Buscar

grafismo infantil baseado na psicologia

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE PAULISTA 
 
PSICOLOGIA CONSTRUTIVISTA 
O grafismo infantil baseado na psicologia 
 
 
Santana de Parnaíba – SP 
2021 
 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO 2 
2. GRAFISMO INFANTIL, SEGUNDO AS PERCEPÇÕES DO PIAGET 3 
2.1 Garatuja ordenada 4 
2.2 Pré esquematismo 4 
2.3 Esquematismo 5 
2.4 Realismo 6 
2.5 Pseudo naturalismo 6 
3. GEORGES HENRY LUQUET E O GRAFISMO INFANTIL 7 
3.1 Realismo fortuito 7 
3.2 Realismo falhado 7 
3.3 Realismo intelectual 8 
3.4 Realismo visual 10 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 11 
6. Referências 12 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O desenho infantil, sendo um aliado da expressão da criança, é um meio importante 
para a reflexão quanto à valorização da intervenção deste sujeito no meio social e 
escolar. 
Nesta pesquisa mostraremos a relação entre as fases dos desenhos de acordo com a 
teoria de Lowenfeld e Luquet com os estágios do desenvolvimento apresentados por 
Piaget. 
Para associação dos princípios metodológicos e compreensão desta relação, foram 
dadas folhas em branco para crianças em diferentes estágios do desenvolvimento, com 
a proposta que fizessem desenhos livres, para que a criança tivesse a liberdade de 
fazer um desenho espontâneo, onde ela possa mostrar através do desenho sua 
relação e imaginação do meio. Não demos maiores instruções, pois desta forma fosse 
possível uma análise da evolução dos grafismos de acordo com cada fase e idade de 
cada participante. 
O objetivo desta pesquisa é analisar desenhos de crianças de 2 a 12 anos e em qual 
etapa das teorias a criança se encontra. Veremos que os desenhos das crianças 
possuem diferentes etapas do desenvolvimento gráfico. Isso se dá devido ao fator 
biológico (maturidade) que a criança se encontra em seu desenvolvimento intelectual, e 
ao fator externo (o ambiente), pois crianças que possuem maior interação com o 
ambiente desenvolvem mais conhecimento significativo das coisas, diferente das que 
apresentam menor interação. 
 
 
 
 
 
 
 
2. GRAFISMO INFANTIL, SEGUNDO AS PERCEPÇÕES DO PIAGET 
 
Diante da teoria de Piaget se entende o desenho, tendo como base os estádios de 
desenvolvimento infantil. O desenho é uma forma de comunicação, que abre espaço 
para a criança se expressar. 
A seguir as fases dos desenhos diante a percepção de Piaget. 
Garatuja: A fase da garatuja se divide em fases, sendo elas: garatuja desordenada e 
ordenada. 
Garatuja desordenada: Entre 18 e 24 meses, se encontra no período sensório-motor, 
onde a criança utiliza muito das respostas do seu corpo para desenhar. Precisando do 
estímulo sensorial e dê espaço para explorar inteiramente seus movimentos. 
 
2 Desenho da Emily – 3 anos 
 
Para explicar melhor sobre os desenhos, nos basearemos em Piaget, que realizou 
diversos estudos sobre o desenho infantil, e as dividiu em etapas. 
Os desenhos apresentados acima se enquadram na primeira etapa, garatuja 
desordenada. Desenhando pelo prazer do movimento corporal, essa é a fase em que a 
criança apresenta a descarga motora. A criança não tem controle dos movimentos e 
dos traços, sendo o primeiro contato com o lápis e papel, sem representações, a 
criança faz riscos espontâneos e em vários sentidos. 
 SEQ Figure \* ARABIC 1Desenho do Heitor 
– 2 anos 
1Desenho do Heitor - 2 anos 
 
É bem presente a aproximação de círculos sem atingir a margem da folha, sem se 
preocupar com posição, ordens ou tamanhos. Como notasse no desenho da Emily. 
 
2.1 Garatuja ordenada 
 
Por volta dos 2 aos 7 anos, entende como a sequência dos desenhos, formando os 
traços e descobrindo novos. 
Depois das etapas das garatujas, entramos no pré esquematismo. 
 
2.2 Pré esquematismo 
 
Por volta dos 2 aos 7 anos, ao passar do tempo e por meio do amadurecimento da 
coordenação motora fina, a criança tem mais intenção no seu desenho. Podemos dizer, 
que por meio das concepções de Piaget a criança passa a retratar os objetos. Muitas 
vezes em figuras humanoides, sendo compostas por círculos, entendendo o ser 
humano global. 
Válido ressaltar que no pré-esquematismo a criança não tem intenção de seguir 
padrões, tais quais tamanhos, cor da pele e do cabelo. 
 
 
2Desenho do Pedro – 4 anos 
 
 
Pedro se encontra no pré-esquematismo, expressando seus sentimentos e 
desenhando a sua família. Podemos observar que ele já entende o ser humano em 
partes e não de forma global, ilustrando o seu pensamento, os traços. Sem ter relação 
com a realidade, como a proporção do tamanho dos membros. 
 
2.3 Esquematismo 
 
 
3Desenho da Julia - 9 anos 
 
Esse processo é representado por crianças dos 7 aos 10 anos. A criança começa a 
apresentar uma prévia noção da realidade, com percepção de detalhes, cores, e até 
mesmo acessórios. Por meio de retratos ela consegue distinguir a realidade. 
Nessa fase, a criança já sabe o que está desenhando, porém as noções espaciais são 
abstratas. 
" Primeiro conceito definido de espaço: linha de base. possui um conceito definido 
quanto a figura humana, no entanto aparecem desvios do esquema como: exagero, 
negligência, omissão ou mudança de símbolo. Aqui existe a descoberta das relações 
quanto a cor; cor-objeto, podendo haver um desvio do esquema de cor expressa por 
experiência emocional. Aparece na expressão o jogo simbólico coletivo ou jogo 
dramático e a regra." 
 
 
 
 
2.4 Realismo 
 
Dos 7 aos 10 anos. Dentro do realismo, há a compreensão do sexo, das formas, 
tamanhos, noções espaciais. De fato, é como o nome diz, criança desenhando diante a 
sua percepção do mundo 
Existe uma preocupação maior dos detalhes, do que ela quer representar com um 
enfoque maior do real, do plano e do concreto. 
 
 
2.5 Pseudo naturalismo 
 
A criança tem noção do que ela quer ou não desenhar, relacionar cores com a 
realidade. 
 
 
4Desenho da Rebekah - 10 anos 
 
Rebekah, de 10 anos. Artista que irá trazer um lindo desenho e grande reflexão. 
Ela nos trouxe um desenho de uma árvore e o sol sendo um planeta terra, explica 
sobre a importância de cuidar do nosso planeta. "O sol é o nosso planeta terra, nos 
 
acolhendo, assim como nós deveríamos acolher e cuidar dele. A árvore e a nossa 
saúde, que mesmo em perigo, tem raízes boas". (Rebekah, 10 anos) 
Me trouxe uma grande reflexão do mundo, respeito e de como as crianças têm o tato 
de representar beleza nos seus desenhos e grande profundidade. 
Pensando nisso, Rebekah se enquadra nos estudos de Piaget na última etapa dos 
desenhos, a pseudo-naturalista. "Última fase do desenho infantil de Piaget (1976) é a 
fase do Pseudo Naturalismo, que põe fim da arte como atividade espontânea e inicia-
se uma investigação de sua própria personalidade, tem como características o 
realismo, a objetividade, a profundidade, o espaço subjetivo e o uso consciente da cor 
em seus traçados". 
A criança tem consciência do seu desenhar, do que ela quer ou não representar. 
Noção de distanciamento, profundidade, suas emoções. Expressa por meio do 
desenho, o que ela sente e pensa. 
 
 
 
3. GEORGES HENRY LUQUET E O GRAFISMO INFANTIL 
Para Luquet, o desenho obriga de certo modo a criança a observar o mundo e a 
realidade que lhe cerca, fazendo com que a criança se desenvolva, observando e 
explorando. 
A primeira etapa do desenho segundo Luquet é o realismo fortuito. 
3.1 Realismo fortuito 
A partir dos dois anos. Essa etapa a criança desenha pelo prazer de produzir e não tem 
intenção de simbolizar algo. Os rabiscos são voluntários e sem conexão com o mundo 
real. "A criança começa por traçar símbolos sem qualquer objetivo, não existe a 
intenção de uma representação gráfica, mas ao fazê-lo descobre." 
 
3.2 Realismo falhado 
 
 
Por volta dos 3 a 4 anos. A criança nota uma relação entre formas e tenta reproduzir. 
Há limitações, cognitivas e noção espacial. 
 
3Desenho da Laura – 4 anos 
De acordo com os estudos de Luquet, o desenho de Laura encontra-se na etapa do 
realismo falhado.A criança desenha objetos independentes, podendo exagerar ou 
omitir partes. Essa falta de coordenação é perceptível em suas ações e pensamentos. 
 
3.3 Realismo intelectual 
 
Entre 4 aos 11/12 anos. A criança expressa o que vê e o que sabe, se expressa por 
meio do desenho, representando todos os detalhes imperceptíveis. 
 
 
 
5Desenho da Julia - 12 anos 
 
Nas concepções de Luquet, Júlia está no realismo intelectual, a criança conhece tudo 
acerca daquele objeto e estabelece vínculo entre imagens na superfície. Os 
sentimentos aparecem nesta etapa, e demonstração deles começam a ser refletidos no 
desenho, tais como: alegria, tristeza e força. 
 
 
6Desenho da Taciana - 10 anos 
Apesar de conter apenas 10 anos, “fiz esse desenho em um momento de raiva, foi uma 
forma que encontrei para desabafar. Me inspirei em situações que vejo na rua”. 
Quando foi perguntado sobre a frase ela disse que foi para mostrar o feminismo. Com 
isso, podemos observar que sua visão e opinião da realidade está sendo formada, ela 
busca representar sua perspectiva de alguma situação que vivenciou. 
Conseguimos observar que o desenho desta criança não é fantasioso, e apresenta 
uma questão social mui recorrente, contendo características do realismo visual. 
 
3.4 Realismo visual 
 
Por volta dos 12 anos. "Busca simbolizar o objeto como ele é e a utilização da 
perspectiva, o desenho infantil já não é característica, a criança começa a não aceitar a 
fantasia, mas sim uma conexão com a realidade." 
 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Através deste trabalho pudemos perceber a construção do desenvolvimento cognitivo 
através da representação gráfica, pois a criação de imagens mentais se desenvolve à 
medida que a criança amadurece e é estimulada a se desenvolver. 
Pode-se observar também que, através das amostras de desenhos coletados, que a 
teoria de Lowenfeld e Luquet vão de encontro com o pensamento piagetiano de 
desenvolvimento infantil. Outrossim, as colaborações destes mostram-se validas para 
analisar desenhos infantis na atualidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. Referências 
SANTOS, EDVANIA. ALVES, STEFANNY. MATIAS, VANESSA. “O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 
INFANTIL SOB A ÓTICA DE JEAN PIAGET”. TCC 
FREITAS, JULIA. “PSICOLOGIA CONSTRUTIVISTA: ANÁLISE DE DESENHOS DE ACORDO COM 
PIAGET”. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, 2019 
LOWENFELD, VIKTOR. “A CRIANÇA E SUA ARTE.” SÃO PAULO: MESTRE JOU, 1977. 
 
LOWENFELD, VIKTOR. “DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE CRIADORA”. SÃO PAULO: 
MESTRE JOU, 1970. 
 
BLOG ARTE EDUCAÇÃO. “A CRIANÇA E O DESENHO INFANTIL: A SENSIBILIDADE DO EDUCADOR 
MEDIANTE UMA PRODUÇÃO ARTÍSTICA INFANTIL.” DISPONÍVEL EM: 
<HTTP://ESTUDANDOARTEEDUCACAO.BLOGSPOT.COM.BR/2009/01/CRIANA-E-O-DESENHO-
INFANTIL.HTML> ACESSADO EM 31/03/2021 
 
FERREIRO, EMILIA. “O QUE SÃO GARATUJAS?” DISPONÍVEL EM: 
<HTTPS://CURSOCOMPLETODEPEDAGOGIA.COM/TAG/GARATUJAS-DESORDENADAS/> ACESSADO 
EM 09/04/2021 
 
COELHO, MARLENE “OS CAMINHOS PARALELOS DO DESENVOLVIMENTO DO DESENHO E DA ESCRITA” 
INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE. CONSTR. PSICOPEDAG. VOL.18 NO.17 SÃO PAULO DEZ. 2010. 
DISPONÍVEL EM: <HTTP://PEPSIC.BVSALUD.ORG/SCIELO.PHP?SCRIPT=SCI_ARTTEXT&PID=S1415-
69542010000200003> ACESSADO EM 19/04/2021 
 
 
 
 
http://estudandoarteeducacao.blogspot.com.br/2009/01/criana-e-o-desenho-infantil.html%3E%C2%A0
http://estudandoarteeducacao.blogspot.com.br/2009/01/criana-e-o-desenho-infantil.html%3E%C2%A0

Continue navegando