da pessoa com deficiência, bem como das barreiras que impedem a realização de seus direitos. Estabeleceu pena de um a três anos de reclusão, mais multa, para quem prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou exercício de direitos e liberdades fundamentais da pessoa com deficiência. Criou benefício assistencial para a pessoa com deficiência moderada ou grave que ingresse no mercado de trabalho em atividade que a enquadre como segurada obrigatória do Regime Geral de Previdência Social. REFERÊNCIAS 1.Atienza.E; Silvestre, F.J; Silvestre-Rangil, J. Possible association between obesity and periodontitis in patients with Down syndrome. Medicina Oral Patologia Oral y Cirugia Bucal. 2018; 23(3):335–343. 2.Batos, O; Deslandes, S. Sexualidade e deficiência intelectual:narrativas de pais de adolescentes. Physis Revista de Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, 22 [ 3 ]: 1031-1046, 2012. 3.Bononi, B.M. et al. Síndrome de Down na adolescência: limites e possibilidades. Adolescência & Saúde. 2009; 6(2): 51-56, 4.Borges-Osório, M.R; Ronbinso, W.M. Genética humana. 3ª ed., Rio Grande do Sul: Artmed, 2013, p. 121-122. 5.Berthold, T.B. et al. Síndrome de Down: aspectos gerais e odontológicos. Rev de Ciências Médicas e Biológicas. 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