Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Andressa Marques – medicina UFR TRATAMENTO DIABETES MELLITUS →O DM2 mal controlado acarreta risco elevado para as complicações microvasculares da doença (retinopatia, neuropatia e doença renal do diabetes), cuja prevalência aumenta de forma exponencial com níveis de hemoglobina glicada a partir de 6,5 a 7%. →Em torno de 80 a 90% dos pacientes com DM2 tem síndrome metabólica, caracterizada por obesidade central, dislipidemia, hiperglicemia e hipertensão que, em conjunto, aumentam o risco de doença cardiovascular (DCV). →As complicações microvasculares também levam a graves consequências para os pacientes, como cegueira, insuficiência renal em estágio terminal e amputações. →O DM2 está também associado a risco aumentado para hipogonadismo hipogonadotrófico, doença hepática gordurosa não alcoólica, câncer, doenças psiquiátricas, doença de Alzheimer e outras formas de demência, artrite, fraturas e outras condições incapacitantes ou fatais; METAS DO TRATAMENTO →O objetivo principal do tratamento do DM2 é diminuir ao máximo as complicações micro e macrovasculares; é possível conseguir isso por meio de um rígido controle glicêmico, lipídico e da pressão arterial (PA); →Atualmente é recomendada uma redução da HbA1C para menos de 7% na maioria dos pacientes, com o objetivo de reduzir a incidência de doença microvascular; →O ideal é a glicemia de jejum e a glicemia pós prandial serem mantidas em 80 a 130 mg/dl e <180mg/dl, respectivamente; →Além do controle glicêmico precoce, é fundamental que haja também um controle ideal de outros fatores de risco, tais como dislipidemia, hipertensão e tabagismo, para que se consiga uma efetiva redução na morbimortalidade dos diabéticos; BASES FISIOPATOGÊNICAS PARA O TRATAMENTO Andressa Marques – medicina UFR →O DM2 é uma doença complexa e progressiva, caracterizada por alterações metabólicas; →Na sua gênese tem atuação de fatores genéticos e ambientais (sedentarismo, obesidade); →Octeto de DeFronzo: 1. Diminuição da sensibilidade à insulina no músculo 2. Excessiva produção hepática de glicose (por resistência insulínica no fígado) 3. Declínio progressivo da função das células beta; 4. Os adipócitos (lipólise acelerada) 5. O trato gastrintestinal (deficiência/resistência incretínica) 6. As células alfa pancreáticas (hiperglucagonemia) 7. O rim (reabsorção aumentada de glicose pelos túbulos renais) 8. O cérebro (resistência insulínica e disfunção de neurotransmissores) →Alterações na microbiota intestinal também têm sigo sugeridas no surgimento da resistência insulínica (RI), obesidade e DM2; →Esses conhecimentos permite a associação farmacológica precoce atuando nos diferentes defeitos fisiopatológicos, o que pode ampliar os benefícios terapêuticos; →Defeitos fisiopatogênicos do diabetes melito tipo 2 e as medicações contra eles dirigidas. iSGLT-2: inibidores do cotransportador de sódio e glicose-2; iDPP-4: inibidores da peptidilpeptidase-4; GLP-1RA: agonistas do receptor do GLP-1; SNC: sistema nervoso central. →A RI é encontrada em cerca de 85 a 90% dos casos de DM2; Andressa Marques – medicina UFR →No fígado, a RI manifesta-se por uma produção excessiva de glicose durante o estado basal, enquanto que no músculo, ela se expressa pela captação deficiente de glicose; Lipólise exagerada e aumento dos ácidos graxos livres (AGL) circulantes resultam da RI nos adipócitos; →As células, durante um certo período de tempo, conseguem compensar a RI aumentando a sua secreção de insulina, enquanto elas conseguem fazer isso a tolerância à glicose permanece “normal”; todavia, ocorre progressiva redução da quantidade de células B, em consequência de apoptose aumentada, proliferação diminuída e desdiferenciação em células alfa; Inicialmente, eleva-se apenas a glicemia pós-prandial (perda da fase rápida de secreção de insulina); depois, a GJ começa a aumentar; levando ao surgimento do DM2 manifesto. (no momento do diagnóstico, geralmente a função das células B já está reduzida em cerca de 50%) →A hiperglicemia prolongada leva ao agravamento da RI e do defeito secretório das células B (glicotoxicidade), contribuindo, assim, para as falências primária e secundária dos anti- hiperglicemiantes orais; da mesma forma, o aumento dos AGL circulantes, por um fenômeno denominado lipotoxicidade, contribui para o agravamento da hiperglicemia por meio de mecanismos, como: 1. Inibição da secreção de insulina pelas células B 2. Aumento da RI no músculo esquelético (por deposição de AGL), com diminuição da captação de glicose pelo mesmo; →Além disso, o excessivo aporte de AGL para o fígado favorece sua oxidação, contribuindo para a gliconeogênese aumentada (com consequente incremento da produção hepática de glicose), esteatose hepática e maior síntese hepática de VLDL; Andressa Marques – medicina UFR →Isso culmina na dislipidemia diabética, caracterizada por hipertrigliceridemia, HDL-colesterol baixo e aumento do número de partículas de LDL pequenas e densas, as quais são mais aterogênicas por serem mais propensas à oxidação e à glicosilação; →Incretinas são hormônios produzidos por células do intestino delgado em resposta à ingestão de nutrientes; os principais representantes são o peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1) e o polipeptídio insulinotrópico glicose-dependente (GIP); eles são responsáveis por mais de 50% da secreção de insulina após uma refeição e, nos pacientes com DM2, tal efeito incretínico é diminuído; →O GLP-1 apresenta uma atividade insulinotrópica inferior à observada em indivíduos saudáveis, mas ela ainda é substancial. Já o efeito estimulatório do GIP está quase completamente perdido, ressaltando-se que a maior parte do efeito enteroinsular na secreção de insulina é determinado pelo GIP; tanto GLP-1 quanto GIP são degradados pela enzima dipeptidil peptidase-4 (DPP-4); →A RI cerebral alteraria os centros hipotalâmicos de controle do apetite, com aumento da ingestão de alimentos e ganho de peso; Estudos em roedores forneceram evidência de que a RI cerebral leva ao aumento no débito hepático da glicose e diminuição na captação muscular de glicose; →Vários estudos também vêm mostrando um elo de causalidade entre microbiota intestinal e resistência à insulina/obesidade; na obesidade e no DM2, ocorrem mudanças na composição da microbiota que tem como consequência principal um aumento da permeabilidade da mucosa intestinal ao lipopolissacarídeo (LPS), presente na membrana de bactérias gram-negativas, elevando seus níveis circulantes; → O LPS pode induzir um processo inflamatório subclínico crônico e obesidade, levando à resistência à insulina mediante a ativação do receptor toll-like 4 (TLR4) que está expresso na maioria das células e macrófagos. → Resumindo, a perda progressiva da massa e da função da célula é multifatorial. Nesse processo, estariam envolvidos a glicotoxicidade, a lipotoxicidade, a deficiência/resistência incretínica, o estresse oxidativo e a inflamação, bem como a deposição de amiloide nas células β e certos fatores genéticos OPÇÕES DE TRATAMENTO →Incluem: modificações no estilo de vida - MEV (dieta, atividade física, perda de peso, cessação do tabagismo etc) e administração de medicamentos com diferentes mecanismos hipoglicemiantes: Andressa Marques – medicina UFR agentes antidiabéticos orais (biguanidas, sulfonilureias (SU), inibidores da DPP-4, glinidas, glitazonas, inibidores da alfa-glicosidase e inibidores do cotransportador 2 de sódio e glicose (iSGLT-2)), agonistas do receptor do GLP-1 (GLP-1RA) e insulinas; →As atuais diretrizes recomendam MEV juntamente com a metformina (na ausência de contraindicações) como tratamento inicial de escolha para o DM2; →Caso o controle glicêmico permaneça inadequado (HbA1C > 7% ou acima da meta estipulada) após 3 meses de tratamentoou venha a se deteriorar durante o seguimento, adiciona-se um segundo fármaco com mecanismo de ação diferente e de acordo com as características ou necessidades dos pacientes; →Se a prioridade for minimizar o ganho de peso ou promover perda ponderal, deve-se utilizar medicamentos que sejam benéficos nesse aspecto, como os iSGLT-2 ou, preferencialmente, os GLP- 1RA; →Se a preocupação maior for minimizar a ocorrência de hipoglicemias, devem-se evitar as sulfonilureias e a insulina, escolhendo medicações raramente associadas a essa complicação (p. ex., Andressa Marques – medicina UFR inibidores da DPP-4 ou do SGLT-2, pioglitazona e GLP-1RA). Por outro lado, diante de limitações econômicas do paciente, devem-se escolher as medicações de menor custo (p. ex., metformina, sulfonilureias e pioglitazona) →Na presença de um maior descontrole glicêmico, a terapia dupla deve ser considerada inicialmente em vez da monoterapia com MET; →Após atualizações da ADA, sugere-se a introdução de um GLP-1RA ou de um iSGLT-2, juntamente com a metformina, na abordagem inicial de indivíduos com DCV ou doença renal crônica (DRC) estabelecidas ou com risco alta para as mesmas, independentemente dos níveis de HbA1c ou das metas individualizadas. Havendo o predomínio de doença cardiovascular aterosclerótica, deve-se dar prioridade aos GLP-1RA ou iSGLT-2 que tenham comprovado benefício cardiovascular (na redução de eventos adversos cardiovasculares principais [MACE] existe maior nível de evidência com o uso de GLP-1RA). Considerando o predomínio de insuficiência cardíaca (IC) ou DRC, a preferência recai exclusivamente sobre os iSGLT-2. →Como o DM2 trata-se de uma doença progressiva em termos de redução da capacidade secretória de insulina pelas células beta, poucos pacientes vão conseguir permanecer bem controlados após 2 a 3 anos de monoterapia; uma das maiores preocupações no tratamento é a inércia clínica, porque geralmente há demora excessiva para a introdução de um segundo fármaco; em função disso, já tem dados que apoiam a terapia combinada inicial para alcançar o controle glicêmico mais rapidamente. →De acordo com diretrizes luso-brasileiras, para pacientes SEM complicações cardiovasculares ou renais, DCV ou DRV indica-se a monoterapia com metformina quando HbA1c estiver entre 6,5 e 7,5%; como alternativa pode-se usar a combinação de metformina e um inibidor da DPP-4, com o objetivo de reduzir a taxa de falha do tratamento (baseado no estudo VERIFY); →Nos casos de HbA1c entre 7,5 e 9%, recomenda-se iniciar com terapia dupla, preferencialmente com um fármaco com comprovado benefício cardiovascular e renal (AD1), ou seja, inibidor do transportador de sódio e glicose-2 (iSGLT-2) ou um dos análogos do GLP-1. →Se necessário, pode-se lançar mão de terapia tríplice ou quádrupla; →A insulinoterapia (insulina basal, esquema basal-bolus ou combinação fixa insulina/aGLP-1) é mandatória, quando houver sintomas (poliúria, polidipsia e perda de peso) e HbA1c >9%. Após a resolução da hiperglicemia aguda, pode-se suspender a insulinoterapia e introduzir a terapia oral em combinação dupla, tríplice ou quádrupla; →As diretrizes da ADA/EASD recomendam considerar a insulina como terapia inicial do DM2 em pacientes muito sintomáticos (poliúria, polidipsia e perda de peso), diante de marcante hiperglicemia (glicemia ≥ 300 mg/dℓ e/ou HbA1c > 10%) ou, ainda, na vigência de fator de estresse metabólico inequívoco, como, por exemplo, infarto agudo do miocárdio (IAM) ou acidente vascular cerebral (AVC) →Imagem: Tratamento do diabetes melito tipo 2 em pacientes sem complicações cardiovasculares ou renais, conforme sugerido pelas diretrizes lusobrasileiras. Andressa Marques – medicina UFR CLASSES TERAPÊUTICAS BIGUANIDAS →Único representante disponível: METFORMINA – utilizada como tratamento inicial para a maioria dos casos de DM2; MECANISMO DE AÇÃO →Não tem efeito direto sobre as células beta e leva à redução da glicemia por meio de 2 mecanismos principais: 1. Melhora da sensibilidade periférica à insulina (que reduz a insulinemia) 2. Inibição da gliconeogênese hepática (responsável por 75% de sua ação anti-hiperglicêmica) Legenda: Os dois mecanismos principais da metformina para reduzir a glicemia são melhora da sensibilidade periférica à insulina e, sobretudo, inibição da produção hepática de glicose. Ela também estimula a secreção de GLP-1 e aumenta a expressão de seu receptor (GLP-1R) na célula beta. Outros Andressa Marques – medicina UFR efeitos intestinais incluem aumento da captação/utilização de glicose e alteração da microbiota intestinal. ↑: aumento; ↓: diminuição. →Em nível celular, metformina aumenta a atividade da tirosinoquinase do GLUT-4 e a atividade da glicogênio sintase. →Ele também inibe as vias de sinalização hepática do glucagon, diminuindo a produção de AMPC nos hepatócitos; →No tecido adiposo, a metformina diminui a reesterificação de AGL e inibe a lipólise – podendo melhorar a sensibilidade à insulina e sua secreção, mediante a redução da lipotoxicidade. →No intestino, metformina facilita a captação e utilização de glicose, além de estimular a secreção de GLP-1 pelas cels L. Paralelamente, observa-se aumento da expressão do receptor de GLP-1 na célula b. →Há também evidências de que metformina modifique a composição da microbiota intestinal. Em estudos com animais obesos, metformina aumentou a abundância de Akkermansia, uma bactéria gram- negativa degradadora de muco, o que resultou em aumento do número de células T reguladoras e na melhora da inflamação de baixo grau nos adipócitos. METABOLISMO E EXCREÇÃO →Não é metabolizada pelo fígado, sendo excretada intacta na urina (excreção diminuída em pacientes com IR); →Metformina (comp. 500 mg, 850 mg e 1g) deve sempre ser administrada com alimentos, uma vez que eles retardam a absorção do medicamento e reduzem os efeitos colaterais gastrintestinais; →Inicia-se com 500 a 850 mg/dia e, se necessário, vai ajustando gradualmente até que se consiga um controle glicêmico adequado ou se atinja a dose máxima recomendada (dose máxima= 2550 mg/dia – em duas a três tomadas); →A formulação de liberação estendida (Glifage XR _ comp. 500 mg, 750 mg e 1 g) é preferível, porque pode ser administrada em tomada única diária, sendo mais bem tolerada. INDICAÇÕES E EFICÁCIA →Deve ser iniciada juntamente com as modificações do estilo de vida; →Como monoterapia, ela reduz a GJ em 20 a 30%, a glicemia pós-prandial em 30 a 40% e a HbA1c em 1 a 2% (valor absoluto). →Também diminui a insulinemia e o peso corporal – porque causa hipoglicemia; →No UKPDS, a terapia com metformina diminuiu significativamente os riscos de DCV e a mortalidade relacionada com o diabetes; →Também melhora o perfil lipídico, caracterizando-se por redução de triglicerídeos (TG) e do LDL- c, enquanto os níveis do HDL-c não se alteram ou aumentam discretamente. →Promove também a diminuição de marcadores plasmáticos de ativação endotelial (moléculas solúveis de adesão intercelular, moléculas solúveis de adesão das células vasculares etc.), da coagulação (PAI- 1, fator de von Willebrand etc.) e inflamação (PCR ultrassensível). EFEITOS COLATERAIS Andressa Marques – medicina UFR →Em 20% dos casos ocorrem sintomas gastrintestinais (SGI), os quais geralmente são transitórios, mas, em 5% dos pacientes obrigam a interrupção do tratamento. →Com a formulação de liberação prolongada (Glifage XR), a frequência de SGI é ~50% menor; →Excepcionalmente a metformina pode causar hipoglicemia, a menos que os pacientes façam uso concomitante de secretagogos de insulina ou insulina, ou ingiram álcool em excesso; →A reação adversa mais temida é a Acidose Láctica – todavia, é bem raro, exceto quando há IR, particularmente com TFG estimada < 30 ml/minuto, ou outras condições predisponentes.→Também reduz a absorção de cianocobalamina (vitamina B12) no íleo distal, e seu uso crônico pode levar à deficiência dessa vitamina e, consequentemente, à elevação da homocisteína ou, mais raramente, neuropatia e anemia megaloblástica. →Outros efeitos adversos incomuns são reações cutâneas de hipersensibilidade (às vezes, simulando psoríase), hepatite colestática e anemia hemolítica, em pacientes com deficiência de glicose 6- fosfato desidrogenase ou por algum mecanismo autoimune; CONTRAINDICAÇÕES →Geralmente é proscrita quando há condições que impliquem maior risco para o surgimento de acidose láctica: disfunção renal grave, TFGe < 30 ml/min, cirrose hepática, doença pulmonar obstrutiva crônica, IC descompensada, fase aguda de doença miocárdica isquêmica, sepse e pacientes alcoolistas ou com história de acidose láctica. →As recomendações atuais sugerem dose máxima de 1 g caso a TFGe caia abaixo de 45 mℓ/min, contraindicando o uso em indivíduos com TFGe abaixo de 30 mℓ/min; →A medicação deve ser temporariamente suspensa 1 a 2 dias antes da realização de exames com contrastes radiológicos ou procedimentos cirúrgicos de médio a grande porte. →Metformina não é teratogênica e representa uma das opções de tratamento do DM gestacional. Ela é também segura para mulheres que estejam amamentando. →Ademais, atentar ao fato de que a cimetidina pode interagir com a metformina, elevando seus níveis plasmáticos em até 40%. OUTRAS INDICAÇÕES PARA O USO DE METFORMINA →Pode ser utilizada no tratamento do pré-diabetes, DMG e da Sd dos ovários policísticos (SOP). SULFONILUREIAS MECANISMO DE AÇÃO →Estimulam a SECREÇÃO pancreática de insulina, pela ação no receptor SUR1, presente nas células beta; (não estimulam a produção! Ou seja, as células betas precisam estar funcionantes) Andressa Marques – medicina UFR TIPOS →Costumam ser classificadas como de primeira (Clorpropamida) e segunda (glibenclamida, gliclazida, glipizida e glimepirida) gerações, em virtude de sua potência e sua época do surgimento. →GLIBENCLAMIDA – tempo de ação: 16 a 24 horas – o que possibilita sua administração em 1 a 2 tomadas diárias (dose usual de 2,5 a 20 mg/dia); o principal inconveniente é causar mais hipoglicemias graves que os outros secretagogos de insulina. →GLICLAZIDA – dar preferência à formulação com liberação modificada (Diamicron MR – comp. 30 e 60mg), que confere ação prolongada (cerca de 24 horas) e menor risco de hipoglicemia em comparação às demais sulfonilureias; a dose recomendada varia de 30 a 120 mg/dia, em uma única tomada diária. →GLIMEPIRIDA – administrada em uma única tomada, com dose inicial de 1 a 2 mg/dia e dose usual de manutenção de 2 a 4 mg/dia (máximo de 8 mg/dia). INDICAÇÃO E EFICÁCIA →Observa-se um decréscimo de 60 a 70 mg/dl na GJ e de 1 a 2% na HbA1c; Andressa Marques – medicina UFR →Depois de um tempo usando a eficácia tende a diminuir, caracterizando uma falência pancreática secundária. EFEITOS COLATERAIS →A hipoglicemia é o principal, sendo mais frequente com glibenclamida e Clorpropamida; →Fatores que implicam maior risco de hipoglicemia com as sulfonilureias: ➢ Dose excessiva ➢ Omissão de refeições ➢ Atividade física extenuante ➢ Ingestão excessiva de bebidas alcoólicas ➢ Idade avançada ➢ Certas doenças associadas (IR, Insuficiência adrenal, hipotireoidismo, diarreia crônica, Sd de má absorção etc.) ➢ Medicamentos (sulfonamidas, anti-inflamatórios não esteroides etc) →Pode haver também ganho de peso, relacionado com o aumento da insulinemia. CONTRAINDICAÇÕES →Devem ser evitadas em pacientes com insuficiência renal ou hepáticas graves; →Também costumam ser contraindicadas na gravidez (exceto glibenclamida) e durante a amamentação (exceto glibenclamida e glipizida). GLITAZONAS (TIAZOLIDINEDIONAS) MECANISMO DE AÇÃO →São agonistas dos receptores ativados por proliferadores de peroxissomo gama (PPAR-γ), expressos principalmente no tecido adiposo, no qual regulam genes envolvidos na diferenciação do adipócito e na captação e armazenamento dos ácidos graxos, além da captação de glicose. →A ativação dos PPAR-γ resulta em aumento de lipogênese e da massa do tecido adiposo subcutâneo, o que vai diminuir os AGL circulantes, podendo provocar ganho de peso. →Também ocorre maior expressão da adiponectina, com aumento de sua concentração sérica, ao lado de diminuição da produção de citocinas pró-inflamatórias, como interleucina 6 (IL-6) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α). Ocorre ainda maior expressão de GLUT-1 e GLUT-4, proteínas envolvidas na captação periférica de glicose. Tais processos levam a maior sensibilidade à insulina, com menor conteúdo ectópico de gordura Andressa Marques – medicina UFR TIPOS →O único representante disponível é a PIOGLITAZONA POSOLOGIA →Está disponível em comprimidos de 15, 30 e 45 mg. →Inicia-se com 15 a 30 mg/dia, em uma única tomada; e a dose máxima recomendada é de 45 mg/dia. INDICAÇÃO E EFICÁCIA →Pode ser usada isoladamente ou em associação a qualquer outra classe de hipoglicemiantes; →Em monoterapia, tem eficácia comparável às sulfonilureias e à metformina (redução de até 1,5% na HbA1c). Todavia, em função do seu mecanismo de ação intranuclear, o seu efeito anti- hiperglicemiante pleno é um pouco atrasado (até 12 semanas); →A pioglitazona tende a reduzir os níveis dos TG e aumentar os do HDL-c – conferindo uma maior segurança cardiovascular; EFEITOS COLATERAIS →Menos de 5% dos pacientes terão reações adversas; →Destacam-se: edema periférico, anemia dilucional discreta (redução de até 1g/dl e 3,3% na Hb e Ht, respectivamente) e ganho de peso; →Pode levar a hipoglicemia quando associada a insulina ou aos secretagogos de insulina; →Também leva a um maior risco para faturas, principalmente nas extremidades distais (antebraço, punho, pés, tornozelo, fíbula ou tíbia); →Em função da retenção de líquidos, pode agravar ou desencadear IC; Andressa Marques – medicina UFR CONTRAINDICAÇÕES →Contraindicada em caso de doenças hepáticas graves, alcoolistas, pacientes com DM1 e gestantes; →Também deve ser evitada em casos de IC, sendo proscrita nos indivíduos categorizados nas classes III e IV da NYHA. →São considerados maus candidatos à pioglitazona pacientes que se enquadrem nas seguintes condições: (1) histórico de DCV grave de longa data, que pode estar associado à IC; (2) dispneia ou edema nos membros inferiores sem causa aparente, (3) obesidade grave (índice de massa corporal [IMC] ≥ 40 kg/m2) ou (4) pacientes com diabetes melito de longa data em uso de insulina de altas doses. Diante da suspeita de IC, o clínico deve excluir essa condição antes de iniciar a terapia com pioglitazona, por meio de ecocardiograma e dosagem do neuropeptídeo cerebral (BNP). INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS →Pioglitazona pode aumentar o metabolismo pelo citocromo P452 3ª4 de alguns fármacos tais como anticoncepcionais orais, digoxina, ranitidina, nifedipino etc; →Também leva à redução de até 30% dos níveis de etinilestradiol e noretindrona; devido a isso é necessário aumentar a dose do anticoncepcional oral em pacientes com diabetes medicadas com pioglitazona. INIBIDORES DA DIPEPTIDIL PEPTIDASE-4 TIPOS →Também chamados de GLIPTINAS, atuam como inibidores competitivos reversíveis da DPP-4 (enzima que rapidamente degrada o GLP-1 e o GIP), pela qual têm afinidades variadas; →Agentes disponíveis na maioria dos países: VILDAGLIPTINA, SITAGLIPTINA, SAXAGLIPTINA, LINAGLIPTINA e ALOGLIPTINA. MECANISMO DE AÇÃO →Atuam estimulando o sistema das incretinas (GLP-1 e GIP) ao inibir seu metabolismo pela DPP-4; →Com o aumento dos níveis circulantes do GLP-1, ocorre estímulo glicose-dependente da secreção de insulina pelas células beta e inibição da secreção de glucagonpelas células alfa pancreáticas; EFICÁCIA Andressa Marques – medicina UFR →Em monoterapia resultou em redução da GJ em aproximadamente 18mg/dl (10 a 35 mg/dl), glicemia pós-prandial em cerca de 25 mg/dl (20 a 60mg/dl) e HbA1c em 0,75% (0,4 a 1,2%); →Com relação à hemoglobina glicada, uma maior eficácia é observada quando as gliptinas são associadas à metformina ou a iSGLT-2; →Em pacientes inadequadamente controlados com metformina, sitagliptina (100 mg/dia) e omarigliptina (25 mg/sem.) se mostraram com eficácia similar na melhora do controle glicêmico POSOLOGIA →Vildagliptina: 50 mg 2 vezes ao dia; →Sitagliptina: 100mg/dia – dose única; →Alogliptina: 25 mg/dia – dose única; →Saxagliptina e Linagliptina: 5mg/dia. →Com exceção da linagliptina, de excreção biliar, as demais têm eliminação renal; TOLERABILIDADE →Em geral são bem toleradas, não se associando a hipoglicemia significativa nem a reações adversas gastrintestinais; →São bem atrativas para pacientes idosos, todavia, seu efeito neutro sobre o peso e o fato de não melhorarem desfechos cardiovasculares tem levado a uma queda em sua prescrição. CONTRAINDICAÇÕES →São contraindicadas para diabéticos tipo 1, gestantes e lactantes. Também devem ser evitadas nos casos mais graves de IC (classes III e IV da NYHA para alogliptina e saxagliptina; classe IV para as demais). INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA →Foram relatadas interações significativas da saxagliptina com fármacos metabolizados pelo sistema hepático CYP3A4/5 (p. ex., atazanavir, claritromicina, indinavir, itraconazol, cetoconazol, nefazodona, nelfinavir, ritonavir, saquinavir e telitromicina). GLINIDAS →REPAGLINIDA e NATEGLINIDA →Aumentam a secreção de insulina pelas células beta, atuando em sítios de ligação distintos daqueles das SU; →Já não são mais recomendadas no tto de DM2. INIBIDORES DA A-GLICOSIDASE →ACARBOSE →Atua no intestino delgado, em que retarda a digestão e a absorção dos carboidratos complexos por inibição das alfa-glicosidases; →Os carboidratos não absorvidos sofrem a ação de bactérias colônicas, resultando na produção do gás metano; Andressa Marques – medicina UFR →Como tem pouco efeito redutor da glicemia e HbA1c, também já não é usada no manejo de DM2. INIBIDORES DO COTRANSPORTADOR 2 DE SÓDIO E GLICOSE TIPOS →iSGLT-2 ou também chamados de GLIFLOZINAS; →Disponíveis no Brasil: DOPAGLIFLOZINA, CANAGLIFLOZINA e EMPAGLIFLOZINA →Todos são administrados em dose oral única diária; MECANISMO DE AÇÃO →Aproximadamente 90% da glicose filtrada pelos glomérulos é reabsorvida no túbulo contorcido proximal pelo cotransportador de sódio e glicose-2 (SGLT-2) e os 10% restantes pelo SGLT-1 →As gliflozinas promovem redução da glicemia por meio da inibição do SGLT-2, o que resulta em bloqueio da reabsorção de glicose no túbulo proximal e aumento de sua excreção urinária; →Pelo aumento da excreção renal de glicose, esses agentes promovem ainda uma modesta redução de peso e, pelo efeito diurético, redução da volemia e da PA. Andressa Marques – medicina UFR A- Fisiologia normal da reabsorção renal de glicose; B- Inibidores do SGLT-2 inibem a reabsorção renal de glicose. EFICÁCIA →De forma geral, foi observada uma redução na HbA1c na ordem de 0,7 a 1%, redução de 2 a 4 kg no peso corporal e queda de 2 a 5 mmHg na PA sistólica; →Esses resultados foram observados em ensaios clínicos empregando as gliflozinas em monoterapia e também com a adição de outras classes de antidiabéticos. →Também foi observada redução de eventos cardiovasculares combinados, redução de internamento por IC e redução da progressão de nefropatia diabética. TOLERABILIDADE →São bem toleradas; →A reação adversa mais frequente é a infecção fúngica dos sistemas genital e urinário, afetando cerca de 5 a 11% dos pacientes; →Infecções bacterianas também podem ocorrer mais raramente. →Esses eventos parecem estar relacionados ao aumento na glicosúria, favorecendo o crescimento dos microrganismos. →Também podem aumentar o risco de hipotensão, por efeito de depleção de volume – mais importante em idosos, podendo elevar o risco de quedas; →Também foram observadas alterações na hemodinâmica renal, como vasoconstrição da arteríola renal aferente, com diminuição inicial na TFG seguida de redução na progressão de queda da TFG e redução da proteinúria; e hipercalemia leve transitória foi relatada em 12 a 27% dos pacientes; →Outro evento adverso observado é o risco de cetoacidose diabética (CAD) com níveis pouco elevados de glicemia (cetoacidose euglicêmica). Tal complicação é bem mais frequente no DM1 (10%) de que no DM2 (0,05%). AGONISTAS DO RECEPTOR DO GLP-1 →O GLP-1 e um hormônio liberado pelas células L enteroendócrinas localizadas no íleo e no cólon; →Apresenta múltiplas ações: estimula a secreção de insulina de maneira glicose-dependente, inibe a secreção de glucagon e o débito hepático de glicose, retarda o esvaziamento gástrico, provoca Andressa Marques – medicina UFR saciedade, reduz o apetite e propicia perda ponderal; também melhora a sensibilidade periférica à insulina, com aumento da captação de glicose pelo músculo esquelético e adipócitos. →Outros efeitos benéficos adicionais incluem estímulo à cardioproteção e neuroproteção. →Fisiologicamente, o GLP-1 é rapidamente degradado pela enzima DPP-4; por isso vem sendo desenvolvidos análogos do GLP-1 resistentes à degradação pela DPP-4; sendo também denominados análogos do receptor do GLP-1 (GLP-1RA). →Entre os representantes dessa categoria, encontramos agentes de curta ação, com 1 a 2 aplicações diárias (EXENATIDA, LIRAGLUTIDA e LIXISENATIDA) e de longa ação, com administração semanal (SEMAGLUTIDA, DULAGLUTIDA, EXENATIDA DE LIBERAÇÃO SUSTENTADA e ALBIGLUTIDA). →Recentemente, dispomos também da semaglutida oral, aprovada pela FDA em 2019, para tomada única diária. Andressa Marques – medicina UFR →Os GLP-1RA podem ser utilizados em associação com qualquer outra classe de antidiabéticos, exceto os iDPP-4, pelo mecanismo de ação superponível. →O tratamento com GLP-1RA propicia redução de 0,5 a 1,5% na HbA1c e perda de 2 a 5% no peso corporal. →Os GLP-1RA estão particularmente indicados para pacientes com excesso ponderal ou aqueles com DCV estabelecida ou com risco muito alto para DCV. →Os compostos de comprovados benefícios cardiovasculares são liraglutida, dulaglutida e semaglutida. ➢ LIRAGLUTIDA →É um análogo acilado do GLP-1 com meia-vida de 10 a 14 horas, o que possibilita sua aplicação 1 vez ao dia; →Sua cadeia de ácidos graxos está ligado no carbono 16 à lisina, o que mascara o ponto de clivagem da liraglutida, tornando resistente à degradação pela DPP-4; →Dose varia de 1,2 a 1,8 mg/dia (aplicação única); começa com 0,6 mg/dia e aumenta para 1,2 mg/dia depois de uma semana e, se necessário, reajusta a dose para 1,8 mg/dia; EFICÁCIA →Está associada à redução de 0,8 a 1,2% na HbA1c, à perda ponderal significativa e ainda apresenta benefícios sobre outros fatores de risco cardiovasculares, melhorando o perfil lipídico, reduz a PA (sobretudo a sistólica) e a PCR de alta sensibilidade; →Também tem sido empregada com sucesso no tratamento da obesidade, sendo os melhores resultados observados com a dose diária de 3mg, disponível com o nome comercial de Saxenda. →Além disso, o uso de liraglutida 1,8 mg/dia, em pacientes com esteato-hepatite não alcoólica pode propiciar melhora bioquímica e histológica, com resolução completa em até 39% dos casos. ➢ DULAGLUTIDA →Consiste em uma ligação entre duas cadeias do análogo do GLP-1 e um fragmento de imunoglobulina G (IgG) – essa estrutura confere uma absorção mais lenta e menor depuração renal, em função disso é aplicada semanalmente na dose de 1,5mg. Andressa Marques – medicina UFR EFICÁCIA→Propicia redução na HbA1c de 0,78 a 1,51%; →Também ajuda na perda ponderal e na redução da incidência de eventos cardiovasculares; →OBS: No estudo REWIND, a dulaglutida reduziu a incidência de eventos cardiovasculares (3P- MACE) em 12%. A população do estudo incluía apenas 31,5% de pacientes com DCV prévia (68,5% com múltiplos fatores de risco), o que levou a FDA a aprovar recentemente a dulaglutida para a redução de eventos CV em prevenção primária, único agente até o momento com essa indicação. ➢ SEMAGLUTIDA →Em estudos a semaglutida mostrou maior redução de HbA1c e de peso corporal quando comparada a sitagliptina, canagliflozina, dulaglutida, liraglutida e Glargina, chegando à redução de 1,5% na HbA1c e de 5 kg de peso corporal. Também foi observada redução de 26% nos eventos cardiovasculares (3P- MACE), com resultado potencializado pela redução de AVC não fatal, sem redução de mortalidade cardiovascular. →Todavia, também foi observado agravamento de retinopatia diabética, complicação que foi atrelada à rápida redução dos níveis glicêmicos; →A dose inicial é de 0,25 mg nas primeiras 4 semanas, passando a seguir para 0,5 mg 1 vez/semana. Caso seja necessário melhor controle glicêmico, a dose pode ser elevada a 1 mg. →A semaglutida oral está disponível em comprimidos de 7 e 14 mg para tomada única diária, 30 minutos antes da primeira refeição. TOLERABILIDADE DOS GLP-1RA →SGI (sobretudo, náuseas, vômitos e diarreia) e reações no local das aplicações são os principais efeitos colaterais; →Essas reações adversas tendem a desaparecer com o tempo, porém podem persistir por várias semanas, sobretudo as náuseas. Estas últimas estão mais relacionadas ao retardo no esvaziamento gástrico que se mostra menos pronunciado com as formulações de ação prolongada. →Hipoglicemia é mais raro; →Pelo relato de pancreatite aguda em pacientes tratados com GLP-1RA a recomendação é evitar a terapia em indivíduos COM HISTÓRIA ou SUSPEITA clínica de pancreatite aguda.
Compartilhar