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A lesão renal aguda é uma síndrome clínica, caracterizada pela perda súbita da função renal, por consequência do acúmulo de escórias nitrogenadas (produtos do metabolismo de proteínas). Sua causa pode ser extrínseca (nefrites, glomerulites e vasculites renais) e intrínsecas (toxicidade e isquemia). EPIDEMIOLOGIA: Cerca de 200 casos/milhão de habitantes ao ano, tendo uma grande parcela de subnotificação. Cerca de 1-2% dos pacientes internados em hospitais já possuem IRA, ocorrendo em até 30% dos internados em UTI. Aproximadamente 50% dos pacientes com IRA sofrem choque séptico. A mortalidade é muito variável, em casos não complicados é inferior a 10% e em complicados pode chegar até 70%. A incidência é crescente e poucas medidas preventivas vem sendo adotadas para prevenção. Pequenas alterações na função renal ao longo do tempo pode resultar em DRC e morte. A presença associada de comorbidades se relaciona com um prognóstico pior. Creatinina: é um subproduto do metabolismo muscular, depurada por filtração glomerular. Marca lesão renal, porém pode superestimar a TFG, varia de acordo com a massa muscular e dieta do paciente. Ureia: é um subproduto do metabolismo dos aminoácidos, reabsorvido parcialmente nos túbulos. Sendo que metade é reabsorvida, pode subestimar a TFG. Assim como a creatinina, a ureia varia de acordo com a dieta do paciente. Inulina: é um polissacarídeo exógeno, presente em raízes de plantas que é administrado EV para medir a TFG, visto que não é absorvida, nem excretada. Seria o padrão-ouro para a TFG, porém é um procedimento caro, portanto, pouco usado. O diagnóstico, atualmente, é feito com base nos critérios da KDIGO. Aumento de 0,3 mg na creatinina sérica em 48 horas. Aumento de 1,5 vezes o valor normal do paciente ou o valor de 7 dias atrás. Menos de 0,5 ml/kg/h de urina em 6 horas. A partir disso, podemos classificar a IRA. Estágio 1: aumento de 1,5-1,9 vezes na creatinina sérica ou mais de 0,3 mg/dl em 48 horas ou menos de 0,5 ml/kg/h de volume urinário nas últimas 6-12 horas. Estágio 2: aumento de 2-2,9 vezes na creatinina de base ou menos de 0,5 ml/kg/h de volume urinário por mais de 12 horas. Estágio 3: aumento de 3 vezes o valor da creatinina de base ou aumento acima de 4 mg/dl na creatinina de base ou no início de terapia de substituição renal ou menos de 0,3 ml/kg/h por mais de 24 horas ou anúria por mais de 12 horas ou (em < 18 anos) diminuição de mais ou menos 35 ml/min da TFG. CONCEITOS BÁSICOS: 1. 2. 3. DIAGNÓSTICO: Obs.: pacientes magros, com pouca massa muscular podem ter IRA sem aumento de creatinina acima do valor de referência. A IRA pode evoluir para doença renal aguda e, posteriormente, DRC. Nefrologia Injúria renal aguda Sepse, doença críticas, choque circulatório, queimaduras, trauma, cirurgia cardíaca, cirurgias não-cardíacas extensas, drogas nefrotóxicas, contrastes radiológicos, plantas e animais venenosos. Desidratação, hipovolemia, idade avançada, sexo feminino, negros, DRC, doenças crônicas (DCV, DM, DPOC, cirrose), câncer, anemia, drogas nefrotóxicas. Podem ser inespecíficas, desde assintomáticos até choque e coma. Entre os sintomas que podem estar presentes: náuseas, vômitos, mal estar, alterações do sensório, sinais de hipo/hipervolemia, derrame pericárdico, arritmias, dor abdominal, íleo paralítico, discrasias sanguíneas, encefalopatias, confusão mental, convulsões, oligúria, anúria, hematúria (rabdomiólise). FATORES DE RISCO: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Alterações laboratoriais: Aumento: ureia, creatinina, potássio, fosfato. Diminuição: cálcio, hemoglobina (anemia), bicarbonato (acidose metabólica). Disfunção plaquetária. Podem ser feitas ecografias (dos rins e dos outros órgãos), mas são exames complementares. História clínica -> exame físico -> laboratoriais -> avaliação urinária -> imagem renal -> se necessário, biópsia. Quanto ao débito urinário -> não-oligúrica, oligúrica, anúrica. Quanto à etiologia -> pré-renal, renal, pós-renal. É a mais frequente, correspondendo a 60-70% dos casos. É causada pela hipoperfusão renal -> diminuição do volume vascular, alterações na resistência dos vasos, menor DC, hipovolemia, vasodilatação por sepse. É reversível, pode ser tornar renal intrínseca. Excreção fracionada do sódio < 1%; excreção fracionada da ureia < 35%; sódio urinário < 20 mEq/L; relação ureia/creatinina > 20; osmolaridade urinária > 500 mOsm/kg. Corresponde a 25-40% dos casos. Pode ser por dano à célula tubular, 80-90% - isquemia e inflamação (na sepse, cirurgia ou hipoperfusão) ou toxinas diretas (aminoglicosídeos e cisplatina) ou vasoconstrição (AINEs, ciclosporina e contraste radiológico). Por nefrite intersticial aguda (5- 10%). Por glomerulonefrite aguda. Em suma, ocorre uma diminuição na filtração glomerular, com lesão renal intrínseca. Não é reversível imediatamente, após a parada do insulto. Lesão por contraste - aumento de 25% ou de 0,5 mg/dl na creatinina após 48 h do uso do contraste. É a terceira causa de IRA intra-hospitalar, porém sua incidência vem reduzindo. Entre os fatores de risco, incluem-se TFG < 60 ml/min, proteinúria, DM, idade, ICC e HAS. Nefrite intersticial aguda -> IRA + inflamação. Pode ser causada por drogas, doenças sistêmicas, infecções, nefrite tubulointersticial e uveítes. Entre seus sinais incluem-se febre, rash, eosinofilia (com ou sem eosinofilúria). É a menos prevalente, correspondendo a 5-10% dos casos. Para acontecer é necessário uma obstrução bilateral (comum em idosos com HPB) ou unilateral, com o outro rim não- funcionante. Atentar para dilatação e hidronefrose, pode evoluir para IRA intrínseca. É reversível. Presença de mioglobina, sequestro de volume e liberação de citocinas. Hematúria macroscópica pode ocorrer (mioglobina > 100 mg/dl), cilindros granulares pigmentados, elevação de CPK (se relaciona com a gravidade da rabdomiólise, mas não com a da IRA). Hipercalemia, hiperfosfatemia e hiperuricemia. O tratamento é feito a partir da hidratação severa com cristaloides. A diálise precoce ainda está sendo estudada. Metabólicas: distúrbios hidroeletrolíticos, acidobásicos. Infecções: desnutridos, imunossupressos, função deficiente de leucócitos. Hematológicas: anemia, trombocitopenia, deficiência do fator VII da coagulação. Cardiovasculares: hipertensão, congestão pulmonar. Gastrointestinais: sangramentos, úlceras, pancreatites. Monitoramento hemodinâmico, controle glicêmico, suporte nutricional, uso de diuréticos, terapia vasodilatadora, não usar aminoglicosídeos e anfotericina B em internados. Sempre ir somando conforme o estágio. Pacientes de alto risco: parar com drogas nefrotóxicas, quando possível. Assegurar volemia e pressão de perfusão. Monitoramento hemodinâmico. Monitorar quantidade de urina e creatinina sérica. Controle hiperglicêmico. Considerar alternativas ao uso de radiocontraste. Considerar terapia de diagnóstico invasivo. CLASSIFICAÇÃO: Pré-renal Renal intríseca: Pós-renal RABDOMIÓLISE: CONSEQUÊNCIAS: PREVENÇÃO: TRATAMENTO: Estágio 1 Hipercalemia - administrar gluconato de cálcio, beta-2-agonistas, bicarbonato, insulina, furosemida, resina de troca, dieta com restrição de K. Hipervolemia - diurético, vasodilatador, ventilação mecânica, dieta, diluição de drogas. Acidose - bicarbonato. Intoxicação exógena - antídotos, carvão ativado, bicarbonato. Uremia - dieta, antieméticos. É indicado para casos refratários de hipercalemia, hipervolemia, síndrome urêmica, acidose metabólica e anúria. Pode ser por transplante ou diálise hemo ou peritoneal. Tratamento de urgências: Indicação de substituição renal Considerar terapia de transplante renal. Considerar internação em UTI. Evitar uso de cateter subclávio. Estágio 2 Estágio 3
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