Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Controladoria e Contabilidade Gerencial Anna Cristina Pascual Ramos Maurício Veroneze UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO EAD APOSTILA PARA A DISCIPLINA DE CONTROLADORIA E CONTABILIDADE GERENCIAL PROFA. ANNA CRISTINA PASCUAL RAMOS PROF. MAURICIO VERONEZE 2 SÃO PAULO, 2009 SUMÁRIO Introdução................................................................................................. 06 1. A Controladoria e o Controller............................................................. 07 1.1 – A Missão da Controladoria....................................................... 07 1.2 – O Profissional............................................................................ 10 1.3 – A Estrutura Organizacional....................................................... 12 2. Contabilidade Gerencial....................................................................... 13 2.1 – Noções de Contabilidade........................................................... 13 2.2 – Relatório da Administração....................................................... 19 2.2.1 – No Brasil........................................................................... 21 2.2.2 – Legislação........................................................................... 22 2.2.3 – Sugestão C.V.M................................................................. 23 2.3 – Notas Explicativas..................................................................... 26 2.3.1 – Ofício Circular C.V.M....................................................... 26 2.4 – Indicadores Financeiros............................................................. 34 2.5 – Noções de Contabilidade de Custos.......................................... 36 2.5.1 – Custo Direto....................................................................... 36 2.5.2 – Custo Indireto..................................................................... 37 2.5.3 – Custo Fixo.......................................................................... 37 2.5.4 – Custo Variável.................................................................... 37 2.6 – Princípios Contábeis Aplicados aos Custos.............................. 37 2.6.1 – Realização da Receita......................................................... 37 2.6.2 – Competência....................................................................... 38 2.6.3 – Custo como base de valor................................................... 38 2.7 – Contabilização Básica de Custos............................................... 38 3 2.8 – Avaliação dos Estoques............................................................. 39 2.8.1 – PEPS/FIFO......................................................................... 39 2.8.2 – UEPS/LIFO........................................................................ 39 2.8.3 – Média Ponderada................................................................ 40 2.8.4 – Comparação entre os Métodos........................................... 40 2.9 – Análise Índices.......................................................................... 42 2.9.1 – Estrutura de Capital............................................................ 43 2.9.1.1 – Participação de Terceiros.......................................... 43 2.9.1.2 – Composição do Endividamento................................ 44 2.9.1.3 – Imobilização do P.L.................................................. 44 2.9.1.4 – Imobilização de recursos Correntes.......................... 44 2.9.2 – Liquidez.............................................................................. 45 2.9.2.1 – Seca........................................................................... 45 2.9.2.2 – Geral.......................................................................... 45 2.9.2.3 – Corrente..................................................................... 45 2.9.3 – Rentabilidade...................................................................... 46 2.9.3.1 – Giro do Ativo............................................................ 46 2.9.3.2 – Margem Líquida........................................................ 46 2.9.3.3 – Rentabilidade do Ativo.............................................. 46 2.9.3.4 – Rentabilidade do P.L................................................. 47 3. Demonstrações Contábeis.................................................................... 47 3.1 – Redação Lei 6.404/76................................................................ 48 3.2 – Definição do CFC..................................................................... 51 3.3 – Balanço Patrimonial.................................................................. 53 3.3.1 – Definição........................................................................... 53 3.3.2 – Redação Lei 6.404/76......................................................... 54 3.4 – Demonstração de Lucros e Prejuízos........................................ 58 3.4.1 – Redação Lei 6.404/76......................................................... 58 4 3.4.2 – NBC-T 3.4.......................................................................... 59 3.5 – Demonstração do Resultado...................................................... 60 3.5.1 – Redação Lei 6.404/76......................................................... 60 3.5.2 – NBC-T 3.3.......................................................................... 61 3.6 – Demonstração das Origens a Aplicações de Recursos.............. 63 3.6.1 – Redação Lei 6.404/76......................................................... 63 3.7 – Demonstração do Fluxo de Caixa............................................. 65 3.7.1 – Conceito............................................................................. 65 3.7.1.1 – Definição de Caixa e Equivalentes............................ 66 3.7.1.2 – Atividade Operacional............................................... 66 3.7.1.3 – Atividade Investimento............................................. 66 3.7.1.4 – Atividade Financiamento.......................................... 66 3.7.2 – Método e Elaboração do Fluxo.......................................... 67 3.7.2.1 – Direto......................................................................... 67 3.7.2.2 – Indireto...................................................................... 67 3.8 – Demonstração de Valor Adicionado......................................... 68 3.8.1 – NBC-T 3.7.......................................................................... 68 3.8.2 – Estrutura da DVA............................................................... 69 4. Finanças................................................................................................ 73 4.1 – Fluxo de Caixa Projetado.......................................................... 73 4.2 – Fatores que afetam o Fluxo de Caixa........................................ 76 4.3 – Ciclos......................................................................................... 78 4.3.1 – Fundamentos do Capital de Giro........................................ 78 4.3.2 – Gestão do Ciclo de Conversão...........................................78 4.3.3 – Política de Capital de Giro................................................. 79 4.4 – Administração de Caixa............................................................ 81 4.4.1 – Administração de Estoques................................................ 81 4.4.2 – Sistema ABC...................................................................... 81 5 4.4.3 – Just in Time........................................................................ 82 4.5 – Administração do Contas a Receber......................................... 82 4.5.1 – 5 Cs..................................................................................... 82 4.5.2 – Scores de Créditos.............................................................. 83 4.5.3 – Desconto por Pagamento Rápido....................................... 83 4.5.4 – Prazo por Pagamento Rápido............................................. 83 4.5.5 – Monitoramento de Créditos................................................ 84 5. Governança Corporativa...................................................................... 85 5.1 – Definição de Governança.......................................................... 85 5.2 – Origem da Governança.............................................................. 86 5.3 – Objetivo..................................................................................... 88 5.4 – Código da Melhores Práticas..................................................... 89 5.5 – Legislação no Brasil.................................................................. 90 5.6 – Níveis de Governança............................................................... 92 5.6.1 – Nível 1................................................................................ 93 5.6.2 – Nível 2................................................................................ 94 5.6.3 – Novo Mercado.................................................................... 95 6. Bibliografia........................................................................................ 97 6 Introdução Esta apostila foi desenvolvida para atender as competências exigidas da disciplina de Controladoria e Contabilidade Gerencial. Tem como objetivo a identificação dos principais instrumentos utilizados nas diversas empresas, parada tomada de decisão. No primeiro capítulo conheceremos as bases históricas e a evolução da controladoria e também sua utilidade na organização. Já no capítulo 2, uma noção básica de contabilidade com suas respectivas demonstrações para que se possa fazer uma melhor leitura econômico-financeira da empresa. Veremos diversos instrumentos de gestão financeira vs. Administrativa, como os Fluxos de Caixas e Governança Corporativa. Assim poderemos concluir que controlar e fazer gestão Contábil, Financeira e Administrativa, são temas diferentes que se completam um ao outro. Sucesso! Bom Estudo! 7 1 – A Controladoria 1.1 – Missão da Controladoria Desde a revolução que globalização gerou, as organizações estão cada vez mais complexas e mais do que nunca os empresários estão preocupados com a lucratividade, redução de custos e aumento de produtividade, que são reflexos de uma concorrência interna e externa constante. As empresas brasileiras sentiram os reflexos dessa revolução quando da abertura da economia no governo Collor, muitas delas não estavam preparadas para uma concorrência baseada em custos na ponta do lápis como ponto fundamental, pois somente o mercado interno era a preocupação e após a abertura empresas com preços de venda quase inacreditável. Outro fator importante para a história da controladoria brasileira foi a diminuição considerável do efeito inflacionário já nos governos de Itamar e Fernando Henrinque, pois a partir de 1995 a inflação não era mais um instrumento de reajuste de preços a revelia como ocorria numa economia hiperflacionária. Os preços precisavam ser calculados baseados em custos e também utilizar outras ferramentas gerenciais para entender o mercado e validar todos os caminhos para a apuração de números corretos para que a tomada de decisão seja realizada baseada em números e informações cada vez mais rápida e precisa. É neste momento que a contabilidade deixar de ser apenas um instrumento registrador de fatos passados e apuração de impostos, para ser uma ferramenta útil, na formação de custos, avaliação de rentabilidades de projetos, estruturas de centros de custos e centros de lucros. 8 Paralelamente alguns instrumentos financeiros também ganharam importância quase que vital para a vida da organização, como por exemplo, os orçamentos e fluxos de caixas, sendo um completando o outros. O orçamento financeiro foi responsável pelo equilíbrio das finanças com previsão de até cinco anos dependendo da organização, como vimos as empresas não mais utilizavam a inflação para gerarem ganhos financeiros, pois a partir do orçamento os valores deveriam ser pré-visionados com antecedência. Complementando o orçamento, o fluxo de caixa representa o controle, validação e análise de tudo aquilo que foi previsto, assim surge a figura do orçado versus realizado. Neste cenário as empresas brasileiras se viram numa situação antagônica onde havia dois instrumentos funcionando de forma diferenciada, sendo a contabilidade trabalhando com o passado ou tecnicamente utilizando regime de competência enquanto o financeiro mais dinâmico e quase com informações instantâneas trabalhando no regime de caixa. É neste momento que cresce a necessidade de um profissional que faça a leitura desses dois instrumentos e os transforme numa ferramenta de trabalho fundamental para a tomada de decisão, é assim que a controladoria ganha peso e forma no Brasil. Nosso primeiro pensamento seria que o Controller ou Controladoria seria responsável pela tradução e fusão dessas informações, mas a controladoria é mais do que isso, pois pode trazer muito mais valor agregado. 9 Segundo Mossiman, Alves e Fisch 19931: “a Controladoria consiste em um corpo de doutrinas e conhecimentos relativos à gestão econômica”. Pode ser visualizada sob dois enfoques: a) Como um órgão administrativo com uma missão, função e princípios norteados definidos no modelo de gestão o de empresa; b) “Como uma área do conhecimento humano com fundamentos, conceitos, princípios e métodos oriundo de outras ciências”. Assim, podemos traçar caminhos para derivar qual é a missão da controladoria, a princípios a controladoria deve zelar pela maximização da lucrativa total da empresa, assegurando que os controles internos da empresa estejam em perfeita harmonia com as diretrizes do plano de negócio e as decisões da alta direção. Podemos ver também o conceito da missão da controladoria por outros autores, como segue: Segundo ALMEIDA, PARISI e PEREIRA (1999, p.372)2: “... assegurar a otimização do resultado econômico da Organização.” Segundo MOSIMANN, ALVES e FISCH(1993, p.83)3: “... a missão da Controladoria é otimizar os resultados econômicos da empresa, para garantir a sua continuidade, através da integração dos esforços das diversas áreas.” Segundo PEREIRA (1999, p. 8)4:“... tem como missão gerar subsídios para a canalização de esforços e potencialidades da entidade como um todo e participar do 1 MOSSIMANN, Clara Pellegrinello, ALVES, José Osmar, FISH, Silvio. Controladoria, seu pape na administração das empresas. Florianópolis: Editora das UFSC, Fundação Esag. 1993 2 ALMEIDA, L. B. et al. (1999). Sistema de Gestão Econômica. In: Catelli, A. Controladoria. Uma abordagem da gestão Econômica GECON. São Paulo: Atlas, 2001.3 MOSSIMANN, Clara Pellegrinello, ALVES, José Osmar, FISH, Silvio. Controladoria, seu pape na administração das empresas. Florianópolis: Editora das UFSC, Fundação Esag. 1993. 10 processo de tomada de decisão assessorando a administração geral e os gestores de áreas específicas de maneira a garantir continuidade da entidade e assegurar o cumprimento de sua missão.” 1.2 – O Profissional Com base no conceito anterior podemos verificar que a controladoria não usa apenas uma ciência, ou seja, são necessários vários conhecimentos e conceitos para fazer a tradução e geração de novas informações. O Controller deve trabalhar no ambiente da controladoria que esta ligada a Contabilidade, Administração, Economia, Finanças, Produção, Recursos Humanos e outros. A profissão exige um conhecimento de contabilidade, pois um dos principais direcionadores nas tomadas de decisão são as demonstrações contábeis, porém sem fazer a correta leitura, o Controller, pode incorrer em informações oriundas de fatos inexistentes ou irreais. Por exemplo: Caso a Diretoria pergunte “Onde vamos contabilizar os colaboradores?”. Entendendo que no Ativo há bens e direitos e no Passivo há obrigações, os colaboradores não pertencem à empresa, mas sim o resultado do seu trabalho sim, em contra partida a empresa paga por esse trabalho, assim nunca vamos encontrar na conta do Ativo da empresa (Ativo Imobilizado=Colaboradores), mas sim Salários a Pagar. 4 PEREIRA, C.A. (1999) Ambiente, Empresa, Gestão e Eficácia. In: Catelli, A. Controladoria. Uma abordagem da gestão Econômica GECON. São Paulo: Atlas, 2001. 11 O Controller também deve ter bons conhecimentos na área de finanças e cálculos, pois muitas vezes o estudo de viabilidade, valor da empresa, TIR, Payback, V.P.L. serão pontos importantes na geração de informação para tomadas de decisões baseadas em fluxos futuros, pois somente com alguns desses instrumentos é possível gerar cenários. Dependendo do ambiente em que o Controller estiver serão necessários conhecimentos na área de Produção/Industrialização, pois formação de preço, baseado em sistemas de custeios precisam de avaliações constantes do tipo de produção qual o produto e mercado. É importante salientar que tanto na formação de cenários quanto no estudo de mercado, também é necessário conhecer o ambiente da empresa, fazendo as seguintes perguntas: 1) Qual o negócio da empresa? 2) Quais as expectativas dos Sócios ou Acionistas da empresa? É importante entender que tudo depende do ambiente em que o profissional estiver, a título de exemplo, se o Controller estiver atuando numa prestadora de serviços, não será necessário o conhecimento profundo de linha de produção, tão pouco de logística, mas é importante o conhecimento de custo, pois é necessário avaliar os custos da prestadora de serviço. Assim o profissional deve estar atendo a sua linha de desempenho e sempre estar atualizado no ramo de atividade da empresa. 12 1.3 – A Estrutura Organizacional Como vimos no item anterior, o profissional de contradoria deve estar sempre atento aos movimentos da empresa, do mercado, clientes, fornecedores, concorrência entre outros. Mas a quem interessa essas informações? Na estrutura sugerida abaixo podemos perceber que o Controller responde aos Diretores/Vice-Presidente que respondem ao presidente da empresa que pode ser o proprietário do negócio ou ele pode responder a sócios ou acionistas diversos. Figura 1 – Exemplo de Estrutura de empresa. Fonte: Próprio Autor No entanto, há empresas em que o Controller responde diretamente ao Presidente e Sócios ou Acionistas, tudo isso depende da estrutura, porte, números e visibilidade da empresa. Esse tipo de hierarquização segue os mesmos princípios de qualquer outro tipo de função na empresa, às vezes mais direto outras mais indiretas, mas o importante é que o profissional tenha muito claro a quem se deve reportar, pois os anseios e 13 necessidades devem ser supridos de maneira a dar subsídio a tomada de decisão de forma correta. Por exemplo, nem todo diretor está preocupado com quanto custo o cafezinho, pois é imaterial o valor para tomada de decisão, porém alguns podem pedir ao Controller uma análise dos gastos administrativos, para decisão de novos negócios, assim pode-se dizer que alguns relatórios gerenciais são preparados sob medida para quem estamos reportando. Os relatórios gerenciais são fundamentais para as tomadas de decisões e são necessárias a todos os níveis hierárquicos da organização, assim o Controller ou Controlador deve sempre atuar nessas forças e gerar quantas informações forem necessárias garantindo sempre a qualidade e precisão das mesmas. 2 – CONTABILIDADE GERENCIAL 2.1 – Noções de Contabilidade Para entendermos as Demonstrações Contábeis é necessário conhecer um pouco sobre a contabilidade, aqui será abordado dados básicos para que seja possível fazer uma leitura e interpretação, pois são vários os campos e diversidades da Ciência Contábil. A contabilidade é a Ciência que estuda a evolução patrimonial da empresa, esse estudo é realizado através de registros e de fatos administrativos. Através desses fatos é possível registrar todas as ações que a empresa gera, ou seja, se a empresa faz uma compra de estoque isso faz modificações na situação da 14 empresa como um todo, assim a contabilidade registra esse fato, analisa e prepara relatórios demonstrativos dessa modificação. No entanto, se o Diretor almoça com um cliente expressivo e faz uma venda isso ainda não é um fato por que o cliente ainda não assinou nenhum contrato e pode ser que a empresa ainda nem tenha fabricado, assim a Contabilidade vê isso como um ato e não registra, pois não fez qualquer alteração patrimonial na empresa. Na contabilidade existe uma série de nomenclaturas que separam e agrupam os fatos contábeis, podemos encontrar na contabilidade nomenclatura como “Caixa”, “Bancos Movimentos”, “Salários a Pagar” entre outros. Todas essas nomenclaturas são chamadas de contas contábeis. A Conta contábil representa o grupo que esta sendo acumulado um Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido, Receita, Custo ou Despesa, cada um desses itens podem derivar várias contas contábeis, por exemplo: Grupo do Ativo Caixa, Banco, Estoques. Grupo do Passivo Fornecedores, Salários a Pagar, Impostos a Pagar. Grupo do Patrimônio Líquido Capital Social, Reservas e Lucros Acumulados. Por que separamos na contabilidade em conta? 15 Imagine as seguintes operações: Ingresso de capital em dinheiro de $ 10.000, com 50% desse valor de compra de estoque $ 6.000, sendo $ 1.000, para pagamento a prazo. Sem a contabilidade e a separação das contas as operações acima ficariam assim: Capital $ 10.000 (em dinheiro) e Estoque $ 6.000 (à vista e a prazo) Observando bem a operação acima nos parece que falta informações, pois nossa primeira pergunta é: Se o Estoque foi pago à vista algo deveria mudar na empresa? Vejamos como seria isso na contabilidade. 1ª Operação: Débito – (Conta) Caixa $ 10.000 / Crédito – (Conta) Capital Social 2ª Operação: Débito – (Conta) Estoque $ 6.000 / Crédito – (Conta) Caixa $ 5.000 / Crédito – (Conta) Fornecedores $ 1.000. Logo após essa classificação e novo agrupamento as operações seriam assim representadas: Caixa $ 5.000 ($ 10.000 ingresso - $ 5.000 compra de estoque) Estoque $ 6.000 (compra à vista $ 5.000 + $ 1.000 a prazo) 16 Fornecedores a pagar $ 1.000 (da compra a prazo do estoque) Capital Social $ 10.000 (ingresso dos sócios ou acionistas em dinheiro) Podemos perceber a diferença de informação, poisna primeira situação não era possível avaliar a evolução patrimonial, já com a contabilidade podemos ver a movimentação da entrada de dinheiro, indo para o caixa, depois comprando estoque que foi necessário comprar através de um fornecedor, porém como não foi totalmente pago ainda se mantém registrado. Outro fator importante nos lançamentos contábeis é que além das contas a contabilidade usa dois instrumentos para fazer as movimentações, sendo o Débito e o Crédito, como segue os conceitos: Débito: instrumento utilizado para aumentar as contas do Ativo, aumentar as contas de Despesas ou Custos, diminuir as contas do Passivo e diminuir as contas de Receitas. Crédito: instrumento utilizado para diminuir as contas do Ativo, diminuir as contas de Despesas ou Custos, aumentar as contas do Passivo e aumentar as contas de Receitas. Para efeito didático podemos utilizar uma forma gráfica para fazer os lançamentos contábeis, são os razonetes, nada mais do que um gráfico em forma de T, onde do lado esquerdo fica o Débito e o lado esquerdo fica o Crédito, podemos visualizar nossos lançamentos no exemplo assim através dos razonetes, vejamos: 17 No esquema contábil acima os números grifados abaixo do valora representam os lançamentos contábeis (1) Caixa/Capital Sócia e (2) Caixa/Estoque/Fornecedor. No esquema acima as contas foram disposta, para que seja visualizado, que as contas que receberam os débitos ficaram acima e as contas que receberam os créditos ficaram abaixo, isto se deve ao segundo agrupamento que a contabilidade faz, sendo o Ativo e Passivo. A contabilidade agrupa suas contas em dois grandes grupos são eles: ATIVO, PASSIVO (contém o Patrimônio Líquido). Segundo a equipe de Professores da FEA/USP5, os conceitos de Ativo e Passivo são: 5 FEA/USP, Equipe de professores, Contabilidade Introdutória, São Paulo: Editora Alas S.A. 1995. 18 “ATIVO: Compreende os Bens, Direitos da Entidade expressos em moeda”. “PASSIVO: Compreende basicamente as obrigações a pagar, incluindo o Patrimônio Líquido, conceituado como a diferença entre o valor do Ativo e do Passivo em um determinado momento”. O Patrimônio Líquido pode ter duas fontes principais, sendo a primeira, através de Investimentos, onde os proprietários (sócios ou acionistas) participam através de quotas (para empresas tipo Ltda.) ou ações (para empresa tipo Sociedade Anônima S.A.). Sendo a segunda forma através de lucros, ou seja, resultado das operações da empresa, cuja receita já foi descontada de todos os custos e despesas, assim o lucro não se origina de investimentos, mas sim de boas práticas administrativas. Na contabilidade para se obter a variação ou evolução patrimonial, é necessário fazer o estudo da equação do Patrimônio Líquido, ou seja, Patrimônio Líquido = Ativo – Passivo Como na maioria das vezes o Ativo é maior que o Passivo a equação mais comum é a seguinte: Ativo (Lado Direito) = Passivo + Patrimônio Líquido (ambos lado esquerdo), graficamente representado e apresentado nas demonstrações contábeis como: 19 ATIVO PASSIVO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Fonte: Próprio autor 2.2 Relatório da Administração É um importante e necessário complemento às demonstrações contábeis, pois o fornecimento de dados gerados pelos relatórios contábeis apresenta uma série informações passadas, no entanto, o relatório da administração apresentará ao usuário explicações sobre o direcionamento das decisões tomas que geraram aqueles números e ainda funciona como um indicador de ações futuras necessárias para o usuário. Uma das características importante do relatório da administração é a pouca utilização da linguagem técnica, assim o investidor ou qualquer usuário que não tenha conhecimento do ramo contábil pode através desta demonstração entender os números apresentados nos demais relatórios. O FIPECAFI, no Manual de Contabilidade6, trás um estudo da ONU (Nações Unidas), onde o relatório da administração foi estudado com grande aprofundamento e concluí-se que para empresas multinacionais, as informações mínimas necessárias para este relatório deveriam conter: 6 Iudícibus, Sergiuo de; Martins Eliseu; Gelbcke, Ernesto Rubens; Manual de Contabilidade das Sociedades Por Ações – FIPECAFI; Sexta Edição; Atlas; São Paulo 2003. Figura 3 – Representação gráfico da equação patrimonial 20 A. Análise Corporativa Neste item são discutidos a estratégia, eventos incomuns e externos, compras/vendas significantes, recursos humanos, responsabilidade social, pesquisa e desenvolvimento e projeções futuras. B. Análise Setorial Neste devem ser analisado os setores individuais com maior riqueza de detalhe possível. C. Análise Financeira Nesta parte são analisados os resultados e índices financeiros, bem como efeitos inflacionários e taxas de câmbio. D. Outras Informações Além dos assuntos já tratados o relatório da administração também deve considerar outros itens adicionais como: d.1 Descrever a atividade, porte e distribuição geográfica das operações da empresa; d.2 Fazer um resumo das demonstrações destacando os pontos mais importantes no ano; d.3 Informando a responsabilidade e participações dos diretores na companhia e d.4 Fazer uma análise do controle acionário inclusive os principais acionistas. 21 Em nível internacional o relatório da administração tem o intuito de fornecer informações realmente úteis aos investidores, logo no âmbito da governança corporativa estas explicações vão ao encontro de toda a política que a empresa está adotando, restando aos conselhos avaliar e validar essas políticas. 2.2.1 No Brasil Como já citado anteriormente o relatório de administração tem um importante papel na divulgação do pensamento, política e visões do corpo administrativo, entretanto, no Brasil apesar de ser obrigatório pela lei 6.404/76, são poucas empresas, normalmente aquela com maior grau de divulgação, são as que preparam um relatório de administração completo em com o mínimo de informações necessárias para satisfazer seus interessados. Algumas empresas preparam relatórios que não contém informações necessárias para as decisões dos investidores e temos também a figura das empresas de capital fechado sendo o relatório preparado meramente pela obrigatoriedade da lei. Podemos destacar ainda as empresas que utilizam o relatório de administração para promover mais os próprios administradores ao invés de prestar informações adequadas ao mercado e a situação fica pior quando a empresa tem um resultado ruim e este relatório é utilizado para desviar a atenção do investido através de interpretações e análise distorcidas. No entanto, há um bom número de empresas que preparam seus relatórios adequadamente, mas que não exploram a suas potencialidades. 22 2.2.2. Legislação no Brasil Lei ns 6.404/76 em seu art. 133, item I, determina que: "Os Administradores devem comunicar (...) que se acham à disposição dos acionistas: • o relatório da administração sobre os negócios sociais e os principais fatos administrativos do exercício findo." Além da obrigatoriedade básica descrita, temos na citada lei mais às seguintes exigências de divulgação no Relatório de Administração: a) art. 55, § 2° (aquisição de debêntures de emissão" própria); b) art. 118, § 5a (política de reinvestimento de lucros e distribuição de dividendos, constantes de acordo de acionistas); e c) art. 243 (modificações ocorridas no exercício nos investimentos em coligadas e controladas). Embora a Lei ns 6.404/76 obrigue à divulgação dos fatos indicados, de maneira geral os relatórios de administração não se têm apresentado na forma mais adequada e com suficiente divulgação. 23 2.2.3 Conteúdo sugerido pela Comissão de ValoresMobiliários Em razão desse fato, a CVM pronunciou-se mediante o Parecer de Orientação ns 15/87, recomendando a divulgação de alguns itens no citado relatório. A seguir, apresentaremos as recomendações do Parecer e respectivos comentários elucidativos para sua aplicação a) Descrição dos negócios, produtos e serviços Resumo dos negócios da empresa, mencionando seus princiapis produtos, aspectos relevanets sobre vendas, podendo também se apresentadouma análise do segmento ou linha de produtos b) Comentários sobre a conjuntura econômica geral Fatores economicos que tenha afetado o negócio da empresa, incluindo governo, legislação, concorrência e clima. c) Recursos Humanos Neste item deve ser tratados todos os aspectos relevantes aos empregados, turnover, nível educacional cujo processo afeta os negócios da empresa. 24 d) Investimentos Este item deve compor a descrição dos investimentos realizados, contendo objetivo, montantes e origem dos recursos. e) Pesquisa e Desenvolvimento Deve conter uma breve descrição dos projetos, a recomendação ão prevê a descrição detalhada, divulgando apenas ao usuário o conhecimento em relação a filosofia administrativa. f) Novos Produtos e Serviços Os novos produtos e serviços colocados no mercado e também aqueles que estarão à disposição, bem como suas expectativas. g) Proteção ao Meio Ambiente Divulgação de todos os fatores ecológicos e os investimentos necessários para manter o meio ambiente. h) Reformulação administrativa As empresas em reestruturação administrativa, devem ser comentadas as principais mudanças e fazer uma avaliação dos efeitos dessas novas políticas. 25 i) Investimentos em Controladas e Coligadas As empresas apresentam esse item nas notas explicativas, entretanto, constam apenas composição dos valores, a menção no relatório da administração deve ser feita no sentido de justificar esse investimentos. j) Direitos dos acionistas e dados de mercado Deve ser informada a política de distribuição de dividendos e dados relativos as ações, pois são de grande interesse aos investidores que fazem uma análise entre a cotação na bolsa e o valor patrimonial das ações. l) Perpectivas e planos para o exercício em curso e os futuros. Este item não deve ser confundido com projeções quantitativas do resultado, mas sim a construção de cenários fundamentados em premissas. Conforme recomendação do FIPECAFI, o assunto sobre este relatório são inesgotáveis, por isso deve-se estar atento as informações necessário para que os investidores e partes interessadas tomem decisões com a menor margem de erro possível. 26 Comentários: As publicações das demonstrações nos jornais, recentementes estão chegndo até a 20 páginas, isto é reflexo da governança corpoarativa, pois devido a quantidade de informações que os administradores sentem necessidade de disponibilizar aos usurários de suas demonstrações, contendo normalmente três elementos vitais, fatos passados, fatos presentes e fatos futuros, inclusive com projeções com vários gráfico. Este fenomeno acontece porque as fraudes e falências repentinas estão deixando os investidores mais atentos aos números contábeis e também como a administração está movimentando o negócio, assim se não houver esse acompanhamento, os investidores estão sujeitos a qualquer tipo de perda de seus investimentos e para atrir cada vez mais investidores os administradores dedicam muitas páginas ao seus atos. 2.3 NOTAS EXPLICATIVAS 2.3.1 OFÍCIO-CIRCULAR/CVM/SNC/SEP Nº 01/2005 Estrutura da divulgação em nota explicativa As notas explicativas são normalmente apresentadas na seguinte ordem, que ajuda os usuários no entendimento das demonstrações contábeis e na comparação com as de outras entidades: a. contexto operacional; b. declaração quanto à base de preparação das demonstrações contábeis; 27 c. menção das bases de avaliação de ativos e passivos e práticas contábeis aplicadas; d. informações adicionais para itens apresentados nas demonstrações contábeis, divulgadas na mesma ordem. e. outras divulgações, incluindo: i. contingências e outras divulgações de caráter financeiro; e ii. divulgações não financeiras, tais como riscos financeiros da entidade, as correspondentes políticas e objetivos da administração, que não se confundam com as informações a divulgar no relatório da administração, incluindo, mas não se limitando, a políticas de proteção cambial ou de mercado, hedge etc. Em algumas circunstâncias, pode ser necessário ou desejável modificar a seqüência de itens específicos dentro das notas explicativas. Por exemplo, informações sobre taxas de juros e ajustes a valor de mercado podem ser combinadas com informações sobre vencimento de instrumentos financeiros apesar de os primeiros serem divulgações de demonstração do resultado e os últimos referirem-se ao balanço. Não obstante, uma estrutura sistemática para as notas explicativas deve ser mantida sempre que praticável. Nota sobre operações A nota explicativa inicial que geralmente inicia a lista das notas trata das operações ou do contexto operacional e declara o objetivo social da empresa. O objetivo 28 declarado nas notas deve manter coerência com os objetivos declarados no estatuto social da empresa, que estabelece a relação contratual entre os acionistas e é o principal documento sobre as regras de governança da sociedade. A nota sobre o contexto operacional deve incluir aspectos que sejam relevantes sobre a continuidade normal dos negócios e da utilização da capacidade de produção e/ou prestação de serviços. Critérios de Avaliação Deverão ser divulgados os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente dos estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo. (LEI Nº 6.404/76, ARTIGO 176) A nota explicativa sobre as principais práticas contábeis tem evoluído ao longo do tempo e o seu objetivo é informar sobre a escolha de políticas e práticas contábeis feita pela empresa. Essa divulgação permite que se possa depreender sobre a influência dessas práticas sobre os números apresentados pela empresa e tem grande importância na inferência sobre a sua situação patrimonial, ou seja, a situação do balanço patrimonial, da posição financeira e dos resultados das operações. Essa nota deve também divulgar os critérios contábeis de transações típicas da indústria, na medida em que esses critérios são específicos e podem variar de um tipo de indústria para outro. A esse respeito, as normas internacionais dispõem (parágrafo 99 do IAS 1, revisada em 1997): "Ao decidir se uma política contábil deve ser informada, a administração deve considerar se a divulgação ajudaria os usuários a entender a maneira pela qual as transações e eventos são demonstrados no desempenho e na posição financeira divulgados. As políticas contábeis que uma empresa poderia considerar incluem, mas não se restringem a: 29 a) reconhecimento da receita; b) princípios de consolidação, incluindo subsidiárias integrais e associadas; c) combinações de negócios; d) controle compartilhado; e) reconhecimento, depreciação ou amortização de ativo tangível e intangível; f) imobilização de custos de empréstimos e outras despesas; g) contratos de construção; h) propriedades de investimento; i) instrumentos financeiros e investimentos; j) arrendamentos mercantis; k) custos de pesquisa e desenvolvimento; l) estoques; 30 m) impostos, incluindo impostos diferidos; n) provisões; o) custos de benefícios aos empregados; p) conversão em moeda estrangeira e hedging; q) definição de negócios e segmentos geográficos e o critério de apropriação de custos entre segmentos; r) definição de caixa e equivalentesde caixa; s) reconhecimento dos efeitos da inflação, e t) subvenções do governo. Continuidade Normal dos Negócios Quando for identificada a situação de risco iminente de paralisação total ou parcial dos negócios da companhia, a nota explicativa deverá fornecer maiores detalhes sobre os planos, e possibilidades de sua recuperação ou não. (PARECER DE ORIENTAÇÃO CVM Nº 21/90) 31 A esse respeito, o pronunciamento internacional IAS –1 dispõe nos parágrafos 23 e 24: "23. Ao preparar as demonstrações contábeis, a administração deve avaliar a capacidade de a entidade estar em marcha e de que continuará em operação no futuro previsível. As demonstrações contábeis devem ser preparadas no pressuposto da continuidade das operações, a menos que a administração pretenda liquidar a entidade, ou cessar suas operações ou não tenha alternativa realista a não ser essas. Quando a administração, ao fazer sua avaliação, toma conhecimento de incertezas significativas relacionadas a eventos ou condições que podem levantar dúvida importante sobre a capacidade da entidade de continuar como entidade em marcha, essas incertezas devem ser divulgadas. Quando as demonstrações contábeis não estão preparadas no pressuposto da entidade em marcha, esse fato deve ser divulgado juntamente com os critérios pelos quais as demonstrações contábeis são preparadas e a razão pela qual a entidade não é considerada uma entidade em marcha. 24. Ao avaliar se a premissa de entidade em marcha é adequada, a administração leva em consideração todas as informações disponíveis para o futuro previsível, que deve ser de, pelo menos, porém não limitado há, doze meses a contar da data do balanço patrimonial. O grau de consideração depende dos fatos, de caso a caso. Quando uma entidade tem um histórico de operações rentáveis e pronto acesso a recursos financeiros, pode-se chegar à conclusão, sem análise detalhada, de que o critério contábil da entidade em marcha é apropriado. Em outros casos, a administração pode necessitar considerar uma extensa variedade de fatores que cercam a rentabilidade anual e a esperada, programações de pagamento de dívidas e fontes potenciais de financiamento de reposição antes de poder se satisfazer de que o critério da entidade em marcha é apropriado." 32 Diferenças entre os procedimentos contábeis nacionais e os internacionais Considerando a referência internacional alcançada pelo IASB (IFRS/IAS) e o compromisso e o esforço dos órgãos reguladores e emissores de normas de buscar a convergência com as mesmas, recomenda-se que as companhias abertas divulguem em nota explicativa a conciliação das diferenças entre as práticas contábeis adotadas no Brasil e as práticas contábeis internacionais. Entretanto, não existe impedimento para que seja preparada em relação às normas contábeis de outros países em que a companhia aberta divulgue, obrigatoriamente, ao mercado suas demonstrações contábeis, em função da obtenção de registro para negociação dos títulos de sua emissão. Ao decidir pela divulgação da conciliação, a administração da entidade deverá observar o quão equivalentes são essas práticas. As demonstrações contábeis preparadas conforme uma determinada prática contábil pode ser considerada equivalentes às preparadas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil quando ambas as análises, de ambos os conjuntos de demonstrações, possibilitarem aos investidores decisão similar em termos de investimento ou alienação de investimento anteriormente detido. Se as práticas contábeis de ambos os conjuntos forem equivalentes e, portanto, não indicarem a falta de similaridade nas decisões do investidor, não haverá necessidade de inclusão de nota explicativa, conciliação ou reclassificações de números. A questão surge, então, se os princípios e/ou as práticas não forem equivalentes e, portanto, indicarem falta de similaridade nas decisões do investidor. Neste último caso, a apresentação da conciliação das diferenças entre as práticas contábeis adotadas no Brasil e outras práticas contábeis deve ser quantitativa e qualitativa. Assim, a divulgação da conciliação requer a preparação e a divulgação, no mínimo, das seguintes informações: 33 a) conciliação entre os lucros (prejuízos) líquidos do período e/ou exercício; b) conciliação entre os patrimônios líquidos na data do balanço; c) explicação da natureza dos principais itens de conciliação. Em determinados casos, é possível que as divergências sejam de tal magnitude que apenas a preparação de novas demonstrações contábeis segundo outro conjunto de princípios contábeis que não os prevalentes no Brasil seja a solução. Em outros casos, poderão existir algumas instâncias de parcial equivalência que podem ser resolvidas ou remediadas, dependendo da natureza das divergências. Essas divergências podem incluir divulgações adicionais, reconciliações etc. Esse julgamento deverá ser feito pela administração e anuído pelos auditores independentes da companhia aberta, e deverá estar apoiado em procedimentos aceitos por órgãos reguladores e emissores de normas contábeis. Comentário: Diferente do relatório da administração as notas explicativas irão descrever ou ajudar o investidor a ler e interpretar os números contábeis, por estar diretamente ligada as demonstrações normalmente apresenta fatos passados que são de suma importância para o futuro, tais como explicar uma contingência, um método de cálculo dos estoques, ou ainda a forma que os ativos e passivos estão sendo atualizados, assim além de explicar as notas devem ser preparadas com o mesmo rigor que o relatório da administração, ou seja, com informações consistentes ao negócio da empresa, deixando claro ao investidor ou aos interessados o que os números não divulgam, logo as notas explicativas devem conter não somente as informações que a lei manda, mas sim tudo aquilo que é relevante todos conhecerem, mesmo que tenha de falar sobre despesas com água, por exemplo. 34 2.4 INDICARES FINANCEIROS A utilização de índices não financeiros pelas empresas que compreendem a importância de fatores que fazem a diferença diante de uma competitividade. Os indicadores financeiros convencionais tratam das atividades e resultados operacionais e os estratégicos tratam dos investimentos, captação de recursos, alavancagem financeira e resultados ressaltados pelo desempenho das ações da companhia nas Bolsas de Valores, mas todos medem o desempenho da empresa. Os importantes indicadores econômicos e financeiros, que não são tidos como convencionais, mas de importante valia para analisar a qualidade da informação na administração do fluxo de caixa. O EBITDA representa o caixa gerado pêlos ativos autenticamente operacionais, esse indicador ignora o efeito de dívidas, que muitas vezes são circunstanciais. Itens Ano Vendas líquidas 1.100.000 CMV (Custo de Mercadorias Vendidas) (610.000) Lucro bruto 490.000 Despesas operacionais líquidas (190.000) EBITDA 300.000 Depreciação/amortização (35.000) Receitas financeiras 1.050 Despesas financeiras (30.060) Resultados não operacionais - Lucro antes dos tributos 235.990 Imposto de Renda (30.650) Contribuição social (19.770) Lucro líquido do exercício 185.570 EBITDA pela Demonstração do Resultado do Exercício 35 Itens Ano Clientes 1.100.000 Fornecedores (610.000) Despesas operacionais (190.000) EBITDA 300.000 Receitas financeiras 1.050 Despesas financeiras (30.060) Imposto de Renda (30.650) Contribuição social (19.770) Caixa de operações 220.570 Dividendos (36.900) Aplicação financeira (173.670) Caixa no período 10.000 Saldo inicial de caixa 28.000 Saldo final de caixa 38.000 EBITDA pela Demonstração do Fluxo de Caixa O EVA representa o valor econômico agregado; ele está sendo chamado de versão moderna do lucro. É uma medida de avaliação do ganho econômico da empresa(lucro operacional líquido), após a consideração do custo do capital empregado. Itens Valores Receita líquida 10.000 ( - ) Custos, despesas e impostos 3.000 ( = ) Lucro operacional 7.000 ( - ) Custo do capital de terceiros líquido 3.000 ( = ) Lucro líquido do período (já descontados IR e CSSL) 4.000 ( - ) Custo do capital próprio 2.500 ( = ) EVA - Valor econômico agregado 1.500 O MVA representa também uma medida de avaliação do uso dos financiamentos ou do capital dos investidores; é uma forma consistente de avaliar a produtividade dos ativos da empresa. A geração de caixa da empresa vem tendo mais prestígio do que o lucro nos gerenciamentos estratégicos e operacionais, uma vez que vários níveis de apropriação podem ser feitos para os lucros, haja vista os inúmeros casos nacionais e internacionais de manipulação 36 contábil dos demonstrativos financeiros de grandes companhias; além disso, têm sido muito utilizados indicadores de desempenhos relativos à geração de caixa das atividades empresariais. O resultado econômico positivo, que corresponde ao lucro de uma empresa, pode ser diferente do resultado financeiro, que é a geração de caixa. Quer-se dizer com isso que existe diferença entre lucro e caixa, e, mesmo que o caixa tenha liquidez, não significa que se tenha lucro ao longo do tempo. O caixa representa os resultados, que são utilizados para a tomada de decisões financeiras e representa a "disponibilidade imediata", enquanto o lucro é visto como resultado econômico contábil, inclusive sujeito à manipulação; se não auditado, gera um resultado duvidoso ou chamado de contabilidade criativa, no sentido figurado. 2.5 NOÇÕES DA CONTABILIDADE DE CUSTOS Na contabilidade gerencial uma das áreas mais importante é a contabilidade de custo, abaixo vamos estudar algumas nomenclaturas e entender como são avaliados os custo, esta disciplina é abordada mais profundamente na própria contabilidade de custos. 2.5.1 Custos Diretos São custos que podem ser quantificados e identificados no produto ou serviço e valorizados com relativa facilidade. Dessa forma, não necessitam de critérios de rateios para serem alocados aos produtos fabricados ou serviços prestados, já facilmente identificados. 37 2.5.2 Custos Indiretos São os custos que, por não serem perfeitamente identificados nos produtos ou serviços, não podem ser apropriados de forma direta para as unidades específicas, ordens de serviços ou produtos, serviços executados etc. Necessitam, portanto, da utilização de algum critério de rateio para sua alocação. 2.5.3 Custos Fixos São custos que permanecem constantes dentro de determinada capacidade instalada, independem do volume de produção, ou seja, uma alteração no volume de produção para mais ou para menos não altera o valor total do custo. 2.5.4 Custos Variáveis São custos que mantêm relação direta com o volume de produção ou serviço. Dessa maneira, o total dos custos variáveis cresce à medida que o volume de atividade da empresa aumenta. Na maioria das vezes, esse crescimento no total evolui na mesma proporção do acréscimo no volume produzido. 2.6 Princípios Contábeis Aplicados aos Custos 2.6.1 Princípio da Realização da Receita Reconhecimento da Receita quando da transferência do bem ou serviço para terceiros 38 2.6.2 Princípio da Competência Após o reconhecimento da receita, deduz-se dela todos os valores representativos dos esforços para sua consecução. 2.6.3 Princípio do Custo como Base de Valor Os ativos são registrados contabilmente por seu valor original de entrada. 2.7 Contabilização Básica dos Custos A contabilização dos custos seque um esquema simples, como segue: a) Separação entre custos e despesas b) Apropriação dos Custos Diretos aos produtos c) Rateio dos Custos Indiretos Para o esquema abaixo, foram apurados na contabilidade geral os seguinte dados: a- Gasto utilizado para aquisição de Insumos que serão utilizados na produção; b- Salários pagos aos operários na produção; 39 c- Salários pagos à funcionários não ligados diretamente a produção, rateado para o produto XYZ a base de 20%; d- Ativação dos gastos na forma de estoque; e- Venda de todas as unidades do Produto XYZ. Custos Diretos Custos Indiretos Estoque Insumo Salários Produção Salários Pessoal Limpeza Estoque XYZ Custo do Produto Vendido 2.8 AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES 2.8.1 PEPS/FIFO (First In First Out) Método utilizado para avaliação de estoque através do processo onde o Primeiro produto que Entra no estoque é o Primeiro que Saí do estoque. 2.8.2 UEPS/LIFO (Last In Last Out) Proporcionalmente inverso ao PEPS, este método avalia o estoque através do processo onde o Último produto que Entra no estoque é o Primeiro que Saí do estoque. 200 a 300 b 100 c 200 300 20 200 300 20 c1 -0- -0- 80 520 d 520 e 520 520 e 40 2.8.3 MÉDIA PONDERADA Para este método o estoque é avaliado através da divisão entre o custo final pela quantidade final do estoque. 2.8.4 COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO A seguir a comparação entre os métodos PEPS, UEPS, MP, para efeito de comparação foram identificados os seguintes lançamentos: a) Compra de 100 unidades pelo preço de $2,00 b) Compra de 100 unidades pelo preço de $4,00 c) Venda de 150 unidades pelo preço de $10,00 PEPS Estoque Inicial Compras Vendas Estoque Final Quant. Un. Vr $ Quant. Un. Vr $ Quant. Un. Vr $ Quant. Un. Vr $ - - - 100 2,00 200,00 - - - 100 2,00 200,00 100 2,00 200,00 100 4,00 400,00 - - - 100 4,00 400,00 100 2,00 200,00 100 2,00 200,00 - - - 100 4,00 400,00 50 4,00 200,00 50 4,00 200,00 Fórmula Quant. Valor Estoque Inicial - - (+) Compras 200 600,00 (-) Estoque Final 50 200,00 (=) Custo de Venda 150 400,00 41 UEPS Estoque Inicial Compras Vendas Estoque Final Quant. Un. Vr $ Quant. Un. Vr $ Quant. Un. Vr $ Quant. Un. Vr $ - - - 100 2,00 200,00 - - - 100 2,00 200,00 100 2,00 200,00 100 4,00 400,00 - - - 100 4,00 400,00 100 4,00 400,00 100 4,00 400,00 - - - 100 2,00 200,00 50 2,00 100,00 50 2,00 100,00 Fórmula Quant. Valor Estoque Inicial - - (+) Compras 200 600,00 (-) Estoque Final 50 100,00 (=) Custo de Venda 150 500,00 Média Ponderada Estoque Inicial Compras Vendas Estoque Final Quant. Un. Vr $ Quant. Un. Vr $ Quant. Un. Vr $ Quant. Un. Vr $ - - - 100 2,00 200,00 - - - 100 2,00 200,00 100 2,00 200,00 100 4,00 400,00 - - - 200 3,00 600,00 200 3,00 600,00 150 3,00 450,00 50 3,00 150,00 Fórmula Quant. Valor Estoque Inicial - - (+) Compras 200 600,00 (-) Estoque Final 50 150,00 (=) Custo de Venda 150 450,00 Comparação do Resultado PEPS MP UEPS Receita $ 1.500,00 $ 1.500,00 $ 1.500,00 (-) Custo de Venda $ 400,00 $ 450,00 $ 500,00 Lucro $ 1.100,00 $ 1.050,00 $ 1.000,00 Como é demonstrado no quadro acima o método de avaliação PEPS aumenta o lucro da empresa o método UEPS diminui o lucro da empresa logo não é aceito pelo fisco e o método da Média Ponderada é intermediário entre os dois métodos. 42 2.9 ANALÍSE DE ÍNDICES Os índices constituem a técnica de análise mais empregada, sua característica fundamental é fornecer uma visão ampla da situação econômica ou financeira da empresa. Segundo MATARAZZO7 “Um índice é como uma vela acesa num quadro escuro”. O importante não é o cálculo de grande número de índices, mas de um conjunto de índices que permita conhecer a situação da empresa, segundo o grau de profundidade desejada da análise. Também segundo MATARAZZO8 “..., a quantidade de índices que deve ser utilizada na análise depende exclusivamenteda profundidade que se deseja da análise...”. Isto significa dizer que os incides são indicadores de tendências, muitas vezes conhecer mais profundamente a empresa, assim como a forma de administração, suas expectativas e planos de negócios. Não é rara a situação em que uma empresa se comparada a outra tem distorções de alguns índices quase inacreditavelmente, pois dependendo do tipo de decisão administrativa gerada no período da análise, os índices podem sobre modificações. 7 MATARAZZO, Dante C.. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica. Volume 1, 2ª edição. Ed. Atlas. Pág.96 8 MATARAZZO, Dante C.. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica. Volume 1, 2ª edição. Ed. Atlas. Pág.97 43 A título de exemplo, comparando duas empresas do ramo de informática, do mesmo porte, mesmo país, e muito similar nos seus produtos, sendo a empresa A com uma captação de um financiamento e a empresa B não tendo financiamento. Numa análise superficial poderíamos concluir que a empresa B é mais sólida, pois não tem financiamento, porém a empresa A adquiriu esse financiamento para comprar novas máquinas e alavancar seus negócios este ato conseguirá aumentar sua participação de mercado em 20%, assim nos índices não é possível somente através de números enxergar essa explicação, por isso da necessidade de aprofundar o conhecimento da empresa. 2.9.1 Índice sobre Estrutura de Capital Os índices desse grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras, em termo de obtenção e aplicação de recursos. 2.9.1.1 Participação de Capitais de Terceiros: CT/ PL Fórmula: Exigível Total x 100 __________________________ Patrimônio Líquido • O que indica: quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada R$ 100 de capital próprio investido. • Melhor Interpretação: quanto menor, melhor. Também pode ser chamado de índice de Grau de Endividamento. 44 2.9.1.2 Composição do Endividamento: PC/CT Fórmula: Passivo Circulante x 100 __________________________ Capital de Terceiros • O que Indica: qual o percentual de obrigações de curto prazo em relação às obrigações totais • Melhor Interpretação: quanto menor, melhor. 2.9.1.3 Imobilização do Patrimônio Líquido: AP/PL Fórmula: Ativo Permante x 100 __________________________ Patrimônio Líquido • O que Indica: quantos reais a empresa aplicou no Ativo Permanente para cada R$ 100 de Patrimônio Liquido. • Melhor Interpretação: quanto menor, melhor. 2.9.1.4 Imobilização dos Recursos não Correntes: AP/PL + ELP Fórmula: Ativo Permanente x 100 __________________________ Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo • O que Indica: que percentual de recursos não correntes a empresa aplicou no Ativo Permanente. Quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada R$ 1,00 de Passivo Circulante. • Melhor Interpretação: quanto maio, melhor. 45 2.9.2 Índices sobre a Liquidez 2.9.2.1 Liquidez Seca: D + CR /PC Fórmula: Disponíveis + Contas A Receber x 100 __________________________ Passivo Circulante • O que Indica: quanto a empresa possui de Ativo Líquido para cada R$ 1,00 de passivo Circulante (dívidas a curto prazo). • Melhor Interpretação: quanto maior, melhor. 2.9.2.2 Liquidez Geral: AC + RLP/ PC + ELP Fórmula: Ativo Circulante + Realizável a Longo x 100 __________________________ Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo • O que Indica: quanto a empresa possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para cada R$ 1,00 de dívida total. • Melhor Interpretação: quanto maior, melhor. 2.9.2.3 Liquidez Corrente: AC/PC Fórmula: Ativo Circulante x 100 __________________________ Passivo Circulante • O que Indica: quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada R$ 1,00 de Passivo Circulante. • Melhor Interpretação: quanto maio, melhor. 46 2.9.3 RENTABILIDADE Os índices deste grupo mostram qual a rentabilidade dos capitais investidos, isto é, quanto rendem os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito econômico da empresa. 2.9.3.1 Giro do Ativo: V/AT Fórmula: Vendas x 100 __________________________ Ativo Total • O que indica: quanto a empresa vendeu para cada R$ 1,00 de investimento total. • Melhor Interpretação: quanto maior, melhor. 2.9.3.2 Margem Líquida: LL/V Fórmula: Lucro Líquido x 100 __________________________ Vendas • O que indica: quanto a empresa obtém de lucro para cada R$ 100 vendidos. • Melhor Interpretação: quanto maior, melhor. 2.9.3.3 Rentabilidade do Ativo: LL/AT Fórmula: Lucro Líquido x 100 __________________________ Ativo Total • O que indica: quanto a empresa obtém de lucro para cada R$ 100 de investimento total médio. • Melhor Interpretação: quanto maior, melhor. 47 2.9.3.4 Rentabilidade do Patrimônio Líquido: LL/PL Fórmula: Lucro Líquido x 100 __________________________ Patrimônio Líquido • O que indica: quanto a empresa obteve de lucro para cada R$ 100 de Capital Próprio investido. • Melhor interpretação: quanto maior, melhor. 3. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Elaboração das Demonstrações Contábeis (Financeiras) é conseqüência de um bom sistema de controle interno, pois é este sistema que determina qual será a possibilidade de erros materiais que a entidade poderá gerar quando da formação dos números contábeis. Quando não há um bom sistema de controle interno os reflexos nas demonstrações contábeis podem ser diretos e indiretos, como por exemplo, falta de um controle de imobilizado, a conseqüência direta é a possível falta de movimentação na contabilidade de compras, baixas ou transferências, a conseqüência indireta poderá ser a falta de um cálculo correto da depreciação acumulada. Na governança corporativa as demonstrações contábeis (financeiras) têm um papel fundamental na apresentação dos resultados das operações que a entidade realizou durante um período, pois quando se pensa em transparência nas informações isso pode ser feito através de várias ferramentas, mas única ferramenta que tem a possibilidade de sair da empresa, são suas as demonstrações, esta é a ferramenta de transparência aceita por exemplo na bolsa de valores, bancos, fornecedores, clientes, sociedade em geral, 48 possuindo uma linguagem padrão, pode ser lida pelos de maneira a enxergar as transparências nas operações da empresa. As demonstrações Contábeis, é um conjunto complexo de informações que devem ser preparadas de forma a atender o maior número possível de usuários, entretanto, sabe-se que por diversos motivos os usuários não são atendidos de forma plena através das demonstrações, então é necessário complementar estas informações através de outros instrumentos denominados de relatório da administração e notas explicativas. Nesta parte do estudo, serão tratadas individualmente cada demonstração e também a importância de se fazer notas explicativas e relatórios de administração consistentes visando o tipo de usuário que a entidade quer atingir. Os conceitos deste estudo são baseados em lei, normas e regulamentos vigentes no Brasil, primeiramente segue o conceito das demonstrações pela Lei 6.404 de 15 de dezembro 1976, aplicadas as entidades Sociedade Anônimas (S/A), alguns itens são aplicáveis as entidades limitadas (Ltda), onde a legislação mais aplicada é o Código Civil, cabe salientar que a lei trata de demonstrações financeiras,entretanto, o conselho federal de contabilidade, órgão regulador da profissão contábil trata como demonstrações contábeis, os mesmos itens da lei. 3.1 REDAÇÃO DA LEI 6.404/76 CAPÍTULO XV Seção II DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Disposições Gerais Art. 176 Ao fim de cada exercício social, a Diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil de companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que 49 deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I - balanço patrimonial; II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III - demonstração do resultado do exercício; IV - demonstração das origens e aplicações de recursos. § 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior. (Vide § 1.º, b, do art. 295) § 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de designações genéricas, como "diversas contas" ou "contas-correntes". § 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela assembléia-geral. § 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício. § 5º As notas deverão indicar: a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisão para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo; b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (art. 247, parágrafo único); c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações (art. 182, § 3.º); 50 d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes; e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo; f) o número, espécies e classes das ações da capital social; g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício; h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1.º); i) os eventos subseqüentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia. § 6º A companhia fechada, com patrimônio líquido, na data do balanço, não superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), não será obrigada à elaboração e publicação da demonstração das origens e aplicações de recursos. ( Redação dada pela Lei nº 9.457, de 05.05.97 )(...) Comentário: A Lei destinada às sociedades anônimas, há, no entanto, dois paradoxos, sendo o primeiro, a elaboração das demonstrações contábeis para as entidades limitadas (ltda), orientadas, pelo regulamento do Imposto de Renda (RIR), o segundo é, mesmo as entidades anônimas com patrimônio inferior a R$ 1.000.000,00, quando calcularem imposto de renda pelo regime de lucro real também são obrigadas a elaborar as Demonstrações como segue a norma abaixo: “(...) Todas as pessoas jurídicas sujeitas à apuração do lucro real, seja qual for o tipo societário adotado, estão obrigadas a elaborar, ao final de cada período de incidência do imposto de renda (trimestral ou anual), com observância das leis comerciais (Lei no 6.404, de 1976), as seguintes demonstrações financeiras (RIR/1999, art. 274; e PN no 34, de 1981)(...)” Balanço patrimonial; Demonstração do resultado do período; e Demonstração de lucros e prejuízos acumulados. 9 9 Site http://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaJuridica/DIPJ/2005/PergResp2005/pr283a285.htm, itens perguntas e respostas “Demonstrações Financeiras, consulta dia 27/12/06. 51 3.2 DEFINIÇÃO DADA PELA RESOLUÇÃO CFC N.º 686/90 Aprova a NBC T.3 – Conceito, Conteúdo, Estrutura e Nomenclatura das Demonstrações Contábeis. NBC T.3.1 – Das Disposições Gerais. 3.1.1 – As demonstrações contábeis (*) são as extraídas dos livros, registros e documentos que compõem o sistema contábil de qualquer tipo de Entidade. 3.1.2 – A atribuição e responsabilidade técnica do sistema contábil da Entidade cabem exclusivamente, a contabilista registrado no CRC. 3.1.3 – As demonstrações contábeis observarão os Princípios Fundamentais de Contabilidade aprovados pelo Conselho Federal de Contabilidade. 3.1.4 – As demonstrações contábeis devem especificar sua natureza, a data e/ou o período e a Entidade a que se referem. 3.1.5 – O grau de revelação das demonstrações contábeis deve propiciar o suficiente entendimento do que cumpre demonstrar, inclusive com o uso de notas explicativas, que, entretanto, não poderão substituir o que é intrínseco às demonstrações às demonstrações. 3.1.6 – A utilização de procedimentos diversos daqueles estabelecidos nesta Norma, somente será admitida em Entidades públicas e privadas sujeitas a normas contábeis específicas, fato que será mencionado em destaque na demonstração ou em nota explicativa. 3.1.7 – Os efeitos inflacionários são tratados em Norma específica. (*) Inclusive as denominadas "financeiras" na legislação. 52 Comentário: Analisando as Leis, normas e regulamentos, percebe-se que as demonstrações contábeis são destinadas ao público externo, como os acionistas e governo, a pergunta é, por que não temos demonstrações publicadas para todas as empresas? A resposta poderia ser o custo da publicação nos jornais, mas quando se analisa uma empresa limitada, nada impede que esta empresa divulgue seus números à todas as partes interessadas, como os funcionário, clientes, fornecedores, associações entre outros, isto sim é transparência nas informações pois não tratar de governança corporativa os profissionais de contabilidade não devem se ater as Lei e normas, pois se todos praticarem a transparência logo ela se tornará Lei. Por exemplo, uma empresa limitada altamente endividada pode estar se dirigindo à falência isso está claramente apontado nos números contábeis e a falta da publicação independe que os funcionários fiquem sabendo, no mesmo exemplo, os fornecedores também não estarão sabendo do fato, assim a falta de informação pode estar prejudicando partes interessadas nesta empresa que não são somente os cotistas. A cartilha da Comissão de Valores Mobiliários (C.V.M.) que trata sobre a governança corporativa tende esta aplicação à entidades cuja o objetivo são os acionistas, razões obvias, pois este órgão regulamenta as Sociedades Anônimas em geral. O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) define: “Governança corporativa é o sistema pelo quais as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade”10. 10 Site http://www.ibgc.org.br/ibConteudo.asp?IDArea=2. 53 Através do conceito do IBGC, a governança deve ser praticada por qualquer entidade e o monitoramento e o aumento do valor da sociedade são registrados nas demonstrações. Código das melhores práticas de governança corporativa IBGC 3ª versão “3.5 Relatório Anual O relatórioanual é a mais importante e mais abrangente informação da sociedade e, por isso mesmo, não deve se limitar às informações exigidas por lei. Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exercício completo, comparativamente a exercícios anteriores, ressalvados os assuntos de justificada confidencial idade, e destina-se a um público diversificado. O relatório anual deve incluir a mensagem de abertura, escrita pelo presidente do Conselho de Administração ou da Diretoria, o relatório da administração e o conjunto das demonstrações financeiras, acompanhadas, quando for o caso, do parecer da auditoria independente e do Conselho Fiscal”.11 3.3 BALANÇO PATRIMONIAL 3.3.1 DEFINICÃO12: O termo patrimonial tem origem no patrimônio da empresa, ou seja, conjunto de bens, direitos e obrigações. Juntando as duas partes, obtém-se o balanço patrimonial, equilíbrio do patrimônio, igualdade patrimonial. Em sentido amplo, o balanço evidencia a situação patrimonial da empresa em determinada data. Em terminologia moderna em uso no Brasil, o Balanço é uma demonstração contábil que tem por finalidade apresentar a posição financeira e patrimonial de uma entidade (em geral uma empresa) em determinada data, representando, tanto uma posição estática (igualdade ou elementos de inventário) como dinâmica (equilíbrio ou elementos de gestão). 11 Site http://www.ibgc.org.br/imagens/StConteudoArquivos/Codigo%20IBGC%203º%20versao.pdf. 12 Site http://pt.wikipedia.org/wiki/Balan%C3%A7o_patrimonial. 54 No Direito Privado, era chamado anteriormente pelo Código Comercial Brasileiro de "Balanço Geral". A partir da lei 6.404/76, o Balanço das companhias passou a ser denominado de "Balanço Patrimonial", procurando diferenciar essa Demonstração Contábil do "Balanço Financeiro", próprio das entidades sem fins lucrativos. O Balanço apresenta os Ativos (bens e direitos) e Passivos (obrigações) e o Patrimônio Líquido, que é resultante da diferença entre o total de ativos e passivos. 3.3.2 REDAÇÃO DA LEI 6.404/76 Seção III BALANÇO PATRIMONIAL Grupo de Contas Art. 178 No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: a) ativo circulante; b) ativo realizável a longo prazo; c) ativo permanente, dividido em investimentos, ativo imobilizado e ativo diferido. § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: a) passivo circulante; b) passivo exigível a longo prazo; c) resultados de exercícios futuros; d) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros ou prejuízos acumulados. 55 § 3º Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar serão classificados separadamente. Ativo Art. 179 As contas serão classificadas do seguinte modo: I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte; II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (art. 243), diretores, acionistas participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia; III - em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa; IV - no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclui os de propriedade industrial ou comercial; V - no ativo diferido: as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício social, inclusive os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das operações sociais. Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo deste ciclo. (Vide art. 180) Passivo Exigível Art. 180 As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo permanente, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do art. 179. Resultados de Exercícios Futuros 56 Art. 181 Serão classificadas como resultados de exercício futuro as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos e despesas a elas correspondentes. Patrimônio Líquido Art. 182 A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada. § 1º Serão classificadas como reservas de capitaI as contas que registrarem: (Vide arts. 193, § 1.º, e 204, § 1.º) a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal, que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiarias; b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; c) o prêmio recebido na emissão de debêntures; d) as doações e as subvenções para investimento. (Vide § 5ºdo art. 17) § 2º Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto não capitalizado. § 3º Serão classificadas como reservas de reavaliação as contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a elementos do ativo em virtude de novas avaliações com base em laudo nos termos do art. 8, aprovado pela assembléia-geral. (Vide arts. 176, § 5.º, c, 187, § 2.º, e 297) § 4º Serão classificadas como reservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros da companhia. § 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição. 57 Comentário: Graficamente o Balanço Patrimonial é representado da seguinte forma: Representação Gráfica do Balanço Patrimonial Esta é demonstração tem caráter acumulativo, funciona como uma foto ou radiografia, assim todos os números são reflexos não apenas de um período, mas de uma seqüência podendo naquele momento representar um fato relevante ou não. Por ser uma posição estática, podemos fazer uma comparação simplista, ou seja, se tirar uma foto de uma pessoa pela manhã onde provavelmente, estará com sono, cabelos bagunçados e de pijamas, podendo mostrar uma situação não muito favorável ou a própria pessoa na foto não se reconhecerá, o mesmo ocorre com o balanço patrimonial, pois os números apresentados nem sempre são favoráveis à entidade, entretanto, eles mostram a realidade. Como toda foto pode ser manipulada através de programa de computadores deixando a pessoa mais bela, o balanço patrimonial também é passível de ajuste deixando os números bem apresentados. Esses ajustes não refletem a realidade logo as conseqüências são inevitáveis como os escândalos que provocaram o início do pensamento da Governança Corporativa, esses casos são um ponto inicial para todo o enfoque de controles internos e demonstrações contábeis,
Compartilhar