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Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Português e Literatura Interpretação ....................................................................................................................................................... Erro! Indicador não definido. Tipos e Gêneros textuais ................................................................................................................................................................................... 2 Dissertativo-argumentativo............................................................................................................................................................................... 3 Gen. Jornalísticos - Artigos de opinião e editorial ............................................................................................................................................. 3 Gen. Jornalístico - notícia, reportagem, resenha ............................................................................................................................................... 3 Cartas ................................................................................................................................................................................................................ 3 Descrição ........................................................................................................................................................................................................... 4 Narração ............................................................................................................................................................................................................ 4 Textos não verbais e publicitários ..................................................................................................................................................................... 4 Variações linguísticas ........................................................................................................................................................................................ 4 Conotação e denotação .................................................................................................................................................................................... 4 Figuras de Linguagem ........................................................................................................................................................................................ 4 Gêneros Literários ............................................................................................................................................................................................. 9 Elementos da Poesia ....................................................................................................................................................................................... 12 Elementos da Prosa ......................................................................................................................................................................................... 14 Funções da Linguagem .................................................................................................................................................................................... 17 Intertextualidade ............................................................................................................................................................................................. 19 Quinhentismo (Séc. XVI) .................................................................................................................................................................................. 21 Barroco (Séc. XVII) ........................................................................................................................................................................................... 23 Arcadismo (Neoclassicismo) (Séc. XVIII) .......................................................................................................................................................... 24 1ª Geração Romântica (1ª metade Séc. XIX) ................................................................................................................................................... 25 2ª Geração Romântica (1ª metade Séc. XIX) ........................................................................................................ Erro! Indicador não definido. 3ª Geração Romântica (1ª metade Séc. XIX) ........................................................................................................ Erro! Indicador não definido. Realismo (2ª metade Séc. XIX - Séc. XX) .......................................................................................................................................................... 29 Naturalismo (Final Séc. XIX) ............................................................................................................................................................................. 30 Impressionismo (Final Séc. XIX) ....................................................................................................................................................................... 31 Parnasianismo (Final Séc. XIX) ......................................................................................................................................................................... 31 Simbolismo ...................................................................................................................................................................................................... 32 Pré Modernismo.............................................................................................................................................................................................. 33 Vanguardas Europeias ..................................................................................................................................................................................... 35 Semana de Arte Moderna ............................................................................................................................................................................... 41 1ª Fase Modernista ......................................................................................................................................................................................... 42 2ª Fase Modernista ......................................................................................................................................................................................... 44 3ª Fase Modernista ......................................................................................................................................................................................... 46 Poesia Concreta ............................................................................................................................................................................................... 47 Tropicalismo .................................................................................................................................................................................................... 48 Poesia Marginal ............................................................................................................................................................................................... 49 Pós Modernismo ............................................................................................................................................................................................. 50 Música e Literatura no ENEM ...............................................................................................................................Erro! Indicador não definido. Análise de Obras................................................................................................................................................... Erro! Indicador não definido. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Tipos e Gêneros textuais TIPOS TEXTUAIS: Tem a ver com a estrutura do texto. Dissertativo (ou expositivo), argumentativo, narrativo, descritivo e injuntivo. Tipo dissertativo (Expositivo ou Argumentativo) Função de apresentar as informações. . Expositivo Expõe um fato ou acontecimento: reportagem. Não há a intenção de opinar sobre o assunto, mas apenas de apresentá-lo. Um texto puramente dissertativo talvez nem exista, mas o mais próximo que há disso são artigos acadêmicos, como monografias e dissertações (trabalho de conclusão de Mestrado). Normalmente dividido em Introdução, Desenvolvimento, Conclusão. . Argumentativo Expõe o ponto de vista e posiciona-se com argumentos. Os textos de natureza argumentativa são mais abundantes no cotidiano. Há, por exemplo, os artigos de opinião e os editoriais, que defendem o ponto de vista, respectivamente, de especialistas e do veículo de comunicação no qual são publicados. Cartas argumentativas, como as cartas de leitor e as abertas, também são gêneros predominantemente argumentativos. Normalmente dividido em: tese, argumentação, conclusão. Tipo Narrativo Normalmente dividido em: Apresentação, complicação, clímax, desfecho. Personagem, espaço, tempo, narrador ou foco narrativo (1 ou 3 pessoa), história ou trama. Entre os gêneros narrativos ficcionais, podem-se citar os romances, as novelas, os contos, as crônicas narrativas e mesmo as telenovelas, filmes e seriados. Há, entretanto, textos de natureza narrativa não ficcionais, como os depoimentos e as notícias, os quais relatam o que aconteceu, com quem aconteceu, onde, quando e como se deu um fato. Os textos narrativos não ficcionais têm um compromisso com a veracidade dos fatos, ou seja, são fiéis à realidade. Tipo de linguagem: Denotativa (se narram fatos reais, como o fazem as notícias) ou Conotativa (se narram fatos ficcionais, como o fazem romances, contos, etc.). Padrão formal culto (se narram fatos reais, como o fazem as notícias) ou Informal, com a representação de diferentes vozes e, portanto, de diferentes registros (narrativas ficcionais). Tipo descritivo Detalhar situações, lugares, coisas ou pessoas nos mínimos detalhes. Função de detalhar o ambiente. Sempre estará compondo outro tipo textual. Há poucos textos reais que sejam puramente descritivos, e os relatórios seriam um bom exemplo. O mais comum é que trechos descritivos integrem outros textos – dissertativos, argumentativos, narrativo - nos quais é necessário apresentar uma realidade qualquer antes de versar sobre ela. Por isso, o nível de subjetividade nas descrições é variável. Quando são feitas em textos de caráter dissertativo- argumentativo, costumam ser mais objetivas; quando fazem parte de textos literários, apresentam uma forte carga de subjetividade. Tipo Injuntivo Texto que expressa uma ordem. Texto instrucional. Verbos no imperativo. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Tipologia Textual Características Respostas no ENEM Texto Narrativo História, Enredo, Personagem, Espaço, Tempo, Narrador. Pretérito Perfeito Relatar... Contar... Narrar... Texto Descritivo Imagem Verbal (Física ou Psicológica/Objetiva ou Subjetiva) Presente do Indicativo ou Pretérito Imperfeito do indicativo Mostrar... Exibir... Caracterizar... Apresentar... Texto Dissertativo Argumentativo ou Expositivo Comprovação de Tese por meio de Argumentos Comprovar... Argumentar... Persuadir... Informar... Expor... Texto Injuntivo Instrucional ou Normativo Imperativo, Infinitivo ou Ordens Modalizadas Sugerir... Induzir... Ordenar... Orientar... Convencer Texto Preditivo Previsões, Horóscopos, Profecias, Previsões de Tempo... Prever... Adivinhar... Aconselhar... Texto Dialogal A base textual é o diálogo entre personagens Apresentar diálogos entre personagens GÊNERO TEXTUAL: Texto (verbal ou não) com determinada função prática, social, comunicativa. Ex: telefonema, panfleto, bilhete, cardápio, romance, artigo de opinião. É a aplicação da tipologia (estrutura) no cotidiano. . Gêneros textuais narrativos: Crônica (cotidiano), conto (fictício), piada (quebra de expectativa). . Gêneros textuais descritivos: Sempre estará junto com outras tipologias, como a narração, exemplo: no romance (narrativa longa), há partes descritivas para constituir o imaginário do leitor. . Gêneros textuais dissertativos: Reportagem (apresenta o conteúdo), resumo (essência do texto, como esse post), resenha (resumo + opinião). . Gêneros textuais injuntivos: receitas e manuais. Dissertativo-argumentativo Gen. Jornalísticos - Artigos de opinião e editorial Gen. Jornalístico - notícia, reportagem, resenha Cartas Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Descrição Narração Textos não verbais e publicitários Variações linguísticas Conotação e denotação Figuras de Linguagem Metáfora As palavras metafóricas suspendem o significado cristalizado dos vocábulos na língua, ou seja, extrapolam o sentido denotativo dos termos, a compreensão convencional das palavras como elas se encontra no dicionário. Usar uma palavra com sentido diferente do dicionário. . Dos meus olhos escorreram pérolas. . Você é luz, é raio estrela e luar. . O girino é o peixinho do sapo. O silêncio é o começo do papo. O bigode é a antena do gato. O cavalo é pasto do carrapato. Comparação ou Símile Tipo de metáfora realizada de modo mais nítido, pois a relação de similaridade entre os termos aparece construída por alguns elementos conectivos, tais como: igual a, tal qual, da mesma forma que, semelhante a, parecido com, que nem, como, também. É importante perceber que a diferença entre a metáfora e o símile é justamente o emprego de tais conectivos. Veja como as metáforas de Mario Quintana se transformarão em comparação, caso sejam acrescidas de conectivos: . Amar é (como) mudar a alma de casa. . A esperança é (tal qual) um urubu pintado de verde. . A mentira é (semelhante) a uma verdade que se esqueceu de acontecer. . Não consigo dizer se é bom ou mau, assim como o ar me aprece vital. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Alegoria É uma imagem que já está consagrada pela cultura ou então uma representação metafórica que se repete ao longo de um texto. . Alegoria da morte é “desenhada” no imaginário ocidental como uma caveira. . A alegoria da justiça é uma mulher de olhos vendados. Catacrese É o emprego de uma certa expressão metafórica, com um caráter mais coloquial, que ficou consagrado na língua para denominar algo concreto. Exemplo: pé da mesa, asa da xícara, braço do rio, cabeça de alfinete, céu da boca, batata da perna, orelha do livro, pé de página, maçã do rosto, embarcar no trem, tomar um ônibus, dente de alho, boca do estômago. Metonímia Consiste na utilização de um termo por outro. É a figura que representa a parte pelo todo. As relações metonímicas podem ser de: a. Parte / Todo . “O bonde passa cheio de pernas...” (pessoas) . “As velas do Mucuripe vão sair para pescar.” (barcos / pescadores) . “Um par de seios caminha em minha direção.” (mulher) b. Marca / Produto Devido ao poder emblemático da mídia, é comum a utilização de uma marca em vez do nome do produto. São exemplos disso: Toddy / Nescau (em vez de achocolatado em pó), Maisena (no lugar de amido de milho). c. Artista / Obra . Sou alucinado por Guimarães Rosa, mas leio mais Drummond. . Estava em dúvida se ouviria Caetano Veloso ou se veria um Fellini. d.Continente / Conteúdo . Ela tomou oito taças de vinho. . Ele comeu três pratos de feijoada e bebeu dois engradados de cerveja. Antonomásia É uma espécie de metonímia, pois, em vez de se empregar o nome da pessoa, utiliza-se de uma expressão que possa identificá-la. Exemplos: . Comemorou-se em 2006 o centenário do voo do 14 Bis, criado pelo pai da aviação. (= Santos Dumont) . O Boca do Inferno foi um dos mais agressivos poetas do barroco. (= Gregório de Matos) . O poeta dos escravos é o autor de Espumas Flutuantes. (= Castro Alves). . O Poetinha se autodenominava o branco mais preto do Brasil. (= Vinicius de Moraes) . O autor de Iracema teve também uma produção significativa de dramaturgia. (= José de Alencar). . O filho de Deus veio para nos alertar. (= Jesus Cristo) Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo . O rei do futebol brasileiro entrou para a política. (= Pelé) Perífrase Consiste na substituição de um nome curto por uma expressão mais longa que o caracterize. É muito semelhante à antonomásia, mas enquanto esta diz respeito às expressões que permitem identificar os nomes próprios, a perífrase – ou circunlóquio – envolve as expressões que caracterizam também os nomes comuns. Exemplos: . O rei da selva (= leão) . A cidade luz (= Paris) . A última flor do Lácio (= língua portuguesa) Antítese Emprego de termos antagônicos para reforçar a ideia de oposição. Exemplos: . “Última flor do lácio, inculta e bela, és, a um tempo, esplendor e sepultura.” . “Todo sorriso é feito de mil prantos, toda vida se tece de mil mortes.” . “Residem juntamente no teu peito um demônio que ruge e um Deus que chora.” . Uma noite longa, pra uma vida curta. Paradoxo ou oximoro Expressão absurda que pode inclusive ser gerada por imagens antitéticas inconcebíveis. Ideia que se anulam. . O amor é fogo que arde sem se ver/ é ferida que dói e não se sente/ é um contentamento descontente/ é dor que desatina sem doer. . Para conhecer meu interior é preciso sair de mim. . Que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre... sempre acaba. Prosopopeia Atribuição, a seres inanimados, de capacidade dos seres animados. Ou atribuição de características humanas a animais e coisas, por isso é também chamada de personificação. Os textos de literatura infantil e as fábulas empregam frequentemente essa figura de linguagem. . “A lua / tal qual a dona do bordel / pedia a cada estrela fria / um brilho de aluguel”. . “As casas espiam os homens / que correm atrás de mulheres.” . O sol beija meu cabelo, as ondas lambem minhas pernas. Sinestesia Fusão de sensações (audição, tato, visão, paladar, olfato). Essa figura de linguagem foi marcadamente utilizada pelos escritores do Simbolismo, no final do século XIX, e pelos neossimbolistas da Segunda Fase do Modernismo brasileiro. Exemplos: . “Tem cheiro a luz, a manhã nasce... Oh! Sonora audição colorida do aroma.” (Cruz e Sousa) . “Estou vendo aquele caminho / cheiroso da madrugada.” (Cecília Meireles) . Ela estava usando um perfume doce. . “O delírio do verbo estava no começo, lá / onde a criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos”. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Hipérbole Ocorre quando se emprega uma expressão exagerada para traduzir uma ideia. Na maioria das vezes, isso se dá porque o autor ou falante quer impressionar, comover ou “chocar” seu interlocutor. . Morrer de rir. . Paixão cruel desenfreada, te trago mil rosas roubadas. . “Rios te correrão dos olhos, se chorares!” . “Por você eu dançaria tango no teto/ Eu limparia os trilhos do metrô/ Eu iria a pé do Rio a Salvador”. Eufemismo O eufemismo é empregado para abrandar uma informação, evitando a utilização de termos que possam agredir ou assustar o receptor da mensagem. . “No mucambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava.” (Seduzir / seios, genitália). . Ele contraiu o mal de Lázaro. (A lepra). . Eu os vi daquele jeito, como vieram ao mundo. (nus). . Você faltou com a verdade. (Você mentiu.) Ironia Faz uma afirmação querendo dizer o contrário. Reconhecida por uma entonação sarcástica ao se pronunciar a ideia. Muito utilizada em quadrinhos. Machado de Assis explorou bem a ironia. Anáfora Repetição da mesma palavra ou construção no início de várias orações, períodos ou verbos. . Quando não tinha nada eu quis/ Quando tudo era ausência esperei/ Quando tive frio tremi... Aliteração Repetição de consoantes. . Minha mina minha amiga minha namorada./ Minha gata minha sina do meu condomínio/ Minha vida minha musa minha monalisa. Assonância Repetição de fonemas vocálicos. . A minha alma, tá armada e apontada para a cara do sossego. Pleonasmo Expressões redundantes com o intuito de reforçar uma ideia. . “Morrerás morte vil na mão de um forte.” (Gonçalves Dias) . “Me sorri um sorriso pontual.” (Chico Buarque) . “Quero converter-vos a vós.” (Padre Antônio Vieira) . “Amanheci minha aurora.” (Guimarães Rosa) Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Onomatopeia Reproduzir na escrita um som. Paralelismo Repetição de palavras ou estruturas que se correspondem quanto ao sentido. . A voz de alguém nessa imensidão/ A voz de alguém que canta/ A voz de um certo alguém/ Que canta como que pra ninguém. Neologismo . Te carinhar com minhas mãos. Hipérbato Inversão sintática (sujeito, verbo e complemento). . “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas, de um povo heroico o brado retumbante.” Ordem direta: As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico. . “Porque brigavam no meu interior esses entes de sonho não sei.” (Graciliano Ramos). Ordem direta: Não sei porque esses entes de sonho brigavam no meu interior. . “Passarinho, desisti de ter.” (Rubem Braga). Ordem direta: Desisti de ter passarinho. Paronomásia Palavras parecidas. . Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs. Elipse Omissão de palavras. . “Veio sem pinturas, um vestido leve, sandálias coloridas.” (Rubem Braga). Elipse do conectivo com, que aparece subentendido: “Veio sem pinturas, com um vestido leve, com sandálias coloridas.” • “No mar, tanta tormenta e tanto dano.” (Camões). Elipse do verbo haver, antes dos advérbios “tanta” e “tanto”. Gradação É a apresentação de uma série de ideias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax). . “Amor é assim – o rato que sai dum buraquinho: é um ratazão, é um tigre leão!” (Guimarães Rosa) . “O trigo nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se, mediu-se.” (Padre Antônio Vieira) . “Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Monteiro Lobato) . Eu sou, eu fui, eu vou. Anacoluto Palavras ou expressões inseridas no início de um período sem desempenhar função sintática. Exemplos: . “Eu, também me parece que as leio, mas vou sempre dizendo que não...” (Almeida Garrett) Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo . A rua onde moras, nela é que desejo morar. . Amigos, há muito não os vejo. . “Poesia, ninguém gosta de choradeiras poéticas, ora! Poesia é outra coisa.” (Mario Quintana) Apóstrofe É uma interpelação da voz poética às divindades, pessoas, ou coisas personificadas. A apóstrofe traduz uma sensação de súplica e lamentação. No início das orações, portanto, é comum a presença da apóstrofe, já que a voz devota clama: . Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?! [...] / Ó mar, por que não apagas / Andrada! Arranca este pendão dos ares! / Colombo! Fecha a porta de teus mares! Zeugma Omissão de algum vocábulo já mencionado anteriormente. Exemplos: . “As quaresmas abriam a flor depois do carnaval, os ipês, em junho.” (Rachel de Queiroz) . “Nossos bosques têm mais vida, / Nossa vida mais amores.” (Gonçalves Dias). “A igreja era grande e pobre. Os altares, humildes.” (Drummond) Assíndeto É a omissão das conjunções ou conectivos. Por isso se encontra nas orações assindéticas, nas quais os elementos têm uma autonomia e um valor equivalente, sem qualquer ideia de superioridade ou subordinação. Exemplos: . “Vim, vi, venci.” (Expressão atribuída a Júlio César) . “A barca vinha perto, chegou, atracou, entramos.” (Machado de Assis) . “Eu tinha a fama, a palavra, a carreira política...” (Joaquim Nabuco) Polissíndeto Como o próprio nome já indica, é o emprego de vários conectivos, que aparecem reiteradamente no texto. . “O quinhão que me coube é humilde, pior do que isto: nulo. Nem glória, nem amores, nem santidade, nem heroísmo.” (Otto Lara Resende) . “Vão chegando as burguesinhas pobres, e as crianças das burguesinhas ricas, e as mulheres do povo e as lavadeiras da redondeza”. Gêneros Literários Gêneros Lírico, Épico e Dramático. GÊNERO LÍRICO Contrapondo-se ao gênero dramático e ao épico, na maioria das vezes, as obras líricas não têm o objetivo de representar o mundo exterior, mas de criar e dar vazão ao mundo interior e subjetivo do Eu. Esse caráter intimista, típico da poesia lírica, está presente até nos possíveis trechos narrativos nela inseridos. Extremamente alusiva e metafórica, a poesia lírica possibilita diversas interpretações, o que lhe garante um caráter polissêmico. Entre as principais espécies do gênero lírico: Soneto Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Poema dotado de uma regularidade métrica: constitui-se de dois quartetos e dois tercetos, com versos decassílabos ou alexandrinos (doze sílabas poéticas). Além disso, outra característica marcante dos sonetos é a musicalidade, que se manifesta não só pelo ritmo, mas também pelas rimas, quase sempre empregadas. Elegia Poema de tom funesto, macabro, melancólico e pessimista. Tamanha descrença presente nas elegias pode aparecer associada a uma questão particular (uma decepção amorosa) ou social, política, econômica (retratação de temáticas, como a seca nordestina, as guerras mundiais, as perseguições durante os períodos ditatoriais, a dizimação da cultura indígena, a preocupação com o futuro da humanidade). Ode Poema construído com o objetivo de elogiar alguém ou algo. Por isso apresenta uma linguagem grandiloquente, exaltatória, entusiasta. Entretanto, alguns poetas empregam o termo “ode” de maneira irônica. O conteúdo do poema, nesse caso, será paródico e sarcástico. HaiKai O haikai, em sua origem oriental, apresenta uma forma fixa (formado por três versos: o primeiro com cinco sílabas, o segundo com sete e o terceiro com cinco). Geralmente, retrata cenas da natureza, principalmente as estações do ano. O poeta Bashô é o mestre dessa forma lírica. No Brasil, o haikai passou a ser escrito principalmente a partir do século XX, e, no que se refere ao aspecto formal, adquiriu variações métricas. Os modernistas encontraram no haikai, assim como também no epigrama, um modelo de produção adequado para a elaboração de uma poética sucinta, telegráfica e cinematográfica. Entretanto, à linguagem concisa e dinâmica do haikai e do epigrama, os modernistas acrescentaram a ironia e a sátira. Por isso, os poemas breves dos modernistas passaram a ser chamados de poema-piada ou poema-minuto. Alguns poemas de Oswald de Andrade, presentes em seu livro Pau-Brasil, exemplificam essa influência do haikai no Modernismo brasileiro. GÊNERO ÉPICO As primeiras manifestações literárias pertencem ao gênero épico, como exemplificam as epopeias Odisséia e Ilíada, de Homero. Vinda dos gregos e, posteriormente, passando por outras culturas, a poesia épica narrou os grandes acontecimentos da história da humanidade. A Eneida, de Virgílio, A Divina Comédia, de Dante, o Paraíso Perdido, de Milton, e Os Lusíadas, de Camões, são o retrato de um povo e de uma cultura, narrado, simultaneamente, com elementos reais, históricos e míticos. As epopeias são geralmente recitadas por um narrador na 3ª pessoa (denominado de aedo), que, inspirado pelas musas, relata os grandes feitos e martírios de um herói. Isso significa que há um distanciamento entre quem conta a história (narrador) e quem a vivencia (herói) – situação diferente do que se passa no gênero lírico, em que o eu poético na primeira pessoa expressa seus sentimentos íntimos e subjetivos. O herói, na literatura épica, representa toda a coragem e a grandiosidade de seu povo e de sua pátria. Ainda que mortais, os heróis, escolhidos e ajudados pelos deuses do Olimpo, são modelos a serem seguidos pelos homens comuns. A exaltação da pátria e do povo que a constitui é um dos principais elementos na formação de um texto épico, além de indispensável recurso para se forjar um sentimento e uma ideia de nacionalidade. No Brasil, por exemplo, vários textos como O uraguai, de Basílio da Gama, Caramuru, de Santa Rita Durão, e tantos outros de tonalidade épica como I–Juca Pirama, de Gonçalves Dias, Cobra Norato, de Raul Bopp, e Martim Cererê, de Cassiano Ricardo, demonstram como a construção de uma nação está diretamente interligada a uma literatura épica. Muitos autores modernistas parodiaram os textos épicos por meio de uma narrativa cômica, como exemplificam os livros Macunaíma, de Mário de Andrade, e História do Brasil, de Murilo Mendes. Principais variações do gênero épico, merecem destaque as epopeias e, entre os textos em prosa, a fábula, a novela, o conto, a crônica, o diário. Epopeia Texto narrativo (ainda que escrito em versos) que se constitui de cinco partes: proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo. A primeira parte evidencia a proposta do autor, o tema que será apresentado; a segunda se estrutura a partir de um clamor às musas (musa da memória) para que elas ajudem o poeta / aedo a se lembrar dos feitos para cantá-los; a terceira corresponde a um agradecimento e a uma dedicatória que se destinam, na maioria das vezes, aos mecenas que financiaram a composição da obra. Depois de todas essas partes introdutórias é que se inicia a quarta etapa, na qual realmente ocorre a narrativa das andanças e das façanhas do herói. Na quinta e última parte, há o epílogo, trecho em que o narrador retoma, sucintamente, todo o enredo da epopeia e retrata o desfecho. Literatura de cordel Também é um texto narrativo produzido em versos, o que o aproxima das antigas epopeias. Amplamente divulgada no Nordeste, a literatura de cordel é uma manifestação literária produzida pelo povo e para o povo, o que legitima o seu intuito didático, moralizante e lúdico. O cordelista é um poeta popular que se vê no direito e no dever de alertar, conscientizar e instigar a população contra os desmandos do mundo: quer seja sobre as questões políticas, quer seja a respeito do êxodo para os grandes centros urbanos. Mas, juntamente com essa retratação da dura realidade miserável do sertanejo, que é martirizado pela seca ou pela injusta política, o cordel também procura diverti- Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo lo, idolatrando-o nas histórias de aventuras ou ridicularizando-o como um “corno”, nas narrativas sobre traição. Além disso, destaca-se a função do cordel de ser uma “história” em versos que retrata heróis do sertão, como Lampião, Maria Bonita, Antônio Silvino, Padre Cícero e Antônio Conselheiro. Outra riqueza da literatura de cordel encontra-se nas ilustrações dos folhetos, feitas pelos próprios autores, na maioria das vezes, com o emprego da xilogravura. Novela Desde a Idade Média, a novela já existia e era lida pelos integrantes da nobreza e do clero. Estruturada com um número grandioso de personagens, que aparecem e desaparecem dentro da narrativa, ainda que mantendo a continuidade do enredo, a novela atrai o público pelo seu dinamismo. Entre as mais famosas novelas de todos os tempos, estão Satiricon, escrita por Petrôniono século I, e Decameron, de Boccaccio, escrita no século XIV. No Brasil, merecem destaque as novelas O tempo e o vento, de Erico Verissimo, e Um copo de Cólera, de Raduan Nassar. É importante que não se confunda a novela com a telenovela, que é uma das mais recentes espécies do gênero dramático. Romance O surgimento e a divulgação do romance estão relacionados com a ascensão da burguesia no século XIX e com a invenção da imprensa. Inicialmente, o romance foi divulgado nos jornais da época por meio de folhetins que lançavam os capítulos com uma certa periodicidade, prendendo a atenção do novo público que se formava. Somente depois, os romances foram lançados em formato de livro. Nas obras de Machado de Assis, o autor ridiculariza a atração do público, principalmente o feminino, em busca dos romances românticos, tão recorrentes na sociedade oitocentista. Diferentemente da novela, que se constitui apenas de um núcleo narrativo, a estrutura do romance apresenta vários agrupamentos épicos: o enredo principal (construído pelos protagonistas) e as cenas secundárias, além das micronarrativas, que formam o segundo plano da obra. Crônica A Crônica é um tipo de texto narrativo curto, geralmente produzido para meios de comunicação, por exemplo, jornais, revistas, etc. Além de ser um texto curto, possui uma "vida curta", ou seja, as crônicas tratam de acontecimentos corriqueiros do cotidiano. Portanto, elas estão extremamente conectadas ao contexto em que são produzidas, por isso, com o passar do tempo ela perde sua “validade”, ou seja, fica fora do contexto. No Brasil, a crônica tornou-se um estilo textual bem difundido desde a publicação dos "Folhetins" em meados do século XIX. Como o nome evidencia, o tempo utilizado nessa espécie do gênero épico é o cronológico, linear. Isso significa que os episódios são relatados em uma ordem sequencial, progressiva, como o arrastar das horas, dos dias, dos meses ou das estações do ano na realidade. Essa proximidade com o tempo real, bem como a intenção de retratar cenas do cotidiano, faz com que uma das principais características da crônica seja a verossimilhança. No Brasil, destaca-se o nome de Rubem Braga como um dos maiores cronistas de todos os tempos. Conto Relato conciso, centrado apenas em um núcleo narrativo. Outra característica do conto é a “superficialidade” utilizada para descrever a maioria das personagens, muitas delas nem mesmo recebem nome. São tratadas apenas como a mulher do professor, o médico, o vizinho, a filha do jornalista, o mendigo, etc. Os fatores que diferenciam o conto da crônica são: a temática (o conto é mais lúdico enquanto a crônica é mais verossímil) e a linguagem empregada neles (o conto utiliza expressões mais metafóricas, enquanto a crônica trabalha com um vocabulário mais denotativo). Por sua vez, há também os contos que retratam o cotidiano de maneira poética e subjetiva. Nessa concepção de contos poéticos, destacam- se os trabalhos de Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Dalton Trevisan, Caio Fernando Abreu, entre outros. Fábula A fábula é uma narrativa de cunho didático-pedagógico, em que as personagens (animais personificados) encenam uma “moral da história”. Ela é, portanto, um texto produzido para conscientizar e educar os leitores. Os mais clássicos autores de fábulas de todos os tempos são: Esopo e La Fontaine. GÊNERO DRAMÁTICO A palavra drama, em sua etimologia, significa ação, por isso, nas espécies do gênero dramático, há o privilégio da ação sobre a narração, o emprego do tempo presente e a estruturação textual feita a partir de diálogos. Ao eliminar a figura do narrador, o texto dramático, em vez de contar um fato, descrevendo-o, opta por encená-lo diante do público, por vivenciá-lo cenicamente. Tragédia Teve seu ápice no século V a.C., na Grécia. É a mais antiga espécie do gênero dramático, que buscou representar, de modo catastrófico, acontecimentos que causavam no público não só terror, mas também compaixão. Sempre pressionado por forças antagônicas, o herói da tragédia tem, na maioria das vezes, de se sacrificar, ou sacrificar a própria família, para proteger ou salvar a sociedade como um todo. Essa atitude é que o torna um herói, livre do egoísmo humano, que privilegia o individual em detrimento do coletivo. Diante da atitude nobre do herói e de sua vida trágica, os homens reconhecem como o destino é algo dado, ao qual todo ser deve se resignar. Assistir à dor Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo do outro, aos sacrifícios aos quais o herói é submetido faz com que as tragédias tenham um caráter catártico. Entre as principais tragédias, destacam-se: Édipo Rei e Antígona, de Sófocles. Comédia Assim como a tragédia, a comédia também apresenta um aspecto educativo, pedagógico e moralizante. Entretanto, ela ensina ao público o que ele deve ou não fazer por meio do riso sarcástico. Em vez de moralizar pela repreensão e pelo sofrimento, a comédia ensina através do humor grotesco. Enquanto na tragédia as personagens são figuras superiores aos homens normais, na comédia, as personagens são caricatas, picarescas, pois correspondem ao que o homem tem de mais ridículo e sórdido, tanto no aspecto moral, quanto no aspecto físico. Por isso, o herói da comédia é denominado clown ou bufão. Entre os autores clássicos de comédia, estão Molière, Plauto, Aristófanes e Shakespeare. [...] nada repreende melhor a maior parte dos homens do que a pintura dos seus defeitos. É um belo golpe para os vícios expô-los ao riso de toda a gente. Suportam-se facilmente as repreensões; mas não se suporta de modo nenhum a troça. [...] O dever da comédia é corrigir os homens, divertindo-os. Drama Assim como o surgimento do romance, no século XIX, esteve diretamente vinculado à burguesia emergente, o mesmo ocorre no gênero dramático em relação ao drama. Este formato também se encontra associado a uma nova classe social que aparece na modernidade, bem como aos novos interesses do homem. Diferentemente do que ocorre na comédia e na tragédia, no drama as personagens assemelham-se às pessoas do cotidiano. Além disso, as ideias de destino, estagnação e manutenção de normas são substituídas pela força de vontade e pela liberdade. A mudança se fez não só no aspecto temático, mas também no estrutural, propiciando a confluência de tempos, espaços, ações e vozes na construção teatral. Isso proporcionou uma enriquecedora modificação no gênero dramático, que, utilizando-se dessas técnicas, encontra- se cada vez mais consagrado na arte contemporânea, originando frutos como as produções de Dias Gomes, Millôr Fernandes, Flávio Rangel, Chico Buarque, Paulo Pontes, Nelson Rodrigues e tantos outros. Auto Essa espécie dramática, muito comum desde a Idade Média, esteve inicialmente vinculada aos interesses religiosos do cristianismo. Por isso, o que caracteriza um auto é o fato de suas cenas e personagens serem bíblicas. No caso brasileiro, o trabalho de catequização realizado pelo Padre Anchieta foi o marco do teatro na historiografia nacional, o que comprova como os autos estiveram a serviço da Igreja e diretamente vinculados a um “projeto civilizatório”. Anchieta construía peças, mesclando os deuses indígenas ao Deus cristão, à Virgem Maria e aos santos. Por meio de um processo gradual, os índios encenavam a nova fé que deveriam assimilar e cultuar. Entretanto, os autos mais contemporâneos rompem e até ridicularizam os moralismos hipócritas dos representantes da fé católica, ainda que permaneçam sustentando o caráter moralizante desse gênero, como exemplifica o Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Mas esse moralismo aparece conciliado ao riso, ao humor educativo e edificante. O riso no Auto da Compadecida propõe-se, portanto, a ferir a sociedade, desmascarando as vilezas do clero, satirizando o egoísmo da burguesia, hiperbolizando a arrogância dos coronéis. No caso da literaturabrasileira, merece também destaque o trabalho “Morte e vida Severina” de autoria de João Cabral de Melo Neto – um texto dramático que funde aspectos dos gêneros épico (pela presença da narração em vários trechos) e lírico (pois é escrito em versos). Nesse auto, o nascimento de “Cristo” é encenado por meio de um novo nordestino (Severino) que surge no mundo. O autor constrói, no cenário do sertão, uma encenação da bíblia a partir da dura realidade nordestina. Além dessas espécies do teatro, o surgimento do cinema, do rádio e da televisão fez com que novos formatos dramáticos fossem construídos, tais como os filmes, as novelas de rádio, as telenovelas e as minisséries. Elementos da Poesia ASPECTOS SONOROS De acordo com o número de sílabas poéticas, os versos são chamados de: . 1 sílaba poética: monossílabo . 5 sílabas poéticas: pentassílabo ou redondilha menor . 7 sílabas poéticas: heptassílabo ou redondilha maior . 12 sílabas poéticas: dodecassílabo ou alexandrino . Mais de 12 sílabas poéticas: bárbaros Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Quanto às estrofes: . dístico (estrofes formadas por dois versos) . terceto (por três) . quadra ou quarteto (por quatro) . quinteto ou quintilha (por cinco) . sexteto ou sextilha (por seis) . sétima ou septilha (por sete) . oitava (por oito) . novena ou nona (por nove) . décima (por dez) Aliteração Repetição de sons consonantais. Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. Percebe-se como a recorrência das consoantes v, z, l, d e s sugeriu o ambiente fugidio, diáfano, etéreo, sinestésico e musical, ao retratar a confusão de vozes voando pelo ar, levadas pelo vento. Assonância Repetição de fonemas vocálicos. “quando a manhã madrugava calma alta clara clara morria de amor” Anáfora É a repetição de uma mesma palavra ou expressão utilizada para traduzir uma ideia de rotina, mesmice, circularidade ou reiterar a importância de algo. Observe a presença anafórica do “que” no poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade. “João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.” Paronomásia Emprego de palavras parônimas, ou seja, que possuem sons parecidos, mas significados diferentes. Palavras como “embolada”, “bolada”, “balada” e “bola” e “rebola” são termos parônimos utilizados por Zeca Baleiro em sua composição “Vô imbolá”. “imbola vô imbolá eu quero ver rebola bola você diz que dá na bola na bola você não dá” ASPECTOS VISUAIS Desde muito cedo os autores passaram a explorar a disposição dos versos na página, construindo um “ritmo visual” para seus textos. Contudo, é na década de 50, do século XX, com o Movimento Concretista, que a visualidade na poesia ganhou maior propriedade. 1. A poesia pode ser construída sem a obrigatoriedade linear do verso, ou seja, da leitura convencional: da esquerda para a direita, do início para o fim, de cima para baixo. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo 2. Um dos elementos visuais que passam a ser valorizados pelos poetas é o próprio espaço em branco da página, que é visto não como vazio, mas como ausência significativa, linguagem promotora de sentido, espaço produtor de ideias. 3. A visualidade na poesia encontra-se também na utilização de elementos não verbais na elaboração dos textos. Assim, significantes mesclam-se a ícones, símbolos, imagens publicitárias. 4. Outra marca da poesia visual construída a partir, principalmente, do Movimento Concretista de 1956 é a exploração do significante (a própria materialidade e imagem da palavra) como um significado em si mesmo. A letra, em seu aspecto formal, já carrega um sentido, como se verifica no poema “Life”, de Décio Pignatari, em que o autor visualiza todo o processo de nascimento e crescimento do ser humano pela sequência das letras que também “crescem” e se “desenvolvem” ao longo do poema. Elementos da Prosa ENREDO O enredo de um texto é o desenrolar da história. Marca-se pelo início, pelo clímax (momento crucial da narrativa) e pelo epílogo (desfecho dos episódios). Caso isso ocorra, o enredo apresenta uma linearidade em sua construção. Entretanto, muitas obras fogem a esse esquema, devido ao fato de seus autores utilizarem diferentes estratégias narrativas, como começar pelo final e depois reconstituir o passado por meio do flashback, utilizarem diferentes vozes narrativas. NARRADOR Ao lermos um texto, sempre escutamos uma voz que nos narra os episódios. É esse alguém que chamamos de narrador da obra, figura ficcional que se distancia do ser real que a criou: o autor. Casos clássicos de construção da voz narrativa: Narrador de primeira pessoa Quando o foco narrativo é de primeira pessoa, tem-se a presença de um narrador-personagem, que relata a história a partir, de seu ponto de vista. A primeira preocupação do leitor será, portanto, reconhecer a subjetividade do relato, o emprego da função emotiva da linguagem. Há também as narrativas de primeira pessoa em que o narrador não é o protagonista, mas apenas uma personagem secundária da história. Nesse caso, ele se porta como uma testemunha, que apenas presenciou os fatos e que os relata. Narrador de terceira pessoa Há basicamente três casos de relatos com o foco narrativo de terceira pessoa: o narrador de terceira pessoa observador, o onisciente e o imparcial. Narrador observador: é aquele que se limita a informar apenas dados externos sobre as personagens. Ele relata somente o que vê, sem qualquer intromissão efetiva nos pensamentos das personagens, pois não tem poder para isso. O relato é feito de modo o mais distanciado possível, com descrições de cenários, de figurinos e de ações das personagens, sem qualquer intromissão introspectiva. Narrador onisciente: como o próprio nome indica, é aquele capaz de saber todas as informações sobre as personagens: o que sentem, o que pensam, o que lembram, por que sofrem. Essa onisciência do narrador propicia ao autor explorar alguns recursos como: o monólogo interior (personagens “conversando” com elas mesmas); o fluxo de consciência (retratação de todos os delírios, recordações e projeções que fluem no pensamento das personagens); o discurso indireto livre (proximidade e até mesmo fusão do ponto de vista do narrador com o ponto de vista das personagens); o flashback (interrupção no tempo presente da narrativa para a inserção de imagens e acontecimentos pretéritos existentes nas recordações das personagens). Narrador imparcial: procura retratar os fatos como um cientista, utilizando um distanciamento do ponto de vista e uma linguagem o mais verossímil possível para que o leitor reconheça no texto a verdade, a ciência, o saber. Esse tipo de construção narrativa foi muito frequente no século XIX, quando a literatura esteve vinculada às correntes biológicas e filosóficas da época. Os autores realistas e naturalistas do Brasil e de Portugal, procuravam fazer romances-tese: obras que tinham o intuito de diagnosticar as patologias humanas e evidenciar a relação do ser com o meio. No caso do Brasil, os romances de Aluísio Azevedo são os melhores exemplos dessa experiência estética. Obras como O cortiço e O homem retratam bem esse apego cientificista da época, por meio de narradores de terceira pessoa que se querem imparciais, embora estejam a todo instante apontando “quadros clínicos” da sociedade ou traçando “diagnósticos” acerca das personagens. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Narrativas polifônicas Um recurso muito rico na elaboração textual é a polifonia: presençade várias vozes narrativas. Por meio dessa estratégia, o autor consegue retratar o enredo, a partir de diferentes pontos de vista, ao ceder a voz a cada uma das personagens que, assim, se transformam em narradores em uma parte do relato. Entretanto, o recurso polifônico não se encontra apenas nas narrativas. Na poesia e na música (origem inclusive do termo), ele também se faz presente. Uma canção que emprega diferentes vozes que cantam trechos da música simultaneamente explora a polifonia, e os poemas que explicitam as várias vozes em sua formação fazem o mesmo. TEMPO O tempo pode ser classificado em uma obra como: cronológico, histórico, mítico, cíclico e psicológico. Claro que em um mesmo livro é possível que haja a confluência de dois ou mais tipos de tempo, o que torna a obra inclusive mais enriquecedora. Tempo cronológico O texto que emprega o tempo cronológico é aquele que privilegia a linearidade da narrativa. A obra é estruturada em uma sequência progressiva dos episódios: início, meio, fim. Os acontecimentos retratados acompanham o movimento do relógio, a periodicidade do calendário, as fases da lua, as estações do ano. Tempo histórico Bem mais específicos e aprofundados são os romances de tempo histórico, que estruturam seus enredos vinculados a acontecimentos verídicos, a episódios vivenciados pela humanidade. Livros que retratam a Segunda Guerra Mundial, Revolta da Vacina são exemplos de obras literárias que utilizam o tempo histórico. Nessas produções, é comum o convívio entre personagens reais e fictícias, são rasuradas as fronteiras entre o real e o imaginário, o documental e o lúdico. Tempo mítico Esse tipo de tempo encontra-se presente nas narrativas folclóricas, lendárias e fabulares. Geralmente, ele é marcado pela imprecisão dos acontecimentos. Ninguém data quando o fato ocorreu, mas sabe-se que ele ocorreu, está na memória coletiva, é passado de geração a geração pelos relatos orais, pelas experiências dos antepassados. É o tempo do “Era uma vez...”. Tempo cíclico As narrativas que exploram esse tipo de tempo são marcadas pela circularidade dos episódios. O livro abre com uma cena e encerra com a mesma imagem, mostrando que o desfecho apenas aponta para o reinício de tudo. O fato é que o tempo cíclico aponta para a ideia do eterno retorno, de uma continuidade das coisas ainda que outros sejam os homens que a vivenciam. Na obra Grande sertão: veredas, Guimarães Rosa emprega o tempo cíclico para demonstrar como o protagonista Riobaldo, assim como qualquer ser humano, não encontra respostas e verdades para a vida, mas apenas contínuas dúvidas e inquietações. O livro inicia e também termina com o termo “nonada”, que, metaforicamente, representa como o homem não consegue entender a própria vida, apenas vive a “travessia”. Tempo psicológico O tempo mais sofisticado na construção de um texto é o psicológico, pois ele exige atenção extrema por parte do leitor, que terá de “ordenar” os delírios e as recordações das personagens em seus momentos de flashback, de fluxo de consciência, de monólogo interior. PERSONAGENS A classificação das personagens em uma narrativa está vinculada ao grau de importância que cada uma delas possui bem como à postura delas no desenvolvimento da obra. Assim sendo, tem-se: Personagens protagonistas São as mais relevantes no enredo da obra, por isso aparecem desempenhando um papel central. Personagens antagonistas São as que proporcionam conflito no enredo ao apresentarem problemas para os heróis. Nem sempre o antagonista de uma obra é uma pessoa. Às vezes pode ser um sistema político, um período de seca, o preconceito cultural, a rejeição social, um fato histórico, etc. Personagens secundárias São as que se encontram em segundo plano dentro da narrativa, não apresentando grande relevância para o enredo. Personagens caricaturais Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo São extremamente ricas e cômicas, embora por trás do riso possa existir toda uma sátira do autor em relação a questões sociais. Personagens tipo São construídas a partir de estereótipos, de atitudes padronizadas, de arquétipos. Isso faz com que tais personagens tenham um caráter metonímico, pois ao se falar de uma, expressa-se o todo, ao se descrever uma identidade particular, pinta-se uma feição coletiva. Além de tais denominações, as personagens também são classificadas de planas (as que mantêm as mesmas atitudes e características psicológicas ao longo da obra) ou esféricas / redondas (que são as personagens que se modificam no decorrer da narrativa, apresentando surpresas para o público). TIPOS DE DISCURSO Depois de ter estudado os possíveis tipos de narradores e a construção das personagens, agora você terá uma apresentação teórica sobre a relação desses dois elementos da prosa ao perceber como o narrador pode, em algumas circunstâncias, ceder a voz às personagens. Há três modos de o narrador propiciar que as vozes das personagens apareçam no discurso: o que se denomina de discurso direto (o narrador interrompe o seu relato e reproduz literalmente as falas das personagens, como ocorre no momento de um diálogo, por exemplo); o modo indireto (o narrador “traduz” as falas das personagens) e o indireto livre (o ponto de vista do narrador se funde ao ponto de vista das personagens para reproduzir os sentimentos e os pensamentos delas). Discurso direto Quando o narrador cede a fala às personagens, deixando que elas explicitamente se comuniquem umas com os outras, são comuns alguns recursos, como o emprego de verbos de elocução (tais como: dizer, falar, perguntar, comunicar, informar, exclamar, explicar, etc.) e a utilização de sinais gráficos (dois pontos, travessão, aspas, itálico). Entretanto, nas narrativas mais contemporâneas, nem sempre os autores utilizam os sinais gráficos para introduzir a fala das personagens. . Então a moça bondosa abriu a janela dando pro Pacaembu deserto e falou: – Vou dizer três adivinhas, se você descobre, te deixo fugir. . Adão e Eva, naquela primeira noite depois de expulsos do Éden, [...] ficaram os dois no vão da porta, Eva perguntou a Adão, queres uma bolacha, e como justamente tinha só uma, partiu-a em dois bocados... . Recobrei-me com alguém que me banhava o rosto. Era Frei Guilherme... “O que aconteceu, Adso?”, perguntou-me... . O réu afirmou: "Sou inocente!" . Os formados repetiam: "Prometo cumprir meus deveres e respeitar meus semelhantes com firmeza e honestidade.". A presença do discurso direto em uma obra propicia ao texto maior dinamismo e caráter cênico, tendo em vista que o diálogo é a estrutura propícia ao gênero dramático. Por isso, um autor o insere para que a narrativa ganhe, em alguns trechos, maior verossimilhança (por retratar fielmente o vocabulário e o “sotaque” da personagem) e rapidez de informações. Discurso indireto De modo oposto ao que ocorre no discurso direto, nos trechos em que aparece o discurso indireto, o narrador não permite que as personagens “falem diretamente”, ele acaba por parafrasear as palavras alheias, reproduzindo indiretamente a fala deles. No plano estrutural, ainda haverá, na maioria das vezes, a presença dos verbos de elocução (indicadores de fala) seguidos por conectivos, principalmente, o que. Veja alguns exemplos: . Perguntei se alguém escutara o tiro, e de que modo o haviam encontrado. O Sr. Demétrio não pareceu muito satisfeito com essas perguntas, sobretudo porque revelavam elas mais de um inquérito policial do que propriamente de uma indagação médica, mas assim mesmo afirmou que o irmão se achava desde cedo limpando o revólver, e que diversas vezes manifestara ele em voz alta o receio de que sucedesse alguma coisa, já que tudo era de se esperar de uma arma velha e emperrada... Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo . No baile da Corte / Foi o Conde D’Eu quem disse/ Pra Dona Bemvinda / Que farinha de Sururu / Pinga de Parati / Fumo de Baependi / É comê bebê pitá e caí. . O réu afirmou que era inocente. Discurso indireto livre O discurso indireto livre é marcado pela fusão do ponto de vista do narrador com o ponto de vista da personagem. Para que isso ocorra, é necessário que o narrador seja de terceira pessoa, onisciente, pois somente assim ele conseguirá mesclar o seu discurso ao discurso da personagem. Efetivamente, a fala é do narrador, pois não há nenhum sinal gráfico ou emprego da primeira pessoa que permitam identificar a voz da personagem, mas, ao se ler a frase, é possível reconhecer que o sentimento e o pensamento que nela se encontram são pertencentes à personagem. . Fez o que julgava necessário. Não estava arrependido, mas sentia um peso. Talvez não tenha sido suficientemente justo com as crianças… . O despertador tocou um pouco mais cedo. Vamos lá, eu sei que consigo! . Amanheceu chovendo. Bem, lá vou eu passar o dia assistindo televisão! Funções da Linguagem A linguagem deve ser estudada em toda a variedade de suas funções. [...] Para se ter uma idéia geral dessas funções, é mister uma perspectiva sumária dos fatores constitutivos de todo processo lingüístico, de todo ato de comunicação verbal. O remetente envia uma mensagem ao destinatário. Para ser eficaz, a mensagem requer um contexto a que se refere [...], apreensível pelo destinatário, e que seja verbal ou suscetível de verbalização; um código total ou parcialmente comum ao remetente e ao destinatário (ou, em outras palavras, ao codificador e ao decodificador da mensagem); e, finalmente, um contato, um canal físico e uma conexão psicológica entre o remetente e o destinatário, que os capacite a ambos a entrarem e permanecerem em comunicação. . A função REFERENCIAL centra-se no CONTEXTO; . A função EMOTIVA centra-se no REMETENTE; . A função POÉTICA centra-se na MENSAGEM; . A função CONATIVA centra-se no DESTINATÁRIO; . A função FÁTICA centra-se no CONTATO ou CANAL; . A função METALINGUÍSTICA centra-se no CÓDIGO. FUNÇÃO REFERENCIAL A função referencial é a mais utilizada, pois a maior parte da produção textual é construída com o intuito de retratar a realidade, de descrever alguns procedimentos científicos ou de refletir sobre questões políticas, históricas e sociais. Tal postura informativa e pragmática pode ser identificada em textos jornalísticos, trabalhos acadêmicos, relatos científicos, manuais técnicos, artigos e reportagens de revistas, entre outros. Linguagem mais descritiva, informativa e “documental”. Em todas essas produções, o autor terá a preocupação de demonstrar como o seu texto está voltado para um estudo objetivo, um dado estatístico, um fato do cotidiano, uma constatação científica – produções que o levam a ser o mais imparcial possível. Essa imparcialidade privilegiada pela função referencial pode ser notada em dois elementos fundamentais na estruturação dos textos: a utilização da terceira pessoa e de uma linguagem denotativa. Não é comum nos textos com função referencial o emprego de termos com duplo sentido, de vocábulos metafóricos ou ambíguos, justamente porque todos os interlocutores devem dar uma única interpretação às informações que lhes são apresentadas. É preciso que exista, desse modo, um máximo de transparência e de objetividade entre a coisa nomeada e a linguagem que a representa, o que faz com que as produções referenciais, centradas no contexto, sejam as mais verossímeis possíveis. FUNÇÃO EMOTIVA OU EXPRESSIVA Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo A função emotiva se opõe à referencial, porque enquanto esta privilegia a imparcialidade do relato, aquela procura justamente o oposto: constitui-se a partir da parcialidade, da emotividade. Devido a essa particularidade, a função emotiva também é denominada expressiva. Nas produções em que há o privilégio da função emotiva, tem-se o emprego da primeira pessoa, que marca a subjetividade do relato. O remetente faz questão de ressaltar o seu estado sentimental, o importante não é o real em si, mas o modo expressivo a partir do qual ele será visto e relatado pelo ser. A sensibilidade do remetente aparece evidenciada nos textos de função emotiva por meio de interjeições, de pontos de interrogação e exclamação, de reticências, do diminutivo ou do superlativo – indícios linguísticos que salientam a expressividade. Oposições entre Referencial e Emotiva: emprego da terceira pessoa x emprego da primeira pessoa; linguagem denotativa x linguagem metafórica; pontuação mais imparcial x pontuação mais emotiva (interrogações, exclamações, reticências); referências científicas e estatísticas x referências pessoais e do cotidiano; linguagem padrão x linguagem coloquial. FUNÇÃO POÉTICA Nas produções que privilegiam a função poética, o texto volta-se para a mensagem, ou seja, há uma preocupação com o jogo criativo do ato da linguagem. O autor valoriza não o conteúdo, a informação, o tema daquilo que está sendo dito, mas o como dizer, o modo lúdico utilizado na elaboração do texto. Tal preocupação estética encontra-se nos trabalhos literários que exploram aspectos sintáticos, semânticos e morfológicos da língua, criando inversões, expressões metafóricas, neologismos, além de jogos sonoros e visuais. Diferentemente da função referencial – que tem a preocupação de retratar a realidade com um vocabulário denotativo e de dar uma informação de modo claro, fazendo com que todos os interlocutores cheguem a uma leitura mais específica e determinada –, a função poética explora as construções figuradas, ambíguas, polissêmicas, possibilitando aos leitores inúmeras interpretações. Os textos literários são, portanto, as produções que, por excelência, exploram a função poética, embora ela também seja encontrada em diários, propagandas, revistas em quadrinhos, provérbios, slogans publicitários, falas do cotidiano, etc. FUNÇÃO CONATIVA OU APELATIVA A função conativa ou apelativa da linguagem está direcionada ao destinatário, ou seja, a produção linguística é feita pensando no processo de recepção. Por isso, quem produz o texto tenta estabelecer uma interlocução com o seu leitor / ouvinte / público com o intuito de persuadi- lo, influenciá-lo, sensibilizá-lo ou conscientizá-lo. A relação entre o emissor e o destinatário pode ser feita por meio de uma ordem, de uma súplica, de uma indagação ou de um. Já que a intenção é conduzir o receptor, o autor do texto frequentemente constrói um “diálogo simulado” com o interlocutor, que é chamado de “você” para criar um tom de familiaridade e sintonia. Além disso, ele emprega verbos no imperativo (veja, ouça, compre, fale, viaje, sintonize, assista, pague, etc.) e constrói frases interrogativas de caráter persuasório que levam o receptor a refletir sobre determinada questão, mas já manipulando-o a aceitar o ponto de vista que foi apresentado. Com certeza, ao ler tais informações, você deve ter se lembrado das propagandas publicitárias, pois nelas é que encontramos com maior intensidade o emprego da função conativa ou apelativa da linguagem. Em toda propaganda, o público é levado a acreditar que o produto ou o serviço oferecido é “imperdível”, “irrecusável”, além de “indispensável” para a “nossa felicidade”, o “nosso lucro”, etc. A linguagem apelativa dos comerciais de rádio, televisão, revista, outdoor utilizam-se de uma gama de recursos visuais e sonoros para fascinar e hipnotizar os consumidores. “Você não pode perder esta promoção!” “Vem pra Caixa você também, vem!” “Compre batom! O seu filho merece batom!” “Globo e você: tudo a ver!” “Existem mil maneiras de preparar Neston. Invente uma!” “Veja o país num Chevrolet, seja feliz num Chevrolet.” Mas é claro que a função conativa / apelativa da linguagem pode ser identificada em outros textos, como nas campanhas políticas, nos materiais didáticos (todavez que qualquer manual, apostila, mantenha um diálogo com o leitor, chamando-o de “você”, “leitor”, “estudante”, “pré-vestibulando”, etc.), na literatura em geral, tanto na prosa quanto na poesia. Geralmente, as obras literárias que empregam com recorrência a função apelativa têm a intencionalidade de conscientizar ou alertar o público, o que lhe atribui um certo caráter engajado. FUNÇÃO FÁTICA Se a mensagem centrar-se no contato, no suporte físico, no canal, a função será fática. A função fática está vinculada ao contato no ato da comunicação, ou seja, tanto o remetente quanto o destinatário irão “testar” se estão se entendendo, ouvindo. Entretanto, isso não se dará de modo consciente, mas de forma automática, inconsciente, imperceptível até. Exemplo disso são as conversas telefônicas. Expressões como “alô”, “oi”, “hum-hum”, “sei” são pronunciadas sem que necessariamente queiram significar algo, você apenas está testando se o outro está ouvindo. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo FUNÇÃO METALINGUÍSTICA A função metalinguística encontra-se nas produções comunicativas que enfocam o código utilizado, ou seja, que salientam o exercício da produção e da recepção pela via da linguagem. Isso significa que a função metalinguística se verifica quando a temática é, em si, a manifestação da linguagem. Sendo assim, tanto nos textos verbais quanto nos não verbais é possível identificar a presença da metalinguagem. A metalinguagem na pintura Durante muitos séculos, foram comuns na história da arte quadros que retratavam o pintor em seu ateliê fazendo retratos de figuras que posavam para ele. Nesses casos, a metalinguagem aparece vinculada ao conceito de verossimilhança, ou seja, a arte reflete sobre o seu caráter “fiel” ao traduzir o real. Em outros trabalhos, principalmente nos produzidos a partir do final do século XIX e início do XX, e também nas produções contemporâneas, os artistas questionam o papel de uma arte mimética e verossímil, salientando, por meio da metalinguagem, uma outra preocupação: a de firmar a autonomia da arte, a sua independência em relação ao real. No quadro do cachimbo, Magritte evidencia como o que está retratado não é um cachimbo, mas a representação dele, a sua imagem reproduzida em uma superfície bidimensional e não o objeto em si. A metalinguagem nas histórias em quadrinhos Geralmente é acompanhado do humor sobre o próprio ato de escrever ou de ler as tirinhas. A metalinguagem na televisão Vários programas de televisão exploram o recurso metalinguístico, principalmente os que são transmitidos ao vivo, pois essa condição já faz com que o interlocutor veja o estúdio, perceba as falhas técnicas, enxergue o movimento de câmeras, etc. O programa Vídeo Show é o exemplo mais evidente de metalinguagem televisiva no Brasil, tendo em vista o fato de que ele se estrutura a partir de comentários sobre os bastidores das gravações de outros programas. Outro exemplo de metalinguagem televisiva se encontra nos telejornais brasileiros dos últimos tempos, que evidenciam a própria redação como o “pano de fundo”, o “cenário” das gravações. A metalinguagem na publicidade Você já deve ter visto ou escutado uma propaganda que apresenta determinado produto, aponta as vantagens que ele tem em relação aos concorrentes (preço mais em conta, formas de pagamento, qualidade, oferta no mercado, etc.) para, enfim, dizer que ele é tão bom que nem precisa de propaganda para apresentá-lo. Claro que, nesse tipo de comercial, a metalinguagem foi utilizada de modo bem humorado e irônico, pois se fez uma propaganda para dizer que não é necessário fazer a propaganda. Além disso, é comum a metalinguagem aparecer em propagandas que fazem referência ao suporte em que ela se encontra (página de uma revista, outdoor, jornal, etc.), ao público a que ela atinge, à linguagem e à imagem utilizadas na campanha. Metalinguagem na música Na música, a metalinguagem encontra-se tanto no tocante à letra, quanto no que diz respeito ao ato de cantar e também de ouvir. Sendo assim, expressões como canção, música, refrão, canto, voz, palavra, verso, ritmo, melodia, entoar, entre inúmeras outras, explicitam a presença da metalinguagem na música. Também é possível identificar a metalinguagem musical em casos em que o samba retrata a si mesmo, ou uma música de Bossa-Nova que fale da própria Bossa-Nova, ou um funk que retrate o próprio funk, etc. A metalinguagem na literatura É frequente a reflexão sobre a capacidade criativa da arte e a sua limitação ou incapacidade de retratar a realidade como também o faz a pintura. Veja como a problemática apresentada nos quadros de René Magritte, mencionados anteriormente, também se encontra no poema “Autopsicografia”, de Fernando Pessoa: O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. Assim como Magritte salientou que o que se encontra no seu quadro não é um cachimbo, mas a representação dele, Fernando Pessoa também evidenciou que o que se encontra na palavra não é a coisa, mas a sua representação. Nos textos em prosa, assim como nas construções poéticas, a metalinguagem se evidencia quando os autores fazem questão de dialogar com o leitor, refletir sobre a estrutura da narrativa, comentar a respeito da construção das personagens, escrever sobre a incapacidade da escrita, salientar o difícil processo de preencher uma página em branco, dizer o conteúdo dos capítulos futuros ou antecipar episódios. Em todas essas situações, a metalinguagem realça como o texto é, antes de qualquer outra coisa, pura ficção. Na prosa brasileira, merece destaque a obra metalinguística de Machado de Assis. Romances como Memórias póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e Esaú e Jacó são exemplos dos mais debochados de construções metalinguísticas que ironizam a construção previsível dos textos e satirizam a postura ingênua dos leitores “românticos”. Intertextualidade Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Todo esse intenso contato entre as obras de diferentes artistas é denominado de intertextualidade. Entretanto, vale a pena ressaltar que, caso um autor retome outras obras de sua própria autoria, tem-se um caso de intratextualidade. Tais nomes são uma forma genérica de se tratar o assunto. Cada procedimento de retomar outro texto – e o modo como isso é feito – recebe um nome específico. ALUSÃO OU REFERÊNCIA Esse é o modo mais frequente de intertextualidade. Talvez, sem saber, você o empregue continuamente em seu cotidiano. Pois a alusão ou referência se encontra em todas as situações em que você chama algum amigo por um apelido, associando-o a um personagem da televisão, do cinema ou da literatura. Portanto, ao fazer menção ao nome de uma obra, nome de um autor, nome de um personagem, você está fazendo uma alusão. Tais termos exigem do leitor / ouvinte um conhecimento prévio. Caso contrário, a alusão não pode ser compreendida. Ela já é uma balzaquiana. Que sujeito maquiavélico! Esse rapaz é um Don Juan. CITAÇÃO No processo da citação, um escritor reproduz, literalmente, as palavras de outro autor. Nos textos científicos e informativos, obrigatoriamente, a citação deve aparecer entre aspas, itálico ou negrito, o que não é tão crucial nas obras literárias. Lembre-se de que citar sem informar a fonte é um crime, é plágio, pois nesse caso você se apropria de forma indevida e ilícita de uma enunciação alheia, assinando-a como sua. Um exemplo clássico de citação é a epígrafe: texto introdutório, colocado na abertura de uma obra, com a função de antecipar para o leitor o conteúdo e a proposta do livro. A epígrafe é o primeiro exercício de intertextualidade de um texto, o primeiro indício de que o presente resgata a tradição, de que um “galo” profere o seu “canto” a partir do “canto de outro galo”. PARÁFRASE Caso, em algum momento de escrita,você prefira modificar o texto de um outro autor, em vez de reproduzi-lo literalmente por meio da citação, o tipo de intertextualidade praticado é a paráfrase. Parafrasear um texto é reescrevê-lo de modo “amistoso”, sem qualquer tom agressivo ou sarcástico. São exemplos de paráfrases produções como o resumo ou a adaptação de uma obra adulta para o público infanto- juvenil. No caso da literatura, ela se estabelece quando um autor remonta a outro texto, acrescentando-lhe um novo sentido. PARÓDIA Se a paráfrase é uma retomada de outra obra com o intuito de relê-la, de louvá-la, a paródia é um resgate sarcástico, debochado, crítico e irônico (pode ser apenas com a intenção de ressignificar a obra). A produção do presente se volta contra alguma obra do passado para ridicularizá-la, para satirizá-la. Essa ruptura irreverente com os antepassados se faz por meio de uma postura agressiva, por uma necessidade parricida de assassinar os valores precedentes e legitimar uma nova visão e representação para o mundo. A prática da paródia se instaura, portanto, sobre uma “tradição da ruptura”. Por isso, sua produção mais intensa se marca principalmente a partir das vanguardas europeias e dos modernistas do século XX. Os dadaístas, os cubistas e os surrealistas romperam o pacto com a tradição e buscaram construir um culto ao novo. A paródia ocorre também nas artes plásticas. Obras muito famosas, como as de Leonardo da Vinci, por exemplo, frequentemente são retomadas com propósito crítico ou cômico: o homem vitruviano e suas paródias. PASTICHE Essa prática intertextual se estrutura a partir de um processo de simulação do estilo de um artista, de uma escola literária (Classicismo, Barroco, Romantismo, Parnasianismo, etc.) ou de um gênero textual (notícias, receitas culinárias, classificados, propagandas, dicionário, etc.). Enquanto a paráfrase foi um recurso recorrente no Romantismo, e a paródia se transformou, por excelência, na intertextualidade do Modernismo, o pastiche é muito empregado pelos autores pós-modernos. Em Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade, há um pastiche de receitas culinárias e de prescrições médicas, como exemplifica esse “poema-receituário”, em que o narrador da obra, de maneira metafórica e sarcástica, traça um diagnóstico para a personagem Branca Clara: O amor – poesia futurista (A Dona Branca Clara) Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Tome-se duas dúzias de beijocas / Acrescente-se uma dose de manteiga do Desejo / Adicione-se três gramas de polvilho do Ciúme / Deite-se quatro colheres de açúcar da Melancolia / Coloque-se dois ovos / Agite-se com o braço da Fatalidade / E dê de duas horas em duas horas marcadas / No relógio de um ponteiro só! O poeta marginal Roberto Piva também faz um pastiche de dicionários em sua obra Quizumba. BRICOLAGEM E SAMPLE Esses são alguns procedimentos de intertextualidade das artes plásticas e da música que também aparecem retomados na literatura. Vejamos, respectivamente, os recursos de bricolagem e de sample. Quando o processo da citação é extremo, ou seja, um texto é montado a partir de fragmentos de outros textos, tem-se um caso de bricolagem. O bricoleur (pessoa que pratica a bricolagem) não trabalha com matérias-primas, mas com matérias já elaboradas, com pedaços e sobras de outras obras. Na bricolagem, o trabalho do artista está em reelaborar “resíduos”, em recortar e colar a tradição através da sua ótica, o que não significa que esse exercício seja fácil e não exija criatividade. Um exemplo de bricolagem intratextual (ou seja, o artista retomará fragmentos de outros trabalhos dele mesmo) foi praticado por Manuel Bandeira. O poema “Antologia” é construído com trechos de vários outros poemas do autor. O processo da bricolagem é muito comum na contemporaneidade, ainda mais com as novas tecnologias. As inúmeras imagens que circulam pela Internet, de “montagens” que empregam o corpo de uma pessoa e o rosto de outra, são uma frequente brincadeira de caráter paródico, construída a partir da bricolagem. Veja agora como a capa da edição da Revista Época pode ser considerada uma bricolagem da obra Operários, de Tarsila do Amaral. Na música, a citação de outros fragmentos de composições ou a apropriação de sons gravados do cotidiano recebe o nome de sample. Por meio desse recurso, torna-se possível “colar” diversos sons e reproduzi-los em um novo arranjo. Assim, o compositor ou o DJ consegue justapor diferentes universos musicais em uma mesma montagem, inclusive simultaneamente, o que propicia um certo caráter polifônico à obra. Por meio do sample, a música clássica, o jazz, o funk, o hip-hop, a MPB e tantos outros gêneros se entrecruzam e, assim, as fronteiras dos tipos musicais tornam-se cada vez mais rasuradas. No Brasil, muitos compositores e cantores têm explorado o sample como forma enriquecedora de se produzir uma música criativa, que promova um diálogo com a tradição multicultural. Introdução à literatura Movimento pendular ou movimento de ruptura e retomada: geralmente uma escola ou estilo de época tende a romper com o período anterior e retomar o período antes do anterior. Quinhentismo, Barroco e Arcadismo são os períodos coloniais da literatura brasileira. A partir do romantismo chama-se de literatura nacional brasileira. Depois, vão aparecer concomitantemente o Realismo, Naturalismo e Parnasianismo. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo ERA COLONIAL Quinhentismo: literatura dos viajantes (carta de Pero Vaz de caminha) e a literatura catequética (Padre Anchieta). Barroco: Gregório de Mattos Guerra e Padre Antônio Vieira. Arcadismo (neoclassicismo): Épica (Basílio da Gama e Frei Santa Rita Durão) e lírica (Thomaz Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa). ERA NACIONAL Romantismo: 1ª Fase (nacionalista – Gonçalves Dias), 2ª Fase (mal do século – Alvares de Azevedo), 3ª Fase (social – Castro Alves). Prosa Romântica (Jose de Alencar, Bernardo Guimarães, Joaquim José de Macedo). Realismo: Machado de Assis. Naturalismo: Aluísio de Azevedo (O Cortiço). Impressionismo: Raul Pompéia (O Ateneu). Parnasianismo: Realismo na poesia (Olavo Bilac, Raimundo Correia). Simbolismo: Cruz e Souza e Alfonsus Guimarães. Pré Modernismo: Chegando ao século 20, a partir de 1902, ocorre um momento histórico onde muitos autores vão produzir, mas não será considerado uma escola, período ou movimento, pois não tem características em comum. Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Graça Aranha, Lima Barreto, Simão Lopes Neto, Augusto do Anjos. Modernismo: a partir da semana de arte moderna (1922). Dividido em 3 partes: Fase Heroica ou de Destruição: Oswald de Andrade. Fase Romance de 30 (Neorrealismo): Prosa com Graciliano Ramos, Jorge Amado, Érico Veríssimo, José Lins do Rego, Raquel de Queiroz. Poesia com Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meirelles, Manuel Bandeira, Vinícius de Morais, Mário Quintana, Murilo Mendes. Fase Social: Poesia (João Cabral de Melo Neto e Ferreira Goulart). Prosa (Guimarães Rosa, Clarice Lispector). Quinhentismo (Séc. XVI) Literatura dos Viajantes e Literatura Jesuítica. Contexto Grandes Navegações: exploração em busca de novos mercados e riquezas. Auge do Renascentismo: avanços na ciência (Copérnico, Galileu), literatura (Shakespeare, Camões), artes plásticas (Michelangelo, Donatello, Leonardo Da Vinci). Ruptura na igreja (reforma, contrarreforma e inquisição). Descoberta do Brasil. Toda Nau tinha um escrivão (Pero Vaz de Caminha). Literatura Informativa Relatório, Cartas, Diários. Crônicas de viagem. Primeiro texto foi escrito pelo Pero Vaz de Caminha (Carta considerada a Certidão de nascimento do Brasil). Todos os textos mostram a visão do europeu. Resumo ENEM 2019 – Murilo Leone Miranda Fajardo Características: Minuciosidade na descrição. Nudez das índias. Antropofagia (canibalismo). Rituais
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