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Esses objetivos de acompanhamento pré-natal asseguraram o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive quando se aborda aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas. As consultas deverão ser mensais até a 28ª semana, quinzenais entre 28 e 36 semanas e semanais no termo. Não existe alta do pré-natal. O total de consultas deverá ser de, no mínimo, 6 (seis), com acompanhamento intercalado entre médico e enfermeiro. 1º TRIMESTRE: Anamnese, Exame Físico, Exames Complementares, Prescrição de medicamentos, Orientações, Achados e Condutas. Orientar os hábitos de vida (higiene pré- natal) Assistir psicologicamente a gestante Preparar a gestante para a maternidade: instruí-la sobre o parto (parto humanizado), dando-lhe noções de puericultura Evitar o uso de medicação e de medidas potencialmente prejudiciais ao feto (p. ex., teratogênese) Tratar os pequenos distúrbios da gravidez Realizar a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das doenças próprias da gravidez ou nela intercorrentes. Objetivos básicos da assistência pré-natal: Pré- Natal de Baixo Risco Introdução ROTEIRO DA PRIMEIRA CONSULTA 1. ANAMNESE Na primeira consulta, deve-se pesquisar os aspectos socioepidemiológicos, os antecedentes familiares, os antecedentes pessoais gerais, ginecológicos e obstétricos, além da situação da gravidez atual. data precisa da última menstruação; regularidade dos ciclos; uso de anticoncepcionais; paridade; intercorrências clínicas, obstétricas e cirúrgicas; detalhes de gestações prévias; uso de tabaco, álcool ou outras drogas lícitas ou ilícitas; história infecciosa prévia; vacinações prévias uso de medicações; história prévia de doença sexualmente transmissível; exposição ambiental ou ocupacional de risco; reações alérgicas; história pessoal ou familiar de doenças hereditárias/malformações; gemelaridade anterior; fatores socioeconômicos; atividade sexual Os principais componentes podem ser assim listados: Na pesquisa de sintomas relacionados à gravidez também deverá ser questionada a existência de náuseas, vômitos, dor abdominal, constipação, cefaleia, síncope, sangramento ou corrimento vaginal, disúria, polaciúria e edemas. As anotações deverão ser realizadas tanto no prontuário da unidade (Ficha Clínica de PréNatal) quanto no Cartão da Gestante. 2. EXAME FÍSICO No exame físico, os mais importantes componentes que precisam ser incluídos na primeira visita pré-natal são os seguintes: peso, altura, pressão arterial, avaliação de mucosas, da tireoide, das mamas, dos pulmões, do coração, do abdome e das extremidades. Lorena Lima, M7 Exame físico geral: - Inspeção da pele e das mucosas; - Sinais vitais: aferição do pulso, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura axilar; - Palpação da tireoide , região cervical, supraclavicular e axilar (pesquisa de nódulos ou outras anormalidades); - Ausculta cardiopulmonar; - Exame do abdome; - Exame dos membros inferiores; - Determinação do peso; - Determinação da altura; - Cálculo do IMC; - Avaliação do estado nutricional e do ganho de peso gestacional; - Medida da pressão arterial; - Pesquisa de edema (membros, face, região sacra, tronco) 1º TRIMESTRE: Anamnese, Exame Físico, Exames Complementares, Orientações, Prescrição de medicamentos, Achados e Condutas. No exame ginecológico/obstétrico, deve-se avaliar a genitália externa, a vagina, o colo uterino e, no toque bidigital, o útero e os anexos. Após a 12ª semana, deve-se medir a altura do fundo uterino no abdome. A ausculta fetal será possível após a 10ª-12ª semana, com o sonar-doppler. Nas visitas subsequentes, torna-se obrigatório medir a altura uterina, pesar a paciente, mensurar a pressão arterial, verificar a presença de anemia de mucosas, a existência de edemas e auscultar os batimentos cardíacos fetais. Pré- Natal de Baixo Risco Exame físico específico (gineco-obstétrico): - Palpação obstétrica; - Medida e avaliação da altura uterina; - Ausculta dos batimentos cardiofetais; - Registro dos movimentos fetais; - Teste de estímulo sonoro simplificado (Tess); - Exame clínico das mamas; -Exame ginecológico ( inspeção dos genitais externos, exame especular, coleta de material para exame colpocitopatológico, toque vaginal). Hemograma; Tipagem sanguínea e fator Rh; Coombs indireto (se for Rh negativo); Glicemia de jejum; Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR; Teste rápido diagnóstico anti-HIV; Anti-HIV; Toxoplasmose IgM e IgG; Sorologia para hepatite B (HbsAg); Exame de urina e urocultura; Ultrassonografia obstétrica (não é obrigatório), com a função de verificar a idade gestacional; Citopatológico de colo de útero (se necessário); Exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica); Parasitológico de fezes (se houver indicação clínica); Eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver antecedentes familiares de anemia falciforme ou apresentar história de anemia crônica). Devem ser solicitados na primeira consulta os seguintes exames complementares: *À conta da hemodiluição fisiológica da gravidez, os níveis de hemoglobina que configuram a anemia são bem mais baixos que os existentes fora da gestação. Assim, os níveis mínimos normais de hemoglobina na gestação definidos pelo Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG, 2015) são os valores de 11 g/dℓ no 1o trimestre, 10,5 g/dℓ no 2o e no 3o trimestre e 10 g/dℓ no pós-parto. 3. EXAMES COMPLEMENTARES Lorena Lima, M7 1º TRIMESTRE: Anamnese, Exame Físico, Exames Complementares, Prescrição de medicamentos, Orientações, Achados e Condutas. Pré- Natal de Baixo Risco Na gravidez normal, a mulher precisa de 1.000 mg de ferro para suprir as necessidades maternas e fetais. O aumento da massa eritrocitária de cerca de 450 mℓ solicita 500 mg de ferro; o feto requer outros 300 mg. A quantidade de ferro na dieta e as reservas maternas não são suficientes para as necessidades da gravidez, a suplementação diária de ferro elementar deverá ser de 60 mg. A dose de ferro elementar recomendada pela OMS (2007) é de 60 mg/dia, e pelo IOM (2001) é de 45 mg/dia, pois quantidades superiores podem causar efeitos colaterais gastrintestinais (pirose e constipação intestinal). Mulheres em idade fértil devem ter aporte diário de 150 mg de iodo, assim como durante o período da gravidez e no pós-parto. As vitaminas pré-natais com 150 a 200 μg de iodo estão indicadas em tomadas diárias; O Institute of Medicine (IOM, 2011) dos EUA recomenda a dose diária de 600 UI de vitamina D e de 1.000 mg de cálcio para grávidas e lactantes. A relação entre a deficiência grave de vitamina D na gravidez e o raquitismo congênito é bastante conhecida Deve-se orientar a gestante sobre a alimentação e o acompanhamento do ganho de peso gestacional; Deve-se incentivar o aleitamento materno exclusivo até os seis meses; Deve-se fornecer todas as informações necessárias e respostas às indagações da mulher, de seu companheiro e da família; Deve-se prescrever suplementação de sulfato ferroso (40mg de ferro elementar/dia) e ácido fólico (5mg/dia) para profilaxia da anemia; Deve-se orientar a gestante sobre os sinais de risco e a necessidade de assistência em cada caso; Deve-se referenciar a gestante para atendimento odontológico; Deve-se encaminhar a gestante para imunização antitetânica (vacina dupla viral), quando a paciente não estiver imunizada; Deve-se agendar consultas subsequentes. 4. ORIENTAÇÕES 5. PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS Lorena Lima, M7 1º TRIMESTRE: Anamnese, Exame Físico, Exames Complementares, Prescrição de medicamentos, Orientações, Achados e Condutas. Pré- Natal de Baixo Risco Náuseas: Um achado muito comum na gravidez, tem a terapia farmacológica de primeira linha na combinação de doxilamina (10 mg) e piridoxina (10 mg). Oriente a gestante a: (i) consumir uma dieta fracionada (6 refeições leves ao dia); Durante a gravidez são foram referidos pequenos distúrbios decorrentes de modificações fisiológicasdo organismo materno. Grande parte deles não necessita de tratamento, apenas esclarecimento à paciente, que, a princípio, não costuma compreender a ausência de gravidade. Tem sido estimado que cerca da metade de todos os defeitos congênitos pode ser evitada se mulheres em idade de gravidez consumirem quantidade adequada de ácido fólico , seja pela ingesta de alimentos fortificados com a substância ou pela suplementação com multivitaminas. Os defeitos do tubo neural (DTN) são anomalias congênitas graves decorrentes da falta de fechamento do tubo neural da 3 a à 4 a semana após a concepção. A taxa de recorrência de DTN é reduzida de 3,5% em mulheres não suplementadas com ácido fólico para 1% naquelas em que o suplemento é administrado na dose de 4 mg/dia antes da gravidez e nas suas primeiras 6 semanas. (alimentos ricos em ácido fólico: grãos fortificados, espinafre, lentilha, ervilha, aspargo, brócolis, milho, laranja). *Orienta-se que a ingestão de ferro seja realizada uma hora antes das refeições. A suplementação de ferro deve ser mantida no pós-parto e no pós-aborto por 3 meses; Durante a gravidez, especialmente no 1º trimestre, é prudente evitar qualquer medicamento, a menos que haja indicação absoluta para a sua administração !!! 6. ACHADOS E CONDUTAS Pirose: Na maioria dos casos, os sintomas são leves e aliviados por dieta fracionada e com pequenos volumes, evitando-se a ingesta de alimentos gordurosos, café, chá, mate, além do fumo. Medidas posturais indicadas são: evitar o decúbito horizontal logo após as refeições e a curvatura do tronco para frente quando sentada. O hidróxido de alumínio ou magnésio, isolados ou combinados, são os indicados. Não se administra o bicarbonato de sódio. Sialorreia: No início da gravidez, a salivação excessiva pode ser um incômodo, especialmente quando associada a náuseas. Oriente dieta semelhante à indicada para náusea e vômitos; a gestante deve deglutir a saliva e tomar líquidos em abundância (especialmente em épocas de calor). Constipação Intestinal: Oriente dieta rica em resíduos: frutas cítricas, verduras, mamão, ameixas e cereais integrais. Recomenda-se que a gestante aumente a ingestão de líquidos e evite alimentos de alta fermentação, tais como repolho, couve, ovo, feijão, leite e açúcar; Edema: Durante a gravidez, é importante diferenciar o edema generalizado do gravitacional. O edema gravitacional está limitado aos tornozelos decorre do aumento de pressão nos capilares dos membros inferiores. O edema generalizado, anunciado por súbito aumento de peso, engrossamento dos dedos, face vultosa e deposição de água (ii) evitar frituras, gorduras e alimentos com cheiros fortes ou desagradáveis; (iii) evitar líquidos durante as refeições, dando preferência à sua ingestão nos intervalos; (iv) ingerir alimentos sólidos antes de se levantar pela manhã, como bolacha de água e sal; (v) ingerir alimentos gelados; Lorena Lima, M7 1º TRIMESTRE: Anamnese, Exame Físico, Exames Complementares, Prescrição de medicamentos, Orientações, Achados e Condutas. Pré- Natal de Baixo Risco Tdap (tríplice bacteriana acelular – tétano, difteria, pertussis): Uma recomendação recente aponta que a janela ótima para atingir o maior nível de anticorpos pertussis para proteger o bebê parece ser administrar a vacina entre 27 e 36 semanas da gestação (ACOG, 2017). As vacinas obrigatórias na gravidez são: Sintomas urinários: A frequência e a urgência são comuns no início e no fim da gestação. Os fatores relacionados são: no 1o trimestre, a pressão exercida pelo útero gestante, em anteflexão exagerada, sobre a bexiga; Mesmo sendo incômodo o aumento do número de micções, é de extrema importância incentivar a ingestão hídrica adequada. Leucorreia: Durante a gestação, é comum o aumento da secreção vaginal (produção exacerbada de muco cervical, maior descamação do epitélio e transudação elevada pelo incremento da vascularização); trata-se de um corrimento branco, leitoso e não produz irritação. Diante das modificações na acidez vaginal ocorridas na gravidez, é muito frequente a inflamação por cândida. Cloasma gravídico: São manchas escuras no rosto. Explique que é uma ocorrência comum na gravidez e que costuma diminuir ou desaparecer, em tempo variável, após o parto; Recomenda-se que a gestante não exponha o próprio rosto diretamente ao sol e que use protetor solar. na metade superior do corpo, é visto em 25 a 30% das gestantes. Outras afecções comuns são: varizes, hemorroidas, tonturas, cãibras, fadiga, lombalgia, estrias. Gripe trivalente: Para 2017, segundo o Ministério da Saúde do Brasil, a vacina trivalente é composta pelo vírus da influenza A – H1N1 – e os sazonais da influenza A (H3N2) e da influenza B. Deve ser administrada no período sazonal (CDC, 2015), que é entre março e junho no Brasil. COVID Hepatite B: devem ser vacinadas na gravidez (3 doses) (CDC, 2014/2015) As vacinas de sarampo, caxumba, rubéola e varicela, contraindicadas na gravidez, poderão ser administradas no pós-parto (CDC, 2014/2015). VACINAÇÃO IG e DPP Para mulheres de ciclo menstrual regular, a Idade Gestacional pode ser determinada de duas formas: -Calendáro: some os dias entre a última menstruação até a data da consulta e divida por 7 para ter o resultado em semanas. -Disco: coloque a seta sobre o dia e mês da última menstruação e veja a indicação. Para mulheres que não tem certeza da DUM, mas sabem se foi no início, meio ou final de determinado mês, pode-se usar a aproximação dos dias 5, 15 e 25. Já para mulheres que não sabem a DUM, utilizará uma aproximação maior, baseando-se na altura uterina e início dos movimentos fetais. Mas recomenda-se antecipar a ultrassonografia para visualização e medida do saco gestacional que dará também uma IG. A data provável do parto (DPP), considera-se a gestação normal de 280 dias ou 40 semanas, a partir da DUM. Existe também a Regra de Naegele, usando a data da DU/M soma se 7 dias ao dia da DUM e subtrai 6 meses (abril a dez) ou 9 meses (jan a março), caso o número de dias ultrapasse o que tem no mês soma-se ao mês seguinte. Lorena Lima, M7 2º e 3º TRIMESTRE: Consultas especiais, Condutas e Achados. Pré- Natal de Baixo Risco 20 a 24 semanas: USG Transvaginal Morfológica, para investigar as estruturas fetais, localizar a placenta e o cordão umbilical; avaliar as artérias uterinas com Doppler e medir a Circunferência Abdominal (CA) para identificar o Crescimento Intrauterino Restrito (CIR) placentário precoce; Também recomenda-se a mensuração do colo uterino pela USG para predizer o parto pré-termo. 24 a 28 semanas: Teste oral de tolerância a glicose de 75g (TOTG-75) para diagnóstico da Diabetes Mellitus Gestacional (DMG). 26 a 32 semanas: A grávida deve ser conscientizada do movimento fetal. 28 semanas: Repetir a dosagem de hemoglobina e administrar a primeira dose de Imunoglobulina anti-D para mulheres Rh- não sensibilizadas com feto Rh+ ; Repetir o VLDR (sífilis). 32 a 36 semanas: medir a CA para prevenir a CIR placentária tardia. 35 a 37 semanas: Cultura vaginorretal para estreptococos B. 36 semanas: Determinar a posição fetal 41 semanas: Propor o deslocamento das membranas e o parto induzido. De acordo com o MS, as consultas a seguir devem ser realizadas dentro desse intervalo de semanas: Gripe trivalente: Para 2017, segundo o Ministério da Saúde do Brasil, a vacina trivalente é composta pelo vírus da influenza A – H1N1 – e os sazonais da influenza A (H3N2) e da influenza B. Deve ser administrada no período sazonal (CDC, 2015), que é entre março e junho no Brasil. Mulheres com risco para hepatite B devem ser vacinadas na gravidez (3 doses) (CDC, 2014/2015) As vacinas de sarampo, caxumba, rubéola e varicela, contraindicadas na gravidez, poderão ser administradas no pós-parto (CDC, 2014/2015). CONSULTAS ESPECIAIS Lorena Lima, M7
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