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SUA_PETICAO_S2_ Constitucional

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INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION 
 
Seção 2 
SUA PETIÇÃO 
DIREITO 
CONSTITUCIONAL 
 
 2 
INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION 
 
 
 
 
 
 
Olá, aluno, seja bem-vindo ao Núcleo de Prática Jurídica de Direito Constitucional 
novamente! Vamos para a segunda seção do Núcleo de Prática Jurídica de Direito 
Constitucional, na qual relembraremos o nosso caso e enfrentaremos um novo desafio com 
ainda mais aprendizagem. 
 
O CASO 
 A senhora Maria, de 76 anos, compareceu a uma loja da empresa Zumbi Telefonia, 
uma concessionária de telefonia fixa, telefonia móvel, internet banda larga e TV por 
assinatura, a única com esses serviços disponíveis em sua região, situada na cidade e 
comarca de Taubaté/SP, para adquirir um pacote de serviços de internet banda larga e 
televisão por assinatura. 
 Após serem apresentados os produtos, o vendedor informou que somente poderiam 
ser contratados os serviços se fossem adquiridos, de forma conjunta, um aparelho celular 
pós-pago, no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), e uma linha telefônica fixa, ambos com 
mensalidade de R$ 200,00 (duzentos reais), com vigência pelo prazo mínimo de 12 meses. 
 Além disso, foi exigido que a sua filha, Ana, professora do ensino fundamental, que a 
acompanhava, assinasse o contrato em nome dela, pois foi dito que, em razão de sua idade 
avançada, haveria maior risco de morte durante o contrato, inclusive por ser grupo de risco 
da Covid-19, o que poderia trazer prejuízos à empresa. Assim, apesar de o serviço ser 
prestado em sua residência e Maria ser a responsável pelo pagamento, somente a sua filha 
pode constar como contratante. Tendo em vista a extrema necessidade da internet para que 
pudesse prestar seus serviços de tradutora, Maria aceitou as exigências da empresa. 
 Após a formalização do contrato, a empresa Zumbi Telefonia informou haver o prazo 
de sete dias para instalação e que não poderia indicar uma data e um horário corretos, 
 
 
Seção 2 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Sua causa! 
 
 3 
INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION 
devendo a contratante aguardar em horário comercial a chegada de um funcionário 
credenciado. 
 Somente após 11 dias, quatro a mais do que a data aprazada, os funcionários 
compareceram na residência de Maria. Após quebrarem duas paredes e estragarem o piso 
de sua sala, instalaram a internet e o telefone fixo, deixando de instalar a televisão a cabo por 
alegarem falta de estrutura. 
 Contudo, foi informado a ela que tanto o atraso na instalação como esses prejuízos 
não seriam indenizados, em razão de haver no contrato uma cláusula que retira da empresa 
Zumbi Telefonia qualquer responsabilidade, e que essa exclusão constante do contrato de 
adesão havia sido devidamente assinada pela filha contratante, Ana. 
 Dois meses após a contratação, o serviço de instalação ainda não foi concluído, mas 
as mensalidades dos serviços, no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), foram cobradas, 
bem como o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), debitado de sua conta de forma equivocada 
pelo serviço de instalação, o qual, no contrato, constava como sendo absolutamente gratuito. 
 Maria e Ana procuraram o escritório de advocacia de Josué para tomarem as 
providências necessárias, uma vez que passaram por momentos difíceis, acarretando, 
inclusive, um quadro de depressão em Maria, em razão do tratamento preconceituoso 
conferido pela empresa a respeito de sua idade. 
Além dessa grave lesão à sua esfera íntima, Maria perdeu o prazo de entrega de dois 
trabalhos de tradução já contratados, no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), devido à 
demora da instalação da internet em sua residência, assim como teve que despender o valor 
de R$ 1.000,00 (mil reais) para consertar as paredes avariadas pelo funcionário instalador da 
empresa Zumbi Telefonia. 
Maria deseja recuperar os valores indevidamente cobrados pela instalação e exige 
que o serviço de televisão a cabo contratado, que está sendo pago, seja efetivamente 
instalado em sua residência, e que o telefone fixo seja desinstalado, assim como as cobranças 
de sua utilização sejam cessadas. 
Em vista dos valores envolvidos na relação jurídica e da falta de complexidade que 
exigiria a realização de perícias ou outras provas técnicas, Josué, Ana e Maria entenderam 
que o foro mais adequado para a propositura da ação seria o do Juizado Especial Cível, em 
razão da gratuidade de custas em primeiro grau. 
Você propôs a ação de indenização combinada com a ação de obrigação de fazer 
perante o Juizado Especial Cível de Taubaté, no interior do estado de São Paulo. Observou 
 
 4 
INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION 
que o valor da causa era compatível com a da Lei dos Juizados Especiais, que prevê o teto 
de 40 salários-mínimos para a propositura de ação com advogado constituído pelas partes. 
Lembre-se de que a propositura de ação em valor superior levará ao questionamento da 
competência do Juizado ou à tácita renúncia aos valores excedentes a esse limite. 
 O magistrado de primeiro grau, ao receber a inicial, acolheu integralmente o pedido 
liminar formulado e determinou que a empresa ré instale os serviços de televisão por 
assinatura na residência da autora Maria, no prazo de cinco dias, sob pena de multa diária de 
R$ 500,00 (quinhentos reais). 
A empresa ré recorreu dessa decisão, interpondo Agravo de Instrumento para o 
Tribunal de Justiça de São Paulo, fundamentando tal recurso no fato de o serviço de televisão 
por assinatura ser um luxo, e não um serviço essencial, e que a idade da autora Maria não 
teria o condão de priorizar o atendimento do MM Juízo. Apontou também não haver nenhuma 
forma de composição ou acordo, tendo em vista ter agido com total respeito à lei e à 
Constituição. 
Com o recebimento do Agravo de Instrumento da empresa Zumbi Telefonia, o Tribunal 
de Justiça intimou o advogado Josué, para que apresente resposta ao recurso. 
 Agora é com você! No papel do advogado Josué, elabore a peça processual 
cabível diante da situação narrada. 
 
 
 
 
Vimos que a nossa Constituição possui um amplo conjunto de direitos e garantias 
fundamentais e sociais, assim como uma vasta proteção ao regime democrático. Dentre 
esses direitos fundamentais, a Constituição previu a proteção do consumidor nas relações de 
consumo, o que foi amplamente regulado pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), a 
Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. 
Essa lei trouxe uma verdadeira revolução no tratamento das relações de consumo no 
Brasil, mas não apenas isso; ela ampliou a forma como as tutelas metaindividuais são 
protegidas, sendo aplicável a todas as ações envolvendo os direitos difusos, coletivos e 
individuais homogêneos e compondo o que é chamado de Microssistema Processual 
Coletivo. 
Fundamentando! 
 
 5 
INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION 
Perceba que o CDC é uma lei muito especial, não só pela ampla proteção que trouxe 
ao sistema jurídico mas também por ser uma lei principiológica, cujos efeitos irradiam para 
todas as relações jurídicas de consumo e coletivas. Uma regra pode ser facilmente alterável, 
mas um princípio, a partir de sua existência, passa a influenciar outras regras e relações, 
tornando-se muito mais amplo e de difícil alteração ou retrocesso. Por isso, os princípios do 
CDC são tão importantes e influenciam o direito como um todo. Vejamos alguns deles. 
• Princípio da dignidade humana 
Esse é o núcleo da proteção de todos os direitos fundamentais previstos em nossa 
Constituição. Tem como propósito colocar a pessoa humana como principal objetivo e 
finalidade da existência do Estado e do próprio direito. Os seres humanos e a sua dignidade 
são a finalidade do Direito, e jamais um meio para atingir qualquer resultado jurídico ou 
econômico. 
A dignidade humana vista com os olhos do direito do consumidor tem um matiz 
especial, o do papel do consumidor inserido na ordem econômicae social, com a melhoria de 
sua qualidade de vida e a proteção de suas relações privadas. 
• Princípio da igualdade 
Exige o permanente equilíbrio das partes. Trata-se da proteção ao consumidor, ao 
exigir boa-fé objetiva na atuação por parte do fornecedor, para garantir o equilíbrio entre as 
partes. O consumidor tem o direito à informação, à revisão contratual e à conservação do 
contrato, sempre com o intuito de estar em par de igualdade nas contratações. 
• Princípio da vulnerabilidade 
É reconhecimento da desigualdade das relações de consumo, com a presunção de 
que uma das partes é mais frágil jurídica, fática, socioeconômica e, em especial, quanto às 
informações técnicas que envolvem o produto ou serviço. Diante da vulnerabilidade 
reconhecida, o CDC apresenta um conjunto de regras, as quais, artificialmente, retomarão o 
equilíbrio entre as partes, tratando desigualmente os desiguais. 
• Princípio da proteção 
A desigualdade das relações de consumo é reconhecida e presumida pela 
Constituição e pelo CDC, devendo a parte mais vulnerável – o consumidor – ser protegida em 
sua incolumidade física, psíquica ou econômica. Não é somente a regulação da relação 
jurídica, como ocorre no Código Civil, o CDC protege deliberadamente uma das partes, cuja 
vulnerabilidade reconhece o consumidor. 
 
 6 
INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION 
• Princípio da boa-fé objetiva 
As partes nas relações de consumo devem proceder com probidade, lealdade, 
solidariedade e cooperação. 
A boa-fé objetiva é o agir ético que todas as pessoas devem ter, corriqueiramente, de 
agir de forma honesta para com os demais. Sendo princípio do Direito, serve como fonte da 
interpretação do contrato e das relações pelo aplicador do direito. É uma regra de conduta de 
acordo com os ideais de honestidade, probidade e lealdade, respeitando a confiança e os 
interesses da outra parte. Esse princípio possui as funções interpretativa, integrativa e de 
controle, pois quem descumpre a boa-fé objetiva comete um ilícito por abuso de direito (inciso 
IV do art. 51 do CDC). 
A boa-fé subjetiva, por sua vez, corresponde ao estado psicológico da pessoa em uma 
relação jurídica específica, a sua intenção ou o convencimento de agir de forma correta, a fim 
de não prejudicar ninguém. 
• Princípio da confiança 
A confiança é o dever de agir com lealdade para com o consumidor, agir da forma 
“normal” que todos esperam que uma pessoa em mesmas condições aja. Acompanha a boa-
fé no sentido de agir da forma esperada, não frustrando as justas expectativas da parte 
contrária diante de uma situação. 
• Princípio da informação e da transparência 
Este é um dos principais pilares da proteção ao consumidor: o direito de receber 
informação adequada, eficiente e precisa sobre o produto ou serviço, com amplo e 
simplificado acesso às suas características, composição, qualidade e preço, bem como aos 
riscos que podem ser apresentados com a sua utilização. 
O direito à informação ganha o aspecto de dever de transparência por parte do 
fornecedor a respeito de todas as condições e riscos do negócio e se apresenta como um dos 
desdobramentos da boa-fé objetiva. O fornecedor não pode suprimir informações que retirem 
do consumidor o conhecimento de aspectos que são relevantes para o negócio, impedindo, 
por exemplo, a prática de escrever com letras miúdas os aspectos mais gravosos ou omitir a 
incidência de juros ou outros gravames. 
• Princípio da facilitação da defesa e do acesso à justiça 
 
 7 
INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION 
O acesso à justiça e a outros meios de solução de conflitos foi garantido ao consumidor 
como facilitação dos meios de defesa de seus direitos. Isso ocorre no inciso XXXII do art. 5º 
do CDC: 
Art 5º Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o 
poder público com os seguintes instrumentos, entre outros: 
 
I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente; 
II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do 
Ministério Público; 
III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores 
vítimas de infrações penais de consumo; 
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para 
a solução de litígios de consumo; 
V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa 
do Consumidor. (BRASIL, 1990, [s. p.]) 
 
A criação de órgãos públicos, como os PROCONs estaduais, a existência de 
delegacias de defesa do consumidor, promotorias e defensorias públicas e a atuação de 
associações de defesa do consumidor, sem dúvida, facilitaram a defesa do consumidor, não 
apenas lhe conferindo direitos, mas criando órgãos de controle de sua efetividade. 
Os juizados especiais são outro instrumento muito importante de acesso à justiça, 
porém trataremos sobre eles mais adiante. 
Nos aspectos processuais, o CDC trouxe duas regras de proteção: a fixação do foro 
competente no domicílio do consumidor e a facilitação de defesa com a inversão do ônus da 
prova, uma exceção à regra de que a prova incube a quem alega determinado fato. 
O magistrado poderá estabelecer a inversão do ônus da prova a favor do consumidor 
no processo civil, quando, a critério dele, for verossímil a alegação ou quando ele for 
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência (art. 6º do CDC). 
Outro ponto de defesa é o reconhecimento da responsabilidade objetiva do fornecedor 
de produtos e serviços, dispensando o consumidor de comprovar que o dano a ele causado 
tenha sido causado com culpa ou dolo, bastando, para tanto, a comprovação do dano à 
prática de um ato ou a omissão juridicamente relevante e o liame entre eles, o chamado nexo 
causal entre a causa (agir) e o efeito (dano). 
 
 Juizados especiais 
O acesso à justiça é uma garantia constitucional, sem a qual os direitos fundamentais 
não poderiam ser tutelados. Sem o acesso à justiça estatal, não adianta haver direitos, pois 
a sua violação não pode ser coibida e corrigida. 
 
 8 
INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION 
Jamais foi uma surpresa que o acesso ao judiciário no Brasil é para poucos elitizados, 
os quais podem pagar advogados e custas processuais, e que a desigualdade econômica e 
o elevado custo processual impedem a persecução da justiça estatal. 
Somente na década de 1950, a Lei nº 1.0601 regulou o acesso à justiça para os mais 
necessitados, os chamados economicamente hipossuficientes, por meio de assistência 
judiciária gratuita, que envolve os honorários de advogados e peritos, taxas judiciárias, 
depósitos recursais, entre outros. 
Com a Constituição de 1988, a efetivação do direito/garantia fundamental de acesso 
à justiça passou a ser previsto em diversos dispositivos. 
Na década de 1990, diversos grupos de juristas foram chamados a apresentar 
anteprojetos de leis para a modernização de normas processuais, para a elaboração de um 
Código de Defesa do Consumidor e de um Estatuto da Criança e do Adolescente e para o 
aprimoramento dos recentemente criados “Juizados de Pequenas Causas2”. 
Para essa finalidade, por meio de um grupo capitaneado pela jurista Ada Pellegrini 
Grinover, foi aprovada a Lei nº 9.099/95, que criou os Juizados Especiais Cíveis e Criminais 
e trouxe diversas alterações processuais e materiais no campo civil e penal. 
A competência em razão da matéria (competência absoluta) para julgamento das 
causas cíveis de menor complexidade e das causas criminais envolvendo crimes de menor 
potencial ofensivo tem como princípios a oralidade, a celeridade e a economia processual, a 
simplicidade e a informalidade. 
A gratuidade dos atos processuais, a possibilidade de ingresso de ação sem 
advogados constituídos, a concentração, a simplicidade, a celeridade e a oralidade dos atos 
fizeram com que o acesso à justiça deixasse de ser a realidade de poucos e passou a fazerparte do dia a dia de milhões de pessoas. 
Causas de diminuto valor, que outrora resvalavam em total impossibilidade de 
cobrança de seu cumprimento por parte de consumidores, se tornaram mais fáceis e 
acessíveis. Evidentemente, há muito a ser melhorado, mas é incomparável o acesso ao Poder 
Judiciário antes e depois da criação dos Juizados Especiais. 
 
1 A Lei nº 1.060/50 foi, em grande parte, revogada pelo art. 98 e seguintes do Código de Processo Civil de 
2015, Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. “Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, 
com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios 
tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.” (BRASIL, 2015, [s. p.]). 
 
2 Os Juizados Especiais de Pequenas Causas foram criados pela Lei nº 7.244, de 7 de novembro de 1984, 
com competência para as causas cíveis de valor não superior a 20 (vinte) salários-mínimos. 
 
 9 
INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION 
Essa experiência positiva fez com que os Juizados também fossem criados para causas 
envolvendo o Poder Público, primeiro na Justiça Federal, com os Juizados Especiais Cíveis Federais, 
criados pela Lei nº 10.259/01; depois, os Juizados Especiais da Fazenda Pública, criados pela Lei nº 
12.153/09, sendo esse conjunto de normas e órgãos denominado de microssistema dos Juizados. 
 
 
O princípio da oralidade que norteia os Juizados não significa a inexistência de documentação 
escrita, mas, sim, que os atos processuais devem ser orais em sua maioria, realizados em uma única 
audiência, quando a proximidade entre as partes e o julgador é essencial, tanto para o conhecimento 
dos fatos quanto para proporcionar a celeridade de uma decisão tomada com o frescor das provas e 
das circunstâncias, trazendo maior influência das partes no deslinde da demanda. 
Diante dessa concentração de atos, é diminuta a quantidade de recursos nos Juizados Cíveis, 
não havendo a possibilidade de interposição de recursos contra as decisões interlocutórias, segundo 
a Lei nº 9.099/95, sendo incabível a interposição do recurso de Agravo contra essas decisões para 
maior parte da doutrina. 
Ainda mais restritivas são os entendimentos que permitem que um recurso contra decisão 
interlocutória seja endereçado aos Colégios Recursais formados por juízes de primeiro grau, os quais 
julgam o chamado recurso inominado, que é equivalente aos Juizados ao Recurso de Apelação. 
Portanto, a maior parte da doutrina rechaça que qualquer recurso em decisão do juizado cível seja 
julgado nos Tribunais de Justiça dos estados. 
Apesar de haver grande celeuma a respeito da irrecorribilidade, o Supremo Tribunal Federal 
entendeu, na decisão do Recurso Extraordinário nº 576847/BA, que, excepcionalmente, quando 
PONTO DE ATENÇÃO! 
Art 4° A Política Nacional das Relações de Consumo tem por 
objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o 
respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus 
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem 
como a transparência e harmonia das relações de consumo, 
atendidos os seguintes princípios: 
 
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado 
de consumo; (BRASIL, 1990, [s. p.]) 
 
 10 
INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION 
houver um dano irreparável à parte, a ausência de Agravo de Instrumento pode ser superada pelo 
manejo de Mandado de Segurança. 
Há, aqui, a clara aplicação do princípio da tipicidade e da taxatividade recursal, o qual exige 
que um recurso esteja previsto em lei para que seja utilizado, não havendo margem para analogias, 
nas quais o legislador deliberadamente não desejou que houvesse recurso. Essa omissão de um 
determinado recurso de forma proposital é chamado de silêncio eloquente do legislador. 
O princípio da oralidade previsto nos Juizados pressupõe a concentração dos atos 
processuais e a celeridade na obtenção das tutelas judiciais, em razão disso, o legislador previu um 
rol diminuto de recursos possíveis. 
Assim, a parte não pode pretender aumentá-lo com a propositura de outros recursos, em 
razão da especialidade e da não tipicidade e da taxatividade que afastam a fungibilidade recursal. 
Ora, se há a previsão de recursos para uma determinada decisão, a parte não pode ingressar 
com outro recurso esperando o seu aproveitamento, não sendo aplicável o princípio da fungibilidade 
recursal quando evidenciado erro grosseiro na substituição de um recurso por outro. 
 
 
 
 
Pronto para começar a praticar? O conteúdo você já tem, então qual medida judicial podemos 
tomar? 
Atenção: no papel do advogado Josué, vamos propor a medida adequada, apresentando 
a peça processual correta para o momento processual. 
Feito isso, você deverá: 
1. Verificar qual é o foro competente para o seu julgamento, para fazer o correto endereçamento 
da petição. 
2. Verificar se o recurso da parte é cabível e foi interposto no foro competente para julgá-lo. 
3. Demonstrar o descabimento da ação, com a devida fundamentação legal. 
4. Datar e assinar a petição. 
Agora é com você, aluno! 
 
 
Vamos peticionar! 
 
 11 
INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION 
Referências 
 
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: 
Presidência da República, [2021]. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 1º jun. 2021. 
 
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá 
outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 4 jun. 2021. 
 
BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e 
Criminais e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm. Acesso em: 6 jun. 2021. 
 
BRASIL. Lei nº 10.259, de 12 de julho de 2001. Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais 
Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10259.htm. Acesso em: 6 jun. 
2021. 
 
BRASIL. Lei nº 12.153, de 22 de dezembro de 2009. Dispõe sobre os Juizados Especiais da 
Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. 
Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12153.htm. Acesso em: 6 jun. 2021. 
 
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência 
da República, [2021]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 6 jun. 2021. 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10259.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm

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