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Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Filosofia 1. Filósofos Pré-socráticos .......................................................................................................................................................................... 2 1.1. Tales de Mileto e a origem das coisas .......................................................................................................................................... 2 1.2. Anaximandro de Mileto, o Ápeiron e a terra cilíndrica. ............................................................................................................... 2 1.3. Anaxímenes De Mileto, O Ar E O Formato Da Terra .................................................................................................................... 3 1.4. Demócrito E A Teoria Atômica ..................................................................................................................................................... 3 2. Filosofia Socrática ................................................................................................................................................................................... 3 3. Platão ..................................................................................................................................................................................................... 3 4. Aristóteles .............................................................................................................................................................................................. 5 5. As mulheres na concepção de Platão e Aristóteles ................................................................................................................................ 5 6. Filosofia Helenística ................................................................................................................................................................................ 6 7. Sofistas ................................................................................................................................................................................................... 6 8. Maniqueísmo .......................................................................................................................................................................................... 7 9. Filosofia Medieval ................................................................................................................................................................................... 7 10. Filosofia Moderna ............................................................................................................................................................................. 9 10.1. Thomas More (Século XVI) e a utopia .................................................................................................................................... 9 10.2. Erasmo de Roterdã (Século XVI) e o Elogio da Loucura .......................................................................................................... 9 10.3. René Descartes (XVII) ........................................................................................................................................................... 10 10.4. Immanuel Kant (XVIII)........................................................................................................................................................... 11 10.5. George Friedrich Hegel (XVIII e XIX) ..................................................................................................................................... 12 10.6. Arthur Schopenhauer (XIX) ................................................................................................................................................... 12 10.7. Karl Marx (XIX) ...................................................................................................................................................................... 13 10.8. Friedrich Nietzsche (XIX – 1844 até 1900) ............................................................................................................................ 14 10.9. Auguste Comte e o Positivismo (1798 - 1857) ...................................................................................................................... 15 10.10. Émile Durkheim, Fatos Sociais e Suicídio .............................................................................................................................. 16 10.11. Max Weber ........................................................................................................................................................................... 16 10.12. Max Weber, Karl Marx e Durkheim ...................................................................................................................................... 17 10.13. Escola de Frankfurt ............................................................................................................................................................... 18 10.14. Michel Foucault .................................................................................................................................................................... 18 10.15. Nicolau Maquiavel (século XVI) ............................................................................................................................................ 19 10.16. O Contrato Social de Hobbes, Locke E Rousseau .................................................................................................................. 20 10.17. Francis Bacon (Século XVI e XVII) .......................................................................................................................................... 21 10.18. David Hume (Século XVIII) .................................................................................................................................................... 22 10.19. Jürgen Habermas (Nascido em 1929) ................................................................................................................................... 22 10.20. Zygmunt Bauman ................................................................................................................................................................. 23 10.21. O que é metafísica? .............................................................................................................................................................. 24 10.22. O Que É Dialética Em Platão, Aristóteles, Hegel E Marx? ..................................................................................................... 25 10.23. Hannah Arendt: Povo, Ralé E Antissemitismo ...................................................................................................................... 25 10.24. Hannah Arendt: O Totalitarismo E A Massa ......................................................................................................................... 26 Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo 1. Filósofos Pré-socráticos Definição de pré-socráticos é por conta do objeto de estudo e não do tempo. Pré-socráticos são conhecidos como filósofos da natureza: preocupavam-se em estudar a natureza em si e suas transformações. Pré-socráticos tentam estudar a physis de uma forma racional e lógica. Não vai ser colocado seres mágicos, mitologias, deuses, titãs. Os primeiros filósofos (Tales de Mileto) até tinham certa influência das mitologias no começo. Alguns termos importantes: Physis: representa os fenômenos da natureza. Arché: origem ou início da physis (natureza, universo). . Tales de Mileto (623 a.C.): 1º grande filósofo pré-socrático. A água é a origem de todas as coisas (Rio Nilo para o Egito, Mar Mediterrâneo para a Grécia).Certa relação com a mitologia relacionando com deuses e titãs (Cronos – tempo). Tales de Mileto já nos dá uma ideia de que estão trabalhando com a physis. . Heráclito de Éfeso (535 a.C.): Tudo está em processo de transformação. Nada é permanente, exceto a mudança. Devir (processo de transformação): a mudança ou o que faz se transformar. Dele que vem a ideia de que não é possível se banhar 2 vezes no mesmo rio, pois as águas já não são as mesmas da primeira vez e o seu corpo já não é mais o mesmo. Heráclito identifica que o que faz o mundo se transformar é a tensão entre os opostos. As transformações são feitas por uma relação dialética de tensão entre os opostos. Um dos pais da dialética. Dialética significa diálogo entre os opostos, contradição. . Parmênides de Eléia: Tenta refutar as ideias de Heráclito através de sua obra “Sobre a Natureza”. Ele vai trabalhar que existem 2 posições no mundo: doxa e alétheia. Doxa: Opinião. Essa opinião não necessariamente representa o que é certo ou errado, pois é uma opinião. Pode levar a incertezas. Alétheia: Verdade. Segundo Parmênides, a ideia de Heráclito de que tudo está mudando é uma doxa (opinião). Para Parmênides, nada muda, tudo e uno. O Devir (mudança) de Heráclito é uma ilusão pautada na doxa (opinião). Todas essas opiniões por mais que se apresentem às vezes como opostas vão contribuir com Sócrates e os que virão após Sócrates, principalmente Platão. Pré-socráticos falavam da natureza, a partir de agora (Sócrates) começa-se a se falar do ser humano. 1.1. Tales de Mileto e a origem das coisas Foi um pensador pré-socrático, considerado o primeiro filósofo ocidental que buscou identificar a origem da vida (arché) e a ordem de estrutura do universo (cosmologia). Antes do Tales, a origem das coisas era explicada por mitologia, onde os deuses criaram o mundo. Tales rompe com isso e tenta explicar através da lógica e racionalmente. Através de seus estudos, observações e viagens, percebeu que a água é fundamental para a manutenção da vida. Logo, para ele, a origem da natureza e da vida vem dela que ao longo do tempo se transformou em tudo que temos hoje. Colheita, comércio, vida, tudo depende da água. 1.2. Anaximandro de Mileto, o Ápeiron e a terra cilíndrica. Discípulo de Tales. Buscou elaborar uma teoria para a origem da natureza. Anaximandro discorda de Tales no elemento de origem do universo. Definiu o Ápeiron (ilimitado) como a origem. Uma substância que era gerada pelo oposto entre o frio e o calor, o úmido e o seco, representando o indefinido e o infinito. Tudo veio do Ápeiron, origem única para todas as coisas. Segundo Anaximandro: “o que vem antes e depois do finito, tende a ser infinito”, então, antes de nosso mundo, existia um universo infinito com outros mundos que se dissolveram em matéria primordial, gerando a nossa atual realidade e assim outros mundos também nasceram. Além desse lado, Anaximandro fez um estudo sobre o formato da Terra. Acreditava que a Terra tinha um formato cilíndrico e era cercada por vários anéis cósmicos, sendo o sol e a lua um desses anéis. Os raios de luz chegavam através de furos em volta do planeta. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo 1.3. Anaxímenes De Mileto, O Ar E O Formato Da Terra Anaxímenes de Mileto foi discípulo de Anaximandro, pertencente a escola Jônica. Também trabalhou com os princípios da Arché (origem das coisas) e da Cosmologia (a lógica dos astros e porque as coisas funcionam de tal maneira). Anaxímenes foi aluno de Anaximandro foi aluno de Tales de Mileto que foi o cara que distanciou as explicações mitológicas da filosofia para explicar a origem do universo. Para os filósofos da escola jônica existe uma substância que faz tudo isso funcionar. Tales de Mileto dizia que era a água, Anaximandro de Mileto dizia que era o Ápeiron (substância que não tinha forma que gerava todas as coisas), e agora o Anaxímenes propõe o ar como substância que gerou a vida, a natureza, o cosmo e tudo mais. Para Anaxímenes, a substância primária, que criou todas as coisas é o ar. Percebe que o ar é necessário para a vida. O ar está em constante movimento, quando se condensa se torna visível e quando arrefece vira estruturas sólidas. Então, ele pode gerar tudo através dele (substância primária). Anaxímenes acreditava que nossa alma é fundamental para animar o corpo, e ela necessita de ar. Por isso, ao respirarmos, damos condições necessárias para que nossa alma se mantenha ativa. Na cosmologia, pensa um pouco diferente de Anaximandro. Anaxímenes acreditava que todos os astros eram planos e flutuavam sobre o ar. A terra era feita de ar comprimido e o sol e a lua se originavam dela, girando ao seu redor. 1.4. Demócrito E A Teoria Atômica 2. Filosofia Socrática Seu tema de estudo, ao contrário dos pré-socráticos que estudavam a natureza, é o ser humano. Foco é o ser humano e a sua busca pela verdade, ainda que não haja uma verdade absoluta. Período antropológico. Para Sócrates, é necessário conhecer a si mesmo antes de buscar a verdade, de onde viemos, o que fazemos e para onde vamos. “Só sei que nada sei”. Para ele, a melhor maneira de buscar o conhecimento é através do diálogo, o método socrático é dividido em 4 partes. Sócrates ia para a ágora (praça), sentava com seus discípulos e os ensinava através do diálogo. Método Socrático: . Exortação: Provocação. Convite ou chamado para o debate de ideias. . Indagação: Após a aceitação ao diálogo, deve-se questionar o convidado para saber suas opiniões e ideias. Sócrates nesse momento define o que é opinião e o que é conhecimento, pois opinião todos tem, mas será que todos tem conhecimento para embasá-la? . Ironia: Após os questionamentos, Sócrates passa a buscar os pontos mais contraditórios nas falas do convidado, objetivando uma crescente busca por conhecimento. Esse ponto não é humilhar, mas sim para chegar ao conhecimento. . Maiêutica: Dar a luz. Passa a indicar caminhos para que o convidado descubra o conhecimento por si só. Sócrates foi condenado a morte, acusado de corromper a juventude ateniense a questionar os padrões políticos de Atenas, bem como a democracia e seus líderes. “Não corrompi a juventude, ensinei um método de chegar a verdade”. 3. Platão Foi Discípulo de Sócrates. Fica muito triste com a perda de Sócrates, condenado. Sai em viagem pelas cidades em busca de conhecimento. Retorna para Atenas e funda a Academia de Atenas (escola). Sócrates ensinava na ágora, Platão ensinava na Academia. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo A base das ideias de Platão vem através da Teoria das Ideias. Platão diferencia o mundo sensível (material) e mundo inteligível (ideias). Para Platão, o mundo sensível é uma cópia imperfeita do mundo inteligível. Tudo que vivemos no mundo sensível é imperfeito. O amor platônico entra nesse contexto, pois é um amor perfeito que mora no mundo das ideias, se fosse sensível ele não seria perfeito. Para Platão, todos já estivemos no mundo inteligível e produzimos ideias e conhecimento neste. Ao cairmos no mundo sensível, passamos por uma espécie de amnésia ou esquecimento. Através da busca pela verdade, razão e conhecimento (utiliza método Socrático), podemos passar pelo processo de reminiscência e nos lembrarmos do mundo inteligível. Vai falar que somos baseados na relação corpo e alma. O corpo é finito e mortal, a alma é infinita e imortal. A alma que adquire o conhecimento que estamos falando. Corpo é a carcaça e veículo para a alma. Essa alma é dividida em 3 partes: . Alma apetitiva: busca por sobrevivência. Buscar comida, trabalho. . Alma Irascível: responsável pelos sentimentos. Da a capacidade de amar, sentir raiva, tristeza. . Alma Racional: parte superior, responsável pelo conhecimento. Alma que faz ter consciência de si, que faz chegar à reminiscência. O Mito da Caverna Também conhecido comoAlegoria da Caverna. Através do método dialético, esse mito revela a relação estabelecida pelos conceitos de escuridão e ignorância, luz e conhecimento. Platão descreve que alguns homens, desde a infância, se encontram aprisionados em uma caverna (mundo sensível). Nesse lugar, não conseguem se mover em virtude das correntes que os mantém imobilizados. Virados de costas para a entrada da caverna, veem apenas o seu fundo. Atrás deles há uma parede pequena, onde uma fogueira permanece acesa. Por ali passam homens transportando coisas, mas como a parede oculta o corpo dos homens, apenas as coisas que transportam são projetadas em sombras e vistas pelos prisioneiros. Certo dia, um desses homens que estava acorrentado consegue escapar e é surpreendido com uma nova realidade. No entanto, a luz da fogueira, bem como a do exterior da caverna (mundo inteligível), agride os seus olhos, já que ele nunca tinha visto a luz. Esse homem tem a opção de voltar para a caverna e manter-se como havia se acostumado ou, por outro lado, pode se esforçar por se habituar à nova realidade. Se esse homem quiser permanecer fora pode, ainda, voltar para libertar os companheiros dizendo o que havia descoberto no exterior da caverna. Provavelmente, eles não acreditariam no seu testemunho, já que a verdade era o que conseguiam perceber da sua vivência na caverna. Interpretação do Mito da Caverna Com o Mito da Caverna, Platão revela a importância da educação e da aquisição do conhecimento, sendo esse o instrumento que permite aos homens estar a par da verdade e estabelecer o pensamento crítico. O senso comum, que dispensa estudo e investigação, é representado pelas impressões aparentes vistas pelos homens através das sombras. O conhecimento científico, por sua vez, baseado em comprovações, é representado pela luz. Assim, tal como o prisioneiro liberto, as pessoas também podem ser confrontadas com novas experiências que ofereçam mais discernimento. O fato de passar a entender coisas pode, no entanto, ser chocante e esse fato inibidor para que continuem a buscar conhecimento. Isso porque a sociedade tem a tendência de nos moldar para aquilo que ela quer de nós, que é aceitar somente o que nos oferece através da informação transmitida em meios de comunicação. Desde a Antiguidade, Platão quer mostrar a importância da investigação para que sejam encontrados meios de combate ao sistema, o qual limita ações de mudança. O Mito da Caverna mantém-se muito contemporâneo nas diversas sociedades ao redor do mundo, que preferem permanecer alheios ao pensamento crítico e aceitar as ideias e conceitos que são impostos por um grupo dominante, por exemplo. Política para Platão Platão é crítico ao modelo de democracia ateniense, assim como Sócrates. Nesse modelo os cidadãos mais ricos (eupátridas) tinham o maior poder. Para ele a política deveria ser conduzida por aqueles que tinham a sabedoria e a razão (pessoas que chegaram mais próximo ao mundo inteligível), ou seja, os filósofos. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo 4. Aristóteles Aristóteles não nasceu em Atenas, mas a maior parte de seus estudos foram desenvolvidas na Academia Platônica ou Escola de Atenas. Aristóteles vive no período de declínio na democracia ateniense, no final do período clássico da história da Grécia antiga e início do período helenístico. O período helenístico é quando o império macedônico invade e pega para sai cultura grega. Aristóteles era macedônico, e depois volta para sua terra natal onde vai ser professor de Alexandre, o Grande. Então, Aristóteles está muito envolvido com política, por ser o mentor de Alexandre e estar ligado diretamente a questão de poder. O estudo de Aristóteles é dividido em 2 partes: Teoria Metafísica (vida e humanidade) e Ética Política. Teoria Metafísica Aristóteles se opõe as ideias de seu mentor, Platão. Platão acreditava na existência dos mundos sensível e inteligível (ideias). Aristóteles acreditava que no mundo sensível seria capaz de gerar conhecimento. A essência das coisas está nas próprias coisas e não no mundo inteligível. A metafísica é a base da Filosofia e também o ramo responsável pelo estudo da existência do ser. Por meio da metafísica se procura uma interpretação do mundo, sobre a natureza, a constituição e estruturas básicas da realidade. Entra, então, com a ideia da Teoria Metafísica (chamava de 1ª Filosofia). A metafísica é tudo que envolve algo. Para Aristóteles, as coisas falam por si só e tem um conhecimento em torno delas. Podemos aprender sobre as coisas, através delas próprias. Para Platão, deveria ir ao mundo inteligível para ter acesso a esse conhecimento. Para Aristóteles, as coisas têm um propósito de existir. Teoria das Causas, onde para tudo existe uma causa. As coisas estão ali, pois existe algo que faça elas estarem ali. A teoria das causas é dividida em 4 partes. • Causa Material: Diz respeito à matéria prima formadora de um objeto. • Causa Formal: Forma em que um a matéria prima se tornou para se tornar objeto. • Causa Eficiente: O que fez a forma material se transformar em causa formal. • Causa Final: Qual a finalidade do objeto. Agora que temos o objeto formado, chama-se de substância (matéria + forma). Para Aristóteles as coisas estão em transformação, para que a matéria tome forma. Tem algo que faz a matéria se transformar, o que Platão chama de Potência e Ato. • Potência: Possibilidades do ser. Aquilo que ainda não é, mas pode vir a ser. Petróleo tem potencial para se tornar plástico. • Ato: A situação atual do ser. Aquilo que ele já é. Sabendo de tudo isso, Aristóteles diz que o mundo sensível está gerando conhecimento. Ética e Política Para Aristóteles, para tudo existe uma razão de existir e ser. Isso significa que o ser humano sempre está buscando algo na vida, o que pode variar na forma de buscar ou na concepção, mas no fundo todos buscam a felicidade. Para ele, a ética está intimamente ligada a felicidade, pois todos buscamos algo na vida e todos desejamos ser felizes de alguma maneira. Eudemonismo: Termo utilizado por Aristóteles para designar o objetivo de cada um em buscar o bem-estar social, o “sumo bem”, a nossa felicidade. A ética gira em torno disso, buscar o sumo bem, o conceito de eudemonismo. Para atingir a ética são necessários 3 passos: razão, justa medida, e felicidade. Para buscarmos a ética, precisamos ser portadores da razão, pois a consciência nos dá segurança para discernir entre o certo e o errado. Para isso é necessário ter boa conduta. A justa medida ou meio termo é saber agir sem excessos, evitando os extremos. Assim como um corpo saudável é aquele que evita exageros, uma pessoa ética e feliz é aquela que age com prudência na vida. Para Aristóteles a ética está profundamente ligada à política. A ética é um valor individual, a busca pelo sumo bem. A política está ligada a valores coletivos, o bem comum. 5. As mulheres na concepção de Platão e Aristóteles Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Platão em sua obra “A República”, vai falar sobre questões de formação da sociedade e relação homens e mulheres. Para ele, mulher e homem podem ser dotados de alma racional da mesma forma, possibilitando a capacidade de exercerem cargos dentro de uma cidade- estado, inclusive chefia. Devem ter direitos e deveres civis equiparados. Platão vai, dessa forma, na contramão com o que era pregado na sociedade ateniense, onde as mulheres eram muito submissas aos homens. Aristóteles discípulo de Platão critica muito seu mestre nesse sentido. Trabalha com a ideia de que a alma morre junto com o corpo. Acreditava que as mulheres tinham alma inferior e que eram uma versão incompleta do homem. Acreditava que o sêmen tinha todas as necessidades para dar origem a uma criança e que as mulheres eram só um veículo para que isso acontecesse. Acreditava que as mulheres até tinham a virtudede deliberar só que de maneira ineficaz e inferior as virtudes dos homens. Acreditava que em todas espécies os machos comandavam as fêmeas. 6. Filosofia Helenística Acontece na Grécia durante a dominação do império Macedônico. Cidades-estados sem autonomia. No período clássico os filósofos discutiam também a política, já no período helenístico a política está dominada pela Macedônia, então a maior preocupação dos filósofos é a busca pelo estado de vida pleno. Filósofos em busca pela Ataraxia (estado de espírito, bem-estar, mente tranquila) dos seres humanos. Dessa forma, buscando a felicidade dentro do domínio macedônico, pegam influência de Aristóteles e o conceito de ética e eudemonismo. Haviam correntes dentro da filosofia helenística, cada um com sua maneira de enfrentar e buscar a ataraxia: . Cinismo: Representada por Diógenes. Filosofia que defende que a ataraxia pode e deve ser buscada independente dos bens materiais e do sentimento de pertencimento a grupos sociais. Felicidade não está nos bens materiais e nem em grupos sociais. Existe uma pintura que retrata Alexandre o Grande oferecendo qualquer coisa que Diógenes desejasse, e ele (nu na floresta) deseja que Alexandre saia da frente do sol. . Ceticismo: Representada por Pirro. Devemos suspender nossos juízos de valores sobre as ideias que se opõe, respeitando-as como ideias válidas e diferentes, pois se não julgarmos poderemos atingir a ataraxia. Prega o viver bem respeitando a dialética. Respeitar a tese e a antítese, aceitar essas ideias e não as julgar, buscando o pleno viver. . Epicurismo: Representada por Epicuro. Devemos vencer os nossos medos, como a morte, deuses, sofrimento e dor. Todos esses medos são alimentados por crenças vãs, que nos prejudicam na busca pela ataraxia. Acredita que muitos medos são desnecessários e atrasam o processo de alcançar o estado de espírito pleno. Para Epicuro, devemos buscar os prazeres naturais e necessários (alimentar-se bem), dispensando os não naturais e não necessários (consumo em excesso) e os naturais e não necessários (consumir vinho em excesso). Influência de Aristóteles na questão do meio termo e justa medida. . Estoicismo: Representado por Zenão. Acredita que todos os cidadãos devem ser tratados iguais. Precisamos viver bem através da ética, nos preocupando apenas com o que podemos transformar, como os nossos sentimentos e as nossas ideias. Não devemos nos preocupar com o que não podemos transformar, como a morte e o envelhecimento, e as opiniões alheias. 7. Sofistas Sofista significa sábio. Escola sofista, sábios que mantinham a arte da oratória durante a Grécia antiga. Contemporâneos de Sócrates, Aristóteles e Platão surgindo no período clássico e não deixando de existir no período helenístico e antigo. Recrutavam jovens para suas escolar para formarem bons oradores, onde cobravam um valor para isso. Sofistas são cidadãos atenienses que vão para ágora ensinar as pessoas a fazer política, utilizando a oratória e a retórica. Aristóteles critica os sofistas falando que este só tem o interesse de vencer debates através da oratória. Termos importantes: • Aretê: excelência na arte da oratória. • Erística: a arte do convencimento. Os sofistas são criticados por Platão e Aristóteles por não terem compromisso com a verdade, relativizando-a apenas para vencer os debates políticos. Por isso diz-se que não são filósofos. Em contraposição ao conceito de “Dialética” e da “Maiêutica” determinado pelo filósofo grego Sócrates, os sofistas negam a existência da verdade, de modo que ela surge por meio do consenso entre os homens. O grande nome é Protágoras: “o homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são”. Dessa forma ele fala que não existe uma verdade, existem conceitos e relativização da vida. Cada debate o sofista vai abordar de um jeito para convencer os outros. Hípias: Sofista que se dizia profundo conhecedor da matemática, história, filosofia, música e ciências. Mostrando a capacidade de relativizar as coisas e debater sobre qualquer assunto. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Górgias: nem o mundo sensível nem o inteligível geram conhecimento. O conhecimento talvez seja uma ilusão, pois muda de caso para caso. “O que é para mim é para mim, o que parece a ti é para ti”. Na atualidade, o conceito de sofistas se reflete refere a relativização de todos os assuntos nos debates principalmente na internet. Sócrates falava que opinião é diferente de conhecimento, então sofistas fogem do conhecimento relativizando. 8. Maniqueísmo Maniqueísmo é a ideia baseada numa doutrina religiosa que afirma existir o dualismo entre dois princípios opostos, normalmente o bem e o mal. O maniqueísmo é considerado uma filosofia religiosa, fundada na Pérsia por Maniu Maquineu, no século III, sendo bastante disseminada por todo o Império Romano. Para o maniqueísmo, o mundo é dividido entre o bem, representado pelo “Reino da Luz”, e o mal, simbolizado pelo “Reino das Sombras”, ou seja, um eterno combate entre Deus e Diabo. Para os maniqueístas, toda a natureza material é essencialmente perversa e má, enquanto que a bondade se encontra intrinsecamente presente no espírito e no mundo espiritual. O maniqueísmo, como religião, também era formado a partir do sincretismo, pois Maquineu teria misturado características próprias de várias doutrinas, como o hinduísmo, budismo, judaísmo, cristianismo e zoroastrismo (antiga religião persa) para desenvolver o conceito do maniqueísmo. Devido a definição dualista que caracteriza o maniqueísmo, por extensão este termo também é utilizado para adjetivar qualquer perspectiva de mundo em que haja uma divisão entre aspectos opostos e incompatíveis. Prega o gnosticismo: superação do mal pelo bem. Muitas pessoas consideram o modelo maniqueísta muito simplista, pois se limita em dividir todas as coisas em apenas dois opostos: “o bem e o mal”, “o certo e o errado”, “a causa e o efeito”, “isso ou aquilo” e etc. Por exemplo, acreditar que uma pessoa boa sempre será boa, enquanto que uma pessoa má sempre será má é uma demonstração de pensamento do maniqueísmo. Maniqueísmo político O maniqueísmo político está muito presente nas “competições” entre partidos e políticos durante as eleições, por exemplo. Consiste na oposição entre os pensamentos de rivais políticos, que buscam “demonizar” a imagem do oponente e “santificar” os seus próprios argumentos, mesmo que caiam em contradições, ocasionalmente. Maniqueísmo e cristianismo As ideias disseminadas pelo maniqueísmo eram consideradas uma heresia cristã para o cristianismo. Um dos principais defensores e opositores do maniqueísmo foi o Santo Agostinho, que se dedicou quase dez anos em pesquisas e produção de obras voltadas para a doutrina maniqueísta. No entanto, após se converter definitivamente ao cristianismo, tornou-se um dos principais opositores desta filosofia religiosa. Segundo o pensamento de Santo Agostinho, Deus criou o universo como um ato pleno de bondade e jamais criaria o seu oposto. Santo Agostinho dizia que onde existe deus não existe mau, e que a presença do mau acontecia na ausência de deus. Porém, alguns pesquisadores e teólogos acreditam que algumas das premissas do maniqueísmo tenham sido levadas para o pensamento Cristão Ocidental por Agostinho. 9. Filosofia Medieval Filosofia medieval pode ser divida em 2 correntes de pensamento centrais: Escola Patrística (início da idade média) e Escolástica (baixa idade média) Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Escola Patrística tem como seu grande expoente o filósofo Santo Agostinho (Agostinho de Hipona). É um filósofo do século V, viveu na época do final do império romano., considerado um dos doutores da igreja católica (pessoas que deram uma linha dogmática na igreja) e contribuiu por grande partedo pensamento cristão. É também considerado um doutor para igreja anglicana. Santo Agostinho Fase pré-cristã: Foi um jovem que buscava respostas através da razão, inicialmente teve críticas ao antigo testamento por se opor a ideia de um deus punitivo. Também teve contato com o maniqueísmo, mas posteriormente também se opôs por não aceitar a naturalidade do bem e do mal. Agostinho se converte ao cristianismo após o contato com as epístolas paulinas e com a obra de Platão. Por isso é considerado um filósofo neoplatônico, que cristianizou as ideias de Platão. Platão pensava no mundo sensível e no mundo inteligível. Santo Agostinho também acreditava nisso só que de uma forma cristianizada: mundo sensível (reino dos homens) e mundo inteligível (reino dos céus). Para ele, a salvação é atingida através da conversão, da aceitação de deus e da oração. Dessa forma, atinge-se o mundo inteligível (reino dos céus). Agostinho é um conciliador da fé e da razão. Para ele, há a conciliação desde que a fé esteja como prioridade. Ele valoriza muito a fé, mas não despreza a razão. Dizia que a razão nos faz compreender melhor a fé (leitura por exemplo). “Crer para conhecer”: adquirir conhecimento através da fé. Para Agostinho era possível ter razão sem ter fé, mas era uma razão vazia, que era o que ele tinha na fase pré-cristã. A criação do reino dos homens (mundo) é uma ação de pura e exclusiva bondade de deus. Agostinho dizia que deus era o criador do tempo: existe o início (criação), o meio (reino dos homens) e o fim (a salvação no reino dos céus). Para Agostinho, o amor verdadeiro vem de deus. Para ele os amores terrenos não são verdadeiros, são uma tentativa de amor verdadeiro. Isso se assemelha a Platão que dizia que o mundo sensível é uma cópia imperfeita do mundo inteligível. Agostinho foi convertido ao cristianismo, então ele pregava a conversão pela fé. Olha para sua própria história e aceita a conversão das outras pessoas ao cristianismo. É considerado um dos reformadores das ideias da igreja no século V. Agostinho não aceitava a naturalidade da ideia do bem e do mal. O mal não é algo natural a vida como dizia o maniqueísmo, o mal é a ausência de deus. Dizia que o mal não é obra de deus. O mal é a ausência de deus, onde não há deus o mal se prolifera. Acreditava no livre arbítrio, então existiam pessoas que não queriam receber deus e estavam propensas ao mal. São Tomás de Aquino (século VIII) Filósofo considerado doutor da igreja católica. A sua obra está diretamente relaciona as transformações na baixa idade média. A baixa idade média é um período onde o clero, o feudalismo e a igreja estão sendo questionados. Nesse contexto, a igreja precisa se transformar para continuar se mantendo e mantendo seus dogmas. São Tomás de Aquino vai ser um moldador do que a igreja vai fazer daqui pra frente. Sua obra Suma Teológica participou do conselho de Trento no altar ao lado da bíblia no século XVI. Esse século é o período das reformas religiosas onde a igreja católica estava em processo de transformação, pois surgiram as igrejas de Lutero e Calvino. Conselho de Trento foi uma reunião do clero para tentar moldar o pensamento cristão, para dar uma resposta ao protestantismo. Foi um dos defensores da Escolástica, método dialético que pretendia unir a fé a razão em prol do crescimento humano. Uma de suas maiores obras, Summa Theologica, é o maior exemplo da Escolástica, na qual apresenta relações entre a ciência, razão, filosofia, fé e teologia. Segundo Aquino: “Nada há no intelecto que antes não tenha passado pelos sentidos.” Cristianizou as ideias de Aristóteles. O trabalho de São Tomás de Aquino esteve pautado no realismo aristotélico, em detrimento dos seguidores de Santo Agostinho, inspirados no idealismo de Platão. São Tomás de Aquino mostrava que o mundo sensível é capaz de gerar conhecimento para compreender a fé cristã e a existência de deus. Por isso, Aquino foi um dos pensadores mais destacados desse período, defensor da filosofia escolástica, método cristão e filosófico, pautado na união entre a razão e a fé. São Tomás e Santo Agostinho são conciliadores de fé e razão, porém Agostinho acreditava que a fé vem em primeiro lugar e Tomás colocava fé e razão em um patamar mais próximo. Assim, Tomás de Aquino escreveu inúmeras obras, onde privilegiou a razão e a vontade humana formulando assim, um novo pensamento filosófico cristão. Promovia a ideia de que a razão gera o conhecimento e considera o ser humano como um agente que precisa conhecer seu mundo. Tomás dá uma importância para viver nesse mundo enquanto Agostinho dava importância para viver no reino dos céus. • Santo Agostinho: Crer para conhecer. • São Tomás de Aquino: Conhecer para crer. São Tomás dizia que era possível provar a existência de deus através de 5 vias ou argumentos: Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo 1. Motor: O primeiro argumento, oriundo da Física de Aristóteles, crê que, se tudo que move é movido por algo, não pode ser admitida uma regressão ao infinito, devendo existir um primeiro motor. Deus, assim, é o Primeiro Motor. 2. Causa eficiente: O segundo argumento, oriundo da Metafísica de Aristóteles, defende a ideia de que, se perguntássemos a qualquer fenômeno do mundo sua causa e continuássemos sucessivamente perguntando as “causas de suas causas”, em todos os casos chegaríamos a Deus. 3. Contingente necessário: O terceiro argumento, baseado nas noções de necessidade e contingência de Aristóteles, acredita que, se tudo na natureza fosse contingente, passageiro, é preciso que algo do que existe seja perene. Deus é o primeiro ser, origem de toda necessidade. As coisas têm um motivo de existirem e apenas deus pode ter criado e arquitetado tudo isso. 4. Graus de perfeição: O quarto argumento, inspirado na Metafísica de Aristóteles, pensa que, se todas as coisas na natureza têm uma qualidade, em maior ou menor grau (tamanho, força etc.), é preciso um parâmetro, a perfeição, que é Deus, portador de todos os atributos e qualidades em máximo grau. 5. Governo supremo ou finalidade do ser: O quinto argumento pensa que se, como observa Aristóteles, a natureza possui um propósito, deve haver uma finalidade para toda a criação, a vida não pode acabar após a morte. Agostinho não queria explicar a existência de deus. São Tomás tenta explicar a existência de deus e falar que o mundo terreno gera conhecimento e conseguimos entender a existência de deus (cristianizou as ideias de Aristóteles). A partir de agora a filosofia começa a pensar mais no mundo terreno e ser mais ampla. Essas ideias de Aquino servem para dialogar com as transformações que o mundo está passando, onde a igreja está sendo questionada. Aquino Tenta flexibilizar a igreja católica, mas sem perder o seu poder político e dogmático. 10. Filosofia Moderna A filosofia moderna tenta se afastar da tradição medieval que era exclusivamente ligada a ideia de deus. O renascimento, o humanismo e a diversidade de temas são características dos filósofos que aparecerão no período. Na filosofia moderna podem ter filósofos com ideias relacionadas com deus, mas também pode ter ideias que afastam disso. 10.1. Thomas More (Século XVI) e a utopia Filósofo que trabalhou na corte do rei Henrique VIII na Inglaterra, era cristão e conselheiro do rei. Henrique VIII era um rei absolutista que rompeu com a igreja católica e criou a igreja anglicana e passou a perseguir todos que eram contra o anglicanismo. Por suas duras críticas a sociedade e por se negar a converter ao anglicanismo, foi preso na torre de Londres e condenado a morte. Thomas More escreve uma obra importante chamada de A Utopia. Livro que conceitua a utopia e relaciona a sua sociedade. Esse livro é divido em 2 partes. A Utopia (Livro I): Usa o pseudônimo de Rafael Hitlodeu e faz duras críticas a sociedade inglesa de sua época, afirmando que Londres mantinhaas desigualdades sociais e que o parlamento estava sujeito as normas do rei. Faz críticas ao rei e suas perseguições. A Utopia (Livro II): More conceitua uma ilha chamada Utopia, onde o dinheiro era desnecessário, a propriedade privada era inexistente, o acesso aos serviços públicos era uma realidade e a única exigência era a crença em deus (mas existia uma diversidade de religiões onde a tolerância era praticada – exceto para o ateu). Ele faz isso para fazer uma comparação da sociedade de Londres com uma ilha composta de cidades utópicas que funcionavam na forma ideal em sua concepção. Dessa forma, o conceito de utopia vai atingir outros filósofos e movimentos como os movimentos sociais do século 19. Os primeiros socialistas (Trudon, Saint Simon) criam um socialismo perfeito, sem desigualdades, onde não existirá luta de classes, para sair do capitalismo. Marx e Engels vão chamar isso de socialismo utópico, e esses dois vão chegar com o conceito de socialismo científico. 10.2. Erasmo de Roterdã (Século XVI) e o Elogio da Loucura Contemporâneo a Thomas More. Erasmo de Roterdã nasceu na Holanda e foi um homem renascentista e humanista do século 16. Ele adquiriu sua fama durante o Renascimento, período em que houve um incrível despertar da arte, do pensamento e da literatura, que resgatou a Europa da escuridão intelectual vigente na Idade Média. É um defensor da causa humanista, um humanista cristão (crê em deus e, sobretudo, no livre arbítrio). Acredita que a sociedade pode ser melhorada pelo próprio ser humano. Acha que o ser humano não deve ficar esperando o dia do juízo final e sim tomar as rédeas de sua vida. Era amigo pessoal de Thomas More, e o prefacia de seu livro Elogio da Loucura é dedicado ao mesmo. Tinha relação com o Papa Leão X e também com Martinho Lutero (protestantismo). A reforma protestante acaba sendo muito influenciada por Erasmo de Roterdã. Isso não Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo quer dizer que Erasmo era um protestante ou reformista luterano, porém respeitavam suas palavras mutuamente. Erasmo se negou ao protestantismo, era um reformista da igreja católica que não rompeu com o catolicismo. Foi um cristão crítico a igreja católica, mas diferente de Lutero, não rompeu com o catolicismo, pregando um cristianismo puro como nos tempos de Jesus. Ele não acredita que deva haver uma perseguição ao protestantismo, é um pacifista contra a guerra. Isso o torna um pensador humanista que acredita no ser humano contra qualquer tipo de injustiça. Outra relação com Lutero é que ambos foram da ordem Agostiniana, mas Erasmo se tornou professor de Cambridge. Foram seguidores das ideias de Santo agostinho, que dizia que acreditava na salvação pura (salvação que vinha pela fé). Erasmo e Lutero era contra a venda de indulgências e via que a salvação deveria vir pela fé. Nas ideias de Erasmo estão as bases do protestantismo de Lutero, mas sobre um ponto Erasmo discorda de Lutero, no livre arbítrio. Para Erasmo na liberdade está a força da vontade humana e através dela o homem pode buscar a salvação por seu próprio mérito. Escreveu favoravelmente à doutrina do livre arbítrio, defendida pela Igreja Católica. Desta forma, recebeu a oposição do nascente movimento protestante (principalmente luterano), que defendia a doutrina da predestinação. Erasmo defende um cristianismo puro e original. Cristianismo dos tempos de cristo, puro, que não é influenciado pelo luxo, riqueza, ganância, como foi na idade média e como ele observa agora em sua época (renascimento). Sua obra Elogio da Loucura foi criada antes da reforma protestante de Lutero. Nessa obra, fala da Loucura (obra escrita pela própria Loucura) como se fosse uma divindade presente na vida das pessoas em sua totalidade. Assim, todas as ações da sua época, como as indulgências, a guerra, entre outras, não são obras humanas, e sim da loucura em seu domínio. No livro a Loucura se autoelogia e utiliza do sarcasmo e da sátira para demonstrar o declínio da moral religiosa da sua época. Critica a igreja católica, a venda de indulgências, venda de perdão, venda de simonias. E questiona se as pessoas em sã consciência comprariam essas ideias e acreditam em tudo isso, e justifica que só pode ser a loucura que leva as pessoas a fazerem isso, pois a pessoa em sã consciência não acreditaria que a compra de indulgências a levaria ao perdão. Erasmo era tão irônico e sátiro que dizia que com todas as lascas que foram vendidas como cruz de cristo dava para se construir a arca de Noé. Para ele a loucura é o que movimenta a vida, é a mentira que dá sentido à existência. Nossa sociedade e nós mesmos temos por base a mentira e a ilusão e são elas que encobrem a dura realidade em que vivemos, elas tornam a vida mais atraente. Trazendo para atualidade, questiona-se se o ser humano em sã consciência seria capaz de cometer as loucuras que comete (bombas nucleares por exemplo). A ganancia, luta por dinheiro, poder político mesma coisa. O Erasmo acredita no ser humano e não quer que ele viva esse tipo de coisa e então diz que só pode ser a loucura. Em sua época faz isso de forma irônica e satirizando. 10.3. René Descartes (XVII) Considerado um filósofo racionalista (valoriza a razão em detrimento de outras coisas). Pensando muito mais na ciência e buscando a verdade através de uma forma científica. Para Descartes, as verdades matemáticas são exatas e seguras. Já as verdades da filosofia e da ciência são inseguras e trazem mais desafios. Descartes vai trabalhar na busca pela verdade através de um método científico. Como as verdades são inseguras e não podemos ter 100% de certeza nas coisas, ele diz que devemos desconfiar de tudo, menos das próprias dúvidas. Precisamos desconfiar das fontes, questionar tudo e buscar as verdades. Na teoria das ideias de Descartes, ele parte do princípio que as ideias são inatas, adventícias ou factícias. As inatas são aquelas que antecedem a nossa existência, ou seja, que nascemos com elas. Exemplo: deus, matemática. As ideias adventícias são aquelas que adquirimos através das nossas experiencias e sensações. As Factícias são aquelas que adquirimos através de outras ideias, como por exemplo imaginar algo que não conhece através das experiencias de outras pessoas (meio termo entre as 2 anteriores). Levando em consideração essa teoria das ideias e o conceito de que devemos questionar tudo, Descartes elabora o Método Cartesiano. Nesse método você deve selecionar as dúvidas e as questões que tem interesse em estudar, coloca-se num funil para selecionar as questões mais complexas das simples e vai selecionando e analisando até chegar em algumas verdades ou outras dúvidas, sempre desconfiando e tudo, menos das dúvidas. René Descartes mais tarde aparece com uma outra ideia que está ligada a essas primeiras: Solipsismo. Nesse conceito, ele questiona se existe a possibilidade de estarmos todos sob o domínio de algo maior que esconde a verdade. Como se estivéssemos dormindo um eterno sonho e tudo é ilusão. Até as verdades matemáticas podem nos enganar, pois podem ser ilusões criadas por um demônio, com o objetivo de me levar ao erro no agir, falar ou pensar. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Portanto devemos partir do princípio que existimos, pois nossa consciência está ativa: “Penso, logo existo”. Nesse sentido, você sabe que você existe, mas não sabe que os outros existem. Dessa forma, começa-se a duvidar de tudo e usar o método cartesiano para descobrir as coisas. Na sequência o filósofo busca fundamentar outras verdades através da verdade da existência por pensar. Nosso pensamento é imperfeito, mas somente pode ter sido criado por um ser perfeito que é Deus. Deus sendo perfeito não pode querer nos enganar em relação às nossas sensações e se as nossas sensações também são verdadeiras, o mundo exterior existe e é conforme nós o sentimos e intuímos.Resumo: O Discurso sobre o Método, obra de 1637 de Descartes, é um tratado filosófico e matemático que lançou as bases do racionalismo como a única fonte de conhecimento. Acreditava na existência de uma verdade absoluta, incontestável. Para atingi-la desenvolveu o método da dúvida, que consistia em questionar todas as ideias e teorias preexistentes. Descartes convenceu-se de que a única verdade possível era sua capacidade de duvidar, reflexo de sua capacidade de pensar. Assim, a verdade absoluta estaria sintetizada na fórmula “eu penso”, a partir da qual concluiu sua própria existência. Sua teoria passou a ser resumida na frase “Penso, logo existo”. 10.4. Immanuel Kant (XVIII) Teve contato com obras importantes de filósofos empiristas, como Roger Bacon e filósofos racionalista como René Descartes. Kant procurou encontrar um caminho entre as duas correntes de pensamento. Teve contato também com obra de Rousseau, John Locke. Vai ser um filósofo inserido no contexto do iluminismo. Kant vai viver num período do século XVIII onde existe um contraste de ideias, até mesmo dentro do iluminismo. Vão existir filósofos que acreditavam muito no conhecimento empírico, como Hume, Bacon e Locke. O empirismo é o conhecimento que vem através das experiências, da vivência. E vão existir outros filósofos racionalistas, como Descartes. No racionalismo está mais voltado para a questão científica, onde deve-se desconfiar de tudo menos da própria dúvida. Kant vai tentar unir essas duas formas de pensamento, por isso é considerado um divisor de águas. Para Kant, devemos nos aprofundar apenas nas temáticas que se apresentam, deixando de lado o que não merece ser estudado, que não contribui para a ciência. Dessa forma, contraria Descartes no sentido de que nem toda dúvida deve ser pesquisada, pois talvez não contribuam para a ciência (exemplo Deus). Ao tentar unir o empirismo e o racionalismo cria sua Teoria dos Juízos. Juízos são formas de conhecimento. • Juízo Analítico: Forma de conhecimento segura. Onde numa frase o predicado não altera o sujeito. Ex: todo triângulo tem 3 lados. • Juízo Sintético: Forma de conhecimento mais insegura, onde o predicado altera o sujeito. Ex: Aquela garrafa é verde. Apenas aquela é verde, mas as outras existentes podem não ser. • Juízo sintético a priori: Junção entre as duas primeiras formas de conhecimento. Ex: Todo corpo é pesado. De fato, todo corpo tem massa, por isso pesa. Porém, o peso pode variar. O Juízo analítico é seguro (tese). O Juízo Sintético é inseguro (antítese). O Juízo Sintético a priori é uma junção (síntese) das 2 primeiras formas. Kant não quer descartar nenhuma das formas de filosofia (racionalismo ou empirismo), então trabalha com a dialética nisso onde empirismo é a tese e racionalismo a antítese e a junção entre as 2 formas é a síntese. Ética para Kant Conceito de ética para Kant é um dos mais importantes conceitos que temos hoje na humanidade. Para Aristóteles, a ética era a busca pela felicidade (eudemonia). O Kant vai ser diferente disso e vai dar um sentido mais aprimorado ao conceito ética. Kant vai trabalhar com os imperativos. Imperativos são conceitos baseados nas nossas ações. Existem os imperativos hipotéticos e os imperativos categóricos. • Imperativos Hipotéticos: Ações que são justificadas em um determinado fim ou paixão, mas que não necessariamente tem uma racionalidade ética envolvida. Ex: comprar algo que queremos muito, mas não precisamos e vamos ficar com a renda comprometida por isso. Então tivemos uma atitude baseada na paixão e sem razão. • Imperativos Categóricos: Ações movidas pela razão. É nessa parte que mora a ética. A nossa ética é fundamentada na nossa ação, prática no dia a dia. A ética é movida pela razão. Logo a ética está em uma ação que seja respeitosa, com racionalidade para o bem comum da sociedade. Entendendo o conceito de ética, para Kant vão ter 2 momentos da ética: ética a priori e ética a posteriori. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo • Ética a priori: Algo que vem antes da ética. Julgamento moral de algo que você não viveu e não tem um conhecimento. Se você não conhece, não viveu e não experimentou aquilo, você está fazendo um julgamento moral. Então a ética a priori está ligada diretamente à moralidade. A moral é um conjunto de regras, costumes ou dogmas que são colocados por uma sociedade. Por exemplo, a moral cristã que te impede de fazer algumas coisas e impõe certos tipos de pensamentos. Outro exemplo são legislações que impõe algo que você pode não concordar (aborto). • Ética a posteriori: Através da razão conseguimos definir os preceitos éticos, baseados na ação individual, no respeito, e na universalidade do conceito. Você experimenta, acaba aprendendo sobre aquilo e ai você vai achar suas respostas e fazer seus julgamentos. Baseando no que já viveu. A ética está pautada na atitude individual e a moral é uma imposição. Segundo Kant, mesmo pautada na ação individual, a ética deve estar acima da moral, pois os preceitos éticos devem se universalizar para o convívio em sociedade. O viver bem em sociedade e o respeito precisam estar acima da moral. A ética deve estar acima da moral, pois a moral é uma imposição e não necessariamente embasada na racionalidade e na experiência. Já a ética é uma questão de vivência. Como saber se estamos sendo éticos? Aja de acordo com o que gostaria que agissem contigo. Para Kant ética é um valor individual que deve ser atuado universalmente. Moral é uma imposição que colocam. Ética deve estar acima da moral, por isso a ética Kantiana é muito importante na jurídica. 10.5. George Friedrich Hegel (XVIII e XIX) Nasceu na Prússia e foi um idealista dos séculos 18 e 19. Vai ser um filósofo muito influente e vai vir a influenciar posteriormente Karl Marx. Hegel é um idealista Alemão. Lançou a Dialética Hegeliana, onde para toda tese existe uma antítese. Da contradição entre essas duas ideias surge uma síntese. Esse movimento de ideias, para Hegel, transforma o mundo. Acredita que essa síntese faz a sociedade avançar de alguma maneira, e lá na frente ela vai virar uma nova tese com uma nova antítese e assim em diante. Acredita que a sociedade não é estática e é movida através do pensamento, dialética e embate de ideias. Para que essa mudança aconteça o ser humano precisa ter consciência do mundo que está em volta e é aí que Hegel escreve a Fenomenologia do Espírito para tentar mostrar como o mundo vai se transformando, deixando algumas coisas para trás e avança em outras. O espírito em questão é a consciência, todos precisamos ter consciência. É um idealista alemão, então fala muito das ideias (consciência). E para Hegel, existem 3 formas principais de espírito (consciência). • Espírito em si: Primeira consciência que temos quando nascemos. Percepção individual que existimos. • Espírito em outros: Consciência que existem outros ao seu redor e que vivemos em sociedade. • Espírito em ser para si (espírito absoluto): Consciência absoluta que nos permite viver com harmonia em sociedade através de nossa razão. Quando nos tornamos uma pessoa consciente capaz de usar a razão. Essa forma deveria ser atingida através da razão, do pensamento, da filosofia (mãe de todas as formas de ciência e busca pela verdade). Isso é uma forma de dialética. Temos a tese que é o individual, a antítese que é o coletivo e a síntese que seria como você vai alcançar essa razão e harmonizar. Hegel é um filósofo idealista, pois está pensando na forma de transformação através da razão. Marx primeiramente foi um filósofo Hegeliano e depois se tornou filósofo materialista. Para Hegel, os seres humanos nunca foram individuais e sempre tentaram perceber a coletividade. Quando conseguem se organizar, formam uma sociedade. Quando tem a presença do estado, este seria a síntese do indivíduo e da coletividade. A formação do estado em uma sociedadeé a Forma de Espírito Absoluta atingida pelos seres humanos. Mesma coisa acontece com a família, onde há contradição e ideias diferentes, mas essa é a síntese da contradição dos membros dessa família. Na sociedade mesma coisa, muitas pessoas diferentes, famílias diferentes, grupos diferentes, mas nos identificamos como sociedade. A sociedade, então, é a síntese das contradições também. O estado seria a síntese de todas essas contradições. É o resultado que passou por todas as formas até chegar no espírito absoluto. Então no idealismo, a transformação pro Hegel vem através da dialética, do embate de ideias e da contradição. 10.6. Arthur Schopenhauer (XIX) Filósofo da Prússia que em seu tempo não teve muito reconhecimento. Realizou duras críticas ao idealismo Hegeliano. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo É considerado o filósofo da representação. O mundo é feito através da nossa representação (como conseguimos enxergar esse mundo). Tem a ideia de sujeito e objeto. Nós somos os sujeitos e os objetos são representados através de nossa interpretação. Fala que não necessariamente somos seres racionais, pois estamos representando os objetos e o mundo a nossa maneira e essa representação é uma questão muito individual. Vai criticar Hegel, justamente nesse ponto. Hegel falava da dialética, onde as contradições de ideias transformam o mundo. Schopenhauer não concorda com isso e ele escreve em sua obra: O mundo enquanto vontade e representação. Ele fala que os seres humanos são movidos pela vontade. O que faz as coisas acontecerem são as nossas vontades: vontade de viver, se alimentar, adquirir algo. Para Schopenhauer, nós temos vontades muitas vezes passionais e deixamos de lado a razão para consegui-las. Quando conseguimos algo, saciamos a nossa vontade e o que nos resta é o vazio e o tédio, nos tornando infelizes. Como então sair dessa condição? Para Schopenhauer, através da música, buscamos um equilíbrio em nossas vidas: “a música é a vitória do sentimento sobre o conhecimento”. Além disso, Schopenhauer é muito influenciado por religiões orientais, como o budismo e o hinduísmo. Essas religiões buscam um equilíbrio do viver (nirvana) através da meditação e mantras. Ele propõe que devemos tentar neutralizar essas vontades que nos levam à infelicidade através da música e dessa espiritualidade das religiões orientais. Não foi muito bem visto no século XIX, pois nessa época os filósofos queriam discutir a razão, o ser, a matéria. Mas Schopenhauer vai ser muito influente lá na frente para Nietsche e Freud. 10.7. Karl Marx (XIX) Filósofo da Prússia. Vive no contexto da revolução industrial assim como Hegel e outros filósofos, onde as relações de trabalho eram complicadas. Buscou interpretar e criticar o mundo capitalista. Hegel falava sobre a dialética, onde as ideais mudam a sociedade. Marx, no começo de sua carreira como filósofo, vai seguir muito as ideias de Hegel, era um jovem idealista. Com o passar do tempo Marx começa a pender para um lado materialista da compreensão da sociedade. Marx vai tentar trazer que não só as ideias são transformadoras, mas também o materialismo. Marx se propôs durante sua obra muito mais interpretar as relações do capitalismo do que criar uma sociedade socialista. A ideia do materialismo vem com um termo que se chama materialismo histórico e dialético: a sociedade é baseada na relação materialista de produção e essa relação é contraditória. Assim, os trabalhadores devem transformar a sua realidade através da luta de classes. O que define uma sociedade capitalista são as relações de produção entre o dono da fábrica e os trabalhadores dessa fábrica (relação materialista). E o termo dialético faz referência a essa relação extremamente contraditória, pois os trabalhadores são quem estão dando duro na fábrica e quem enriquece de verdade é o patrão. Marx entra, então, com 2 conceitos: estrutura e superestrutura. • Estrutura: relação de produção entre os proprietários e trabalhadores, que vendem sua força de trabalho. Essa relação que faz o mundo capitalista se desenvolver. Isso define uma sociedade capitalista segundo Marx. • Superestrutura: o que está em torno da sociedade, como a cultura. Para Marx, a relação de produção (estrutura) influencia na superestrutura. Por exemplo, o tempo de lazer, de descansar, fazer atividades individuais é definida primeiro pela estrutura. Adequa-se os momentos de lazer, por exemplo, de acordo com as horas de folga do trabalho. Marx é um crítico a esse sistema que valoriza mais a produção do que a qualidade de vida do ser humano e para ele, os trabalhadores devem se movimentar para transformar essa realidade, através da luta de classes. Nesse momento diferencia-se Hegel e Marx. O primeiro diz que as ideias transformarem, o segundo que as ações. Não está falando que a ideia não é importante, mas que deve ser colocada em prática. • Praxis: “os filósofos interpretaram o mundo, cabe a nós transformá-lo”. Transformação material da sociedade. A teoria deve ser seguida pela prática. Segundo Vladimir Lenin, líder da Revolução Russa, sem teoria revolucionária não há prática revolucionária. Marx entra com alguns conceitos para que se tenha consciência antes de transformar a sociedade: • Mais valia: os trabalhadores vendem a força de trabalho para as indústrias, mas não ficam com a maior parte do lucro que é produzido, pois essa maior parte (mais valia) fica com o dono do meio de produção. Então deve-se conscientizar que se os trabalhadores pararem de produzir, o patrão deixa de lucrar. Para chegar nessa conscientização deve se livrar da alienação. • Alienação: quando o trabalhador está alheio ao seu papel na produção capitalista (não tem consciência do produto final), não se organizando para mudar sua realidade e se acomodando. • Fetichismo da mercadoria: quando vemos a mercadoria final, mão levamos em consideração as relações metafísicas de produção envolvidas naquele produto. É como se os objetos tivessem vida própria, como se surgissem sozinhos, sem as mãos humanas. Não se sabe quantas pessoas tiveram que vender sua força de trabalho para formar aquela mercadoria. Marx diz que temos que tomar consciência disso para compreender as relações do capitalismo. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo 10.8. Friedrich Nietzsche (XIX – 1844 até 1900) Nietzsche tem muito contato com a obra de Schopenhauer e com a filosofia grega anterior a clássica (Pré-Socrática). Os filósofos pré- socráticos eram os filósofos da natureza, se preocupavam com outras coisas da vida do que simplesmente com a verdade. Então Nietzsche vai trabalhar com uma parcela da mitologia grega, algo que era mais comum antes de Sócrates. Ele vai trabalhar com uma dicotomia, uma bipolaridade de Deuses (Apolo e Dionísio). Então tem um trabalho Apolíneo e Dionisíaco. Nietzsche trabalha com os conceitos Apolíneo e Dionisíaco, onde Apolo seria o deus grego da lucidez, harmonia e ordem. Dionísio seria o deus da embriaguez, exuberância e desordem. Apolo seria mais a razão e Dionísio mais sentimental. Para Nietzsche, a nossa humanidade, principalmente a partir de Sócrates, se preocupou mais com os conceitos Apolíneos do que dionisíacos, nos levando ao caos, perdendo a humanidade. Somos muito mais preocupados com a razão e ordem do que com sentimentos. E ele vai considerar isso como uma coisa ruim, ao contrário de outros filósofos, uma vez que estamos nos perdendo com essa razão. Utilizamos tanto a razão que estamos destruindo a humanidade. Segundo Nietzsche, devemos buscar um equilíbrio entre razão e sentimento porque a humanidade se desenvolveu muito através apenas da razão e a gente se destrói apenas com a razão. Em sua obra “O Anticristo”, o cristianismo é responsável por esse rumo triste em que a humanidade tomou, pois se sustenta pelo pecado das pessoas, utilizando a salvação como meio de dominação da sociedade.Isso não significa que ele é contra Jesus Cristo, ele está criticando amoral cristã. A busca pela moral/razão cristã, destruiu a sociedade. Ele diz que o cristianismo só sobrevive, pois existem pessoas que pecam e assim ele consegue dominar essas pessoas. Então se não houverem pecadores, não há punição e sem punição o cristianismo não consegue se colocar como dominador, pois esse existe em função da remissão dos pecados. Ele diz que o cristianismo busca uma sociedade perfeita que não é possível de ser alcançada. Ele ainda fala que o budismo, por exemplo, não prega uma sociedade perfeita. Ele trabalha com a ideia de que o cristianismo dá uma ideia falsa sobre a vida, onde você não pode pecar e se você pecar precisa procurar um padre. Para Nietzsche, a morte de Deus tem como a causa principal as nossas ações, a nossa construção de humanidade, onde nos esquecemos das origens, do que era mais puro e bonito. Ele trabalho com a ideia de que matamos deus, o que era mais belo e mais sagrado. O deus que temos hoje não é o mesmo deus da origem dos tempos, pois aquele deus era algo mais belo e destruímos com as interpretações que sofreu. Então critica o cristianismo onde se matava em nome de deus. É uma concepção voltada para o sentimento, onde destruímos deus em nome de uma moral/razão falha ou falsa. Ele diz que através da genealogia da moral que precisamos investigar esses valores e saber discernir qual caminho devemos seguir. Então vem com o conceito que é o niilismo. O niilismo é um conceito amplo que pode ser interpretado de diversas formas pelas sociedades. Não é um conceito definido a priori por Nietzsche, mas como ele trabalha com isso acaba se tornando muito ligado a ele. Desprendendo de Nietzsche entende-se o niilista aquele que é cético, descrente, que não acredita mais que as coisas vão dar certo. Para Nietzsche, o niilismo é uma forma de se distanciar dos dogmas impostos pelo cristianismo, deixar de crer nessa verdade absoluta, desconstruindo-a e estabelecendo uma nova base moral. Trabalha com dois conceitos de niilismo: ativo e passivo. O passivo seria um niilismo próximo a obra de Schopenhauer, que não acredita mais, quer se desprender de valores, mas não propões uma mudança pro mundo. O Nietzsche está mais voltado para o niilismo ativo, que é aquele que não acredita mais no que o cristianismo está passando, que não quer viver os dogmas cristãos, é quer destruir valores morais e estabelecer novos valores tentando propor algo novo. Em sua visão, o super-homem é aquele que compreendeu todo o processo da humanidade e consegue avaliar, propor e dar algo para a sociedade de forma mais equilibrada. Consegue fugir das concepções que a sociedade tenta impor, que estabelece o que é certo e errado. E essa pessoa deve levar isso aos outros, tentando discutir com outras pessoas que estejam nesse ponto de razão equilibrada com sentimento. A obra de Nietzsche vai influenciar a psicanálise, a escola de Frankfurt (essencialmente marxista mas com uma pegada de Nietzsche no sentido de que a razão destrói quando excessiva). Resumo Contexto histórico: Unificação Alemã. Influenciado por: Pensamento Socrático (e opor-se a ele); Baruch Espinoza; Conceitos: Aqui vale salientar que Nietszche se antepunha ao pensamento Espinozano, o qual dizia que o homem buscava preservar-se. Na realidade, Nietszche dizia que além da autopreservação, o ser humano gostaria de expandir o seu "eu" ao mundo. • Ideal Ascético: É uma criação humana para explicar a própria natureza caótica do mundo, dar sentido à vida, tentar organizar o caos. Criação da religião para escorar um objetivo de vida baseado em Deus, pois sem esse ideal ascético (Deus), as pessoas não teriam rumo. • Vontade de Poder (Afirmativo e Negativo): Afirmativo: Quando você domina / conquista o que deseja (ATIVO). Negativo: Quando você restringe / impede as pessoas de conquistarem (REATIVO). Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Exemplo: Afirmativo -> Caçador mata um Leão (Caçador exerce vontade de poder AFIRMATIVO sobre o que deseja). Negativo -> Homem cria leis proibindo à caça de Leão (Homem exerce vontade de poder NEGATIVO sobre o caçador). • Niilismo: É a NEGAÇÃO do mundo da vida (corpóreo e "real") em nome de um Ideal Ascético. Platão era niilista, pois canalizava a vontade de poder a um Ideal ascético (Mundo das Ideias). Cristãos são niilistas, pois negam o mundo da carne/coisas em nome de uma salvação divina (outro mundo, ao invés do que vivemos hoje). Razão: É subdividida em: . Consciência (aquilo que selecionamos do nosso banco de dados). . Inconsciência (aquilo que existe no banco de dados do nosso cérebro, mas não está exposto). A inconsciência é construída com base nos nossos encontros com o mundo (brigas, amores, conversas, estudos, etc.). O nosso corpo responde a partir de tudo que a nossa INCONSCIÊNCIA absorveu durante a vida e, assim, nossa CONSCIÊNCIA tem a função de justificar essa resposta para nós mesmos e para o mundo que nos envolve. Exemplo: Numa separação o corpo pode inclinar-se para a separação e usar argumentos como: "Filhos não devem presenciar brigas", "É estressante para todos os integrantes conviver num ambiente tóxico". Por outro lado, o corpo também pode inclinar-se em permanecer unidos e usar argumentos como: "Fará mal a criança a ausência do pai/mãe", "É melhor consertar uma relação a começar outra" etc. 10.9. Auguste Comte e o Positivismo (1798 - 1857) Filósofo francês fundador do positivismo. Extremamente crítico à metafísica e às religiões. O positivismo é como se fosse uma evolução do iluminismo do século XVIII. No positivismo, pensa-se na ciência como guia de descobertas na sociedade. É uma filosofia que vai identificar que precisamos ser racionais acima de qualquer coisa e confiar na ciência. Para Comte, existem as ciências naturais e as humanas. As ciências naturais não temos controle sobre elas e não conseguimos mudar a naturalidade das coisas. Já as ciências humanas, é o ser humano que cria e desenvolve. Para Comte, as humanas e naturais estão ligadas a uma ordem natural. É diferente do pensamento marxista onde o ser humano pode mudar as coisas. Comte, através do positivismo criou o primeiro método científico para estudar a sociedade. Foi o primeiro a identificar que a sociedade deve ser um objeto de estudo, criando assim a sociologia, que é estudada através de um método científico. É o cara que fala que as ciências humanas também são ciências e existem regras para estudar essa sociedade. A regra básica, ligada ao positivismo, é compreender que a natureza se sobrepõe as ações humanas. Por mais que as ciências humanas existam, existe uma ordem natural para estudar a sociedade. Positivismo: corrente filosófica que estuda a sociedade através de fatos concretos, encarando como algo natural a evolução social. O positivismo é uma via de mão dupla. Com a ideia positivista, entende-se que a linha do tempo da sociedade vai evoluir pensando no progresso. Só que sabemos que a sociedade não é tão linear e progressista assim, pois existem conflitos sociais e desigualdades. Assim, nem sempre temos progressos. Se formos levar o positivismo ao pé da letra, algumas mazelas sociais como o Nazismo seriam colocados como algo em ordem natural. Os dizeres ordem e progresso da bandeira são positivistas. O exército elaborou esses dizeres quando em 15 de novembro de 1889 deram o golpe da república e acabaram com a monarquia. Tinham a justificativa de que a monarquia estava defasada e estava fazendo o Brasil ficar atrasado em relação a outras nações. Os movimentos republicanos do século 19 estão muito ligados à essa ideia positivista. Para Comte, a humanidade passou por processos até chegar ao positivismo. É a chamada lei dos 3 estados: Estado Teológico, Estado Metafísico, e finalmente o Estado Positivo. As ideias positivistas pregam que a naturalidade das coisase para chegar nesse positivismo e esse avanço a sociedade passou por estados. No começo da história as pessoas eram muito ligadas a questões religiosas. Depois os filósofos passaram a questionar essa ideia e pensar de uma forma um pouco mais racional, mas mesmo assim aparece a ideia da metafísica onde se identifica fenômenos acontecendo, mas não necessariamente pautados na ciência. A partir da evolução natural desse processo chega o positivismo. A evolução da religião é a metafísica e a evolução da metafísica é o positivismo. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Com essas ideias, Comte propôs a criação de uma igreja, com a Religião da Humanidade. Essa religião não estava atrelada a deuses e sim na ciência. Com essa religião as ideias positivistas se expandiriam, deixando de lado conceitos teológicos e metafísicos, se preocupando apenas com a ciência e a razão. O problema é que alguns positivistas contemporâneos ao Comte, começam a considerar escravidão e outros processos danosos como fases naturais. 10.10. Émile Durkheim, Fatos Sociais e Suicídio Foi um acadêmico do século XIX, considerado um dos pais da sociologia e influenciado pelas ideias positivistas de Auguste Comte. Faz parte de uma escola sociológica francesa. Junto com Comte vai ser considerado um dos pais da sociologia, estudo científico sistemático da humanidade. Para Durkheim, é preciso estudar os fatos sociais como coisas, pois assim nos distanciamos deles de forma imparcial e nos distanciamos também do senso comum (achismo - tenta achar uma explicação para as coisas, mas sem uma organização e sentido). Então para estudar a sociedade é preciso regras e um alinhamento. Segundo ele, para estudar a sociedade precisamos ser livres de valores morais, nos afastar do senso comum e se afastar dos fatos sociais. Tratar os fatos sociais como coisas, você fica livre de valores e se torna imparcial. Os fatos sociais para Durkheim acontecem independentemente das ações individuais. É como se a sociedade fosse um organismo com vida própria. Nesse sentido tem influência do positivismo, onde não é a ação do individuo que molda a sociedade mas é a sociedade que molda as ações individuais. Para Durkheim a sociedade age de forma coletiva e não individual. Isso acontece muito através da solidariedade. Para ele existem 2 formas de solidariedade: Solidariedade Mecânica e Solidariedade Orgânica. • Solidariedade Mecânica: baseada na consciência coletiva das sociedades primitivas, onde os indivíduos se sentem fazendo parte dela como um todo. Indígenas por exemplo, onde a solidariedade é utilizada para construir sua cultura e contribuir com a sociedade. • Solidariedade Orgânica: baseada na complexidade da vida moderna, através da divisão social do trabalho, onde temos a presença das vontades individuais formando o todo de uma sociedade. A divisão social do trabalho (profissões e cargos) tem uma perspectiva mais individualizada, onde contribuímos para a sociedade de uma maneira mais individual. Elabora a obra O Suicídio. Para ele, o suicídio é um fato social, mas deve ser estudado em 3 formas. • Suicídio Anômico: acontece quando a sociedade está em crise, se degradando. Assim o indivíduo perde as esperanças. Crise de 29, década de 90 no Brasil. • Suicídio Egoísta: quando o individuo não se sente fazendo parte daquela sociedade. Questão individual. • Suicídio Altruísta: quando é feito através de um pensamento voltado para a sociedade. Quando identifica que a sociedade é um bem maior. Kamikazes japoneses. 10.11. Max Weber Foi um pensador alemão nos séculos XIX e XX quando a Alemanha estava se formando um país, o império alemão (1871). Tem grande contribuição para o estudo sociológico, bem como a sua atuação política, participando ativamente do tratado de Versalhes de 1919 e da elaboração da constituição da república de Weimar na Alemanha. A Alemanha é um lugar propício no século XIX para o aparecimento de diversos filósofos, pois está vivendo um período de transformação onde esses discutem muito a sociedade que está vivendo um processo de industrialização. O Tratado de Versalhes definiu que a Alemanha foi culpada ao final da 1ª Guerra. Definiu que não haviam perdedores nem vencedores, mas que a Alemanha deveria pagar uma serie de indenizações. Weber participou desse tratado em 1919 e foi um consultor dos políticos alemães nas negociações. Quando acaba a 1ª Guerra a Alemanha se torna uma república (República de Weimar). Max Weber é uma das pessoas que ajudam na elaboração da constituição. A Alemanha vira uma república democrática de 1919 até o governo de Hitler em 1933, onde vai entrar o 3º Reich. Além de sociólogo foi um diplomata. É uma boa comparação Durkheim e Weber, pois acontece uma bifurcação nos pensamentos onde cada um deles vai para um lado. Durkheim dizia que para fazer a ciência e estudar a sociedade precisa-se ser imparcial, deve-se tratar o objeto de estudo como coisa. Weber discorda disso, pois vivemos essa sociedade e estamos completamente envolvidos nela e somos dotados de particularidades (gostos, prazeres, individualidades). Portanto, não conseguimos entrar nessa imparcialidade. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Outra característica que diferencia os dois é que Durkheim acreditava que a natureza se sobressaía sobre os seres humanos e éramos frutos dessa vontade natural, onde os fatos sociais independem da vontade humana, numa filosofia positivista. O Weber pensa que quem constrói essa sociedade são os seres humano, e que a sociedade existe dessa forma porque temos vontades, ações, desejos e intenções. Assim se distanciam. As ações que os seres humanos fazem são chamadas por ele de ações sociais. Ações que estão construindo essa sociedade. Para Weber existem 4 formas de ações sociais, 2 irracionais e 2 racionais. Irracionais: • Ação Social Afetiva: ações irracionais movidas pelos sentimentos como o orgulho, ódio, amor, paixão. • Ação Social Tradicional: são as nossas ações que fazemos no dia a dia por costumes cotidianamente. Agimos sem pensar no cotidiano: tomar água, dar bom dia, etc. Racionais: • Ação Social movidas por fins: são ações que fazemos através de escolhas racionais, para encontrarmos os melhores caminhos ou as melhores formas de seguir. Raciocina para identificar o melhor caminho a seguir. • Ação Social movidas por valores: ações que realizamos ligadas a valores morais, religiosos, éticos, políticos. Então, apesar dos diversos tipos de ações sociais colocadas por Weber, o mais importante é tentar distanciar a ideia de Weber e Durkheim. São ações sociais em que nós estamos agindo. Na obra “A ética protestante e o espirito do capitalismo”, Weber faz um estudo da sociedade capitalista onde ele é crítico, mas não prega a destruição da sociedade capitalista (não é igual Marx). Faz uma comparação desde o inicio do capitalismo no século XVI relacionando a sociedade capitalista com a reforma protestante, principalmente de Calvino. Ele identifica essa sociedade capitalista como extremamente racional, e diz que ela é fruto de uma organização complexa. O capitalista é extremamente racional e organizado. Weber diz que a origem do capitalismo está ligada ao protestantismo, ao calvinismo. Essa ligação se dá, pois a base do Calvinismo é a poupança. O Calvinismo, através de sua teoria da predestinação, define que o ser humano precisa acumular porque o trabalho da dignidade ao ser humano (esse trabalho é para a igreja). Weber diz que para os Calvinistas é importante acumular. Esses valores de poupança (lucro), organização e disciplina compõem a sociedade capitalista. “A ética protestante e o espirito do capitalismo”: para Weber, o capitalismo se desenvolveu mais em sociedades protestantes calvinistas, devido a organização complexa, acumulação de riquezas e disciplina. O Calvinismo influenciou diretamente o capitalismo. Segundo Weber, o
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