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FACULDADE CÂMARA CASCUDO CURSO DE DIREITO SOCIOLOGIA JURÍDICA E JUDICIÁRIA MARIA FERNADA C. SANTOS LEI MARIA DA PENHA COMPONENTES DO GRUPO - CHRISTIAN AUGUSTO - DANIELLE PAIVA - EDIJANI FAUSTINO - EVERSON CERDEIRA - LUIZ ANTONIO - SAMUEL SOUROS INTRODUÇÃO E HISTÓRICO Edijani Faustino A Lei 11.340/06, conhecida com Lei Maria da Penha, ganhou este nome em homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes, que por vinte anos lutou para ver seu agressor preso. Maria da Penha é biofarmacêutica cearense, e foi casada com o professor universitário Marco Antonio Herredia Viveros. Em 1983 ela sofreu a primeira tentativa de assassinato, quando levou um tiro nas costas enquanto dormia. Desta primeira tentativa, Maria da Penha saiu paraplégica. A segunda tentativa de homicídio aconteceu meses depois, quando Viveros empurrou Maria da Penha da cadeira de rodas e tentou eletrocuta-la no chuveiro. Apesar da investigação ter começado em junho do mesmo ano, a denúncia só foi apresentada ao Ministério Público Estadual em setembro do ano seguinte e o primeiro julgamento só aconteceu 8 anos após os crimes. Em 1991, os advogados de Viveros conseguiram anular o julgamento. Já em 1996, Viveros foi julgado culpado e condenado há dez anos de reclusão mas conseguiu recorrer. Mesmo após 15 anos de luta e pressões internacionais, a justiça brasileira ainda não havia dado decisão ao caso, nem justificativa para a demora. Maria da Penha conseguiu enviar o caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA), que, pela primeira vez, acatou uma denúncia de violência doméstica. Viveiro só foi preso em 2002, para cumprir apenas dois anos de prisão. O processo da OEA também condenou o Brasil por negligência e omissão em relação à violência doméstica. Uma das punições foi a recomendação para que fosse criada uma legislação adequada a esse tipo de violência. Em setembro de 2006 a lei 11.340/06 finalmente entra em vigor, fazendo com que a violência contra a mulher deixe de ser tratada com um crime de menos potencial ofensivo. A lei também acaba com as penas pagas em cestas básicas ou multas, além de englobar, além da violência física e sexual, também a violência psicológica, a violência patrimonial e o assédio moral. A Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) transforma o ordenamento jurídico brasileiro e expressa o necessário respeito aos direitos humanos das mulheres e tipifica as condutas delitivas. Além disso, essa lei modifica, significativamente, a processualística civil e penal em termos de investigação, procedimentos, apuração e solução para os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA LEI Christian Augusto Antes da vigência da lei Maria da Penha era usado o art. 129, Lesão corporal. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem. QUADRO COMPARATIVO DAS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES – ANTES E DEPOIS DA LEI MARIA DA PENHA ANTES DA LEI MARIA DA PENHA DEPOIS DA LEI MARIA DA PENHA Não existia lei específica sobre a violência doméstica Tipifica e define a violência doméstica e familiar contra a mulher e estabelece as suas formas: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Não tratava das relações entre pessoas do mesmo sexo. Determina que a violência doméstica contra a mulher independe de orientação sexual. Nos casos de violência, aplica- se a lei 9.099/95, que criou os Juizados Especiais Criminais, onde só se julgam crimes de "menor potencial ofensivo" (pena máxima de 2 anos). Retira desses Juizados a competência para julgar os crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher. ANTES DA LEI MARIA DA PENHA DEPOIS DA LEI MARIA DA PENHA Esses juizados só tratavam do crime. Para a mulher resolver o resto do caso, as questões cíveis (separação, pensão, guarda de filhos) tinha que abrir outro processo na vara de família. Serão criados Juizados Especializados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, com competência cível e criminal, abrangendo todas as questões. Permite a aplicação de penas pecuniárias, como cestas básicas e multas. Proíbe a aplicação dessas penas. A autoridade policial fazia um resumo dos fatos e registrava num termo padrão (igual para todos os casos de atendidos). Tem um capítulo específico prevendo procedimentos da autoridade policial, no que se refere às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. mulher podia desistir da denúncia na delegacia. A mulher não pode renunciar, nem perante o Juiz. Era a mulher quem, muitas vezes, entregava a intimação para o agressor comparecer às audiências. Proíbe que a mulher entregue a intimação ao agressor. Não era prevista decretação, pelo Juiz, de prisão preventiva, nem flagrante, do agressor (Legislação Penal). Possibilita a prisão em flagrante e a prisão preventiva do agressor, a depender dos riscos que a mulher corre. ANTES DA LEI MARIA DA PENHA DEPOIS DA LEI MARIA DA PENHA A mulher vítima de violência doméstica e familiar nem sempre era informada quanto ao andamento do seu processo e, muitas vezes, ia às audiências sem advogado ou defensor público. A mulher será notificada dos atos processuais, especialmente quanto ao ingresso e saída da prisão do agressor, e terá que ser acompanhada por advogado, ou defensor, em todos os atos processuais. A violência doméstica e familiar contra a mulher não era considerada agravante de pena. (art. 61 do Código Penal). Esse tipo de violência passa a ser prevista, no Código Penal, como agravante de pena. A pena para esse tipo de violência doméstica e familiar era de 6 meses a 1 ano. A pena mínima é reduzida para 3 meses e a máxima aumentada para 3 anos, acrescentando-se mais 1/3 no caso de portadoras de deficiência. ANTES DA LEI MARIA DA PENHA DEPOIS DA LEI MARIA DA PENHA Não era previsto o comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação (Lei de Execuções Penais). Permite ao Juiz determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação. O agressor podia continuar frequentando os mesmos lugares que a vítima frequentava. Tampouco era proibido de manter qualquer forma de contato com a agredida. O Juiz pode fixar o limite mínimo de distância entre o agressor e a vítima, seus familiares e testemunhas. Pode também proibir qualquer tipo de contato com a agredida, seus familiares e testemunhas. ANTES DA LEI MARIA DA PENHA DEPOIS DA LEI MARIA DA PENHA APLICABILIDADE DA LEI MARIA DA PENHA POR ANALOGIA LUIZ ANTONIO Segundo entendimento de alguns juristas e de várias publicações, “o que de fato a Lei busca é mais do que proteger o sexo biológico “mulher”, é resguardar todos aqueles que se comportam como mulheres, incluindo os travestis e transexuais”. A Desembargadora Maria Berenice Dias, afirma estarem sob abrigo da Lei às lésbicas, travestis, transexuais e transgêneros. E é o que temos visto em várias decisões judiciais. A lei Maria da Penha pode ser utilizada por analogia para proteção do homem? No entendimento inovador do juiz Mário Roberto Kono de Oliveira, do Juizado Especial Criminal Unificado de Cuiabá. Ele acatou os pedidos do autor da ação, que disse estar sofrendo agressões físicas, psicológicas e financeiras por parte da sua ex-mulher. A lei foi criada para trazer segurança à mulher vítima de violência doméstica e familiar. No entanto, de acordo com o juiz, o homem não deve se envergonhar em buscar socorro junto ao Poder Judiciário para fazer cessar as agressões da qual vem sendo vítima. Com a decisão, a ex-mulher do autor está impedida de se aproximar dele a uma distância inferior a 500metros, incluindo sua moradia e local de trabalho. Ela também não pode manter qualquer contato com ele, seja por telefone, e- mail ou qualquer outro meio direto ou indireto. Na mesma decisão, o juiz advertiu que, no caso do descumprimento, a ex-mulher pode ser enquadrada no crime de desobediência e até mesmo ser presa. Segundo o juiz, ele aplicou a Lei 11.340/2006, porque não existe lei similar a ser aplicada quando o homem é vítima de violência doméstica, utilizando assim a analogia. DEPOIMENTO E DISCUSSÃO Samuel Souros PROCEDIMENTOS PARA DENUNCIAR Danielle Paiva No momento da agressão, a vítima deve acionar o serviço de denúncia 180 ou a Polícia Militar, através do número telefônico 190. "Feito isso, os policiais prenderão em flagrante o agressor e o conduzirão ao Distrito Policial. Nesse momento, a mulher deve se dirigir à delegacia e representar pelo prosseguimento do inquérito" Se a mulher agredida resolver fazer a denúncia tempos depois da agressão, ela deve procurar a Delegacia da Mulher mais próxima e falar da violência física ou psicológica que vem sofrendo, fazer constar no Boletim de Ocorrência que pretende dar continuidade ao processo, com o objetivo da instauração de inquérito policial. Caso a vítima não tenha condições financeiras, ela tem direito a um profissional da assistência judiciária. Se as lesões corporais forem em partes íntimas do corpo, a mulher agredida deverá solicitar à delegada de plantão um do exame de corpo de delito por uma médica do IML. "O marido ou parceiro poderá ter suspensa a posse ou restrição do porte de armas, ser afastado do lar, domicílio ou local de convivência ou mesmo ser proibido de realizar certas condutas". O agressor poderá ainda ser proibido de se aproximar ou ter qualquer contato por meio de comunicação entre a vítima, seus familiares e testemunhas. Outra alternativa é a possibilidade de delatar as agressões diretamente ao Ministério Público. ESTATÍSTICA E CONCLUSÃO Everson Cerdeira De 1980 a 2010, foram assassinadas no país perto de 91 mil mulheres no Brasil, 43,5 mil só na última década. . O número de mortes nesses 30 anos passou de 1.353 para 4.297, o que representa um aumento de 217,6% – mais que triplicando – nos quantitativos de mulheres vítimas de assassinato. De 1996 a 2010 as taxas de assassinatos de mulheres permanecem estabilizadas em torno de 4,5 homicídios para cada 100 mil mulheres. Espírito Santo, com sua taxa de 9,4 homicídios em cada 100 mil mulheres, mais que duplica a média nacional e quase quadruplica a taxa do Piauí, estado que apresenta o menor índice do país. Entre os homens, só 14,7% dos incidentes aconteceram na residência ou habitação. Já entre as mulheres, essa proporção eleva-se para 40%. Duas em cada três pessoas atendidas no SUS em razão de violência doméstica ou sexual são mulheres; em 51,6% dos atendimentos foi registrada reincidência no exercício da violência contra a mulher. Seis em cada 10 brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de violência doméstica. - Machismo (46%) e alcoolismo (31%) são apontados como principais fatores que contribuem para a violência. - 94% conhecem a Lei Maria da Penha, mas apenas 13% sabem seu conteúdo. A maioria das pessoas (60%) pensa que, ao ser denunciado, o agressor vai preso. - 52% acham que juízes e policiais desqualificam o problema. 91% dos homens dizem considerar que “bater em mulher é errado em qualquer situação”. - Uma em cada cinco mulheres consideram já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”. - O parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais 80% dos casos reportados. Cerca de seis em cada sete mulheres (84%) e homens (85%) já ouviram falar da Lei Maria da Penha e cerca de quatro em cada cinco (78% e 80% respectivamente) têm uma percepção positiva da mesma. O medo continua sendo a razão principal (68%) para evitar a denúncia dos agressores. - 66% das brasileiras acham que a violência doméstica e familiar contra as mulheres aumentou, mas 60% acreditam que a proteção contra este tipo de agressão melhorou após a criação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) Serviços de Atendimento à Mulher disponíveis no país O Brasil tem mais de 5.500 municípios e apenas: - 190 Centros de Referência (atenção social, psicológica e orientação jurídica) - 72 Casas Abrigo - 466 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher - 93 Juizados Especializadas e Varas adaptadas - 57 Defensorias Especializadas - 21 Promotorias Especializadas - 12 Serviços de Responsabilização e Educação do Agressor - 21 Promotorias/Núcleos de Gênero no Ministério Público Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres NORDESTE BIBLIOGRAFIA http://www.observe.ufba.br/lei_mariadapenha Fonte de pesquisa: http://www.conjur.com.br/2008-out- 30/lei_maria_penha_aplicada_proteger_homem http://vilamulher.terra.com.br/violencia-contra-a-mulher-o-que-fazer-em-caso-de- agressao-3-1-30-667.html Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República - http://www.sepm.gov.br/ http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=arti cle&id=1975 Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil, realizada pelo Instituto Avon / Ipsos entre 31 de janeiro a 10 de fevereiro de 2011. A Pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado foi realizada em 2010 pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o SESC. quarta edição da Pesquisa DataSenado, concluída em fevereiro de 2011. http://www.pagu.unicamp.br/sites/www.pagu.unicamp.br/files/colenc.01.a08.pdf http://mapadaviolencia.org.br/ OBRIGADO!
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