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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE 
FACULDADE DE DIREITO 
CURSO DEDIREITO 
 
 
 
FRAUDE À LEI 
 
 
ABEL PEDRO NOVE 
AIRES DE ORNELAS FERRÃO CÂNDIDO 
ASSIMAI ESSIACA 
CARMEN NANY DAVID JOSÉ COBRE 
EDMANE DE GRACIOSA RAIMUNDO ADRIANO 
JOANA BAPTISTA MACUACUA 
NEVALDA CAIMARA JOSÉ RAMOS MUNISSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NAMPULA 
2021 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE 
FACULDADE DE DIREITO 
CURSO DEDIREITO 
 
 
 
FRAUDE À LEI 
 
 
ABEL PEDRO NOVE 
AIRES DE ORNELAS FERRÃO CÂNDIDO 
ASSIMAI ESSIACA 
CARMEN NANY DAVID JOSÉ COBRE 
EDMANE DE GRACIOSA RAIMUNDO ADRIANO 
JOANA BAPTISTA MACUACUA 
NEVALDA CAIMARA JOSÉ RAMOS MUNISSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NAMPULA 
2021
Trabalho de carácter avaliativo da cadeira 
de Direito Internacional Privado, referente 
ao 1º semestre, 6º Grupo, curso de Direito, 
4º ano, período laboral. orientado pelo 
docente: MA. Grabiel Mepina. 
 
 
Índice 
Introdução ................................................................................................................................... 1 
1 CAPÍTULO I: FRAUDE À LEI .............................................................................................. 2 
2 Conceito e contextualização .................................................................................................... 2 
2.1 Fraude à Lei como elemento subjectivo ............................................................................... 2 
2.2 Fraude à Lei como elemento objectivo ................................................................................. 2 
2.3 Fraude à Lei e Fuga à Lei ..................................................................................................... 2 
3 CAPÍTULO II: CONFIGURAÇÃO DO PROBLEMA .......................................................... 3 
3.1 Doutrina que afasta o conceito de fraude à lei no campo de DIP ......................................... 4 
3.1.1 A Incredibilidade do Conceito de Fraude a lei em DIP ..................................................... 4 
3.1.2 Face a Pessoas Colectivas .................................................................................................. 4 
3.1.3 Admissibilidade da noção de fraude a lei em DIP ............................................................. 5 
3.1.4 Admissibilidade da doutrina da fraude a lei em DIP ......................................................... 5 
3.2 Doutrina Segundo a qual a Fraude a lei é um Problema Particular de Violação da Ordem 
Pública…………….. .................................................................................................................. 6 
3.2.1 Consequência ..................................................................................................................... 6 
3.3 Orientação preconizada ........................................................................................................ 7 
4 CAPÍTULO III: A FRAUDE À LEI E A ORDEM PÚBLICA ............................................... 8 
4.1 Pressupostos da fraude à lei .................................................................................................. 8 
4.2 Causas da Fraude à Lei ......................................................................................................... 9 
4.3 Consequências da fraude à lei ............................................................................................. 10 
4.4 Fraude à lei no Ordenamento Jurídico Moçambicano ........................................................ 11 
Conclusão ................................................................................................................................. 12 
Referências bibliográficas ........................................................................................................ 13 
 
1 
 
Introdução 
O presente trabalho da Cadeira de Direito Internacional Privado, intitulado 
“Fraude à Lei”, visa fazer uma abordagem sintética e esgotada do tema acima referido, e 
como nota introdutória é indispensável ter em conta que o tema constitui uma abordagem 
bastante relevante para efeitos de estudo da disciplina do Direito Internacional Privado, uma 
vez que maior parte dos profissionais de Direito, tem pouco domínio das matérias desta área, 
havendo dificuldade na resolução dos conflitos emergentes de relações privadas estabelecidas 
no âmbito internacional, provocando deste modo, a morosidade processual que é um outro 
problema que afectam a Justiça. 
 A fraude à Lei traduz-se na conduta de um particular que, valendo-se uma 
norma estrangeira, procura defraudar a lei interna do pais, neste tipo de fraude utiliza a lei 
como instrumento de fraude. Ora, para percepção deste problema, surge a necessidade de 
elaboração deste trabalho, que o grupo irá abordar todos aspectos imprescindíveis para 
compreensão desta matéria, tais como: conceito de Fraude à Lei, os elementos, a 
configuração do problema, onde o grupo, irá trazer vários posicionamentos dos autores mais 
influentes no Direito Internacional Privado, que discutem em torno do tema em alusão, bem 
como, as varias doutrinas que defendem a questão de Fraude à Lei, bem como as doutrinas 
que afastam ou refutam a Fraude à Lei. 
No âmbito da abordagem deste trabalho, iremos trazer a posição preconizada 
no que tange aos aspectos de Fraude à Lei, bem como, fraude à Lei e a ordem pública, 
pressupostos da Fraude à Lei e as Consequências de Fraude à Lei. 
 O trabalho encontra-se organizado em três capítulos, nomeadamente: 
 Capítulo I: Fraude à Lei; 
 Capítulo II: Configuração do Problema; e 
 Capítulo III: A fraude à lei e a ordem pública. 
Para elaboração do trabalho, o grupo tem como objectivo geral estudar a 
Fraude à Lei. E tem como objectivos específicos: conceituar a Fraude à Lei; descrever a 
Configuração do problema; demonstrar as doutrinas que discutem este problema; e perceber 
as consequências deste problema. Quanto aos procedimentos metodológicos, importa 
referenciar que o grupo optou pelo método dedutivo, e tipo de pesquisa qualitativa e 
bibliográfica. 
 
 
2 
 
1 CAPÍTULO I: FRAUDE À LEI 
2 Conceito e contextualização 
A fraude à lei (evasion oflaw ou fraude à la loi) ou criação fraudulenta dos 
elementos de conexão (fraudulent creation of points of contact) refere-se às partes de uma 
norma jurídica internacional (civil e comercial) que aproveitam artificialmente uma norma de 
conflitos e criam propositadamente um elemento de conexão para fugir à aplicação do direito 
interno que devia ser aplicado, e por conseguinte, aplicam o direito estrangeiro que lhe 
beneficia. 
Porque a designação da lei depende de elementos de conexão, e da vontade das 
partes, por exemplo, nacionalidade, domicílio, lugar onde a pessoa se encontrar, etc. Se as 
partes, com um determinado objectivo, abusarem da liberdade de criação e mudança do 
elemento de conexão, obviamente não é vantajoso para a segurança da ordem jurídica, nem 
para a implementação da política jurídica do direito interno. 
Portanto, a mudança arbitrária de elemento de conexão para fugir à aplicação 
do direito interno com o objectivo de aplicar o direito estrangeiro mais vantajoso para o 
agente, conduz, a uma situação de invalidade. 
2.1 Fraude à Lei como elemento subjectivo 
A fraude à Lei como elemento subjectivo à Lei, vai consistir em alguém iludir 
a competência da lei de aplicação normal a fim de afastar um preceito de Direito material 
dessa lei, recorrendo a outra lei onde tais preceitos não convêm às partes ou uma delas não 
existir, isto para substituir a lei de aplicação normal.
1
 
2.2 Fraude à Lei como elemento objectivo 
A fraude à Lei como elemento objectivo, através de uma adequada 
manipulação da regra de conflitos, normalmente do factor de conexão, a intenção fraudulenta 
é levada acabo, sendo que este elemento pressupõe que possa depender da vontade dos 
interessados fixara conexão relevante à medida das suas convivências. E normalmente tem-se 
utilizado a Nacionalidade.
2
 
2.3 Fraude à Lei e Fuga à Lei 
A fraude à lei no direito internacional privado e “a fuga” à lei no direito 
material são muito semelhantes o conceito do primeiro tem origem substancial no segundo, 
 
1
 CORREIA, A, Ferrer, Lições De Direito Internacional Privado, 1ª Edição, Livraria Almedina, Coimbra, 2014, 
pág. 421. 
2
 Idem, pág. 421-424. 
 
3 
 
mas existem diferenças nos meios e objectivos entre estes; “fugir” à lei no direito civil traduz-
se na aplicação fraudulenta de uma lei não aplicável através de meios lícitos. Porém, estes 
termos apresentam as suas diferenças: 
A fraude a lei no direito internacional privado é uma conduta que evita a 
aplicação do direito material interno e tenta aplicar o direito estrangeiro favorável, através, 
por exemplo, a mudança da nacionalidade, da residência habitual, do domicílio, do lugar do 
cumprimento da obrigação, etc., escapar à lei no direito material por sua vez, a “fuga” 
consiste na fuga à aplicação do direito imperativo no direito interno. 
A fraude à lei muda o elemento de conexão para “fugir” à aplicação do direito 
interno desfavorável, para aplicar o direito estrangeiro mais favorável a si próprio; escapar à 
lei é uma conduta ilícita que utiliza meios tortuosos para cobrir os seus objectivos ilícitos, não 
estando relacionados com a mudança do elemento de conexão, também não tem a ver com a 
aplicação do direito estrangeiro. 
3 CAPÍTULO II: CONFIGURAÇÃO DO PROBLEMA 
A fraude à Lei em Direito Internacional Privado, consiste na utilização das 
normas de conflito para evitar a aplicação de uma lei.
3
 
Um dos exemplos mais conhecido nessa questão, é o que sucedeu em 1874, 
quando a princesa de Bauffremont separou-se de pessoa e bens do seu marido, porem o 
divórcio só viria a ser introduzido em Franca dez anos mais tarde. Pouco depois, naturalizou-
se na Alemanha no Saxe-Altenburg, obteve nesse país o divórcio e logo voltou a casar-se, 
com o príncipe de Bibesco.
4
 Porem, quer o divórcio quer o casamento foram considerados 
sem valor em Franca por terem sido obtidos em fraude à lei francesa.
5
 Embora a nova lei 
nacional da princesa de Beuffremont segundo a regra de conflitos francesa, o expediente 
permitiu à interessada contrair imediatamente o segundo casamento. 
Neste caso, o objecto da fraude foi a norma de conflitos que designava como 
aplicável (lei francesa), justamente aquela de que a princesa pretendia evadir-se, e o 
instrumento da fraude a norma que considerava aplicável a lei a que a interessada pretendia 
acolher-se. Foi portanto, o fim da ilicitude do fim visado com a manobra e não a pura e 
 
3
 RIBEIRO, Manuel Almeida, Introdução Ao Direito Internacional Privado, 2ª Reimpressão, Almedina, 
Coimbra, 2009, pág. 62. 
4
 CORREIA, A, Ferrer, Lições De Direito Internacional Privado, Volume I, Livraria Almedina, Coimbra, 2014, 
pág. 421-422. 
5
 RIBEIRO, Manuel Almeida, Introdução Ao Direito Internacional Privado, 2ª reimpressão, Almedina, 
Coimbra, 2009, pág. 62. 
 
4 
 
simples alteração do elemento de conexão da regra de conflitos, que provocou o malogro do 
pano. 
Ninguém, pode ser privado do direito de mudar de nacionalidade, contanto que 
o indivíduo proceda com intento sério de aceitar as consequências mais essenciais da 
condição de nacional do Estado de naturalização.
6
 
3.1 Doutrina que afasta o conceito de fraude à lei no campo de DIP 
3.1.1 A Incredibilidade do Conceito de Fraude a lei em DIP 
Alguns autores se opõem a relevância da fraude à lei em Direito Internacional 
Privado, pois logo a prior questionam o conceito da Fraude à lei em DIP, dizendo que é o 
próprio legislador que indica às partes o caminho através do qual estas podem escapar à 
aplicação das suas leis internas. 
Seria ilógico falar da fraude à lei imperativa interna quando essa mesma lei não 
é aplicável, isto é, só pode haver fraude a lei desde que tal lei fosse aplicável, isto porque, a 
determinação da esfera de aplicabilidade da lei interna, constitui um prius relativamente à 
possibilidade de violação directa ou indirecta desta lei.
7
 
3.1.2 Face a Pessoas Colectivas 
Aprofundando a sua tese, estes ainda defendem que não pode considerar-se 
haver fraude à lei, quando se trata de uma pessoa colectiva, mesmo sendo uma sociedade 
anónima cujos fundadores deliberem fixar-lhe a sede em determinado pais por causa da lei 
daquele pais que é menos severa em relação à daquele onde a sociedade pretende ou exerce a 
sua principal actividade
8
, isto é, é difícil justificar a relevância da fraude à lei quando os 
fundadores de uma pessoa colectiva escolhem para sede um pais que tem legislação mais 
favorável, desde que essa sede seja a efectiva
9
. Isto porque, acha-se que neste domínio a 
fraude só será de considerar nas situações que chamarão de internacionalização artificial da 
pessoa colectiva, isto é, dá-se a pessoa colectiva, cor ou carácter internacional através da 
simples fixação da respectiva sede em país estrangeiro. 
 
6
 CORREIA, A, Ferrer, Lições De Direito Internacional Privado, Volume I, Livraria Almedina, Coimbra, 2014, 
pág. 422. 
7
 MACHADO, João Baptista, Lições de Direito Internacional Privado, 3ª Edição, Actualizada (Reimpressão), 
Almedina, Lisboa, 2002, pág. 276. 
8
 CORREIA, A, Ferrer, Lições De Direito Internacional Privado, Volume I, Livraria Almedina, Coimbra, 2014, 
Pág. 423. 
9
 RIBEIRO, Manuel Almeida, Introdução Ao Direito Internacional Privado, 2ª reimpressão, Almedina, 
Coimbra, 2009, Pág. 63. 
 
5 
 
Porque também não se pode deixar de se intender que é pressuposto da 
intervenção do direito de conflitos a existência de uma situação propriamente internacional.
10
 
3.1.3 Admissibilidade da noção de fraude a lei em DIP 
Outra objecção contra a admissibilidade da noção de fraude à lei em Direito 
Internacional Privado, consiste na dificuldade de determinar em certos casos, qual o direito 
fraudado. Sendo que os defensores da relevância da fraude à lei em DIP partem da ideia de 
que deve antes, pela própria natureza das coisas haver uma ordem jurídica determinada, como 
única competente. E considerando esse pensamento, o órgão aplicador do direito terá sem 
dúvida, de considerar como fraudada aquela ordem jurídica que se apresentaria como 
competente se as partes não tivessem montado a conexão fraudulenta, ou seja, se elas não 
tivessem realizado a actividade fraudatória. 
Ora, se a determinação da tal ordem jurídica competente, não oferece 
dificuldades, como ficaríamos nos casos em que, por exemplo, um Americano, um Inglês e 
um Francês, depois de haverem examinado as disposições pertinentes das leis Inglesa, 
Francesa, Suíça e Liechtensteiniana, decidem constituir uma sociedade anónima no 
Liechtensteiniana, com o fim de escapar dos preceitos que regulam as sociedades por acções e 
dos preceitos de natureza fiscal vigentes nos outros países. Nestes casos as questões que se 
colocam são: qual o direito fraudado: o Americano, o Inglês, o Francês ou o Suíço?
11
 
Qual destes direitos deve ser havido como competente e por que conexão o 
haverá de determinar? Tendo em consideração de que a conexão que seria a normal ou natural 
não se concretizou, e logo não pode funcionar, em virtude da própria actividade fraudatória.
12
 
3.1.4 Admissibilidade da doutrina da fraude a lei em DIP 
Esta é outra objecção de peso, pois traduz a insegurança quanto aos efeitos a 
derivar da mesma fraude e a incerteza jurídica que provocaria a aplicação no direito de 
conflitos de uma cláusula geral repressiva da fraude a lei. É notável a insegurança que se 
verifica no domínio de DIP quanto as consequências da fraude a lei. 
Alguns autores, inspirando-se no brocardo fraus amnia corrumpit,consideram 
que são nulas tanto as relações ou efeitos jurídicos visados através da fraude, como os efeitos 
das actuações fraudatórias, logo seria nulo o divórcio obtido por aplicação de um direito 
 
10
 CORREIA, A, Ferrer, Lições De Direito Internacional Privado, Volume I, Livraria Almedina, Coimbra, 
2014, pág. 423. 
11
 MACHADO, João Baptista, Lições de Direito Internacional Privado, 3ª Edição, Actualizada (Reimpressão), 
Almedina, Lisboa, 2002, pág. 277. 
12
 Ibdem. 
 
6 
 
estrangeiro como meio de tornar viável aquele fim. Mas para outros autores, somente os 
efeitos jurídicos visados pelas partes (divórcio) seriam nulos. E ainda se sustenta uma terceira 
opinião, segundo a qual o juiz deverá sempre ater-se ao direito fraudado, limitando-se a 
excluir os efeitos por estes proibidos ou fazer actuar os efeitos por ele imperativamente 
estatuídos.
13
 
Isto e, afasta-se o conceito de fraude a lei em DIP, quando a conduta 
fraudatória consistiu na mudança de nacionalidade e o naturalizado se integrou seriamente na 
comunidade de nacional.
14
 
Por todas estas razões, e ainda porque a aplicação do conceito de fraude a lei 
criaria no DIP uma insegurança jurídica (a incerteza sobre se o divórcio obtido no estrangeiro 
e subsequente casamento são ou não validos). Logo conclui-se que a aplicação da doutrina da 
fraude no direito de conflitual seria dogmaticamente ilógico e praticamente inconveniente
15
. 
3.2 Doutrina Segundo a qual a Fraude a lei é um Problema Particular de 
Violação da Ordem Pública. 
Para muitos autores, a teoria de fraude à lei em DIP careceria de autonomia, 
nada mais sendo que um caso particular de aplicação da teoria da ordem pública internacional. 
As duas teorias, segundo Bartin, produzem os mesmos resultados, com a única diferença de 
que, enquanto o efeito da ordem pública é desencadeado pela perturbação social, que 
produziria a aplicação da lei estrangeira em razão do seu social que causaria tal aplicação em 
razão das circunstanciais de facto que interviria. Na verdade, embora as disposições legais, 
fraudadas não sejam necessariamente de ordem pública internacional, elas vêm a assumir tal 
carácter por virtude das circunstâncias de facto, por efeito da própria intenção fraudulenta
16
. 
Os próprios autores que aderem esta tese acentuam o carácter particular que 
reveste o problema da fraude no âmbito da teoria da ordem pública
17
. 
3.2.1 Consequência 
A doutrina exposta tem consequência natural, a irrelevância da fraus legi 
extraneae facta, de toda fraude que não vá dirigida contra uma disposição da lei interna do 
fórum, pois a ordem pública, rigorosamente, só protege os interesses próprios da lex fori. 
 
13
 MACHADO, João Baptista, Lições de Direito Internacional Privado, 3ª Edição, Actualizada (Reimpressão), 
Almedina, Lisboa, 2002, pág. 277-278. 
14
RIBEIRO, Manuel Almeida, Introdução Ao Direito Internacional Privado, 2ª reimpressão, Almedina, 
Coimbra, 2009, pág. 63 
15
 MACHADO, João Baptista, Lições de Direito Internacional Privado, 3ª Edição, Actualizada (Reimpressão), 
Almedina, Lisboa, 2002, pág. 278. 
16
Idem, pág. 278. 
17
 Idem, pág. 279 
 
7 
 
Na Alemanha, onde tal doutrina é a dominante, faz-se notar, em seu abono, que 
a fraude á lei em DIP, tal como a ofensa a ordem pública, se traduz em última análise, na 
violação do fim de uma lei (norma) interna. 
3.3 Orientação preconizada 
Antes de mais, importa situar adequadamente o problema da fraude a lei no 
plano do DIP. Assenta-se correctamente na ideia de que a fraude a lei em DIP, se traduz em 
defraudar-se o imperativo de uma norma material de certo ordenamento, através da utilização 
de uma norma de conflito como instrumento. Assim sendo, a fraude a lei em DIP, não se 
configura como fraude de uma norma em DIP. 
Logo segundo a concepção mais divulgada a fraude a lei em DIP, traduzir-se-ia 
na fuga de uma norma material interna, a qual seria, portanto, a norma fraudada. A actividade 
fraudatória das partes por outro lado, incidiria sobre a modelação do factor de conexão de 
uma norma de conflitos, a qual caberia o papel da norma instrumental da fraude. 
Mas esta maneira de ver as coisas situa-se o plano do Direito material e dele 
parte.
18
 Como problema do DIP, o problema da fraude a uma norma de conflitos e das 
consequências que lhe devem ser imputadas. Se não se deve permitir que o fraudante frustre 
o imperativo de normas de conflitos porque com isso a noção de fraude à lei terá relevância 
no DIP e a objecção lógica acima referida perde todo o alcance. 
O facto de aqui não parecer claramente recortada a distinção entre a norma 
fraudada e a norma-instrumento pode gerar uma dificuldade na configuração da fraude a uma 
norma de conflitos. KEGEL, opina que objecto de fraude é aquela parte da norma de conflitos 
que remete para o ordenamento a cuja aplicação se pretende escapar, e que a regra 
instrumental da fraude é aquela outra parte da mesma norma de conflitos que designa o 
ordenamento jurídico cuja aplicabilidade se pretende provocar.
19
 
A norma de conflitos designa a sua consequência jurídica por forma genérica e 
que são tantas as consequências jurídicas e, portanto, tantas as normas que se contem no 
esquema abstracto de uma norma de conflitos quantas as ordens jurídicas existentes. Com isso 
teríamos que a norma fraudada seria aquela que tem por consequência jurídica a aplicação da 
legislação A, e a norma instrumental aquela cuja consequência jurídica consiste na aplicação 
do ordenamento B. 
 
18
 MACHADO, João Baptista, Lições de Direito Internacional Privado, 3ª Edição, Actualizada (Reimpressão), 
Almedina, Lisboa, 2002. pág. 280 
19
 Idem, pág. 280 
 
8 
 
Portanto, é possível a construção da fraude à lei em DIP.
20
 
4 CAPÍTULO III: A FRAUDE À LEI E A ORDEM PÚBLICA 
Não parece de forma alguma defensável a doutrina que considera a fraude à lei 
em DIP como um caso particular de aplicação da teoria da ordem pública, tanto que esta longe 
de ter um caracter mais especializado que a teoria da fraude, apresenta característica de maior 
generalidade e indeterminação.
21
 
As duas figuras jurídicas revelam certas diferenças bem marcadas. 
Assim, a excepção de ordem pública limita-se a proteger o meio jurídico 
interno contra os efeitos nocivos que poderiam resultar de aplicação de uma lei estrangeira 
normalmente competente. O conteúdo da lei estrangeira em causa actua, sempre, por si ou em 
combinação com as circunstâncias do caso, como factor determinante da intervenção da 
ordem púbica. O recurso a fraude não é utilizado porque a aplicação da lei estrangeira seja 
inconciliável com as concepções jurídicas do foro, ou por qualquer razão que se ligue com um 
conteúdo. 
Desta perspectiva resulta igualmente patente que, através da excepção da 
ordem púbica, a justiça privada material do foro se sobrepõe à justiça do próprio DIP, ao 
passo que a questão da relevância da fraude à lei é apenas uma questão de justiça de DIP. 
Por último, a excepção da ordem pública apenas protege os interesses da Lex 
Fori, ao passo que o expediente da fraude à lei serve ainda para reprimir a chamada fraude à 
lei estrangeira.
22
 
4.1 Pressupostos da fraude à lei 
O objecto da fraude à lei do DIP é constituído por aquela norma cujo 
imperativo viria a ser frustrado se a manobra fraudatória resultasse. Trata-se daquela norma 
de conflitos que manda aplicar o direito material a que a fraudante, em último termo, pretende 
subtrair-se. O que se poderá dizer é que o fim dessa norma de conflitos não será afectado na 
medida em que o não seja também o fim da norma material a cuja aplicação o fraudante quis 
escapar.
23
 
O outro pressuposto é a utilização de uma regra jurídica, como instrumento da 
fraude, a fim de assegurar oresultado que a norma fraudada não permite. Essa regra é no DIP, 
 
20
 RIBEIRO, Manuel Almeida, Introdução Ao Direito Internacional Privado, 2ª reimpressão, Almedina, 
Coimbra, 2009, pág. 63 . 
21
 MACHADO, João Baptista, Lições de Direito Internacional Privado, 3ª Edição, Actualizada (Reimpressão), 
Almedina, Lisboa, 2002, pág. 281. 
22
 Idem, pág. 282. 
23
 Ibidem, pág.283. 
 
9 
 
a norma de conflitos que indica como aplicável aquele direito que melhor se conforma com 
intuitos do fraudante. Esta regra, através das manobras fraudatória, é desviada do seu fim 
normal, por tal forma que o uso que as partes dela fazem representa antes um abuso. 
A actividade fraudatória há-de traduzir-se no emprego de meios eficazes para a 
consecução do fim visado pelas partes: o desencadeamento da consequência jurídica da 
norma-instrumento e, conexamente, o da consequência jurídica da norma ou normas da lei 
estrangeira. 
Quanto a intenção fraudatória, ela é normalmente exigida pela generalidade 
dos autores, no campo do DIP, como pressuposto necessário para o preenchimento do 
conceito da fraude. Esta tese é geralmente fundada na ideia de que só a fraude intencional tem 
aptidão bastante para provocar uma perturbação social capaz de desencadear medidas 
repressivas, de que só ela é de molde a fazer perigar a autoridade e o valor imperativo da lei, 
por ser uma manipulação consciente da mesma lei.
24
 
4.2 Causas da Fraude à Lei 
Para que uma lei aplicável corresponda aos princípios de igualdade e da justiça 
para defender os interesses legítimos dos cidadãos e dos estrangeiros, todos os países ou 
regiões do mundo estabeleceram o DIP para reger as relações jurídico-privada internacionais. 
Nesse contexto, a aplicação do DIP tem de ter um objecto que é uma relação jurídica 
internacional, e um caso relacionado com a relação jurídica internacional que depende da 
matéria concernente ao exterior
25
. 
A mesma relação no país D é uma relação jurídica interna, ao passo que no país 
Z é uma relação jurídica internacional; uma relação jurídica que originalmente era uma 
relação jurídica interna no país D, pode tomar-se numa relação jurídica internacional por 
causa da mudança do elemento de conexão. 
Por exemplo, a mudança do elemento de conexão dos sujeitos: nacionalidade, 
domicílio, através da mudança do elemento de conexão dos objectos: lugar da situação da 
coisa; a mudança do elemento de conexão do lugar da prática do acto: lugar da celebração do 
contrato, lugar do cumprimento do contrato; a mudança do elemento de conexão relacionado 
com a vontade das partes: o consenso de ambas as partes do contrato. 
 
24
 MACHADO, João Baptista, Lições do Direito Internacional Privado, 3ª edição Actualizada (reimpressão), 
Almedina, Coimbra, 2002 pág. 285 
25
 RAMOS, Rui Manuel Gens de Moura, Das Relações Privadas Internacionais: Estudo de Direito 
Internacional Privada, Coimbra Editora, Portugal, 1995, pág. 62. 
 
10 
 
Além disso, a aplicação da lei competente à relação jurídica internacional 
carece da determinação do elemento de conexão; a mudança do elemento de conexão vai 
exercer influência sobre a determinação da lei competente. Por outras palavras, a mudança do 
elemento de conexão influencia muito se uma relação jurídica é uma relação jurídica interna 
ou é uma relação jurídica internacional; se for uma relação jurídica internacional, também a 
lei aplicável será outra devido à mudança do elemento de conexão. Por isso, a mudança de 
elemento de conexão exerce influência tanto sobre a natureza jurídica, como sobre a escolha 
da lei competente. 
Ademais, os problemas são diferentes. O primeiro problema pode causar o 
“problema de fraude à lei no direito internacional privado”; enquanto ao segundo problema, 
se chama “conflito de leis causado pelo factor do tempo”. Vejamos agora o problema da 
“fraude à lei”. A mudança do elemento de conexão, é o resultado deliberado das partes, a 
mudança da nacionalidade e (emigração), do lugar da celebração do contrato ou do lugar do 
cumprimento; também há mudança do elemento de conexão que não é resultado deliberado 
das partes, por exemplo, a redefinição das fronteiras de dois países, que resulta na mudança da 
nacionalidade das partes ou do lugar da situação da coisa. 
A mudança é natural na sua maioria, as partes não têm a intenção de evitar a lei 
ou defraudar a lei, no entanto, não é sempre assim. Portanto, do ponto de vista do direito 
internacional privado, as partes mudam de elementos de conexão para influenciar as relações 
jurídicas. Se essas relações são relações internacionais, quais são as situações da aplicação da 
lei competente a que temos de dar atenção de dar atenção, como se distingue a intenção 
ilícita? Esse é um problema controvertido no direito internacional privado; esse problema é da 
“fraude à lei”.
26
 
4.3 Consequências da fraude à lei 
A sanção da fraude da lei se traduz na aplicação da norma cujo imperativo a 
manobra fraudulenta procurou iludir. Assim os actos jurídicos realizados e os direitos 
adquiridos em fraude à lei do foro serão ineficazes neste ordenamento jurídico, conforme reza 
o artigo 21º conjugado com artigo 22º, ambos do CC. Mas só nisto se traduz a sanção da 
 
26
 RAMOS, Rui Manuel Gens de Moura, Das Relações Privadas Internacionais: Estudo de Direito 
Internacional Privada, Coimbra Editora, Portugal, 1995. pág.62 
 
11 
 
fraude, e não também na ineficácia absoluta dos actos praticados ou das situações constituídas 
com o fim de viabilizar a fraude.
27
 
Assim se alguém se naturaliza no estrangeiro com o fim de se subtrair a uma 
disposição da lei nacional, do ponto de vista da disposição fraudada, não há qualquer motivo 
para negar a eficácia em termos gerais à cidadania estrangeira adquirida pelo fraudante. A 
naturalização será apenas ignorada na medida em que o toma-la em consideração redunde em 
prejuízo da norma fraudada.
28
 
O exposto não significa que por vezes as situações constituídas ou os actos 
jurídicos praticados como meios de se fugir a uma lei e de conseguir o abrigo de outra não 
devam ser apreciados autonomamente ou de por si à luz da doutrina da fraude à lei, para o 
efeito de eventualmente serem havidos como ineficazes em razão da fraude.
29
 
4.4 Fraude à lei no Ordenamento Jurídico Moçambicano 
A problemática da fraude a lei, encontra-se prevista no art. 21° do CC 
Moçambicano, que nos trás a ideia de que, na aplicação das normas de conflito, são 
irrelevantes todas asa situações de facto ou de direito criadas com intuito fraudulento de evitar 
a aplicabilidade da lei que, noutras circunstâncias, seria competente. Por exemplo, é o caso de 
um individuo se naturalizar cidadão de um certo Estado, apenas para obter o divórcio ou 
tornar possível o seu casamento, ou, mais simplesmente ainda, de ele deslocar a sua residência 
habitual, com simples intenção de alterar o seu estatuto pessoal. 
Neste contexto o artigo exige, um intuito fraudulento. Se ao lado, pois, do 
objecto de se divorciar ou de se casar, a pessoa quiser por outras razões mudar de 
nacionalidade ou de residência, deixa de ser havido como fraudulento o acto, para se entrar no 
campo das possibilidades que a lei confere aos indivíduos. 
A reacção da lei contra a fraude é mais inteligente, por ser a que em termos 
mais simples a consecução dos fins prosseguidos pelo agente. Logo, tudo se passa como se os 
actos fraudulentos não existissem 
 
 
 
 
27
 MACHADO, João Baptista, Lições do Direito Internacional Privado, 3ª edição Actualizada (reimpressão), 
Almedina, Coimbra, 2002 pág.286 
28
MACHADO, João Baptista, Lições do Direito Internacional Privado, 3ª edição Actualizada (reimpressão), 
Almedina, Coimbra, 2002 pág. 28629
Ibidem, Pág. 286. 
 
12 
 
Conclusão 
Depois da realização do trabalho, a doutrina pertinente permitiu ao grupo chegar 
as seguintes conclusões: 
No Direito Internacional privado, a Fraude à Lei, ocorre quando os 
interessados no instituto escapam à aplicação de um preceito material de certa legislação 
criam um elemento de conexão que tornará aplicável uma outra ordem jurídica mais favorável 
aos seus intentos, logo, há assim uma norma instrumental de fraude. 
Quanto a posição adoptada, assenta na ideia de que a fraude a lei em DIP, se 
traduz em defraudar-se o imperativo de uma norma material de certo ordenamento, através da 
utilização de uma norma de conflito como instrumento. O que nos leva, a concluir 
categoricamente que a fraude à Lei em DIP, não é fraude de uma norma de conflito, mas sim 
de uma norma material. 
No que tange a fraude à lei e a ordem pública, não parece de forma alguma 
defensável a doutrina que considera a fraude à lei em DIP como um caso particular de 
aplicação da teoria da ordem pública, tanto que esta longe de ter um caracter mais 
especializado que a teoria da fraude, apresenta característica de maior generalidade e 
indeterminação. 
Para existência de Fraude à Lei, é preciso que haja certos pressupostos, como 
elemento objectivo, que vai traduzir-se na utilização de uma regra jurídica com finalidade de 
assegurar o resultado que a norma defraudada não permite. Isto é, as partes devem utilizar 
uma conexão falhada. Por outro lado, deve existir um elemento subjectivo, que se traduz na 
intenção das partes em querer defraudar. 
A sanção da fraude da lei se traduz na aplicação da norma cujo imperativo a 
manobra fraudulenta procurou iludir. Assim os actos jurídicos realizados e os direitos 
adquiridos em fraude à lei do foro serão ineficazes neste ordenamento jurídico, conforme reza 
o artigo 21º conjugado com artigo 22º ambos do CC. Mas só nisto se traduz a sanção da 
fraude, e não também na ineficácia absoluta dos actos praticados ou das situações constituídas 
com o fim de viabilizar a fraude. 
 
 
 
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Referências bibliográficas 
Legislação 
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil, (1966), decreto-lei n. 47 344, de 25 de 
Novembro de 1966. 
Doutrina 
CORREIA, A, Ferrer, Lições De Direito Internacional Privado, 1ª Edição, Livraria 
Almedina, Coimbra, 2014. 
MACHADO, João Baptista, Lições de Direito Internacional Privado, 3ª Edição, Actualizada 
(Reimpressão), Almedina, Lisboa, 2002. 
RAMOS, Rui Manuel Gens de Moura, Das Relacoes Privadas Internacionais: Estudo de 
Direito Internacional Privada, Coimbra Editora, Portugal, 1995. 
RIBEIRO, Manuel Almeida, Introdução Ao Direito Internacional Privado, 2ª Reimpressão, 
Almedina, Coimbra, 2009.

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